Cefaleia primária em punhaladas em pacientes portadores de migrânea crônica ou episódica: Prevalências, correlações e características
Resumo
Introdução: A cefaleia é umas das cinco mais comuns desordens que acometem o ser humano, trazendo impacto sobre a qualidade de vida, custos pessoais e ao sistema de saúde. Cefaleia Primária em Punhaladas (CPP), caracteriza-se por uma dor penetrante/lancinante com duração de frações de segundo que ocorrem espontaneamente na ausência de doença orgânica das estruturas subjacentes ou dos nervos cranianos e é uma das cefaleias menos estudadas até o momento.
Objetivo: Avaliou-se a prevalência e as características clínicas da CPP, correlacionando-a com diferenças entre migrânea crônica (MC) e episódica (ME).
Métodos: Estudo observacional descritivo de corte transversal, modalidade caso-controle, conduzido de setembro de 2023 a junho de 2024. Pacientes do ambulatório de cefaleia da UFPR com MC/ME e controles sadios (CS) do banco de sangue do CHC foram incluídos. Dados foram coletados por anamneses guiadas por questionários específicos contendo: aspectos semiológicos da migrânea, características da CPP, alodinia, depressão (PHQ-9) e ansiedade (GAD-7).
Resultados: Foram avaliados pacientes portadores de ME (n=49), MC (n=89) e CS (n=48). Os pacientes com ME apresentaram CPP em 31% dos casos e os com MC 49% (p=0,036), nenhum paciente do grupo CS apresentou CPP. A intensidade da dor no grupo MC foi de 8,3 pontos na VSA e ME de 6,5 pontos (p<0,001). A duração da punhalada foi de fração de segundos a segundos em 73%, o desconforto subsequente durou alguns minutos. A localização frontal da punhalada foi a mais prevalente e percentualmente igual em ambos os grupos de migrânea (71,4%). Os pacientes com CPP do grupo MC quando comparados com os ME revelaram sintomas premonitórios mais prevalentes como estresse emocional (97,6%) e fadiga (50%) com p=0,006 e p=0,044, respectivamente. Falar ou emitir sons piorou a dor em 78,6% dos pacientes com CPP. Os pacientes apresentaram maior proporção de dificuldades visuais e outros sintomas de aura, incluindo formigamento, perda de força, dificuldade de equilíbrio, dificuldade de coordenação e sensação do braço estar mais fraco - todos com p<0,05. A pontuação nos questionários de depressão e ansiedade mostraram uma média de pontuação maior nos pacientes MC com CPP.
Conclusão: A CPP é mais prevalente e de maior intensidade em pacientes com MC, possuindo algumas especificidades próprias, o que sugere mecanismos neurobiológicos compartilhados. Apesar das contribuições, limitações incluem delineamento transversal e auto-relato.
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