January/February/March 2016
Nº 1
7
VOLUME
Headache
Medicine
Headache
Medicine
ISSN 2178-7468
EDITORIAL
Pain, anatomy and art
Dor, anatomia e arte
Marcelo Moraes Valença, Carolina F. Valença, Martina F. Valença
HUMANIDADES
Anatomia e arte: união necessária como o corpo e a alma
Anatomy and art: a necessary union such as that of the body with the soul
Manuela Figueiroa Lyra de Freitas, José Jaílson C. do Nascimento, Marcelo M. Valença
Cefaleia como sentença de morte
Headache as a death sentence
Adriana de Almeida Soares, Fernando Jacó Silva Moreira, Mariana Leite Pereira
Rayssa Fernandes de Souza Coelho, Allyson Coelho Ribeiro, Augusto César Beserra
Martins, Ítalo Araújo Rios Brandão, July Lima Gomes, Kamilla Gomes de Sales Souza
Laysa Moura Cardoso Leal, Luís Gustavo Silva Bacelar de Andrade
Vanessa Nepomuceno da Fonseca Meneses, Raimundo Pereira Silva-Néto
HISTÓRIA DA MEDICINA
Headache and health in the Brazilian Imperial Period
Cefaleia e Saúde em tempos imperiais
Alexandre Campos Pulido, Caroline Mensor Folchini, Katia Regina de Moura Vieira
Pedro André Kowacs
VIEW AND REVIEW
Enxaqueca e estresse: uma revio integrativa
Enxaqueca e estresse: uma revio integrativa
Francimar Nipo Bezerra, Marcelo Moraes Valença
ORIGINAL ARTICLE
Analysis of nortriptyline's prophylaxis on hemodialysis headache patients -
a pilot study
Análise de profilaxia da nortriptyline em hemodiális de pacientes com
enxaqueca - estudo piloto
Bruna Mendonça Lima, Paulo Sergio Faro Santos, Alan Chester Feitosa de Jesus
Headache Medicine, v.7, n.1, p.1, Jan./Feb./Mar. 2016 1
CONTENTS
EDITORIAL
Pain, anatomy and art
Dor, anatomia e arte ........................................................................................................................................ 4
Marcelo Moraes Valença, Carolina F. Valença, Martina F. Valença
HUMANIDADES
Anatomia e arte: união necessária como o corpo e a alma
Anatomy and art: a necessary union such as that of the body with the soul ....................................................... 6
Manuela Figueiroa Lyra de Freitas, José Jaílson Costa do Nascimento, Marcelo Moraes Valença
Cefaleia como sentença de morte
Headache as a death sentence ..................................................................................................................... 11
Adriana de Almeida Soares, Fernando Jacó Silva Moreira, Mariana Leite Pereira,
Rayssa Fernandes de Souza Coelho, Allyson Coelho Ribeiro, Augusto César Beserra Martins,
Ítalo Araújo Rios Brandão, July Lima Gomes, Kamilla Gomes de Sales Souza, Laysa Moura Cardoso Leal,
Luís Gustavo Silva Bacelar de Andrade, Vanessa Nepomuceno da Fonseca Meneses,
Raimundo Pereira Silva-Néto
HISTÓRIA DA MEDICINA
Headache and health in the Brazilian Imperial Period
Cefaleia e Saúde em tempos imperiais ........................................................................................................... 15
Alexandre Campos Pulido, Caroline Mensor Folchini, Katia Regina de Moura Vieira, Pedro André Kowacs
VIEW AND REVIEW
Enxaqueca e estresse: uma revisão integrativa
Migraine and stress: an integrative review ..................................................................................................... 18
Francimar Nipo Bezerra, Marcelo Moraes Valença
ORIGINAL ARTICLE
Analysis of nortriptyline's prophylaxis on hemodialysis headache patients - a pilot study
Análise de profilaxia da nortriptyline em hemodiális de pacientes com enxaqueca - estudo piloto .................. 23
Bruna Mendonça Lima, Paulo Sergio Faro Santos, Alan Chester Feitosa de Jesus
INFORMATIONS FOR AUTHORS.................................................................................................................. 28
Capa/Cover – Pictures of some sculptures of Eulâmpio Silva Neto.
Scientific Publication of the Brazilian Headache Society
Volume 7 Number 1 January/February/March 2016
Headache Medicine
ISSN 2178-7468
2 Headache Medicine, v.7, n.1, p.2-3, Jan./Feb./Mar. 2016
Headache Medicine
ISSN 2178-7468
Jornalista responsável: Ana Carneiro Cerqueira – Reg. 23751 DRT/RJ
A revista Headache Medicine é uma publicação de propriedade da Sociedade Brasileira de Cefaleia, indexada no Latindex e no Index Scholar, publicada pela
Trasso Comunicação Ltda., situada na cidade do Rio de Janeiro, na Rua das Palmeiras, 32 /1201 - Botafogo - Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2521-6905 - site:
www.trasso.com.br. Os manuscritos aceitos para publicação passam a pertencer à Sociedade Brasileira de Cefaleia e não podem ser reproduzidos ou publicados,
mesmo em parte, sem autorização da HM & SBCe. Os artigos e correspondências deverão ser encaminhados para a HM através de submissão on-line, acesso pela
página www.sbce.med.br - caso haja problemas no encaminhamento, deverão ser contatados o webmaster, via site da SBCe, a Sra. Josefina Toledo, da Trasso
Comunicação, ou o editor (mmvalenca@yahoo.com.br). Tiragem: 2.700 exemplares. Distribuição gratuita para os membros associados, bibliotecas regionais de
Medicina e faculdades de Medicina do Brasil, e sociedades congêneres.
Editor-in-Chief
Marcelo Moraes Valença
Vice-Editor-in-Chief
Fabiola Dach Eckeli
Past Editors-in-Chief
Edgard Raffaelli Júnior (1994-1995)
José Geraldo Speciali (1996-2002)
Carlos Alberto Bordini (1996-1997)
Abouch Valenty Krymchantowsky (2002-2004)
Pedro André Kowacs and Paulo H. Monzillo (2004-2007)
Fernando Kowacs (2008-2013)
Editors Emeriti
Eliova Zukerman, São Paulo, SP
Wilson Luiz Sanvito, São Paulo, SP
International Associate Editors
Cristana Peres Lago, Uruguai
Gregorio Zlotnik, Canadá
Isabel Luzeiro, Portugal
José Pereira Monteiro, Portugal
Kelvin Mok, Canadá
Marcelo Bigal, USA
Nelson Barrientos Uribe, Chile
Abouch Valenty Krymchantowski, Rio de Janeiro, RJ
Alan Chester F. Jesus, Aracaju, SE
Ana Luisa Antonniazzi, Ribeirão Preto, SP
Ariovaldo A. Silva Junior, Belo Horizonte, MG
Carla da Cunha Jevoux, Rio de Janeiro, RJ
Carlos Alberto Bordini, Batatais, SP
Celia P. Roesler, São Paulo, SP
Claudia Tavares, Belo Horizonte, MG
Cláudio M. Brito, Barra Mansa, RJ
Daniella de Araújo Oliveira, Recife, PE
Deusvenir de Sousa Carvalho, São Paulo, SP
Djacir D. P. Macedo, Natal, RN
Élcio Juliato Piovesan, Curitiba, PR
Elder Machado Sarmento, Barra Mansa, RJ
Eliana Meire Melhado, Catanduva, SP
Fabíola Dach, Ribeirão Preto, SP
Fabíola Lys Medeiros, Recife, PE
Fernando Kowacs, Porto Alegre, RS
Hugo André de Lima Martins, Recife, PE
Jano Alves de Sousa, Rio de Janeiro, RJ
João José F. Carvalho, Fortaleza, CE
Joaquim Costa Neto, Recife, PE
José Geraldo Speciali, Ribeirão Preto, SP
Luis Paulo Queiróz, Florianópolis, SC
Marcelo C. Ciciarelli, Ribeirão Preto, SP
Marcelo Rodrigues Masruha, Vitória, ES
Marcos A. Arruda, Ribeirão Preto, SP
Mario Fernando Prieto Peres, São Paulo, SP
Maurice Vincent, Rio de Janeiro, RJ
Mauro Eduardo Jurno, Barbacena, MG
Pedro A. S. Rocha Filho, Recife, PE
Pedro Ferreira Moreira Filho, Rio de Janeiro, RJ
Pedro André Kowacs, Curitiba, PR
Raimundo Silva-Néto, Teresina, PI
Renan Domingues, Vitória, ES
Renata Silva Melo Fernandes, Recife, PE
Headache Medicine
Scientific Publication of the Brazilian Headache Society
Editorial Board
Headache Medicine, v.7, n.1, p. 2-3, Jan./Feb./Mar. 2016 3
Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe
filiada à International Headache Society – IHS
Av. Manoel Ribas, 985 - Cj 64 - Mercês – Curitiba - 80810-000 - PR, Brasil
Tel: + 55 (41) 9222-7910 – www.SBCe.med.br – secretaria@sbcefaleia.com
Secretário executivo: Liomar Luis Miglioretto
Presidente
Pedro André Kowacs
Secretário
Marcelo Moraes Valença
Tesoureiro
Célia P. Roesler
Departamento Científico
Célia P. Roesler, Eliana Melhado, Fabiola Dach Eckeli
Jano Alves de Souza, José Geraldo Speciali
Luis Paulo Queiróz, Marcelo Ciciarelli, Pedro André Kowacs
Editor da Headache Medicine
Marcelo Moraes Valença
Vice-Editor da Headache Medicine
Fabiola Dach Eckeli
Diretoria Biênio 2014/2016
Comitês
Comitê de Dor Orofacial
Ricardo Tanus Valle
Comitê de Cefaleia na Infância
Marcus A. Arruda
Comitê de Leigos
João José de Freitas Carvalho (coordenador)
Jerusa Alecrim Andrade, Célia P. Roesler,
Ana Antoniazzi, Patrícia Peixoto e Claudia Tavares
Delegado junto à IHS
Thais Rodrigues Villa
Responsáveis pelo Portal SBCe
Pedro André Kowacs
Paulo Sergio Faro Santos
Representante junto à SBED
José Geraldo Speciali
Representante junto à ABN
Mauro Eduardo Jurno, Fernando Kowacs,
Célia P. Roesler
Responsável pelas Midias Sociais
Thais Rodrigues Villa
4 Headache Medicine, v.7, n.1, p.4-5, Jan./Feb./Mar. 2016
n the Italian Renaissance a number of artists accompanied dissections of human
bodies to better understand anatomy and represent all splendors of the body in their
drawings and paintings. It is believed that the first artist to dissect human cadavers himself
was Antonio Pollaiuolo (1431/32-1498) and that the young Leonardo da Vinci used to
observe him during dissections. The result of Pollaiuolo's studies in cadavers can be
appreciated in his work Battle of Naked Men.
