128 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
LAURENTINO IMS, FONSECA FILHO LB, VALENÇA MM, SANTOS ERR, LEITE AFB
por jovens em idade produtiva, que muitas vezes não con-
seguem lidar com as demandas específicas do ambiente
acadêmico.
(16,17)
Neste estudo, foi observada uma disso-
nância com a literatura, com média de escore de estresse
menor para presença de cefaleia, o que pode ser devido a
uma amostra não balanceada, surgindo essa atipia. Neste
contexto, recomenda-se um aprofundamento a partir da
realização de novos estudos.
Algumas pesquisas discorrem sobre a significativa as-
sociação entre sono e cefaleia, especialmente quando
estes ocorrem durante a noite ou ao despertar e revelam
que vários distúrbios de sono podem ter relação com a
cefaleia. Neste estudo, a cefaleia apresenta uma relação
próxima com o sono dos maus dormidores e revela-se a
partir dos índices elevados entre essas variáveis, demons-
trando sintonia com a literatura. Uma noite em vigília,
associada a uma crise de cefaleia, já pode influenciar no
desempenho do indivíduo, que apresentará maior dificul-
dade para manter a concentração nas atividades do dia
seguinte.
(24,25)
CONCLUSÃO
A cefaleia é compreendida como um transtorno que
afeta grande parte da população mundial, incluindo nessa
população os estudantes universitários, que ressalta uma
expressiva e condizente prevalência acompanhada do
estresse e da ansiedade, que são condições clínicas mui-
to presentes na vida acadêmica, acarretando impactos
na produtividade universitária, no aprendizado e poden-
do influenciar de forma negativa na realização das tare-
fas diárias devido à dor causada pela cefaleia e,
consequentemente, interferindo diretamente na qualida-
de de vida dos sofredores.
Neste estudo foi possível apontar que a prevalência
da cefaleia em universitários é alta e está associada sig-
nificativamente à idade, ao sexo e à qualidade do sono
ruim, impactando em mais da metade dos estudantes.
Por isso, identificar os indivíduos acometidos pela
cefaleia é de grande importância para auxiliar na elabo-
ração dos processos de diagnósticos nos níveis de aten-
ção primária e secundária, propiciando um manejo mais
adequado dos casos. E os casos de maior complexidade
devem ser discutidos para que se possa estabelecer um
diagnóstico de forma colegiada, pois os diagnósticos da
população diferem e exigem um olhar crítico sobre cada
peculiaridade existente.
Assim, a qualidade de vida passa a ser entendida
como uma condição essencial relacionada ao modo de
viver e que precisa do fortalecimento de políticas públi-
cas saudáveis no âmbito universitário, que evidencie a
necessidade de ampliar o interesse e a preocupação de
diferentes setores no sentido de criar ambientes favoráveis
ao bom viver.
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