Cefaleia e transtornos mentais na prática

Resumo

Introdução
A enxaqueca é uma das principais causas de incapacidade funcional global e está frequentemente associada a transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão. Embora a literatura destaque essa associação, poucos estudos exploraram essas relações em contextos da vida real, fora de ambientes clínicos controlados.

Objetivo
Analisar a relação entre os níveis de ansiedade e depressão e o impacto da cefaleia na qualidade de vida de pacientes com enxaqueca em um contexto da vida real.
Métodos
Um estudo observacional longitudinal prospectivo foi conduzido entre janeiro e dezembro de 2024, envolvendo 46 pacientes atendidos em um centro terciário de cefaleia. Os dados foram coletados utilizando o questionário REBRACEF. As análises estatísticas incluíram testes de correlação e comparações entre as escalas MIDAS, PHQ-9 e GAD-7, bem como as variáveis ​​sexo e idade.
Resultados
A maioria dos participantes era do sexo feminino (87%), com média de idade de 44,5 anos. Foi encontrada correlação negativa significativa entre idade e pontuação MIDAS (p=0,036), sugerindo maior impacto funcional em pacientes mais jovens. Não foi encontrada correlação significativa entre os escores do MIDAS e do PHQ-9 ou GAD-7. No entanto, foi observada uma correlação positiva entre os escores do PHQ-9 e do GAD-7 (p<0,001), indicando comorbidade entre depressão e ansiedade.
Conclusão
Os achados sugerem que pacientes mais jovens apresentam maior comprometimento funcional devido à enxaqueca. Apesar da alta prevalência de sintomas de ansiedade e depressão, essas comorbidades não apresentaram associação direta com o impacto funcional da dor. Os resultados ressaltam a importância de abordagens multidimensionais e apontam para a necessidade de estudos com amostras maiores e delineamentos longitudinais.