Transtornos temporomandibulares e transtornos alimentares em adolescentes
DOI:
https://doi.org/10.48208/HeadacheMed.2020.Supplement.71Palavras-chave:
PortuguêsResumo
Introdução
As disfunções temporomandibulares (DTM) e os transtornos alimentares (TA) envolvem a função e a parafunção da cavidade oral, mas, mesmo com a sua alta prevalência na sociedade ocidental, pouco se sabe sobre suas possíveis associações. Poucos estudos investigaram a prevalência de TA em pacientes com DTM e até agora a maioria deles fez apenas associações entre pacientes com diagnóstico de TA e sinais e sintomas de DTM que não permitem uma confirmação do diagnóstico de DTM.
Material e Métodos
Estudo Trasversal, aprovado pelo comitê de ética local que consistiu na análise 1342 estudantes de vinte escolas públicas estaduais localizadas na cidade do Recife, com idades entre 10 e 17 anos que foram avaliados através de exame clínico e questionários autoaplicáveis. O Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) foi usado para verificar a presença de DTM, o Eating Attitudes Test – EAT-26 (EAT) para verificar a presença de sintomas de TA e o Bulimic Investigatory Test of Edinburgh (BITE) para identificar sintomas de bulimia ou alimentação compulsiva.
Resultados
Após análise dos dados, verificou-se que a prevalência de DTM foi de 33.2%. De acordo com o EAT, os sintomas de transtornos alimentares estavam presentes em 29.1% dos adolescentes. De acordo com a escala de sintomas do BITE, 37.2% apresentaram padrão alimentar não usual e 4.5% apresentaram padrão alimentar compulsivo com grande possibilidade de bulimia nervosa, 12,3% tinham gravidade clinicamente significativa e 2.8% um alto grau de intensidade na escala de gravidade do BITE. Adolescentes com DTM apresentaram uma prevalência mais alta de sintomas de TA de acordo com o EAT e a escala de sintomas do BITE, porém ela
foi signifativamente maior apenas de acordo com a escala de severidade do BITE. A prevalência da coexistência de sintomas de TA de acordo tanto com o EAT como com o BITE foi significativamente maior em adolescentes com diagnóstico positivo para o grupo I (desordens musculares).
Conclusão
Os resultados desse estudo confirmam que adolescentes com DTM tem maior risco de TA. Atenção especial deve ser dada aos adolescentes com disfunções do grupo I que tem aproximadamente de duas a três vezes mais chance de apresentar TA. O estudo da comorbidade dessas disordens poderá permitir uma melhor compreensão das suas etiologias e uma abordagem multidisciplinar no tratamento desses pacientes.
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