Leonardo himself dissected
several bodies and he is considered
to be the first to illustrate human
anatomy, since Galen and Mundinus
(c.1279-1326) did not use illustration
in their writings. Mundinus is credited
as the "restorer of anatomy" as he used
to dissect human bodies in public and
wrote the first modern anatomical
written text (Anathomia corporis
humani, 1316), a dissection manual.
After Leonardo, a great master in
painting and drawing, it became
usual to see the association of artists
with anatomists during dissection of
human bodies in medical schools.
Many classical illustrations of
human anatomy were only possible
thanks to the collaboration of artists
documenting anatomical details.
Some anatomists were at the same
time well-known painters, with one
of the most famous ones being
Leonardo. Michelangelo dissected
human bodies as well, and he was
a good friend of a physician called
Realdo Colombo (1516-1559) who
Pain, anatomy and art
Dor, anatomia e arte
I
Marcelo Moraes Valença
1
, Carolina F. Valença
2
e Martina F. Valença
3
1
Federal University of Pernambuco, Recife, PE, Brazil;
2
University of Saint Galen,
Saint Galen and
3
University of Basel, Basel, Switzerland
EDITORIAL
Figure1. The Last Judgement, Michelangelo (1535-1541).
Figure 2. An Allegory with Venus and Cupid (c. 1545)
Agnolo Bronzino (1503-1572).
Headache Medicine, v.7, n.1, p.4-5, Jan./Feb./Mar. 2016 5
substituted Andreas Vesalius as the Chair of Surgery and Anatomy in the University of
Padua.
Using their knowledge in anatomy the artists developed the best way to draw the
face and the body in different positions was most probably to give a particular
emotion to the subject in the picture. Expression of happiness, sadness and surprise
were important in order to transmit emotion to those who contemplate the painting.
Negative emotions such as suffering and pain were depicted relatively often (Figures
1 and 2). In the Sistine Chapel, Michelangelo painted faces of men with extreme
suffering (Figure 2), possibly inspired by some subjects with cluster headache.
In this issue of Headache Medicine we have the privilege to see some of the
works of Eulâmpio José da Silva Neto,
(1)
anatomist and sculptor. His work shows
different expressions, and at the same time, unique features, which are frequently
observed in our patients with incapacitating headache attacks. The pictures of some
of his sculptures are shown in the cover of this issue.
REFERENCE
1. Freitas MFL, Nascimento JJC, Valença MM. Anatomia e arte: união necessá-
ria como o corpo e a alma. Headache Medicine. 2016;7(1):6-10
PAIN, ANATOMY AND ART
6 Headache Medicine, v.7, n.1, p.6-10, Jan./Feb./Mar. 2016
Anatomia e arte: união necessária como o corpo e a
alma
Anatomy and art: a necessary union such as that of the body with the soul
Manuela Figueiroa Lyra de Freitas, José Jaílson Costa do Nascimento
2
, Marcelo Moraes Valença
1
1
Universidade Federal de Pernambuco, Cidade Universitária, Recife, Pernambuco, Recife, Brasil
2
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil
Freitas MFL, Nascimento JJC, Valença MM. Anatomia e arte: união necessária como o corpo e a alma.
Headache Medicine. 2016;7(1):6-10
HUMANIDADES
INTRODUÇÃO
Anos atrás criamos um espaço na nossa revista cientí-
fica Headache Medicina destinado à neuroarte e decidi-
mos em cada capa da revista colocar uma ilustração re-
presentando algum aspecto relacionado com cefaleia, seja
do ponto de vista científico ou expressando algum tipo de
arte plástica. Nesta edição estamos homenageando o co-
lega anatomista Eulâmpio José da Silva Neto, cuja obra
artística muito revela da aflição que nossos pacientes so-
frem com esta afecção muitas vezes crônica que é a cefaleia,
principalmente quando estamos diante da migrânea e suas
comorbidades psiquiátricas como a ansiedade, depressão,
pânico e um limiar mais baixo para dores em outras regi-
ões do corpo.
GRANDES ANATOMISTAS - GRANDES ARTISTAS
O olhar do anatomista e do artista percebem coisas
que muitos não vêem, pois acham que os anatomistas são
frios, no entanto, somos sensíveis, como poucos, porque
enxergamos a alma em um ser morto, porém, está vivo em
várias recordações e sentimentos de muitos entes queridos
e vivos, constituindo assim, uma dor chamada SAUDADE.
"Não faço arte para decorar ambientes. Ela não é só para embelezar.
A arte deve ser trabalhada para nos levar a pensar sobre tudo que nos rodeia e que está dentro de
nós. Experimento-a levado por uma força interna, incontida,
que ordena e manipula a exteriorização do objeto.
Através da arte, grito coisas que não consigo falar"
Eulâmpio José da Silva Neto
A anatomia foi fonte de inspiração para grandes artis-
tas renascentistas do século XV, como Leonardo da Vinci
(1452-1519) e Michelangelo Buanorotti (1475-1564),
artistas anatomistas que exploraram o corpo humano para
produzirem suas obras, grandes gênios. Leonardo da Vinci
teve sua obra marcada pela riqueza de detalhes, era mais
realista e respeitava as proporções anatômicas, tinha mai-
or afinidade por obras de pintura. Michelangelo, um dos
mais talentosos artistas plásticos da história, gostava de
retratar esculturas em formas exageradas, foi um artista
consciente de seu grande talento.
PROFESSOR E ARTISTA PLÁSTICO EULÂMPIO
JOSÉ DA SILVA NETO
Foi falando da dor que este professor e artista, Eulâmpio
José da Silva Neto, iniciou um de seus experimentos, aquele
da alma, que como diz, surge de dentro e vai para fora,
aflora, como pensamento, e se concretiza nas mãos do
escultor, nobre escultor, eclético escultor, que faz da sua
obra, também seu momento inquieto, de todo o descone-
xo, entre homem, ser pensante e sensitivo.
Suas mãos hábeis não só dissecam, a mais bela arte
do Criador, o corpo humano, mas revela com as mesmas
Headache Medicine, v.7, n.1, p.6-10, Jan./Feb./Mar. 2016 7
mãos em barro e terra, sentimentos de um extremo furor.
Quão belas as esculturas delas, das mãos poéticas do es-
cultor, eximem arte, destreza, proeza e amor. Amor por algo
que ainda vai criar, mas que se tornará sua expressão mais
profunda de captação de elementos invisíveis, pois são sen-
tidos e muitas vezes não ditos.
A dor humana é algo misterioso, é uma dor sem
mensuração, a causa não pode ser só uma, mas uma his-
tória, uma revolta, uma paixão, uma decepção, um so-
nhar, um simples existir.
Se existo crio, sonho e faço:
Com argila faço o que acho que passa nas emoções;
Capto do silêncio de um cadáver;
O que passou em sua mente;
Sombria mente;
Que um dia já pensou;
Em coisas belas;
Tristezas e desamores;
Sonhou;
Por isso esculpo na terra o sentimento da dor;
A dor pode ser minha; pode ser sua e pode ser nossa;
Quando só minha, é loucura, é acaso;
Quando junta, com a de outrem, ou por outrem;
Passa a ser mais minha, prisão desvairada, que tenho
que libertar toda a energia, captada de volta ao
seu lugar;
Para isso uso o corpo, que se expressa sem falar;
Daí vem não só o artista, mas o anatomista, que com
perfeição e arte;
Parte para a obra finalizar;
Inicialmente sem forma sem contexto, até com desprezo;
Começa-se a criar, depois uma agonia de quem
sempre cria;
De que algo não está bom;
Tem que melhorar;
Depois o alívio, a paixão e a necessidade de fazer;
E com o conhecimento filosófico e anatômico passo a
tecer;
As experiências de vida e que vejo na vida para o meu
novo ser criatura/escultura;
Onde coloco em linhas duras e delicadas,
as impressões ósseas, os tendões e músculos e suas
fáscias a revestir;
Órgãos e vasos e tudo que posso tecer;
Teço com a agulha de um mestre da escultura,
minhas mãos;
As mãos também falam, assim como, a expressão do
corpo e da face e de todo o ser;
Momentos estes que fico até sem braços,
falo eu, escultura;
E outros, onde até mesmo me abraço, com a minha
solidão, com a minha depressão, ansiedade e
indecisão;
Só posso dizer que, sem a arte não haveria
compreensão do que se passa no interior, mais guardado,
de uma alma e de um coração;
Pois não me controlo, apenas ponho para fora toda a
emoção, captada com a mais alta perfeição.
Estas palavras foram escritas com as mãos, mas vie-
ram das emoções após contemplar as esculturas do profes-
sor anatomista/artista plástico que homenageamos na capa
da Headache Medicine.
