October/November/December 2017
Nº 4
8
VOLUME
Headache
Medicine
Headache
Medicine
ISSN 2178-7468
EDITORIAL
Headache and the phenomenon of the sensation that "the world is in
slow motion"
Marcelo Moraes Valença
ORIGINAL ARTICLE
Disfunção temporomandibular e hábitos parafuncionais em crianças e
adolescentes
Manoel Gomes de Araújo Neto, Alisson Sousa Santos, Paulo Henrique Martins
Sousa, Laryssa Castro Vale, Caroline Fernanda de Oliveira Farias Lopes, Guilherme
Gonçalves Silva Pinto, Ana Lurdes Avelar Nascimento, Adelzir Malheiros e Silva
C. B. Haidar, Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho, Maria Claudia Gonçalves
Incapacidade funcional e cefaleia: impactos no cotidiano dos universitários
Iris Milleyde da Silva Laurentino, Lucilo Bioni da Fonseca Filho, Marcelo Moraes
Valença, Erlene Roberta Ribeiro dos Santos, Antonio Flaudiano Bem Leite
Supraorbital foramen or notch and its relationship with the supraorbital
nerve in human
Maria Rosana de Souza Ferreira, Renata Cristinny de Farias Campina,
Carolina Peixoto Magalhães, Marcelo Moraes Valença
CASE REPORT
"Um mundo em câmera lenta" como manifestação da Síndrome de Alice no
País das Maravilhas: um relato de caso
Laryssa Crystinne Azevedo Almeida, Marcelo Moraes Valença
Anything but a shocking solution – the effectiveness of Cefaly® in
non-migrainous headache
Pedro AndKowacs, Paulo Sergio Faro Santos, Elcio Juliato Piovesan,
Helio Afonso Ghizoni Teive
Headache Medicine, v.8, n.4, p.113, Oct./Nov./Dec. 2017 113
CONTENTS
EDITORIAL
Headache and the phenomenon of the sensation that "the world is in slow motion"
Cefaleia e o fenômeno da sensação de que "o mundo está em câmera lenta" ............................................... 116
Marcelo Moraes Valença
ORIGINAL ARTICLE
Disfunção temporomandibular e hábitos parafuncionais em crianças e adolescentes
Temporomandibular dysfunction and habits parafunction in children and adolescents ................................... 120
Manoel Gomes de Araújo Neto, Alisson Sousa Santos, Paulo Henrique Martins Sousa,
Laryssa Castro Vale, Caroline Fernanda de Oliveira Farias Lopes, Guilherme Gonçalves Silva Pinto,
Ana Lurdes Avelar Nascimento, Adelzir Malheiros e Silva C. B. Haidar, Sarah Tarcísia Rebelo
Ferreira de Carvalho, Maria Claudia Gonçalves
Incapacidade funcional e cefaleia: impactos no cotidiano dos universitários
Functional incapacity and headache: impacts on daily life of university students ............................................ 124
Iris Milleyde da Silva Laurentino, Lucilo Bioni da Fonseca Filho, Marcelo Moraes Valença,
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos, Antonio Flaudiano Bem Leite
Supraorbital foramen or notch and its relationship with the supraorbital nerve in human
Supraorbital forame ou entalhe e sua relação com o nervo supraorbital em humanos .................................... 130
Maria Rosana de Souza Ferreira, Renata Cristinny de Farias Campina,Carolina Peixoto Magalhães,
Marcelo Moraes Valença
CASE REPORT
"Um mundo em câmera lenta" como manifestação da Síndrome de Alice no País das Maravilhas:
um relato de caso
"A slow-motion world" as a manifestation of Alice in Wonderland syndrome: a case report ............................. 134
Laryssa Crystinne Azevedo Almeida, Marcelo Moraes Valença
Anything but a shocking solution – the effectiveness of Cefaly® in non-migrainous headache
"Uma solução chocante - a eficácia de Cefaly® em cefaleia não-migranosa ................................................. 138
Pedro André Kowacs, Paulo Sergio Faro Santos, Elcio Juliato Piovesan, Helio Afonso Ghizoni Teive
INFORMATIONS FOR AUTHORS................................................................................................................. 140
Capa/Cover – Figure 1, Fereira et al. Supraorbital foramen or notch and its relationship with the supraorbital
nerve in human. Headache Medicine, 2017, vol 8 (4):130-133
Scientific Publication of the Brazilian Headache Society
Volume 8 Number 4 October/November/December 2017
Headache Medicine
ISSN 2178-7468
114 Headache Medicine, v.8, n.4, p.114-115, Oct./Nov./Dec. 2017
Headache Medicine
ISSN 2178-7468
A revista Headache Medicine é uma publicação de propriedade da Sociedade Brasileira de Cefaleia, indexada no Latindex e no Index Scholar, publicada pela
Trasso Comunicação Ltda., situada na cidade do Rio de Janeiro, na Rua das Palmeiras, 32 /1201 - Botafogo - Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2521-6905 - site:
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Marcelo Moraes Valença
Vice-Editor-in-Chief
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José Geraldo Speciali (1996-2002)
Carlos Alberto Bordini (1996-1997)
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Pedro André Kowacs and Paulo H. Monzillo (2004-2007)
Fernando Kowacs (2008-2013)
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Gregorio Zlotnik, Canadá
Isabel Luzeiro, Portugal
José Pereira Monteiro, Portugal
Marcelo Bigal, USA
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Daniella de Araújo Oliveira, Recife, PE
Deusvenir de Sousa Carvalho, São Paulo, SP
Djacir D. P. Macedo, Natal, RN
Élcio Juliato Piovesan, Curitiba, PR
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Fernando Kowacs, Porto Alegre, RS
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Hugo André de Lima Martins, Recife, PE
Jano Alves de Sousa, Rio de Janeiro, RJ
João José de Freitas Carvalho, Fortaleza, CE
Joaquim Costa Neto, Recife, PE
José Geraldo Speziali, Ribeirão Preto, SP
Luis Paulo Queiróz, Florianópolis, SC
Marcelo C. Ciciarelli, Ribeirão Preto, SP
Marcelo Rodrigues Masruha, Vitória, ES
Marcos Antônio Arruda, Ribeirão Preto, SP
Mario Fernando Prieto Peres, São Paulo, SP
Maurice Vincent, Rio de Janeiro, RJ
Mauro Eduardo Jurno, Barbacena, MG
