Enxaqueca com aura e acidente vascular cerebral - o papel dos sinais de alerta no contexto das cefaleias secundárias: relato de caso

Resumo

Introdução
Cefaleia é uma queixa muito comum em consultórios médicos, com causas primárias sendo maioria em relação às secundárias. Apesar disso, a identificação das cefaleias secundárias são muito pertinentes na prática clínica uma vez que estas podem se constituir de condição ameaçadora à vida, funcionalidade ou até mesmo uma causa reversível. No entanto, a triagem com exames de imagem para todos os indivíduos com cefaléia mostra-se dispendiosa e pouco recompensadora. Sendo assim, torna-se importante o conhecimento dos sinais de alarme que, conjuntamente ao contexto clínico, levam a indicação mais precisa destes exames e intervenções terapêuticas precoces e bem direcionadas.
Caso Clínico
Trata-se de paciente de 60 anos, previamente dislipidêmico e tabagista, portador de migrânea com aura desde a infância, tendo realizado tratamento com Valproato de Sódio, apresentando supressão das crises. Há cerca de 4 meses antes da admissão, apresentou quadro de alteração do padrão álgico, amaurose fugaz em olho direito, tonturas e leve paresia e hipoestesia em dimídio esquerdo, primariamente tratadas por ele como crises migranosa, sem melhora com o uso de triptanos. Realizada nova investigação ambulatorial que demonstrou pequenos infartos múltiplos em hemisfério direito secundária a placa ateromatosa em bulbo carotídeo direito com obstrução de cerca de 85%. Fora realizada arteriografia diagnóstica e terapêutica, com implante de Stent, sem intercorrências.
Conclusão
O diagnóstico diferencial entre aura migranosa e evento cerebrovascular já é muito relatado na literatura e constitui-se de uma armadilha na rotina em cefaléias uma vez que pode se deixar passar uma condição grave e potencialmente incapacitante. A avaliação conjunta dos sinais de alarme com o contexto global torna-se ferramenta importante na propedêutica destes pacientes, sendo o conhecimento desta casuística algo relevante dentro da prática clínica.