Eulâmpio José da Silva Neto, nasceu no Recife-PE no
dia 13 de dezembro de 1961, terceiro filho de Lourival
José da Silva e Irene Maria Castelo Branco. Cursou Medi-
cina Veterinária na Universidade Federal Rural de Pernam-
buco (UFRPE). Cursou Mestrado em Anatomia Veterinária
na Universidade de São Paulo (USP) e Doutorado em Ci-
ências Naturais (Anatomia de Vertebrados), na Universida-
de de Tuebingen, Alemanha. Em Tuebingen, também cur-
sou técnica escultória em madeira. Lecionou Anatomia
Veterinária na UFRPE e atualmente é Professor de Anato-
mia Humana da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Continuou seu treinamento no âmbito das artes plásticas,
realizando o curso de técnicas escultóricas em argila com
o professor Ilson Morais em João Pessoa, PB em 2008. Isso
resultou em algumas exposições e publicações, entre elas
citamos:
Pathos das Dores e das Loucuras, 6 de fevereiro
a 6 de março, Casarão 34, João Pessoa/PB, exposição
conjunta (Selecionado em edital de ocupação 2008/9 do
Casarão 34);
Pathos das Dores e das Loucuras, 2 a 31 de maio
de 2009, Livraria Cultura Recife, Paço da Alfândega -
Recife, PE;
Pathos das Dores e das Loucuras, 13 a 31 de
julho de 2009, Centro de Cultura Amalry de Carvalho -
Patos, PB;
Coletânea Paraibana, 26/08 a 4/11/2009, Es-
tação Cabo Branco - Ciência Cultura e Artes, exposição
coletiva, João Pessoa, PB;
Pathos das Dores e das Loucuras
(parte II), 10/10
a 16/11/2009, Pinacoteca da UFPB - Biblioteca Central
da UFPB, exposição individual, João Pessoa, PB;
Por que Sapatos, 05 a 30/11/2009, Centro Cul-
tural são Francisco, exposição coletiva, João Pessoa, PB;
ANATOMIA E ARTE: UNIÃO NECESSÁRIA COMO O CORPO E A ALMA
8 Headache Medicine, v.7, n.1, p.6-10, Jan./Feb./Mar. 2016
Lançamento do livro Meu Ser, 2 de dezembro, na
Livraria Esquina da Letras, Zarinha Centro de Cultura, João
Pessoa, PB;
Lançamento do livro Meu Ser, 6 de dezembro,
Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB;
Lançamento do livro Meu Ser, 28 de abril, Livra-
ria Cultura, Paço Alfândega - Recife, PE;
Transgressões Capitais - 1 a 20/09/2011, Esta-
ção Cabo Branco - Ciências, Cultura e Artes, João Pes-
soa, PB (Exposição individual - Selecionada pelo edital da
Funjope 2010).
E é sobre Pathos das Dores e das Loucuras que va-
mos mostrar um pouco do artista que há, neste anatomista.
Que desde criança já convivia, com a arte através de seus
desenhos, e que, escondido e com a alma de um menino
a sonhar, levava para a sala de aula alfinetes para em um
giz trabalhar. Esculpia este giz como uma brincadeira, que
hoje, já escultor, faz sua arte brilhar.
Traz na sua bagagem a leitura de poesias, as quais
diz gostar das mais fortes, do poeta Augustos dos Anjos,
que mais adiante o inspirou a criar obras para outra expo-
sição.
Na Alemanha e com os filósofos que costuma ler:
Friedrich Wilhelm Nietzsche e Martin Heidegger, também
alemães. Ao som de Mozart e com grande conhecimento
de Anatomia Veterinária e Humana e o calor do nosso Nor-
deste com o turbilhão de sentimentos que só a alma poéti-
ca, eclética e séria, porém alma, com sentimentos, usa as
mãos para expressar, em material bruto, do qual surge um
ser oculto, que chamamos de escultura, mas, que o seu
nome será dito ao final, pelo autor, reflexo de tudo o que se
passa, no interior e exterior, do mundo do nobre artista es-
cultor e professor das formas do corpo humano.
Pathos das Dores e das Loucuras:
O que podemos falar sobre as lindas obras
““A Solidão” (Figura 1) – o escultor relata que
demonstraa coluna vertebral como elemento solitário. E a
própria escultura se abraça, como buscando conforto,
carinho em si mesma. O artista destaca nesta vista o mús-
culo latíssimo do dorso, a espinha da escápula e mãos
grandes, que sugere a necessidade de um amplo abraço
para aplacar a dor, indecifrável dor. Será apenas solidão?
Na obra “Angústia” (Figura 2), dor tão devastadora
que consome energia vital, o artista mostra a pele flácida
do rosto, desconfigurado, olhos como se ausentes, talvez
a angústia nem tenha olhos nesta arte, e não enxergam
nada, além desta dor pungente. Mostra a proeminência
laríngea, músculos e tendões do pescoço, mãos proporci-
onais, porém mostrando nitidamente as articulações
interfalângicas flexionadas, dizendo é dor, é só minha,
assim como a solidão, meu psiquê.
A dor materializada na obra: “Remorso” (Figura 3),
talvez um somatório de dores, presas na mente, no cére-
bro, na cabeça, que as mãos tentam aplacar, diminuir.
Figura1. “Solidão”, 2008 (Terracota)
Figura 2.Angústia”, 2008
(Terracota)
As obras “Aflição” (Figura 4) e “Culpa” (Figura 5)
também expressam sentimentos; a primeira gera uma dor
inexplicável, o indivíduo fica com a boca aberta, olhos
caídos, mãos sustentam a cabeça, de forma torta, pois
não sabem o motivo. A culpa coloca seu capacete, como
que em um soldado que vai à guerra, na verdade, o pró-
prio indivíduo se automutila, carregando a dor da culpa,
dor sua, culpa às vezes de outros. Quantas dores podemos
ter? Várias da mente que se refletem no funcionamento dos
órgãos. Cefaleia, dor terrível de muita gente, o que se pode
fazer?
Figura 3. “Remorso”, 2008 (Terracota)
FREITAS MFL, NASCIMENTO JJC, VALENÇA MM
Headache Medicine, v.7, n.1, p.6-10, Jan./Feb./Mar. 2016 9
Figura 4. “Aflição”, 2008 (Terracota)
Figura 5. “Culpa”, 2008 (Terracota)
Outras obras (Figuras 6 e 7) que refletem outras dores
ocultas.
Figura 8. “Desassossego”, 2008 (Terracota)
faz com que desencadeie muitas dores, físicas e morais.
Da “Loucura(Figura 9) não sei se há dor no ser, talvez
doa mais em que olha e convive, ou no louco haja outras
dores, mas não da loucura, insanidade, que transforma a
face, alheia ao mundo, desconexa, ou a mente está presa
em um filme que passa apenas no cinema da mente do
louco, artista, protagonista de cenas que ele idealiza e
participa ao seu modo, ao seu tempo. E por isso muitos
tipos de loucura (Figura 9 e 10).
Figura 9. “Loucura”, 2008
(Terracota)
Figura 10. “Loucura 2”, 2008
(Terracota)
Em oposto, a “Felicidade” (Figura 11), que nessa es-
cultura também revela a dor, talvez de alguém que sorri,
mas não de alegria, sobrancelhas arqueadas e aproxima-
das, lembrando a loucura. Esta dor parece ser instigante,
pois faz sorrir, promove algo da criação de uma mente.
Seria um sorriso sarcástico. Nesta obra percebemos bem a
anatomia da mandíbula e maxilas bem esculpidas, o na-
riz bem retocado, os olhos expressivos, nos parece até o
retrato de um cadáver.
Figura 6. “Paixão”, 2009
(Terracota)
Figura 7. “Ira”, 2009 (Terracota)
Agora, outras esculturas (Figuras 8, 9 e 10) e nestas
podemos notar a ausência de membros. O que será que o
artista/anatomista que transmitir?
A do “Desassossego” (Figura 8), parece ser uma
dor terrível, daquelas em que o indivíduo não dorme,
não faz nada bem, vive sob tensão, sobre alerta, e este alerta
10 Headache Medicine, v.7, n.1, p.6-10, Jan./Feb./Mar. 2016
Correspondência
Manuela Figueiroa Lyra de Freitas
manuelaflf@uol.com.br
Duas Obras Preferidas do artista/anatomista
Eulâmpio Neto, a “Decepção” (Figura 12) e a “Incerte-
za” (Figura 13).
Figura13. Incerteza, 2008 (Terracota)
Interessante que também gostamos muito desta obra,
pois revela com perfeição a anatomia do crânio, ao reba-
ter pele, fáscias e músculos. Pois assim é esta dor terrível
da decepção. Indivíduo, às vezes, perde a fome, o sono, a
motivação, a depender da decepção, pode-se até falecer.
Que dor! Mas que bela escultura para retratá-la.
Das esculturas do autor, esta é feminina, vítima princi-
pal da dor da incerteza. De um alimento, na dor da fome;
de carinho, na dor dos medos; no abrigo, na dor de onde
criar seu filho, na dor de nutrir sua criança, que com suas
mamas sem leite, sentirão a dor da fome. Mãe e filho, com
dores da desnutrição, várias dores, além da incerteza.
Desta forma, usamos algumas fotos das esculturas de
Eulâmpio Silva Neto na capa desta edição, expressão de
arte que tanto representa o sofrimento de nossos pacientes
com cefaleia.
"Tenho mais influência de Michelangelo, pelo fato dele ser
escultor. Embora minha linha seja diferente, gosto de valorizar
a anatomia nas minhas esculturas e também de usar torções que
embelezem, mesmo que a escultura que eu esteja fazendo não
tenha a beleza como principal característica.
É como colocar o belo em uma figura feia."
