Cefaleia no Vale do Taquari: um estudo retrospectivo

Views: 9

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48208/HeadacheMed.2025.25

Palavras-chave:

Cefaleia, Enxaqueca, Epidemiologia, Perfil Clínico

Resumo

Introdução
Cefaleias primárias são distúrbios neurológicos de alta prevalência e representam um problema de saúde pública global, com impacto significativo na funcionalidade e na qualidade de vida. Apesar disso, estudos indicam que uma parcela considerável dos portadores, principalmente aqueles com enxaqueca, permanece sem diagnóstico formal, o que dificulta o manejo clínico adequado. Nesse contexto, a compreensão do perfil epidemiológico em nível regional é essencial.
Objetivo
Portanto, o objetivo deste estudo é descrever o perfil dos pacientes que apresentam queixas de cefaleia em um centro especializado em neurologia no Vale do Taquari (Lajeado/RS), a fim de subsidiar estratégias de atenção à saúde dessa população.
Métodos
Estudo observacional, descritivo e retrospectivo, baseado na revisão de prontuários de um centro clínico especializado no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Foram incluídos pacientes com 18 anos ou mais, atendidos com queixas de cefaleia primária entre agosto de 2017 e fevereiro de 2024. Variáveis ​​sociodemográficas, clínicas (diagnóstico ICHD-3) e de tratamento foram coletadas e analisadas por meio de estatística descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
A amostra foi composta por 111 pacientes, com média de idade de 48 anos e predomínio do sexo feminino (n=91, 82%). A maioria se autodeclarou branca (n=96, 87%) e (n=18, 35%) apresentou baixa escolaridade (5 a 8 anos). O diagnóstico mais prevalente foi enxaqueca sem aura (n=54, 48,6%), seguido de cefaleia cervicogênica (n=22, 19,8%) e cefaleia tensional (n=17, 15,3%). Alterações no exame neurológico foram detectadas em alguns pacientes, principalmente em nervos cranianos e função sensorial. A ressonância magnética foi o exame de imagem mais solicitado (n=51, 45,9%). O tratamento agudo foi predominantemente monoterápico, sendo analgésicos comuns os mais prescritos. Profilaxia foi instituída em 74 (66,4%) dos casos, principalmente com antidepressivos tricíclicos e betabloqueadores.

Conclusão
Este estudo permitiu caracterizar o perfil clínico e sociodemográfico de pacientes com queixas de cefaleia atendidos em um centro especializado no Vale do Taquari, evidenciando predomínio do sexo feminino, média de idade de 48 anos e maior prevalência de migrânea sem aura. Observou-se alta frequência de solicitação de exames de imagem, nem sempre em consonância com as diretrizes, além do uso predominante de analgésicos comuns para tratamento agudo e de antidepressivos tricíclicos e betabloqueadores para profilaxia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Stovner L, Hagen K, Jensen R, Katsarava Z, Lipton R, Scher A, et al. The Global Burden of Headache: A Documentation of Headache Prevalence and Disability Worldwide. Cephalalgia 2007;27:193–210. Doi:10.1111/j.1468-2982.2007.01288.x.

Robbins MS, Grosberg BM, Napchan U, Crystal SC, Lipton RB. Clinical and prognostic subforms of new daily-persistent headache. Neurology 2010;74:1358–64. Doi:10.1212/WNL.0b013e3181dad5de.

Ashina M, Katsarava Z, Do TP, Buse DC, Pozo-Rosich P, Özge A, et al. Migraine: epidemiology and systems of care. The Lancet 2021;397:1485–95. Doi:10.1016/S0140-6736(20)32160-7.

Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS) The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia 2018;38:1–211. Doi:10.1177/0333102417738202.

Gollion C. Cortical excitability in migraine: Contributions of magnetic resonance imaging. Rev Neurol (Paris) 2021;177:809–15. Doi:10.1016/j.neurol.2021.07.008.

Nesbitt AD, Goadsby PJ. Cluster headache. BMJ 2012;344:e2407–e2407. Doi:10.1136/bmj.e2407.

Matharu MS, Goadsby PJ. Trigeminal autonomic cephalgias. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2002;72 Suppl 2:ii19–26. Doi:10.1136/jnnp.72.suppl_2.ii19.

Charles A. The pathophysiology of migraine: implications for clinical management. Lancet Neurol 2018;17:174–82. Doi:10.1016/S1474-4422(17)30435-0.

O’Brien B, Goeree R, Streiner D. Prevalence of Migraine Headache in Canada: A Population-Based Survey. Int J Epidemiol 1994;23:1020–6. Doi:10.1093/ije/23.5.1020.