Paulo Sergio Faro Santos, Curitiba, PR
Pedro Augusto Sampaio Rocha Filho, Recife, PE
Pedro Ferreira Moreira Filho, Rio de Janeiro, RJ
Pedro André Kowacs, Curitiba, PR
Raimundo Pereira da Silva-Néto, Teresina, PI
Renan Domingues, Vitória, ES
Renata Silva Melo Fernandes, Recife, PE
Thais Rodrigues Villa, São Paulo, SP
Headache Medicine
Scientific Publication of the Brazilian Headache Society
Editorial Board
Headache Medicine, v.8, n.4, p.114-115, Oct./Nov./Dec. 2017 115
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Marcelo Moraes Valença
Vice-Editor da Headache Medicine
Fabíola Dach
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Comitê de Cefaleia na Infância
Marcos Antônio Arruda
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Pedro Augusto Sampaio Rocha Filho
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Elder Machado Sarmento
Paulo Sergio Faro Santos
Representante junto à SBED
José Geraldo Speziali
Representante junto à ABN
Célia Aparecida de Paula Roesler
Fernando Kowacs
Raimundo Pereira da Silva-Néto
Responsável pelas Midias Sociais
Thais Rodrigues Villa
116 Headache Medicine, v.8, n.4, p.116-117, Oct./Nov./Dez. 2017
Migraine and the feeling that "the world is in slow motion"
EDITORIAL
he article by Almeida & Valença,
(1)
published in this issue of Headache Medicine,
is very curious, describing the case of a woman suffering from migraine, reporting the
experience that the "world was in slow motion" on two occasions separated by several
years, the first experience having occurred when she was a teenager.
Another patient, a young female, university student, described a similar experience,
which occurred during a migraine attack while she was trying to cross a busy road,
Caxangá Avenue, in the city of Recife. She had the sensation that vehicles and people
were passing "in slow motion". The phenomenon lasted for several minutes. As the
patient recognized that something "out of the ordinary" was happening, she did not
cross the avenue, thus avoiding being run over by speeding automobiles. Such an
illusory sensation can have catastrophic consequences if not readily identified by the
individual.
In the movie Matrix, the "bullet time" effect is seen in the trajectory of the bullet moving
in slow motion towards the actor. Thomas A. Anderson (nicknamed Neo) is a fictional
character in the film. However, in the film, Neo - played by Keanu Reeves - using the "slow
motion" phenomenon, was able to divert his body away from the bullets. Our patient
probably would not have had that ability.
Humans and certain animals possess the ability to quantify the passage of physical
time and perceive the subjective temporal experience of day-to-day activities.
(2,3)
The
perception of the "passing of time" is thus a vital sensory experience in the human species.
We know subjectively what seconds, minutes, hours and even days mean, even without
the aid of a clock. I consider this function to be of sensory nature, despite the fact that
classical books of neurology make no mention of this essential neural function that we use
unwittingly throughout our lives.
In addition to this property of the brain in unwittingly quantifying the time in which a
given event occurred, there is also the "mental time" perceiving what is present, past, and
future.
(4)
The illusion of time perception is a disturbance of brain function, but since time
perception is the result of an interaction between various areas of the brain, changes in
this function can be induced in normal individuals through experimental procedures.
(2)
In an interview conducted by the BBC, the neuroscientist David Eagleman said: "My
interest in time and the passage of time came about because when I was eight, I fell from
the roof of a house that was being built. In addition, the fall seemed to take a long time."
(5)
Eagleman even completed his story by saying, "I thought of the book Alice in Wonderland,
and what it must have looked like to her when she fell into the rabbit hole."
I report this very curious fact here because a fellow neurologist, years ago, reported
during a scientific meeting that he also, when falling from a roof, had the same "slow-
motion sensation," but with the perception of being out of his body and seeing the downward
movement of his body until he ended up sitting on the ground. He said that at the time
there was no cranial trauma or loss of consciousness.
T
Headache Medicine, v.8, n.4, p.116-117, Oct./Nov./Dez. 2017 117
Marcelo Moraes Valença
Full Professor, Neurology and Neurosurgery, Federal University of Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brazil.
mmvalenca@yahoo.com.br
MIGRAINE AND THE FEELING THAT "THE WORLD IS IN SLOW MOTION"
Such "perceptual distortions of time" can occur when one experiences an extreme situation of imminent risk of
death, such as in traffic accidents and muggings.
(6)
In an experiment, Eagleman studied the possibility of time being perceived differently by subjects under a great
emotion in free fall from a structure more than 30 meters high.
(2,5)
If the perception of time were different, i.e.
slower, in the fall condition, they would perceive numbers on a monitor attached to the wrist that passing at different
speeds. Under normal conditions, it would be impossible to identify the change in numbers unless the time passed
in slow motion for these people.
(2,5)
The conclusion of the study was that the individual had the illusion that time was
dilating, but were unable to identify the correct and expected changes in the numbers in the case of a real time
dilatation. Thus, there was no Matrix effect, as in the film cited above, when both the individual and the environment
are in another different, but for them identical, dimension of time. Many physicists consider time to be the fourth
dimension.