Eulâmpio José da Silva Neto
REFERÊNCIA
Página pessoal do artista Eulâmpio José da Silva Neto
(Oficial) http://www.eulampio.com.br/
Recebido: 25 de março de 2016
Aceito: 25 de março de 2016
Figura 11. Felicidade, 2008 (Terracota)
Figura 12. Decepção, 2008 (Terracota)
FREITAS MFL, NASCIMENTO JJC, VALENÇA MM
Headache Medicine, v.7, n.1, p.11-14, Jan./Feb./Mar. 2016 11
Cefaleia como sentença de morte
Headache as a death sentence
Adriana de Almeida Soares
1
, Fernando Jacó Silva Moreira
2
, Mariana Leite Pereira
2
, Rayssa Fernandes de Souza
Coelho
2
, Allyson Coelho Ribeiro
3
, Augusto César Beserra Martins
3
, Ítalo Araújo Rios Brandão
3
, July Lima Gomes
3
,
Kamilla Gomes de Sales Souza
3
, Laysa Moura Cardoso Leal
3
, Luís Gustavo Silva Bacelar de Andrade
3
,
Vanessa Nepomuceno da Fonseca Meneses
3
, Raimundo Pereira Silva-Néto
4
1
Nutricionista, Centro de Neurologia e Cefaleia do Piauí, Teresina, PI, Brasil
2
Estudante de Medicina da Universidade Estadual do Piaui, Teresina, PI, Brasil
3
Estudante de Medicina da Faculdade Integral Diferencial, Facid/DeVry, Teresina, PI, Brasil
4
Professor Assistente de Neurologia, Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, Brasil
Soares
AA, Moreira FJS, Pereira
ML, Coelho RFS, Ribeiro AC, Martins ACB, et al.
Cefaleia como sentença de morte. Headache Medicine. 2016;7(1):11-14
As cefaleias secundárias se caracterizam por apre-
sentar uma lesão estrutural que pode levar a um risco
iminente de morrer ou de causar alguma sequela irreversível.
Na ICHD-3β, são de reconhecida gravidade as cefaleias
atribuídas a trauma cefalálico, doença vascular e transtor-
no intracraniano não vascular.
(10)
Cefaleia pós-traumática aguda atribuída à
lesão cefálica grave
Esta cefaleia é decorrente de um trauma cefálico
grave, podendo o paciente evoluir com perda da consci-
ência por mais de trinta minutos, diminuição do nível
consciência (escala de coma de Glasgow < 13), amné-
sia pós-traumática por mais de 48 horas e/ou demons-
tração por imagem de lesão traumática encefálica, tais
como, hematoma cerebral, hemorragia intracerebral e/
ou subaracnoidea, contusão cerebral e/ou fratura de crâ-
nio.
(10)
Cefaleia atribuída a hematoma intracraniano
traumático
É uma cefaleia de início agudo, sem outras caracte-
rísticas típicas conhecidas, que aparece dentro de 24 ho-
ras após o desenvolvimento de um hematoma epidural ou
subdural. Este hematoma é decorrente de um trauma
craniano e pode ser evidenciado através de exame de
neuroimagem.
(10)
HUMANIDADES
INTRODUÇÃO
Em um ambulatório de cefaleias, o neurologista de-
para-se, frequentemente, com situações em que o diag-
nóstico é uma sentença de morte. Assim sendo, é de sua
responsabilidade dar essa notícia ao paciente, uma das
tarefas mais difíceis.
(1,2)
Nessa forma de comunicação, o médico depende de
sua experiência e julgamento pessoais em relação à deci-
são de informar ao paciente sobre o seu diagnóstico, bem
como sobre a melhor maneira de comunicá-lo.
(3-5)
Revelar o diagnóstico ao paciente é dever do médico
e está previsto em seu código de ética profissional.
(6-8)
A
não revelação só é permitida em casos de pacientes
pediátricos, ou quando suas condições físicas ou psicoló-
gicas não permitem uma correta compreensão de sua do-
ença, devendo, nesse caso, o diagnóstico ser dito à famí-
lia ou responsável.
(9)
CEFALEIAS POTENCIALMENTE GRAVES
A International Classification of Headache Disorders,
Third edition (beta version) (ICHD-3β) é dividida em
cefaleias primárias e secundárias, neuralgias cranianas e
dores faciais. Desta classificação, apenas as cefaleias se-
cundárias, ou seja, menos de 10% de todas as cefaleias,
são potencialmente graves.
(10)
12 Headache Medicine, v.7, n.1, p.11-14, Jan./Feb./Mar. 2016
SOARES AA, MOREIRA FJS, PEREIRA ML, COELHO RFS, RIBEIRO AC, MARTINS ACB, ET AL
O paciente poderá apresentar transtornos da cons-
ciência e a presença de sinais neurológicos focais. Seu
tratamento depende da drenagem do hematoma e se cons-
titui numa emergência médica.
(10)
Cefaleia atribuída à hemorragia intracraniana
não traumática
É uma cefaleia aguda que surge simultaneamente ou
em relação temporal muito estreita com uma hemorragia
intracerebral, intracerebelar ou subaracnoidea de origem
não traumática.
(10)
Geralmente, a cefaleia é obscurecida por déficits fo-
cais ou coma, mas pode ser o sintoma precoce mais pro-
eminente da hemorragia intracerebelar, a qual requer
descompressão cirúrgica de emergência.
Cefaleia atribuída à malformação vascular
não rota
É uma cefaleia nova e aguda causada por aneurisma
sacular, malformação arteriovenosa ou fístula arteriovenosa
dural, os quais são evidenciados por exames de neuro-
imagem.
(10)
Comumente, a cefaleia está associada a lesões dolo-
rosas de nervos cranianos, como, por exemplo, paralisia
do terceiro nervo, no aneurisma sacular; e oftalmoplegia,
nas fístulas carotídeo-cavernosas.
(10)
Cefaleia atribuída à arterite de células gigantes
A cefaleia é decorrente do comprometimento auto-
imune de artérias sistêmicas, preferencialmente as de mai-
or calibre, como as temporais, carótidas, vertebrais e aorta.
No entanto, quando afeta as artérias ciliares, oftálmicas e
central da retina, o paciente poderá evoluir com crises
repetidas de amaurose fugaz.
(10)
O risco de amaurose é o surgimento de neurite óptica
isquêmica anterior que poderá levar à cegueira irreversível,
mas que pode ser evitada pela administração imediata de
corticosteroides.
Cefaleia atribuída diretamente à neoplasia
intracraniana
É descrita como uma cefaleia progressiva, localiza-
da, que piora pela manhã e é agravada ao tossir ou incli-
nar a cabeça para frente. A neoplasia é demonstrada por
exames de neuroimagem.
(10)
Cefaleia atribuída à meningite bacteriana
A cefaleia é o sintoma mais comum da meningite
bacteriana e pode ser o primeiro. Faz parte da tríade de
sintomas da síndrome meníngea, a qual é composta por
cefaleia, vômitos e rigidez de nuca.
(10)
REAÇÃO DOS PACIENTES
Quando o paciente sabe que sua cefaleia é gravíssima,
como, por exemplo, decorrente de uma neoplasia intra-
craniana, ele não entende isso como uma sentença, mas
como uma execução de morte. De imediato, antevê as
possibilidades de sofrimento, decadência, exclusão social
e toda horda de horrores que costumam acompanhar a
morte.
(11)
Em geral, ao receber a notícia, alguns pacientes não
exibem reações identificáveis. Outros choram desconsola-
damente e, enquanto fazem isso, sua face fica, misteriosa-
mente, vazia.
(11,12)
Muitos começam a morrer, antes de qualquer desfe-
cho. Morrem seus planos, projetos, aspirações ou convic-
ções.
(11)
Poderão abandonar a ideia de envelhecer ao lado
do cônjuge ou de passar as próximas férias no Parque
Nacional Serra da Capivara ou no Parque Nacional de
Sete Cidades, no interior do Piauí, ou ainda, de conhecer
seus futuros netos.
COMO DAR A NOTÍCIA AO PACIENTE
Inevitavelmente, o médico terá que revelar o diag-
nóstico de uma cefaleia potencialmente grave ao paciente
ou aos seus familiares. Alguns comunicam essa notícia de
modo conciso: "sinto muito", mas, efetivo. Outros, na ten-
tativa de amenizar a situação, aproveitam-se do eufemis-
mo e substituem palavras como "câncer" por outras, tais
como, "neoplasia" ou "tumor". O diagnóstico continua o
mesmo: um câncer é um câncer, não importa a palavra
usada para nomeá-lo.
(3,6,12,13)
Há, ainda, aqueles médicos que usam a linguagem
não verbal. Nesse caso, a transmissão da mensagem in-
clui a linguagem corporal, gestos, expressões, inflexões e,
até mesmo, o silêncio. Quando alguém permanece silen-
cioso, está de fato, se comunicando, ao deixar claro que
não quer se comunicar.
(13,14)
Na verdade, não existe uma fórmula de como abor-
dar o paciente, mas devem-se respeitar as individualida-
des de cada um. Para isso, o médico deve escutá-lo com
a finalidade de conhecer o seu grau de informação sobre
a doença, suas expectativas e seu preparo para receber a
má notícia.
(14-16)
Existe uma ferramenta que tem ajudado nas facul-
dades da área de saúde, elaborada pelo médico inglês
Headache Medicine, v.7, n.1, p.11-14, Jan./Feb./Mar. 2016 13
Robert Alexander Buckman (1948-2011). Trata-se do
protocolo SPIKES, cujas letras dessa palavra são as iniciais
das seis etapas descritas, de maneira didática, para co-
municar más notícias: Setting up, preparando-se para o
encontro; Perception, percebendo o paciente; Invitation,
convidando para o diálogo; Knowledge, transmitindo a
informação; Emotions, expressando emoções; Strategy and
Summary, resumindo e organizando estratégias.
