Cluster-tic syndrome – 10 anos até o diagnóstico – Um relato de caso

Autores

  • Pedro Neri Sócio
  • Pedro Rubens Araujo de Carvalho
  • Morgana Feitosa de Queiroga
  • Raimundo Neudson Maia Alcantara
  • Mario Hermes Rios Franca
  • Luiz Gonzaga Nogueira Junior
  • Renata de Oliveira Carvalho
  • Enzo Lima Alcântara Parente
  • João Vítor Moreira Nogueira
  • Rafaella Iughetti da Costa

Resumo

Introdução: A Cluster-Tic syndrome é caracterizada pela coexistência de elementos da cefaleia em salvas e da neuralgia do trigêmeo, sendo uma entidade questionada, tendo em vista sua apresentação heterogênea pelos casos descritos na literatura e se deveria ser tratada como uma síndrome isolada.

 

Objetivo: Descrever um caso que demorou cerca de 10 anos para o diagnóstico assertivo.

 

Relato de caso: Paciente de 30 anos, médica, com histórico de cefaleia que preenchia critérios para enxaqueca episódica de baixa frequência sem aura desde a infância, apresentou, durante a graduação em medicina, há 10 anos, cefaleia intensa, em facadas, em território de V2 a esquerda, com duração de cerca de 30 minutos, sem melhora durante os ataques, associada a sintomas disautonômicos ipsilaterais como hiperemia conjuntival, semi-ptose palpebral e lacrimejamento. A paciente ainda referiu que durante os episódios ficava bastante agitada, com sensação de “querer arrancar os dentes”. Esses episódios álgicos costumavam ser diários durante cerca de 6 semanas, podendo ser precipitados por consumo de bebida alcoólica, em qualquer quantidade. Após 6 semanas, essa cefaleia cessou, apresentando um período intercrise de cerca de 2 anos. Devido quadro álgico proeminente, durante esse período de 10 anos, a paciente procurou ajuda em diversos neurologistas, porém sem um diagnóstico assertivo, tendo sido prescritas diversas medicações profiláticas (amitriptilina, venlafaxina, toxina botulínica) e abortivas (AINEs, triptanos, corticoide), todas sem resposta adequada na prevenção ou melhora da dor no período dos ataques. Também realizou uma investigação em 2018 com RM de crânio, para pesquisa de cefaléia secundária, evidenciando um conflito neurovascular contralateral à queixa da paciente. Nesse contexto, foi realizado o diagnóstico de cluster-tic e tentado um tratamento direcionado para cefaleia em salvas com sumatriptano subcutâneo durante a crise, além de verapamil durante 6 semanas para profilaxia dos ataques, além de bloqueio de nervos occipitais maior e menor a esquerda, tendo resposta positiva em ambos os tratamentos.

 

Conclusão: Devido a variedade de apresentações, a cluster-tic syndrome pode passar despercebida, levando a um atraso diagnóstico e terapêutico, com consequente perda de qualidade de vida e enorme sofrimento para o paciente.

 

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Publicado

2024-08-15

Como Citar

1.
Neri P, Carvalho PRA de, Queiroga MF de, Alcantara RNM, Franca MHR, Junior LGN, Carvalho R de O, Parente ELA, Nogueira JVM, Costa RI da. Cluster-tic syndrome – 10 anos até o diagnóstico – Um relato de caso. Headache Med [Internet]. 15º de agosto de 2024 [citado 2º de setembro de 2024];15(Supplement):118. Disponível em: https://headachemedicine.com.br/index.php/hm/article/view/1251

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