This event is known in neuroscience as the effect of time dilation.
(7)
Several experiments have demonstrated that
it is a physiological cerebral function
(8)
and, therefore, a disturbance in the physiology of the nervous system can
cause a failure in the perception of time.
(9)
The neurobiological process of how an individual understands time still needs to be further clarified. The
encounter of patients with migraine and illusion in the perception of time may shed some light on the understanding
of this phenomenon so crucial in the life of human beings.
REFERENCES
1. Almeida LCA, Valença MM. "A slow-motion world" as a manifestation of Alice in Wonderland syndrome: a case report. Headache
Medicine. 2017;8(4):134-137. [Portuguese]
2. Eagleman DM. Human time perception and its illusions. Curr Opin Neurobiol. 2008 Apr;18(2):131-6. doi: 10.1016/j.conb.2008.06.002.
Epub 2008 Aug 8.
3. Durstewitz D. Neural representation of interval time. Neuroreport. 2004 Apr 9;15(5):745-9.
4. Kitazawa S. [The science of the mental present: implications of temporal illusions]. Brain Nerve. 2013 Aug;65(8):911-21. [Article in
Japanese]
5. Neurocientista explica efeito "câmara lenta" relatado por pessoas em situações extremas. https://zap.aeiou.pt/neurocientista-explica-efeito-
camera-lenta-relatado-pessoas-viveram-situacoes-extremas-168591 Por ZAP - 31 Julho, 2017
6. Stetson C, Fiesta MP, Eagleman DM. Does time really slow down during a frightening event? PLoS One. 2007 Dec 12;2(12):e1295.
7. van Wassenhove V, Wittmann M, Craig AD, Paulus MP. Psychological and neural mechanisms of subjective time dilation. Front Neurosci.
2011 Apr 26;5:56. doi: 10.3389/fnins.2011.00056. eCollection 2011.
8. Sucala M, David D. Slowing down the clock: a review of experimental studies investigating psychological time dilation. J Gen Psychol. 2012
Oct-Dec;139(4):230-43. doi: 10.1080/00221309.2012.695410.
9. Eagleman DM, Tse PU, Buonomano D, Janssen P, Nobre AC, Holcombe AO. Time and the brain: how subjective time relates to neural time.
J Neurosci. 2005 Nov 9;25(45):10369-71.
118 Headache Medicine, v.8, n.4, p.116-117, Oct./Nov./Dez. 2017
Cefaleia e o fenômeno da sensação de que "o mundo está
em câmera lenta"
O
VALENÇA MM
EDITORIAL
artigo de Almeida & Valença,
(1)
publicado nesta edição da Headache Medicine,
é por demais curioso, descrevendo o caso de uma mulher, que sofre de migrânea,
relatando a experiência de que o "mundo estava em câmera lenta" em duas ocasiões
separadas por vários anos, a primeira experiência ainda quando era adolescente.
Relato semelhante foi descrito por outra paciente, uma jovem mulher, universitária,
que durante uma crise de migrânea, ao tentar atravessar uma via muito movimentada
na cidade de Recife, a avenida Caxangá, percebeu que os veículos e as pessoas pas-
savam "em câmera lenta". O fenômeno permaneceu por vários minutos. Como a paci-
ente mantinha o discernimento de que algo estava "fora do esperado", não atravessou
a avenida, evitando assim de ser atropelada pelos automóveis que passavam com
certa rapidez. Essa sensação ilusória pode ter consequências catastróficas se não
identificada prontamente pelo indivíduo.
No filme “Matrix”, o efeito bullet time é visto no movimento da bala em câmera
lenta em direção ao ator. Thomas A. Anderson (apelidado como Neo) é um persona-
gem fictício no filme. No entanto, no filme, Neo – interpretado por Keanu Reeves –
utilizando o fenômeno "câmera lenta", é capaz de desviar seu corpo das balas. A nossa
paciente provavelmente não teria tal habilidade.
Humanos e certos animais possuem a capacidade de quantificar a passagem do
tempo físico e percebem a experiência subjetiva do intervalo de tempo durante as
atividades do dia a dia.
(2,3)
A percepção do "passar do tempo" é, portanto, uma experi-
ência sensorial vital na espécie humana. Sabemos subjetivamente o que significam
segundos, minutos, horas e até dias, mesmo sem o auxílio de um relógio.
Eu considero essa função como da ordem sensorial, apesar de os livros clássicos
da Neurologia nada falarem dessa função neural de extrema importância que usamos
continuamente ao longo da vida. Ilusão da percepção do tempo é um distúrbio da
função cerebral, porém, como a percepção de tempo é o resultado de uma interação
entre várias áreas cerebrais, alterações desta função podem ser induzidas em indivídu-
os normais através de procedimentos experimentais.
(2)
Além dessa propriedade do encéfalo de subjetivamente quantificar o período de
tempo em que um determinado evento ocorreu, há ainda o tempo mental do que é
presente, passado e futuro.
(4)
Em entrevista à BBC o neurocientista David Eagleman contou: "O meu interesse
pelo tempo e pela passagem do tempo surgiu porque, quando tinha oito anos, caí do
telhado de uma casa que estava a ser construída. E a queda pareceu demorar muito
tempo".
(5)
Eagleman ainda completou seu relato falando: "Pensei no livro Alice no País
das Maravilhas, e em como devia ter sido parecido para ela, quando caiu no buraco
do coelho."