(17,18)
Na primeira etapa, o médico deve planejar a entre-
vista. É importante rever os dados que fundamentam o
diagnóstico: resultados de exames, tratamentos anteriores,
literatura médica e informações gerais sobre o paciente.
O médico precisa avaliar seus próprios sentimentos, posi-
tivos e negativos, sobre a transmissão da má notícia para
esse paciente.
(17,18)
Na segunda etapa, o médico deve procurar saber
como o paciente percebe sua doença, se é grave ou
não. Questionar o que já lhe foi dito sobre o seu quadro
clínico e o que procurou saber por fontes leigas ou pro-
fissionais, internet etc., qual é a sua compreensão sobre
as razões pelas quais foram feitos os exames. É funda-
mental corrigir desinformações e moldar a má notícia
para a compreensão e a capacidade de absorção do
paciente.
(17,18)
Na terceira etapa, o médico deve avaliar o desejo do
paciente em saber que tipo de cefaleia tem. Deve, tam-
bém, investigar se o paciente deseja informações detalha-
das sobre o diagnóstico, o prognóstico e os pormenores
dos tratamentos.
(17,18)
Na quarta etapa, o médico deve transmitir a notícia e
as informações ao paciente. O diagnóstico deve ser anun-
ciado com delicadeza. Preferentemente, o profissional deve
evitar os termos técnicos e adaptar-se ao vocabulário e ao
nível de compreensão do paciente. Deve, também, evitar
a dureza excessiva, amenizando a transmissão de detalhes
desnecessários. Se o prognóstico for ruim, não transmitir
desesperança e desistência, mas valorizar os cuidados pa-
liativos, o alívio dos sintomas e o acompanhamento soli-
dário.
(17,18)
Na quinta etapa, o médico deve expressar seus sen-
timentos e oferecer respostas afetivas às emoções dos
pacientes e de familiares. É necessário acolher a legíti-
ma expressão de sentimentos de ansiedade, raiva, tris-
teza ou inconformismo de pacientes e familiares, dan-
do-lhes algum tempo para se acalmarem e abrindo-
lhes as possibilidades de continuidade do acompanha-
mento.
(17,18)
Na sexta e última etapa, as principais questões aborda-
das devem ser resumidas e uma estratégia traçada para
ajudar os pacientes a sentirem-se menos ansiosos e inse-
guros. O médico deve compartilhar responsabilidades
na tomada de decisão com o paciente. Isto pode reduzir
qualquer sensação de fracasso da parte do médico, quan-
do o tratamento não é bem-sucedido. É preciso ser ho-
nesto sem destruir a esperança ou a vontade de viver dos
pacientes.
(17,18)
REFERÊNCIAS
1. Diaz FG. Breaking bad news in medicine: strategies that turn
necessity into a virtue. Med Intensiva. 2006 Dec; 30(9): 452-
9. [Article in Spanish].
2. Dosanjh S1, Barnes J, Bhandari M. Barriers to breaking bad
news among medical and surgical residents. Med Educ. 2001
Mar;35(3):197-205.
3. Aitini E, Aleotti P. Breaking bad news in oncology: like a walk in
the twilight? Ann Oncol. 2006;17(3):359-60.
4. Arnold SJ, Koczwara B. Breaking Bad News: Learning Through
Experience. J Clin Oncol. 2006 Nov 1;24(31):5098-100.
5. Leite AM, Caprara A, Coelho Filho JM. Habilidades de comu
nicação com pacientes e famílias. São Paulo: Sarvier, 2007.
6. Cavalcanti DR. Comunicação do diagnóstico de doença gra-
ve (câncer) ao paciente: Quem? Quando? Como? Por quê?
Pan-American Family Medicine Clinics. 2005;1:41-5.
7. Conselho Federal de Medicina (CFM). Código de Ética Médi-
ca. Brasília: Diário Oficial Da União, 1988. p. 1574-7.
8. Trindade ES, Azambuja LEO, Andrade JP, Garrafa V. O médi-
co frente ao diagnóstico e prognóstico do câncer avançado.
ev Assoc Med Bras. 2007;53(1):68-74.
9. Fallowfield L, Jenkins V. Communicating sad, bad, and difficult
news in medicine. Lancet. 2004 Jan 24;363(9405):312-9.
10. Headache Classification Subcommittee of the International
Headache Society. The International Classification of Headache
Disorders, 3rd edition (beta version). Cephalalgia. 2013;
33(9):629-808
11. Juca NBH, Gomes AMA, Mendes LS, Gomes DM, Martins
BVL, Silva CMGCH, et al. A comunicação do diagnóstico som-
brio na relação médico-paciente entre estudantes de medici-
na: uma experiência de dramatização na educação médica.
Rev Bras Educ Med. 2010;34(1):57-64.
12. Parker PA, Baile WF, De Moor C, Lenzi R, Kudelka AP, Cohen
L. Breaking bad news about cancer: patients' preferences for
communication. J Clin Oncol. 2001 Apr 1;19(7):2049-56.
13. Tapajós R. A comunicação de notícias ruins e a pragmática
da comunicação humana: o uso do cinema em atividades de
ensino/aprendizagem na educação médica. Comunic Saúde
Educ. 2007;11(21):165-72.
14. Chacon JP, Kobata CM, Liberman SPC. A "mentira piedosa"
para o canceroso. Rev Assoc Med Bras. 1995;41(4):274-6.
15. Baile WF, Aaron J. Patient-physician communication in
oncology: past, present, and future. Curr Opin Oncol. 2005
Jul;17(4):331-5
CEFALEIA COMO SENTENÇA DE MORTE
14 Headache Medicine, v.7, n.1, p.11-14, Jan./Feb./Mar. 2016
16. Fujimori M, Oba A, Koike M, Okamura M, Akizuki N, Kamiya
M, et al. Communication skills training for Japanese
oncologists on how to break bad news. J Cancer Educ. 2003;
18(4):194-201.
17. Baile WK, Buckman R, Lenzi R, Glober G, Beale EA, Kudelka
APS. SPIKES - a Six-step protocol for delivering bad news:
application to the patient with cancer. Oncologist. 2000;5(4)
302-11.
18. Lino CA, Augusto KL, Oliveira RAS, Feitosa LB, Caprara A. Uso
do protocolo Spikes no ensino de habilidades em transmissão
de más notícias. Rev Bras Educ Med. 2011;35(1):52-7.
Correspondência
R. P. Silva-Néto
Universidade Estadual do Piauí
Rua Olavo Bilac, 2335 - Centro
PI 64001-280 –Teresina, PI, Brasil
Tel. + 55 86 3221-4749
E-mail: neurocefaleia@terra.com.br
SOARES AA, MOREIRA FJS, PEREIRA ML, COELHO RFS, RIBEIRO AC, MARTINS ACB, ET AL
Recebido: 02 de março de 2016
Aceito: 10 de março de 2016
Headache Medicine, v.7, n.1, p.15-17, Jan./Feb./Mar. 2016 15
Headache and health in the Brazilian Imperial
Period
Cefaleia e saúde em tempos imperiais
Alexandre Campos Pulido
1
,Caroline Mensor Folchini
2
, Katia Regina de Moura Vieira
3
, Pedro André Kowacs
4
1
R4 Neurologia - Área de Atuação - Dor - Curirtiba, PR, Brazil
2
Farmacêutica, Mestranda em Medicina Interna pela UFPR - Curitiba, PR, Brazil
3
Odontopediatra, Ortodontista e Mestranda em Neurologia da Dor - Curirtiba, PR, Brazil
4
Coordenador do Setor de Cefaleias do Serviço de Neurologia do HC-UFPR e do
4
o
ano de Residência Médica em Neurologia - Área de Atuação: Dor - Curirtiba, PR, Brazil
Pulido AC, Folchini CM, Vieira KRM, Kowacs PA. Headache and health in the Brazilian Imperial Period.
Headache Medicine. 2016;7(1):15-17
HISTÓRIA DA MEDICINA
ABSTRACT
Treatment of headaches always has been a challenge for
people and health care professionals. The purpose of this
article is to review the treatments found in bibliographic
sources of the Brazilian Imperial period, and make a
narrative description. The sources consulted, such as the
"Chernoviz Manual" and the writings of Sigaud revealed
that the treatment of headaches was frequently based on
homemade treatments or Amerindians herbs recipes. Only
recently headache was included as a relevant issue to
medicine, as well as its scientific approach. This article
provides information about the view at that time concerning
to the etiology of headaches and ways of treatment, to
trace a narrative scenario of these aspects in the nineteenth
century in the Empire of Brazil.
Keywords: Headache; Brazilian Imperial period; Headache
etiology; Headache therapy; Headache phytotherapy
RESUMO
O tratamento de dores de cabeça desde sempre foi um
desafio para leigos e para os profissionais da saúde. O
objetivo do presente artigo é revisar os tratamentos en-
contrados na bibliografia do período imperial brasileiro e
fazer uma descrição narrativa destes. As fontes consulta-
das como o "Manual de Chernoviz" e os escritos de Sigaud
revelaram que o manejo das dores de cabeça era fre-
quentemente baseado em tratamentos caseiros ou em re-
ceitas de ervas pelos ameríndios. Só mais recentemente
as dores de cabeça foram incluídas como um problema
relevante e pertinente à medicina, e abordadas de acor-
do com o método cientifico. Este artigo traz informações
sobre a visão relativa à etiologia das dores de cabeça e
suas formas de tratamento, para traçar um cenário narra-
tivo destes aspectos no Brasil Imperial do século XIX.
Palavras-chave: Dor de cabeça; Período imperial brasi-
leiro; Dor de cabeça, etiologia; Dor de cabeça, terapia;
Dor de cabeça, fitoterapia.