Lipton RB, Diamond S, Reed M, Diamond ML, Stewart WF. Migraine Diagnosis and Treatment: Results From the American Migraine Study II. Headache: The Journal of Head and Face Pain 2001;41:638–45. Doi:10.1046/j.1526-4610.2001.041007638.x.

Carlsen LN, Stefansen S, Ahnfeldt-Mollerup P, Højland Jensen R, Saxhaug Kristoffersen E, Møller Hansen J, et al. Diagnostics and management of headache in general practice. Fam Pract 2024;41:470–6. Doi:10.1093/fampra/cmac121.

Raffaelli B, Rubio-Beltrán E, Cho S-J, De Icco R, Labastida-Ramirez A, Onan D, et al. Health equity, care access and quality in headache – part 2. J Headache Pain 2023;24:167. Doi:10.1186/s10194-023-01699-7.

Strobe [Internet]. Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology 2025. [accessed August 19, 2025]. Available from: https://www.strobe-statement.org/.

CID10 [Internet]. Busca de CID10. [accessed August 19, 2025]. Available from: https://cid10.com.br/.

Buse DC, Manack AN, Fanning KM, Serrano D, Reed ML, Turkel CC, et al. Chronic Migraine Prevalence, Disability, and Sociodemographic Factors: Results From the American Migraine Prevalence and Prevention Study. Headache: The Journal of Head and Face Pain 2012;52:1456–70. Doi:10.1111/j.1526-4610.2012.02223.x.

Vetvik KG, MacGregor EA. Sex differences in the epidemiology, clinical features, and pathophysiology of migraine. Lancet Neurol 2017;16:76–87. Doi:10.1016/S1474-4422(16)30293-9.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Portal IBGE. [accessed August 25, 2025]. Available from: https://www.ibge.gov.br/

Universidade Federal de São Paulo [Internet]. Repositório Institucional UNIFESP. [accessed August 26, 2025]. Available from: https://repositorio.unifesp.br/home

Stovner LJ, Nichols E, Steiner TJ, Abd-Allah F, Abdelalim A, Al-Raddadi RM, et al. Global, regional, and national burden of migraine and tension-type headache, 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet Neurol 2018;17:954–76. Doi:10.1016/S1474-4422(18)30322-3.

Nagel V, Cavanagh S, Olivier M, Larripa N, Gutierrez MT, Grandinetti M, et al. Frequency of diagnoses in a specialized headache clinic in Buenos Aires. Headache Medicine 2019;10:66–9. Doi:10.48208/HeadacheMed.2019.19.

Fernández‐de‐las‐Peñas C, Coppieters MW, Cuadrado ML, Pareja JA. Patients With Chronic Tension‐Type Headache Demonstrate Increased Mechano‐Sensitivity of the Supra‐Orbital Nerve. Headache: The Journal of Head and Face Pain 2008;48:570–7. Doi:10.1111/j.1526-4610.2008.00856.x.

Zhong XM, Zhao LC, Peng LL, Li L, Li CQ. Rationale for issuing neuroimaging requests for patients with primary headaches in China. Brain Behav 2024;14. Doi:10.1002/brb3.3583.

Young NP, Elrashidi MY, McKie PM, Ebbert JO. Neuroimaging utilization and findings in headache outpatients: Significance of red and yellow flags. Cephalalgia 2018;38:1841–8. Doi:10.1177/0333102418758282.

Fitzek MP, Overeem LH, Ulrich M, Hong J Bin, Hoehne CL, Lange KS, et al. Differences in pharmacological migraine treatment across different levels of clinical headache care – a cross-sectional study. J Headache Pain 2025;26:78. Doi:10.1186/s10194-025-02027-x.

Evers S, Áfra J, Frese A, Goadsby PJ, Linde M, May A, et al. EFNS guideline on the drug treatment of migraine – revised report of an EFNS task force. Eur J Neurol 2009;16:968–81. Doi:10.1111/j.1468-1331.2009.02748.x.

Ministério da Saúde [Internet]. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). [accessed August 26, 2025]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/rename.

Downloads

Publicado

2025-10-16

Como Citar

1.
Souza JS de, Ribeiro MC, Gomes PS, Palmeira AL, Friedrich FO, Grassi V. Cefaleia no Vale do Taquari: um estudo retrospectivo. Headache Med [Internet]. 16º de outubro de 2025 [citado 18º de outubro de 2025];16(3):161-7. Disponível em: https://headachemedicine.com.br/index.php/hm/article/view/1360

Edição

Seção

Original