Gatilho alimentar associou-se à migrânea com aura
DOI:
https://doi.org/10.48208/HeadacheMed.2020.Supplement.39Keywords:
PortuguêsAbstract
Introdução
A migrânea é caracterizada por ataques de cefaleia que podem ser desencadeados por determinados alimentos. Entretanto há escassa evidência dos mecanismos fisiopatológicos deste gatilho e seus efeitos sobre outros aspectos da migrânea. O objetivo do presente estudo é investigar se pacientes com gatilhos alimentares apresentam diferenças entre o tipo de migrânea e outras variáveis clínicas comparado com indivíduos que não têm gatilhos alimentares.
Material e Métodos
Estudo prospectivo observacional composto por participantes com diagnóstico de migrânea de ambos os sexos, com idade entre 18 a 70 anos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-PR. Foram avaliados dados demográficos como sexo, idade, índice de massa corporal (IMC) e etnia. Foram obtidas informações sobre tipo de migrânea (com ou sem aura; episódica ou crônica), idade de início da doença, frequência das crises, sintomas acompanhantes e desencadeantes de cefaleia. Os pacientes também responderam a questionário validado para avaliar a incapacidade (Migraine Disability Assessment - MIDAS). Os dados categóricos foram avaliados por teste de qui-quadrado ou Exato de Fisher. Dados contínuos foram avaliados pelo teste de Mann-Whitney. Foi considerada diferença estatística quando p<0,05.
Resultados
Participaram do estudo 111 indivíduos com migrânea, destes 83,7% eram do sexo feminino, 36,9% apresentavam aura e 54,9% tinham a forma crônica da doença. Pacientes com gatilhos alimentares tiveram maior chance de apresentarem migrânea com aura (OR 1,56; p=0,005) e osmofobia (OR 1,52; p=0,019), quando comparados a pacientes que não percebiam gatilhos alimentares. Da mesma forma houve associação entre a presença de gatilho alimentar e gatilhos de odor (OR 1,55; p=0,008), estresse (OR 1,71; p=0,35) e menstruação (OR1,59; p=0,190). Não houve diferença na idade, sexo, etnia, IMC, migrânea crônica, fonofobia, fotofobia, alodinia, MIDAS, bem como de outros gatilhos entre pacientes com gatilhos alimentares comparado com os que não possuem este fator.
Conclusão
Indivíduos que perceberam gatilhos alimentares tiveram maiores chances de ter migrânea com aura e osmofobia ictal. Também apresentaram maior frequência de ataques desencadeados por odores, estresse e menstruação. A relação entre dieta e migrânea ainda é controversa e há necessidade de investigações adicionais.
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