INTRODUCTION
From time immemorial mankind has fought battles for
health. Contemporaneously, these battles are fought in
endless public health service lines, as well as the agendas
that are always crowded, the health insurance plans, and
the prohibitive charges?? for private appointments for many
patients. After the independence of the nation, however,
there were other conflicts: lack of scientific knowledge, lack
of qualified professionals and lack of therapeutic arsenal.
In short, lack of ... almost everything!
(1)
During the colonial period in Brazil, there were only
few health professionals to attend the population which
mostly inhabited the countryside, and far from urban
centers. The few doctors had had their training in Europe.
Barbers, traditional healers, midwives, pharmacists and
practical surgeons without any form of supervision or
technical information conducted basic health care.
(1,2)
16 Headache Medicine, v.7, n.1, p.15-17, Jan./Feb./Mar. 2016
PULIDO AC, FOLCHINI CM, VIEIRA KRM, KOWACS PA
In this context of inadequate medical resources, the
aid of medical manuals prevailed, despite being intensely
criticized by the existing medical community. The most
significant of these popular manuals was the Chernoviz
Manual, edited by the Polish Pedro Luiz Chernoviz Napoleon
(1812-1881). Dr. Napoleon was graduated in 1837 in
Montpellier, France, where he met some Brazilian
colleagues. This event resulted in his journey to Rio de
Janeiro in 1840 where he stayed until 1855, returning to
Paris with his wife and several Brazilian-born children. The
Chernoviz Manual style was illuminist, and described
morbid conditions in a clear, simple and informal style, as
well as the available treatments. Dr. Napoleon's point of
view was of a hygienist and mainly based on the writings
of Hippocrates and Galen whose particular approach
attributed the origin of the diseases mainly to the
environment and nutrition, a concept that reflected on
therapeutic approaches.
(2)
The clinical conditions were described accordingly to
the prevailing scientific knowledge on the basic areas of
health: anatomy, physiology and microbiology, among
others. No physician of the Imperial Era would ever consider
two hundred etiologies of headache. To note, Dr J. F. Sigaud
description: "The author divides cephalalgias into three
classes; l. those caused by plethora; II. those idiopathic;
III. those sympathetic".
(3)
Sigaud, during his stay in Brazil carefully observed
and pointed some conditions due to the weather and the
heat. He also mentioned that the Amerindian 'guaraná'
drink was used for the treatment of headaches, even though
its overuse could lead to insomnia. He also mentioned
the use of the native 'paracatepá' milk ('andiroba') and/or
'gapuhi' root infusion (Ficus sp.) for eye pain; bush
cucumber milk (Melothria cucumis, also known as 'taiuiá
doce' or as 'watermelon bird') for 'nerve pain', and
'acàpana' (Anthurium) mixed with woman's breast milk
for ear pain. Also, he referred to a high prevalence of
nervous system diseases in the province of São Paulo, but
this report referred to hysteria and epilepsy, and should
not be taken as an evidence for headache. Studies from
Spix & Martius, who attributed this high prevalence of
neurological conditions to local foods based on
farinaceous dishes, to alcoholism, to climatic conditions,
to the isolation from other centers, and to the lack of
cultural life were also commented by Sigaud. He also
made reference to Giacomini, considering that 'electricity'
could be involved in the origin of these symptoms.
(4-6)
Regarding to headaches, and other medical
conditions, plasters, potions (homemade medicine) and
concoctions were used. The vegetables used were from
gardens and from the cuisine, mostly the species were
brought by the Portuguese from Europe and the East during
the maritime expansion, when Portugal was the biggest
world power.
(5)
Regarding the use of medicinal plants, a
strong influence came from of the Amerindians and African-
borne people background, which overlapped, and
intermingled with mysticism and religion, adding an aura
of mystery. 'Evil eye' motive is not a privilege of the
contemporaneous population as a possible etiological
factor!
(7)
The Royal family fled from an endangered Europe
drowned in the Napoleonic wars, and gave the first start in
the Brazilian medicine and surgery, with the implementation
of the first medical school in Bahia and later in Rio de
Janeiro. At the same time that the Portuguese court came
to Brazil, Europe faced the Industrial Revolution, which
social consequences resulted in the resumption of the
Hippocratic concepts, according to which the disease was
the result of environmental influences - the neo-hippocratic
medicine.
(8)
After more than a century since this period life
expectancy expanded from 30-40 years to around 70
years. Medical knowledge has grown astronomically,
technology has allowed the acquisition of new therapies,
and the number of medical schools has astonishingly
increased. The country became urbanized, providing
access to the health researches and care centers.
Evidence-based medicine replaced empiricism, as well
as the concept that it is unacceptable to expose patients
to any kind of uncontrolled experimentation emerged, for
their sake.
(9)
Medical knowledge advance has brought great
challenges to every health care professional, and many
questions queries have remained open. Whether this applies
to the medicine as a whole, this would be no different in
relation to the study of headaches. Medical knowledge on
headaches has evolved, not only on its etiology, but also
regarding to the available therapies. Nevertheless, there is
still a lot to explore. We have to acknowledge: if headache
was a major "headache" for the physicians in the Brazilian
Imperial era, today it still remains in this way, despite of all
the medical advances.
REFERENCES
1. Guimarães MRC. Chernoviz e os manuais de medicina popu-
lar no Império. História, Ciências, Saúde - Manguinhos.
2005;12(2):501-14.
Headache Medicine, v.7, n.1, p.15-17, Jan./Feb./Mar. 2016 17
Correspondência
Alexandre Campos Pulido
Rua Desembargador Otávio do Amaral 448 ap 44, b, Bigorrilho
Curitiba, Paraná, Brasil
alexandrepulido@hotmail.com
2. Guimarães MRC. Os manuais de medicina popular do Im-
pério e as doenças dos escravos: o exemplo do "Chernoviz".
Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental.
2008;11:1-21.
3. Sigaud JF. O Propagador das ciências médicas. In: Sigaud JF.
O Propagador das ciências médicas. 1827;1(5):358-61.
4. Sigaud JFX. Du Climat et des Maladies du Bresil ou Statistique
Médicale de cet Empire. Paris: Chez Fortin, Masson et C",
Libraires. 1844;1-591
5. Amoah SK, Sandjo LP, Kratz JM, Biavatti MW. Rosmarinic Acid -
Pharmaceutical and Clinical Aspects. Planta Med. 2016
Mar;82(5):388-406.
6. Vásquezi SPF, Mendonça MS, Noda SN. Etnobotânica de plan-
tas medicinais em comunidades ribeirinhas do Município de
Manacapuru. Revista Acta Amazonica. 2014;44 (4):454-72.
7. Agaranti LM. Saberes culinários e a boticar doméstica: beberage
elixires e mezinhas no império português (séculos XVI-
XVII).sÆculum - Revista de História. 2012;27:13-30.
8. Souza MDE, Janeiro RDE. Antônio Moniz de Souza, o `Ho-
mem da Natureza Brasileira'. 2008:1025-1038.
9. Costa MCL. "A cidade e o pensamento médico: uma leitura do
espaço urbano", Revista de Geografia da UFC. 2002;1(2).
10. Junior DDEBM, Figueiredo A, Vieira C. Medicina e Império:
Grandes mudanças no panorama científico - de barbeiros a
médico. Revista Alpha. 2012;(3):9-19.
Recebido: March, 15 2016
Aceito: March 25, 2016
HEADACHE AND HEALTH IN THE BRAZILIAN IMPERIAL PERIOD
Headache Medicine, v.7, n.1, p.23-27, Jan./Feb./Mar. 2016 23
Analysis of nortriptyline's prophylaxis on hemodialysis
headache patients - a pilot study
Análise de profilaxia da nortriptyline em hemodiális de pacientes com enxaqueca
- estudo piloto
Bruna Mendonça Lima
1
, Paulo Sergio Faro Santos
2
, Alan Chester Feitosa de Jesus
3
1
Neurologist, Member of the Brazilian Headache Society
2
Resident medical, Department of Neurology, Neurological Institute of Curitiba;
Member of the Brazilian Headache Society
3
Neurologist, Member of the Brazilian Headache Society; Member of the Brazilian Neurology Academy
Lima BM, Santos PSF, Jesus ACF. Analysis of nortriptyline's prophylaxis on hemodialysis headache patients -
a pilot study. Headache Medicine. 2016;7(1):23-7
ORIGINAL ARTICLE
ABSTRACT
Background: Headache is the most common neurological
symptom of patients on hemodialysis treatment. However,
this condition is usually treated only after the pain has already
begun. Objective: Determine the efficacy and tolerability
of nortriptyline as a prophylactic treatment for patients
diagnosed with hemodialysis headache. Methods: This study
is an open and a prospective clinical trial. Twelve patients
with hemodialysis headache were studied in this trial. They
were asked to take nortriptyline (25 mg per day) during three
months as a prophylaxis for their headaches. Weekly
interviews were made to register eventual headaches.
Additionally, other clinical features were analyzed such as
the intensity of pain, its location, side effects of the drug and
use of abortive medications. Results: There was a significant
reduction (p < 0.05) in the intensity as well as frequency of
pain. The duration of the episodes also decreased.
Conclusions: Our findings suggest that nortriptyline 25 mg
is capable of reducing not only the frequency, but also the
intensity of the pain in the hemodialysis headache. However,
further studies are necessary.
Keywords: Prophylaxis; Nortriptyline; Headache; Dialysis
RESUMO
Introdução: Cefaleia é o sintoma mais comum dos paci-
entes em tratamento com hemodiálise. Porém, esta condi-
ção normlmente é tratada apenas depois da dor ter inici-
ado. Objetivo: Determinar a eficácia da nortriptilina como
um tratamento profilático para paciente diagnosticados com
cefaleia da diálise. Métodos: Este estudo é um ensaio
clínico aberto e prospective. Doze pacientes com cefaleia
da diálise foram estudados neste ensaio. Eles foram convi-
dados a tomar nortriptilina (25mg por dia) durante três
meses como profilaxia para a cefaleia. Entrevistas sema-
nais foram realizadas para registrar eventuais episódios de
cefaleia. Além disso, outras características clínicas foram
analizadas, tais como intensidade da dor, localização, efei-
tos adversos da medicação e uso de medicação abortiva.
