Bloqueios anestésicos em idosos no tratamento das cefaleias
DOI:
https://doi.org/10.48208/HeadacheMed.2018.11Palavras-chave:
Cefaleia, Bloqueio anestésico, IdosoResumo
Introdução: Cefaleia em pacientes idosos ainda é uma queixa frequente e com características clínicas atípicas neste grupo. Além disso, as opções de tratamento são limitadas, considerando-se a presença de outras comorbidades e medicações em uso. A possibilidade de realização de bloqueios anestésicos seria uma opção interessante para este grupo de pacientes. Objetivos: Este estudo objetivou descrever o uso de bloqueios anestésicos no tratamento da cefaleia em pacientes idosos, incluindo os principais diagnósticos de cefaleia, as indicações de bloqueios, pontos bloqueados, efeitos colaterais e resposta ao tratamento. Métodos: O
estudo foi conduzido a partir da revisão de prontuários em uma clínica neurológica especializada em tratamento da dor. Foram incluídos casos com diagnóstico de cefaleia em pacientes maiores de 50 anos que receberam bloqueios anestésicos para dor. Foram descritos diagnóstico da cefaleia, suas características, intensidade, frequência, comorbidades associadas, tratamentos instituídos, incluindo os bloqueios anestésicos realizados e aplicação de toxina botulínica, assim como a resposta terapêutica e presença de efeitos adversos. Resultados: Foram revisados 4.106 prontuários, atendidos entre os anos de 2013 e 2017. Destes, 785 casos foram tratados para dor em geral com bloqueios anestésicos e 82 casos eram idosos com cefaleia, tratados com bloqueios anestésicos. A idade média dos pacientes foi de 57,7 anos (DP 7,9) e 65 (79,3%) mulheres. Os principais diagnósticos foram migrânea (n=41, 50%), cefaleia cervicogênica (n=33, 40,2%), disfunção têmporo-mandibular (n=11, 13,4%), cefaleias trigêmino-autonômicas (n=4, 4,8%) e cefaleia tensional (n=2, 2,4%). A frequencia de dor no mês foi de 24,3 dias (DP 9,2) e intensidade de dor 9,3 (0-10). O uso abusivo de medicações analgésicas foi descrito em 17 (20,7%). Os principais bloqueios realizados foram de nervos occipitais maiores e menores (n=62, 75,6%) e bloqueios de pontos de gatilho musculares (n=19, 23,2%). Foi realizada aplicação de toxina botulínica em seis pacientes (7,3%). A média de bloqueios realizados foi de 2,74 (DP 2,38) bloqueios por pacientes. Houve melhora total dos sintomas em 52 (63,4%) pacientes e parcial em 22 (26,83%). A média de frequência de dor após o tratamento foi de 4,3 dias no mês (DP 6,09). Não houve efeitos adversos relacionados aos procedimentos. Conclusões: O uso de bloqueios anestésicos em idosos no tratamento da cefaleia foi considerado seguro e efetivo como opção terapêutica.
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