(5)
Relato esse curiosíssimo fato porque um neurologista amigo nosso, anos atrás,
relatou durante uma reunião científica que também ao cair de um telhado teve a mes-
Headache Medicine, v.8, n.4, p.116-117, Oct./Nov./Dez. 2017 119
CEFALEIA E O FENÔMENO DA SENSAÇÃO DE QUE "O MUNDO ESTÁ EM CÂMERA LENTA"
Marcelo M. Valença
Professor Titular, Neurologia e Neurocirurgia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.
Editor-chefe da revista Headache Medicine
mmvalenca@yahoo.com.br
ma "sensação de câmera lenta", porém com a percepção de estar fora de seu corpo e vendo a queda de seu
corpo até cair sentado no solo. Afirmou que, na ocasião, não houve trauma craniano, nem perda da consciência.
Tais "distorções na percepção do tempo" podem ocorrer quando alguém experimenta uma situação extrema
de risco iminente de morte, como em um acidente de trânsito ou durante um assalto.
(6)
Em experimento bem elaborado, Eagleman estudou a possibilidade de o tempo ser percebido de forma
diferente em pessoas em queda livre sob grande emoção, de uma estrutura com mais de 30 metros de altura.
(2,5)
Se a percepção do tempo fosse diferente, i.e. mais devagar, na condição de queda, elas poderiam perceber
números em um monitor preso no pulso que passavam com velocidades diferentes. Em condições normais seria
impossível identificar a mudança nos números, a não ser que, para essas pessoas, o tempo passasse em câmera
lenta.
(2,5)
A conclusão do estudo foi que o indivíduo tinha a ilusão que o tempo se dilatava, não houve o efeito
Matrix citado acima, ou seja, de ambos, o indivíduo e o meio ambiente, estarem numa dimensão diferente, porém
idêntica, de tempo. O tempo é considerado por muitos da Física como a quarta dimensão.
Esse evento é conhecido na neurociência como efeito da dilatação do tempo,
(7)
e vários experimentos têm
demonstrado ser um evento cerebral,
(8)
e, portanto, uma falha na função do sistema nervoso pode provocar um
distúrbio na percepção do tempo, que pode perdurar por minutos.
(9)
O processo neurobiológico de como um indivíduo entende o tempo ainda precisa ser melhor estudado. O
encontro de pacientes com migrânea e ilusão na percepção do tempo pode acender alguma luz na compreensão
desse fenômeno tão importante na vida dos seres humanos.
REFERÊNCIAS
1. lmeida LCA, Valença MM. “Um mundo em câmera lenta" como manifestação da Síndrome de Alice no País das Maravilhas. Headache
Medicine. 2017;8(4):134-137.
2. Eagleman DM. Human time perception and its illusions. Curr Opin Neurobiol. 2008 Apr;18(2):131-6. doi: 10.1016/
j.conb.2008.06.002. Epub 2008 Aug 8.
3. Durstewitz D. Neural representation of interval time. Neuroreport. 2004 Apr 9;15(5):745-9.
4. Kitazawa S. [The science of the mental present: implications of temporal illusions]. Brain Nerve. 2013 Aug;65(8):911-21. [Article in
Japanese]
5. Neurocientista explica efeito "câmara lenta" relatado por pessoas em situações extremas. https://zap.aeiou.pt/neurocientista-explica-
efeito-camera-lenta-relatado-pessoas-viveram-situacoes-extremas-168591 Por ZAP - 31 Julho, 2017
6. Stetson C, Fiesta MP, Eagleman DM. Does time really slow down during a frightening event? PLoS One. 2007 Dec 12;2(12):e1295.
7. van Wassenhove V, Wittmann M, Craig AD, Paulus MP. Psychological and neural mechanisms of subjective time dilation. Front Neurosci.
2011 Apr 26;5:56. doi: 10.3389/fnins.2011.00056. eCollection 2011.
8. Sucala M, David D. Slowing down the clock: a review of experimental studies investigating psychological time dilation. J Gen Psychol.
2012 Oct-Dec;139(4):230-43. doi: 10.1080/00221309.2012.695410.
9. Eagleman DM, Tse PU, Buonomano D, Janssen P, Nobre AC, Holcombe AO. Time and the brain: how subjective time relates to neural
time. J Neurosci. 2005 Nov 9;25(45):10369-71.
120 Headache Medicine, v.8, n.4, p.120-123, Oct./Nov./Dec. 2017
Disfunção temporomandibular e hábitos parafuncionais
em crianças e adolescentes
Temporomandibular dysfunction and habits parafunction in children and adolescents
Manoel Gomes de Araújo Neto
1
, Alisson Sousa Santos
1
, Paulo Henrique Martins Sousa
1
, Laryssa Castro Vale
1
,
Caroline Fernanda de Oliveira Farias Lopes
1
, Guilherme Gonçalves Silva Pinto
2
, Ana Lurdes Avelar Nascimento
3
,
Adelzir Malheiros e Silva C. B. Haidar
3
, Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho
3
, Maria Claudia Gonçalves
4
1
Discente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade CEUMA. Aluno de iniciação científica do
Núcleo de Pesquisa em Reabilitação Funcional e Atenção à Saúde/NUPERF/CEUMA/CNPQ
2
Discente do Curso de Medicina das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central-FACIPLAC
Membro do Núcleo de Pesquisa em Reabilitação Funcional e Atenção à Saúde/NUPERF/CEUMA/CNPQ
3
Docente titular do Curso de Fisioterapia da Universidade CEUMA. Pesquisadora Membro do Núcleo de Pesquisa em
Reabilitação Funcional e Atenção à Saúde/NUPERF/CEUMA/CNPQ
4
Docente titular do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e do Curso de Fisioterapia da Universidade CEUMA.
Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa Mecanismos de modulação de saúde e ambiente no Maranhão/CEUMA/CNPQ
Araújo Neto MG, Santos AS, Sousa PHM, Vale LC, Lopes CFOF, Pinto GGS, Nascimento ALA, Haidar AMSCB,
Carvalho STRF, Gonçalves MC. Disfunção temporomandibular e hábitos parafuncionais em
crianças e adolescentes. Headache Medicine. 2017;8(4):120-123
ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
Introdução: A Disfunção temporomandibular (DTM) na mai-
oria das vezes é descoberta durante a fase adulta, porém
seus sintomas podem começar cedo, ainda na infância. De-
vido às grandes transformações musculares, esqueléticas e
articulares presentes durante o crescimento craniofacial, cri-
anças e adolescentes podem apresentam sinais e sintomas
de DTM. Objetivo: Avaliar a frequência de sinais e sinto-
mas e o diagnóstico da DTM, bem como os hábitos
parafuncionais orais em crianças e adolescentes. Material
e Método: Participaram deste estudo 44 crianças e adoles-
centes, regularmente matriculados na Escola U.E.B Luís Viana
/Alemanha e na Escola Nosso Mundo/Bequimão situada na
cidade de São Luís- MA, com idade entre 10 e 15 anos,
foram excluídos aqueles indivíduos que tenham realizado
cirurgias ortognáticas prévias, tenham feito ou estejam rea-
lizando tratamentos ortodônticos ou para DTM´s, que tives-
sem sofrido trauma na face e que não apresentassem o
consentimento assinado pelos pais. A severidade da DTM
foi avaliada com o índice anamnésico de Fonseca e o diag-
nóstico de DTM com o Critério diagnóstico em pesquisa
RDC/TMD. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em pesquisa da Universidade CEUMA, parecer nº 1.307.233.
Todos os pais e responsáveis assinaram o termo de Consen-
timento Livre e esclarecido. Resultados: O diagnóstico de
DTM em crianças e adolescentes foi demonstrado e o mes-
mo se apresentou elevado. Os sinais e sintomas de DTM e
os hábitos parafuncionais orais também apresentaram
frequência elevada e podem ser usados como preditores do
agravamento da DTM.
Palavras-chave: Disfunção temporomandibular; severida-
de; diagnóstico
RESUMO
Introduction: Temporomandibular dysfunction (DTM) Most
of the time is discovered during the adult phase, but its
symptoms may be ginearly, even in childhood. Due to large
muscular, skeletal and joint transformations present during
craniofacial growth, children and adolescents may present signs
and symptoms of DTM. Objective: To evaluate the frequency
of signs and symptoms and the diagnosis of DTM, as well as
the oral parafunctional habits in children and adolescents.
Material and Method: Participated in this study 44 children
and adolescents, regularly enrolled in the EU school B Luís
Viana/germany and at the schoolour World/Bequimão located
in the city of São Luís-MA, aged between 10:15 years, were
excluded those individuals who have performed pre-
ortognáticas surgeries, have done or are conducting or
thodontic treatments or for DTM´S, who had suffered trauma
to the face and did not present the consent signed by the parents.
The severity of the DTM was evaluated with the anamnesico
Headache Medicine, 8, n.4, p.120-123, Oct./Nov./Dec. 2017 121
INTRODUÇÃO
Disfunção Temporomandibular (DTM) é um termo co-
letivo que envolve todas as condições relativas a Articula-
ção Temporomandibular (ATM) e estruturas do sistema
estomatognático ou mastigatórios associadas. A DTM se
refere a um aglomerado de desordens caracterizadas por
ruídos articulares, limitação na amplitude de movimento
ou desvios durante a função mandibular, que são conside-
rados como sinais de DTM, e dor pré-auricular, dor na
ATM ou nos músculos mastigatórios, caracterizados como
sintomas.
(1)
A etiologia da DTM é multifatorial, entre os fatores
etiológicos estão traumas da mandíbula ou ATM, malo-
clusão e interferências oclusais, alterações nos músculos
mastigatórios, microtraumas causados pelos hábitos para-
funcionais, condições reumáticas, estresse emocional, an-
siedade e anormalidades posturais.
(2)
A DTM geralmente é diagnosticada na fase adulta,
entretanto já na fase infantil se pode perceber alguns si-
nais e sintomas. Na criança e no adulto com até 40 anos
de idade prevalece a DTM do tipo miogênica, aquele em
que somente os músculos estão envolvidos, e, após essa
idade, o fator principal da etiologia é degenerativo, envol-
vendo além dos músculos a articulação (DTM
artrogênica).
(3)
Durante o período de crescimento, devido
ao desenvolvimento craniofacial, existe a possibilidade do
desenvolvimento significativo de sinais e sintomas de DTM,
predispondo as crianças ao surgimento de tal distúrbio.
(4)
Entre os fatores etiológicos, os hábitos parafuncionais
orais parecem ser importantes para o surgimento da DTM
em crianças.
(3)
Dessa forma, a hipótese desse trabalho é
que crianças e adolescentes apresentem elevada frequência
de diagnóstico de DTM bem como de hábitos para-
funcionais.
Objetivo
Avaliar a presença do diagnóstico da DTM e de hábi-
tos parafuncionais orais em crianças e adolescentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Participaram deste estudo 44 crianças e adolescen-
tes, regularmente matriculados em uma escola municipal
na cidade de São Luís - MA, com idade entre 10 e 15
anos, sendo excluídos aqueles que haviam realizado ci-
rurgias otognáticas prévias, estivessem fazendo ou já ti-
vessem feito tratamentos ortodônticos, sofrido traumas na
face e que não apresentassem o consentimento assinado
pelos pais.