Resultados: Houve redução estatisticamente significativa
(p < 0.05) da intensidade e da frequência da dor. A dura-
ção dos episódios também reduziram. Conclusão: Nos-
sos achados sugerem que a nortriptilina 25 mg é capaz de
reduzir não apenas a frequência, mas também a intensida-
de da dor na cefaleia da diálise. Entretanto, mais estudos
são necessários.
Palavras-chave: Profilaxia; Nortriptilina; Cefaleia; Diálise
INTRODUCTION
According to Kidney Disease Outcomes Quality
Initiative, renal insufficiency is the final stage (from five) of
chronic renal disease (CRD) and it is characterized by a
reduction of glomerular filtration rate to values lower than
60 mL/min/1.73m
2
for three months or more, regardless
of the cause of the decreased function. In this stage,
substitutive renal therapies, such as peritoneal dialysis,
hemodialysis and continued substitutive renal therapy, are
24 Headache Medicine, v.7, n.1, p.23-27, Jan./Feb./Mar. 2016
LIMA BM, SANTOS PSF, JESUS ACF
recommended.
(1)
In 2009, a study in Brazil showed that
77.589 patients were on dialytic therapy and 93% of them
received hemodialysis.
(2)
Headache is the most frequent neurological symptom
of hemodialytic patients, diagnosed in 56% of them. The
pharmacological treatment for this pain is dipirone.
Nevertheless, in 14% of these patients, no options of
treatment are mentioned.
(3)
The first study about a specific
type of headache related to hemodialysis was published in
1972. This study intended to find causes for the pain's
onset by discussing crucial aspects like trigger factors;
biochemical and psychological changes secondary to
hemodialysis. The kidney's role in pathophysiology of the
hemodialysis headache and the influence of other
medications used by these patients are also mentioned in
this resarch.
(4)
Only in 1988, the International Headache Society
(IHS) published the Classification and Diagnostic Criteria
for Headache Disorders, Cranial Neuralgias and Facial
Pain recognizing this disease as a headache associated
with metabolic abnormalities.
(5)
The most recent diagnostic criteria are the 3
rd
edition,
beta, the International Classification of Headache published
in 2013,
(6)
but as the survey was conducted before this
period, we considered the criteria of 2003
(7)
described
below. There was no significant change between the two
editions.
A. At least three attacks of acute headache fulfilling
criteria C and D.
B. Patient is on hemodialysis.
C. Headache develops during at least half of
hemodialysis sessions.
D. Headache resolves within 72 hours after each
hemodialysis session and/or ceases altogether after
successful transplantation.
In previous research, there is only one case report of
an attempt to prevent hemodialysis headache. The author
of this report used an angiotensin-converting enzyme
inhibitor for his patient over ten months with good results
during this period. However, after this initial period, the
renal function became worse and the therapy had to be
discontinued.
(8)
Nortriptyline is the first metabolic product of
amitriptyline, a tricyclic antidepressant which is also used
in the control of chronic pains, such as headaches. This
drug is capable of blocking norepinephrine reuptake without
causing many anticholinergic effects. Therefore, fewer side
effects such as excessive somnolence, dry mouth and urinary
retention are reported.
(9)
The objective of this study was to verify the efficacy
and tolerability of nortiptyline (25 mg per day) as a
prophylactic therapy for hemodialysis headache patients
with chronic renal disease who had done hemodialysis at
a nephrology clinic in Sergipe.
METHODOL O G Y
This open and prospective clinical trial was conducted
in Nephrology Clinic of Sergipe. The trial was divided in
two phases: identification of the patients with hemodialysis
headache and analysis of their clinical evolution after
initiating the prophylactic medication.
Firstly, two hundred and forty eight patients on
hemodialysis were selected. One hundred and eighteen of
these patients, who were on hemodialytic therapy for more
than six months, were interviewed. These patients received
three sessions of hemodialysis per week, each session with
a mean duration of 4 hours. In the initial evaluation, we
tried to identify if they have had headache and the clinical
characteristics of each patient's pain: attacks related to
hemodialysis, intensity of these attacks according to VAS,
location and type of pain, mean duration of the episode,
abortive medications usage and presence of interdialytic
headache.
In the last phase of this research, patients who fulfilled
the diagnostic criteria for hemodialysis headache - those
who, in addition, were on hemodialysis for at least six
months and were able to see the VAS - were selected. Patients
with hemodialysis headache for less than six months or
with visual deficiency were excluded from this study. Patients
with some cognitive inability, who could not understand
the researchers' instructions, were also excluded.
During three-months of follow up (between August and
October of 2008), patients were interviewed weekly and
the questionnaire was updated with the new data from each
of them. The researcher prescribed nortriptilyne's capsules
(25 mg) to the patients. The correct usage of such
medication was verified every hemodialysis session.
The statistical analysis was gathered using the Statistical
Analysis System version 9.1. At the beginning, the
researchers provided a descriptive analysis of the data
obtained before the treatment (12 patients) and then from
the data of subsequent evaluations.
After that, the incidence of variables such as frequency,
onset, intensity and duration were estimated every month.
The average of quantitative variables and the frequency of
qualitative variables (use of abortive medications and pain's
quality) were also estimated. The Student's t test was applied
Headache Medicine, v.7, n.1, p.23-27, Jan./Feb./Mar. 2016 25
in order to compare the average of the qualitative variables
in the initial evaluation with each subsequent month. Then,
the data from linear regression of quantitative variables
was analyzed considering the three-month treatment.
The Ethic and Research Committee of Federal
University of Sergipe approved this study; process number
41.540.000.107-07. All patients included in the study
signed a permission term in accordance with Helsinki
Declaration rules.
RESULTS
From the twelve patients diagnosed with hemodialysis
headache, according to IHS criteria, at the beginning of
the research, eight continued in our study until the end.
During the interviews, the most common side effect
mentioned was excessive somnolence, reported by 36.36%
of the patients. A patient with a previous complaint of
intestinal constipation mentioned such symptom during the
evaluations. Besides these symptoms, hypotension,
palpitations and vertigo episodes were also mentioned by
9.1% (one) of the patients.
The location and quality of pain were evaluated in
the initial interview as described in Table 1.
Out of the twelve patients interviewed, nine used
abortive medication during the attacks. Most of the patients
stated that the pain began between the third and fourth
hour of hemodialysis; a fact that did not change after the
continued use of prophylactic medication.
A total of one hundred and eighteen interviews were
carried out. In sixty-two (52.5%), the patients denied having
pain, but in fifty-six (47.5%) they related pain. In 60.7% of
positive-pain answers, they mentioned use of abortive
medications. The average of the variables – attacks, monthly
frequency, onset during hemodialysis, intensity according
to VAS and crisis' duration in minutes – are presented in
the tables below.
After three months of daily use of nortriptilyne 25 mg,
the most frequent pain intensity and location were still
throbbing frontal (24%) followed by throbbing temporal
(14.29%), pression-like frontal (12.5%), burning frontal
(7.14%), throbbing in vertex (5.36%), throbbing
occipitofrontal (1.39%) and pression-like parietal (1.79%).
The average duration of the episode before using
prophylactic medication was 5.45 hours and, after the
three-month treatment, this parameter changed to 3.15
hours.
After data analysis with the Student's t test, we observed
that there was a significant reduction (p < 0.05) in the
intensity and an even more significant reduction (p < 0.01)
in the frequency of the attacks (Table 5).
ANALYSIS OF NORTRIPTYLINE'S PROPHYLAXIS ON HEMODIALYSIS HEADACHE PATIENTS - A PILOT STUDY
26 Headache Medicine, v.7, n.1, p.23-27, Jan./Feb./Mar. 2016
LIMA BM, SANTOS PSF, JESUS ACF
DISCUSSION
In medical practice, a prophylactic treatment is based
on actions to prevent diseases. The main objectives of
headache prophylaxis are to decrease the frequency,
duration and intensity of the attacks; improve abortive
medication's efficacy; make the patient's quality of life better
and diminish his/her incapacity for daily activities.
(10)
The
prophylactic therapy of headache presents two strands: the
pharmacological, which is composed by the beta-
adrenergic blockers, tricyclic antidepressants, calcium
channel antagonists, anticonvulsants and others, and the
non-pharmacological measures consist of physiotherapy,
acupuncture, diet, among other.
(11)
Tricyclic antidepressants are the most common drug
used for headache prophylaxis. This class of antidepressant
medication acts through downregulation and antagonism
toward 5-HT2 receptors and reduction of beta-receptors'
density. Moreover, it promotes the inhibition of epinephrine
and serotonin reuptake, which increases these
neurotransmitters' availability in gap and improves central
antinociception by stimulating endogenous opioids.
(10-12)
Tricyclic antidepressants are safe drugs for chronic renal
patients, up to 1000 mg per day (the dose for depression
treatment). These drugs have a hepatic metabolization which
is important for dialytic patients. Nortriptyline, desipramine
and imipramine are better tolerated than amitriptyline by
patients with CRD.
(13)
In the present study, four patients abandoned the
program. Only one left due to side effects (hypotension).
The side effects found in this research were in accordance to
the ones already described for tricyclic antidepressants.
(10-12)
The most frequent are: vertigo syndrome, weight gain,
increase in appetite, somnolence, dry mouth, intestinal
constipation, neurogenic bladder, stained vision, reduction
of convulsive threshold, tachycardia and akathisia.
