Cefaleia em salvas com gatilho perimenstrual simulando enxaqueca crônica: relato de caso e desafio diagnóstico
Views: 6DOI:
https://doi.org/10.48208/HeadacheMed.2025.26Palavras-chave:
Diagnóstico incorreto, Cefaléia autonômica trigeminal, Transtornos de enxaqueca, Diagnóstico diferencial, Cefaleia em salvasResumo
Introdução
A cefaleia em salvas (CS) é uma cefalalgia trigeminal autonômica conhecida por sua dor unilateral excruciante e forte predomínio no sexo masculino. Seus gatilhos raramente são hormonais, em contraste com a migrânea, que é frequentemente modulada pelo ciclo menstrual. Essa discrepância gera um potencial para confusão diagnóstica em pacientes do sexo feminino.
Relato de caso
Uma paciente de 28 anos apresentou-se com um histórico de dois anos de crises periorbitárias direitas, excruciantes, com duração de 60 a 90 minutos. Os surtos ocorriam por períodos de 4 a 6 semanas, desencadeados exclusivamente no período pré-menstrual. A paciente exibia agitação psicomotora proeminente e sintomas autonômicos ipsilaterais. Inicialmente diagnosticada com migrânea menstrual refratária, não respondeu aos tratamentos convencionais para migrânea. Uma anamnese detalhada conduziu à revisão do diagnóstico para CS episódica.
Discussão
O gatilho menstrual, característico da migrânea, mascarou uma apresentação clássica de CS, resultando em atraso diagnóstico. O diagnóstico correto foi estabelecido com foco na fenomenologia da crise, particularmente no comportamento da paciente (agitação versus repouso) e nos sinais autonômicos. A paciente obteve resolução completa das crises com oxigênio em alto fluxo e Verapamil. Este caso destaca como vieses relacionados a gênero e a gatilhos podem dificultar o diagnóstico correto e reforça a necessidade de considerar a CS em mulheres com cefaleias de padrão cíclico.
Downloads
Referências
Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS) The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia 2018;38:1–211. Doi:10.1177/0333102417738202.
Hoffmann J, May A. Diagnosis, pathophysiology, and management of cluster headache. Lancet Neurol 2018;17:75–83. Doi:10.1016/S1474-4422(17)30405-2.
van Vliet JA. Cluster headache in women: relation with menstruation, use of oral contraceptives, pregnancy, and menopause. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2006;77:690–2. Doi:10.1136/jnnp.2005.081158.
Lund N, Barloese M, Petersen A, Haddock B, Jensen R. Chronobiology differs between men and women with cluster headache, clinical phenotype does not. Neurology 2017;88:1069–76. Doi:10.1212/WNL.0000000000003715.
Jurno ME, Pereira BSR, Fonseca FAS, Teixeira GA, Maffia LQ, Barros MRA, et al. Epidemiologic study of cluster headache prevalence in a medium-size city in Brazil. Arq Neuropsiquiatr 2018;76:467–72. Doi:10.1590/0004-282x20180065.
Grassi V, Jurno ME, Fröhlich AC, Rieder CR de M, Sarmento EM, Pereira JK, et al. Brazilian headache registry: methods and preliminary data of the pilot study. Arq Neuropsiquiatr 2023;81:740–7. Doi:10.1055/s-0043-1771175.
Núñez-Troconis J. Menstrual migraine and pathophysiology: estrogens and other factors. Rev Chil Obstet Ginecol 2024;89. Doi:10.24875/RECHOG.24000022.
Melhado EM, Santos PSF, Kaup AO, Costa ATNM da, Roesler CA de P, Piovesan ÉJ, et al. Consensus of the Brazilian Headache Society (SBCe) for the Prophylactic Treatment of Episodic Migraine: part I. Arq Neuropsiquiatr 2022;80:845–61. Doi:10.1055/s-0042-1756441.
Santos PSF, Melhado EM, Kaup AO, Costa ATNM da, Roesler CA de P, Piovesan ÉJ, et al. Consensus of the Brazilian Headache Society (SBCe) for prophylactic treatment of episodic migraine: part II. Arq Neuropsiquiatr 2022;80:953–69. Doi:10.1055/s-0042-1755320.
Hakamäki H, Jehkonen M. Neuropsychological findings in migraine: a systematic review. Dement Neuropsychol 2022;16:433–43. Doi:10.1590/1980-5764-dn-2022-0004.
Dantas MIO, Souza AC de F, DeSantana JM. Somação temporal, modulação condicionada da dor, limiar de dor à pressão e sintomas de sensibilização central em indivíduos com migrânea crônica: estudo observacional transversal. Brazilian Journal of Pain 2025;8:e20250011. Doi:10.63231/2595-0118.20250011-pt.
Vitali-Silva A, Bello VA, Poli-Frederico RC, Oliveira CEC de, Reiche EMV, Bossa BB, et al. Relationship between food triggers and sensory hypersensitivity in patients with migraine. Arq Neuropsiquiatr 2024;82:001–7. Doi:10.1055/s-0044-1793934.
Schoenen J, Snoer AH, Brandt RB, Fronczek R, Wei DY, Chung C-S, et al. Guidelines of the International Headache Society for Controlled Clinical Trials in Cluster Headache. Cephalalgia 2022;42:1450–66. Doi:10.1177/03331024221120266.
Brandt RB, Doesborg PGG, Haan J, Ferrari MD, Fronczek R. Pharmacotherapy for Cluster Headache. CNS Drugs 2020;34:171–84. Doi:10.1007/s40263-019-00696-2.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Christian Gonçalves (Author)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.