O diagnóstico de DTM foi avaliado com o eixo I do
critério diagnóstico em pesquisa para disfunção
temporomandibular RDC/TMD
(5)
e para avaliar o diag-
nóstico de DTM um avaliador previamente treinado para
utilização dessa ferramenta. O paquímetro digital foi uti-
lizado para avaliar a amplitude de movimento mandi-
bular.
O RDC/TMD consiste na mensuração da amplitude
de movimento mandibular, avaliação da dor à palpação,
além da observação de estalidos e crepitações ao movi-
mento.
(6)
Este mesmo avaliador questionou sobre os hábi-
tos parafuncionais por meio das perguntas elaboradas no
método de Merighi et al, 2007,
(7)
por meio de perguntas
como: Você tem o hábito de morder os lábios? Você tem
o hábito de roer as unhas? Você tem o hábito de apertar
os dentes? Você tem o hábito de ranger os dentes? Você
tem o hábito de chupar o dedo?
Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa da Universidade CEUMA, parecer 1.307.233.
Todas as crianças assinaram o termo de assentimento e
todos os pais e responsáveis assinaram o termo de Con-
sentimento livre e esclarecido.
Para a análise inicialmente, os grupos foram dividi-
dos por gênero, as variáveis quantitativas foram descritas
por média e desvio padrão (média ± DP) e as qualitati-
vas foram apresentadas em frequência. Os dados foram
analisados no software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS 18.0). A idade, peso e altura entre os
grupos foram comparados por meio da análise de variância
(ANOVA). As proporções entre os grupos foram compa-
radas utilizando-se o teste Qui-quadrado (χ
2
) de corre-
ção de Yates. O Odds ratio (OR) e o intervalo de confi-
ança (IC) foram usados para avaliar a associação entre o
gênero e o diagnóstico de DTM. O nível de significância
estatística de p 0,05 foi adotado.
content of Fonseca and the diagnosis of DTM with the diagnostic
criterion in research RDC/TMD. This project was approved by
the CEUMA University Research Ethics Committee, Opinion No.
1,307,233. All parents and guardians signed the term of
consent free and clear. Results: The diagnosis of DTM in
children and adolescents was demonstrated and the same wa
selevated. The signs and symptoms of DTM and the oral
parafunctional habits also presented high frequency and can
be used as predictors of the worsening of DTM.
Keywords: Temporomandibular dysfunction; Severity Diagnosis.
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E HÁBITOS PARAFUNCIONAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
122 Headache Medicine, v.8, n.4, p.120-123, Oct./Nov./Dec. 2017
ARAÚJO NETO MG, SANTOS AS, SOUSA PHM, VALE LC, LOPES CFOF, PINTO GGS, ET AL
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quarenta e sete estudantes foram avaliados, três alu-
nos foram excluídos por fazerem uso de aparelho
ortodôntico. Do total de 44 indivíduos da amostra,59,09%
(n=26) pertenciam ao gênero feminino, foi observada uma
frequência de diagnóstico de 29,54% (n=13) de DTM
miogênica, onde o gênero feminino apresentou maior
frequência de diagnóstico 38,46% (n=10) p<0,05. Foi
observado risco quatro vezes maior de desenvolvimento de
DTM no gênero feminino em relação ao masculino Odds
ratio /IC 4,7 (2,22-9,93). (Tabela 1)
Figura 1. Frequência em porcentagem dos hábitos parafuncionais orais em crianças e adolescentes
Nossos achados são semelhantes aos de Rubin et
al.,
(7)
que avaliaram 153 crianças e adolescentes de am-
bos os gêneros e observaram frequência de DTM de 35%.
Ainda, Suvinem, et al. (2005),(8) também avaliaram 91
crianças de ambos os gêneros e observaram predomi-
nância do diagnóstico de DTM no sexo feminino.
Todos os sujeitos da amostra estudada, 100% apre-
sentavam algum hábito parafuncional; os hábitos mais
constatados foram roer unha, mascar chiclete, morder ob-
jetos, e os os ítens mais citados por ambos os gêneros foi
mascar chiclete, feminino (77,78% n=14) e masculino
(92,31 % n=24). (Figura 1)
Semelhante aos nossos achados, Rubin et al.
(9)
tam-
bém encontraram alta frequência, 93%, de hábitos
parafuncionais orais em sua amostra de crianças e ado-
lescentes. Esses achados possibilitam estabelecer uma re-
lação entre a prática de hábitos parafuncionais orais e a
frequência de DTM.
Os hábitos parafuncionais orais promovem um des-
gaste e/ou mal posicionamento mandibular; roer unhas
e marcar chiclete causam excesso de pressão em uma da
face de mastigação causando efeitos deletérios, assim
como o aumento de chances de desenvolvimento de DTM
em níveis mais dolorosos.
Considerando que sinais e sintomas de DTM são mui-
to comuns na população em geral, quando os primeiros
sinais e sintomas aparecem pode ser de fato difícil identifi-
car o começo do agravo e aparecimento da DTM. Além
disso, devido à etiologia ser multifatorial, muitos sintomas
podem ser confundidos ou menosprezados.
Assim, o aumento da frequência de hábitos
parafuncionais orais podem ser usados como um preditor
Headache Medicine, 8, n.4, p.120-123, Oct./Nov./Dec. 2017 123
do surgimento da DTM. Corroborando com nossa hipó-
tese, Mingheli et al.
(10)
concluíram em seu estudo com
crianças e adolescentes que hábitos parafuncionais au-
mentam a probabilidade do surgimento dessa doença da
DTM.
Pesquisas com crianças apresentam dificuldades,
como interesse em participar e a atenção durante os
questionamentos, além da necessidade da autorização
de terceiros, justificando o tamanho da amostra estudada
e, dessa forma, os resultados expostos precisam ser anali-
sados à luz de todo conhecimento disponível na literatura
sobre esse assunto. As ferramentas validadas, principal-
mente o uso de uma ferramenta de diagnóstico como o
RDC/TMD aplicada por um avaliador treinado, são con-
siderados pontos fortes desta pesquisa.