(10-12)
In the initial interviews, fifty-four percent (54%) of the
patients reported pain onset between the third and fourth
hour of hemodialysis, similar to what Antoniazzi et al.
(3)
found in their study (62% of the patients presented the
same onset pattern). The most prevalent pain intensity and
location mentioned by our patients was throbbing frontal.
This data is in keeping with the Göskan study from 2004.
(14)
In this study, the author described many characteristics of
hemodialysis headache patients and found that the most
frequent location of pain was frontotemporal (50%) and
the most frequent intensity was throbbing (87%).
(14)
After the use of prophylactic medication, there was no
statistical significance in the change of the pain's onset
and its total duration. However, there was a reduction of
the pain's mean-time for each patient. There was a statistical
significance in the difference of adjustable equations of
frequency and intensity variables, but respective coefficient
of determination values of these variables, obtained by
linear regression, were low. It does not invalidate the
information with Student's t test, but it exposes the fact that
the adjustable model does not explain alternations of the
dependent variables (frequency and intensity) properly. The
frequency and intensity had such a large variation in a
short time that more sustained observations are necessary.
In medical literature, there is only one case report of a
possible prophylactic therapy for hemodialysis headache
which used angiotensin-converting enzyme inhibitor without
success.
(8)
This study did not describe whether the prophylaxis
modified the onset of pain, its mean duration or the
frequency of attacks. The author reported that there was
no decrease in pain's intensity and that, after 10 months of
medication use, the treatment had to be interrupted because
of side effects.
(8)
CONCLUSIONS
It is important to find an efficient treatment for
hemodialysis headache. Most of our patients reported pain
in almost every session and, because of this, they tended to
use abortive medications excessively which contributed to
Headache Medicine, v.7, n.1, p.23-27, Jan./Feb./Mar. 2016 27
Correspondência
Paulo Sérgio Faro Santos
EInstituto de Neurologia de Curitiba
Rua Jeremias Maciel Perretto, 300
81210-310 - Curitiba, PR, Brasil
Fone/fax: + 41 3248.8580
dr.paulo.faro@gmail.com
the pain's chronification. The results of this study are
encouraging but insufficient to assure that the correct therapy
for hemodialysis headache is tricyclic antidepressants,
specifically nortriptyline.
Randomized, double-blinded, placebo-controlled
studies with more patients must be executed to confirm or
refute this research's data. For the time being, this study is
the beginning of a new research line which seems to have
promising results in the treatment of pain in hemodialysis
headache patients.
REFERENCES
1. KDOQI. Clinical Practice Guidelines for Chronic Kidney Disease.
Am J Kidney Dis. 2002;39:1-246.
2. Sesso RCC, Lopes AA, Thomé FS, Lugon JR, Burdmann EA. Censo
Brasileiro de Diálise, 2009. J Bras Nefrol. 2010;32:380-4.
3. Antoniazzi AL, Bigal ME, Bordini CA, Speciali JG. Cefaléia rela-
cionada à hemodiálise: análise dos possíveis fatores
desencadeantes e do tratamento empregado. Arq
Neuropsiquiatr 2002;60:614-8.
4. BBana DS, Yap AU, Graham JR. Headache during hemodialysis.
Headache. 1972 Apr;12(1):1-14.
5. Headache Classification Committee of the International
Headache Society. Classification and diagnostic criteria for
headache disorders, cranial neuralgias and facial pain.
Cephalalgia 1988;8:1-96.
6. Headache Classification Committee of the International
Headache Society (IHS) The International Classification of
Headache Disorders, 3rd edition (beta version). Cephalalgia
2013; 33(9) 629-808.
7. Antoniazzi AL, Bigal ME, Bordini CA, Speciali JG. Headache
associated with dialysis: the International Headache Society
criteria revisited. Cephalalgia. 2003 Mar;23(2):146-9.
8. Leinisch-Dahlke E, Schimidt-Wilcke T, Krämer BK, May A.
Improvement of dialysis headache after treatment with ACE-
inhibitors but not angiotensin II receptor blocker: a case report
with pathophysiological considerations. Cephalalgia. 2005
Jan;25(1):71-4.
9. Atkinson JH, Slater MA, Williams RA, Zisook S, Patterson TL,
Grant I, et al. A placebo-controlled randomized clinical trial of
nortriptyline for chronic low back pain. Pain. 1998 Jun;76(3):
287-96.
10. Silberstein SD. Preventive migraine treatment. Neurol Clin. 2009
May;27(2):429-43.
11. Comite AD Hoc da Sociedade Brasileira de Cefaléia. Reco-
mendações para o tratamento profilático da migrânea: Con-
senso da Sociedade Brasileira de Cefaléia. Arq Neuropsiquiatr.
2002;60(1):159-69.
12. Adelman JU, Adelman RD. Current options for prevention and
treatment of migraine. Clin Ther. 2001 Jun;23(6):772-88.
13. Almeida AM, Meleiro AMAS. Depressão e insuficiência renal
crônica: uma revisão. J Bras Nefrol 2000;22:192-200.
14. Göksan B, Karaali-Savrun F, Ertan S, Savrun M. Haemodialysis
related headache. Cephalalgia. 2004 Apr;24(4):284-7.
Recebido: March, 03 2016
Aceito: March, 05 2016
ANALYSIS OF NORTRIPTYLINE'S PROPHYLAXIS ON HEMODIALYSIS HEADACHE PATIENTS - A PILOT STUDY
28 Headache Medicine, v.7, n.1, p.28, Jan./Feb./Mar. 2016
INFORMATIONS FOR AUTHORS
Headache Medicine is the official scientific journal of the Brazilian
Headache Society (SBCe) and of the Latin American Headache
Association (ASOLAC). It is published quarterly for the purpose of
recording and disseminating scientific production and contributions
from the scientific community in the field of Headache. Submitted
papers considered by the editors to be suitable for publication in the
journal will be evaluated by at least two reviewers and then accepted
or rejected according to the peer review system.
General Remarks
Manuscripts written in English are preferred, but those written in
Portuguese and Spanish are also accepted. The full title must be
written both in English and in Portuguese and the running title is
limited to a maximum of 50 characters. It is obligatory to list the
institution in which the work was carried out as well as the authors'
full names without abbreviations and their present position and
institution. Additionally, information about any possible conflict of
interest must be disclosed. The full address of the corresponding
author must include telephone numbers and e-mail. The manuscript
should be send as a Word file (double spacing, Arial or Times New
Roman, font 12) and must include abstracts in English and in
Portuguese, both of up to 250 words and three to five descriptors
(keywords and descritores).
References
Headache Medicine adopts the International Committee of Medical
Journal Editors (ICMJE) Uniform Requirements for Manuscripts
(URM), available at http://www.icmje.org/manuscript_1prepare.html.
The references must be numbered as they appear on the text.
Illustrations and Pictures
CMYK pattern should be used for illustrations and pictures and the
minimum resolution is 300 dpi. Only TIFF, JPG or CDR formats will
be accepted. Figures should not be included within the text, but sent
as individual files. Tables: Tables should be consecutively numbered
using Arabic numerals and cited in the text in numerical order. The
tables should be as DOC files, instead of image files.
Authors: ll designated authors should qualify for authorship by
sufficiently participating in the work in order to accept responsible
for its contents. Authorship includes substantial contributions in: (a)
conception and design, analysis and interpretation of data; (b) drafting
or critical review of the intellectual content; (c) approval of the final
version. Further information on the criteria of authorship credits can
be obtained at www.icmje.org/ethical_1author.html. Participation
in the acquisition of funds, compilation of data and general
supervision of the research team does not justify authorship. The
number of authors should follow the guidelines of the NML/NIH/
Index Medicus which, depending on the type of contribution, may be
increased at the discretion of the editors.
Original Article
Maximum of 4000 words, including references. Title in English
and in Portuguese and running title up to 50 characters. Abstract in
English and Portuguese or English and Spanish (up to 250 words
each). Tables, illustrations and photographs: up to 7. References: up
to 30. The text should be divided in sections: Introduction, Methods,
Results and Discussion.
View and Review Article
Maximum of 5000 words, including references. Abstract in English
and Portuguese or English and Spanish (up to 250 words each).
Tables, Illustrations and Photographs: up to 7. References: up to
100. Title in English and Portuguese and running title up to 50
characters. A Review Article should include a synthesis and critical
analysis of a relevant area and not only a chronological
description of publications. It should be written by a researcher
who has significant contributions in the specific area of Headache
Medicine.
Clinical Correspondence
Maximum of 1800 words (including references). Number of authors:
up to five. Abstract in English and Portuguese or English and Spanish:
maximum of 250 words each. Tables, Illustrations and Photographs:
up to 2. References: up to 20. Title in English and in Portuguese.
Apart from the general remarks, it must have at least one of the
following characteristics: (a) be of special interest to the scientific
community; (b) be a rare case which is particularly useful to
demonstrate disease mechanisms or diagnostic issues; (c) presents
a new diagnostic method or treatment modality. The text should be
divided in Introduction, Case Report and Discussion and must
describe only well-defined, non ambiguous, relevant findings.
Letter to the Editor
Maximum of 1000 words (including references). Number of authors:
up to four. References: up to seven. Title in English and in Portuguese
and running title up to 50 characters. The format is free and apart
from the General Remarks, it may include a maximum of two
illustrations (photographs, tables, figures).
Thesis Abstract
Title in English and in Portuguese. Maximum of 500 words (including
keywords). One author and one mentor.
The Image Section
Maximum of 300 words (no Abstract). Title in English and Portuguese.
One or two images and up to three authors. Maximum of three
references.
Corresponding Address
Marcelo M. Valença (mmvalenca@yahoo.com.br)
Editor-in-chief
Publisher
Trasso Comunicação Ltda.
Rua das Palmeiras, 32 / 1201 - Botafogo
22270-070 - Rio de Janeiro-RJ - Brazil