Síndrome da Boca Ardente: Uso Concomitante de Rizotomia do Trigêmeo e Esfenopalatino
Palavras-chave:
Tratamento, nervo trigeminal, Dor neuropáticaResumo
Introdução: A Síndrome da Boca Ardente (SBA) é uma dor neuropática resultante de lesão ou patologia que afeta o sistema somatossensorial periférico ou central. Seus sintomas incluem queimação intraoral, e é importante descartar outras condições com manifestações semelhantes. Esta dor pode ser localizada na língua ou na ponta dela e pode estar relacionada à disestesia, disfunção do paladar e sensação de boca seca. Pode ser episódica ou contínua, com duração variável, tipicamente se assemelhando a um choque elétrico no primeiro caso e a uma sensação de queimação no segundo. Afeta predominantemente mulheres pós-menopáusicas, e estudos sugerem que a neuropatia sensorial das pequenas fibras do nervo trigêmeo - oftálmico (V1), maxilar (V2) e mandibular (V3) - está implicada na SBA.
Objetivos: Demonstrar a eficácia do tratamento com rizotomia trigeminal nos territórios V2 e V3, combinada com bloqueio do gânglio esfenopalatino, na redução da dor neuropática crônica na cavidade oral.
Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 55 anos, apresentou história de dor em queimação na língua e mucosa oral por dois anos. A dor ocorria diariamente, com duração de aproximadamente 6 a 8 horas, sem melhora significativa com qualquer medicação. O exame clínico não revelou alterações na cavidade oral. A paciente foi submetida à rizotomia trigeminal nos territórios V2 e V3 e bloqueio do gânglio esfenopalatino, resultando em uma melhora de 70% na dor e na qualidade de vida, que foi mantida durante seis meses de acompanhamento.
Conclusão: A combinação de rizotomia trigeminal nos territórios V2 e V3 concomitantemente com o bloqueio do gânglio esfenopalatino parece ser eficaz na redução da dor neuropática crônica na cavidade oral. Uma vez que outras doenças da mucosa oral relacionadas à dor na boca tenham sido excluídas e a SBA tenha sido diagnosticada, a terapia implementada demonstra ser uma abordagem eficaz no tratamento desses pacientes refratários ao tratamento medicamentoso.
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Referências
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