CONCLUSÃO
A frequência de diagnósticos de DTM em crianças e
adolescentes foi alta principalmente no gênero feminino
(38%), que possuem quatro vezes mais risco de desenvol-
ver DTM quando comparados ao gênero masculino. To-
dos os alunos praticavam pelo menos um habito
parafuncional oral e indivíduos do sexo. Como ainda existe
carência de estudos, sobretudo com diagnóstico, de DTM
em crianças e adolescentes, é necessário que este assun-
to continue sendo estudado, em amostras maiores uma
vez que a DTM pode reduzir a qualidade de vida e o
rendimento escolar, devido ao desconforto e/ou dores.
Bem como o desenvolvimento de estudos de prevenção e
promoção do conhecimento ainda na infância sobre os
fatores que promovem o surgimento ou agravamento da
DTM.
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Correspondência
Manoel Gomes de Araújo Neto
netto_guerrerodecristo@hotmail.com
Recebido: 05 de outubro de 2017
Aceito: 30 de outubro de 2017
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DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E HÁBITOS PARAFUNCIONAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
124 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
Incapacidade funcional e cefaleia: impactos no
cotidiano dos universitários
Functional incapacity and headache: impacts on daily life of university students
Iris Milleyde da Silva Laurentino
1
, Lucilo Bioni da Fonseca Filho
1
, Marcelo Moraes Valença
2
,
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
3
, Antonio Flaudiano Bem Leite
4
1
Collaborator of the Research Group: Circle of Research in Technologies, Strategies and Instruments Applied to Health
2
Full Professor, UFPE - Department of Neuropsychiatry, Federal University of Pernambuco, Pernambuco, Brazil
3
Adjunct Professor, UFPE - Colective Health Departament
4
Assistent Professor, UFPE - Colective Health Departament
Laurentino IMS, Fonseca Filho LB, Valença MM, Santos ERR, Leite AFB. Incapacidade funcional e cefaleia:
impactos no cotidiano dos universitários. Headache Medicine. 2017;8(4):124-129
ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
Os fatores psicológicos influenciam no equilíbrio gerencia-
mento de situações que provocam sofrimento nos indivídu-
os, em especial as que estão relacionadas à dor e frequen-
temente contribuem para sua piora. A correlação entre
cefaleia, ansiedade, estresse e distúrbios do sono, tem sido
relatada em alguns estudos, mas a natureza exata destas
associações e mecanismos subjacentes, permanecem pouco
explorada. Objetivo: Analisar a prevalência de cefaleia
nos universitários da área da saúde e sua associação com
ansiedade, estresse, e qualidade do sono. Material e mé-
todos: Estudo transversal, realizado com 340 universitários,
dos quais 288 apresentavam cefaleia. Foram aplicadas es-
calas psicométricas de autorrelato e critérios da International
Classification of Headache Disorders, third edition (ICHD-3β),
para classificação da cefaleia. Foram utilizadas diferenças
de médias, prevalência, obtidas pelo teste χ
2
e odds ratio.
Resultados: Apresentaram cefaleia 288/340 (84,7%), indi-
cando maior prevalência os estudantes dos cursos de Saúde
Coletiva e de Ciências Biológicas, na faixa etária de 25-43
anos, com 93,6% no sexo feminino (88,5%). O IMC com
classificação de excesso e obesidade apresentou prevalência
de 79,3%. O impacto foi constatado em 51,1% dos estu-
dantes com presença de cefaleia. A ansiedade apresentou
prevalência de 86,8%. O estresse revelou uma média me-
nor para os estudantes com cefaleia e os maus dormidores
apresentaram uma prevalência de 87,4%. Conclusão: A
prevalência da cefaleia em universitários é alta e está asso-
ciada significativamente à idade, ao sexo e à qualidade do
sono ruim, impactando em mais da metade dos estudantes.
Palavras-chave: Cefaleia;Ansiedade;Estresse;Transtorno do sono
ABSTRACT
Psychological factors influence the balance of managing
situations that cause suffering for individuals, especially those
that are pain-related, and frequently contribute to their
worsening. The correlation between headache, anxiety, stress
and sleep disorders has been reported in some studies, but the
exact nature of these associations and underlying mechanisms
has been poorly explored. Objective: To analyze headache
prevalence in university health students and its association with
anxiety, stress, and sleep quality. Material and methods: This is
a cross-sectional study performed with 340 university students,
of which 288 had headache. Psychometric self-report scales
and the International Classification of Headache Disorders,
third edition (ICHD-3β) criteria were used to classify headache.
We used differences of means, prevalence, which were
obtained by the χ
2
test, and odds ratio. Results: A total of
288/340 (84.7%) had headache, with a higher prevalence of
in public health and biological sciences students aged 25-43
years (93.6%), in females(88.5%). The BMI with classification
of overweight and obesity showed a prevalence of 79.3%. The
impact was found in 51.1% of students with headache. Anxiety
scored a prevalence of 86.8%. Stress showed a lower average
for students with headache, and bad sleepers had a prevalence
of 87.4%. Conclusion: The prevalence of headache in
university students is high and is significantly associated with
age, gender and poor sleep quality, affecting more than half
of the students.
Keywords: Headache; Anxiety; Stress; Sleep disorder
Headache Medicine, .8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017 125
INTRODUÇÃO
A cefaleia é um problema muito frequente na popula-
ção, é uma doença crônica de alta prevalência, caracteri-
zada como distúrbio neurológico, podendo ser classifica-
da como primária ou secundária. Dentre aquelas primári-
as detectadas nos serviços de assistência à saúde, são mais
frequentes a migrânea e a cefaleia do tipo tensional (CTT),
decorrentes de distúrbios bioquímicos do cérebro, que pre-
judicam os neurotransmissores, desencadeando dor e ge-
rando incapacidade.
(1,2)
A cefaleia é queixa habitual em
estudantes universitários, o que interfere diretamente na qua-
lidade de vida e que pode estar associada a outras condi-
ções clínicas como estresse e ansiedade, podendo causar
diversos prejuízos, tanto pessoais quanto sociais, requeren-
do atenção para seu enfrentamento como um problema
de saúde pública.
(3,4)
No Brasil, estima-se que o custo anual da cefaleia é o
equivalente a mais de 7 milhões de dólares.
(3)
É necessário
refletir sobre esses altos custos gerados para serviços de saú-
de, perda de produtividade laboral e redução da vida soci-
al.
(5)
Em 2010 e 2015, o Global Burden Of Disease Study
classificou a cefaleia como o terceiro transtorno mais
prevalente e maior causa de incapacidade em todo o mun-
do, tanto em homem quanto em mulheres com idade inferi-
or a 50 anos.
(3,6)
Neste sentido, a cefaleia necessita ser pau-
tada na agenda de prioridades da saúde pública, com vis-
tas a buscar as ações de prevenção e gerenciamento das
crises, para melhorar a qualidade de vida do sofredor.
(7-9)
O objetivo desse estudo é analisar a prevalência de
cefaleia nos universitários da área da saúde e sua associa-
ção com ansiedade, estresse e reflexos para qualidade do
sono. Busca também contribuições no conhecimento da
cefaleia que possam subsidiar ações dos serviços de
saúde,sua a prevenção e autoadministração das crises.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal com dados secun-
dários.
(10)
A população do registro foi composta por 340
indivíduos, sendo avaliados 288 estudantes universitários
que apresentaram cefaleia nos últimos 90 dias.
O ambiente foi o Centro Acadêmico de Vitória-CAV,
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localiza-
do no município de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata
de Pernambuco, Brasil. A população estimada de estudan-
tes matriculados foi cerca de 1.600 nos cursos de gradua-
ção na área da saúde como Ciências Biológicas, Educa-
ção Física, Enfermagem, Nutrição e Saúde Coletiva.
O período de referência de coleta de dados foi de
Janeiro e Fevereiro de 2017. O critério de inclusão foi
estar na faixa etária de 18 e 50 anos e regularmente ma-
triculado em algum curso de graduação ofertado pelo CAV.
O de exclusão foi não responder o mínimo de 10% das
perguntas em cada escala.
Para a coleta de dados foi utilizado o formulário con-
tendo informações biodemográficas,além do Headache
Impact Test (HIT-60),
(11,12)
do Beck Anxiety Inventory (BAI)
- Escala ou Inventário de Ansiedade de Beck,
(13)
do
Perceived Stress Scale (PSS) - Escala de Estresse Percebi-
do,
(14)
e do Pittsburgh Sleep Quality Index.
(15)
Também fo-
ram utilizados os critérios da International Classification of
Headache Disorders, third edition (ICHD-3β)
(1)
para clas-
sificação da cefaleia.
Os dados coletados foram transferidos e validados em
planilha do Excel pré-formatada para análise, contendo
perguntas com variáveis coletadas nas escalas de
mensuração, e para análise estatística foi utilizado o SPSS
(Statistical Package for the Social Scienses), da Microsoft
Office, na versão 23.
Para a análise estatística descritiva foram utilizadas
medidas como: média, desvio padrão, mediana, frequên-
cias absoluta e relativa, intervalo de confiança (95%) para
as variáveis numéricas. Os testes de qui-quadrado (χ
2
) sem
correção, com correção de Yates e de tendência linear
com extensão de Mantel-Haenszel para comparar as me-
didas de estimativas de razão de prevalência e teste-t
(Student). O ponto de corte de nível de significância foi de
0,05 (p-valor).
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pes-
quisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil, e aprovada sob
o registro CAAE 57329616.7.0000.5208.
RESULTADOS
A maioria dos participantes foi do curso de Ciências
Biológicas (33,2%) e Saúde Coletiva (24,7%), com faixa
etária predominante de 18 a 24 anos (53,8%), do sexo
feminino, com índice de massa corpórea baixo ou normal
(61,5%).Todos apresentaram um certo grau de ansiedade,
destacando-se moderada/grave que teve uma proporção
de 22,4%. Próximo de 80% relataram ter sono ruim e 43,2%
referiram impacto na capacidade funcional diária. Deve-
se destacar que o formulário para HIT6 somente foi aplica-
do para aqueles que relataram cefaleia (84,7%); desses,
51,0% relataram maior impacto na capacidade funcional
diária (Tabela 1).
INCAPACIDADE FUNCIONAL E CEFALEIA: IMPACTOS NO COTIDIANO DOS UNIVERSITÁRIOS
126 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
LAURENTINO IMS, FONSECA FILHO LB, VALENÇA MM, SANTOS ERR, LEITE AFB
Dentre os 340 participantes, 288/340 (84,7%) apre-
sentaram cefaleia. Os destaques entre os cursos foram os
de Ciências Biológicas (91,2%) e Saúde Coletiva (91,7%)
com as maiores prevalências. Observa-se que entre esses
dois cursos e o de Educação Física as chances estimadas
de ter cefaleia neste último são 4,3 vezes menores.
A faixa etária na qual se encontrou maior prevalência
de cefaleia foi a de 25-43 anos com 93,63%. Com rela-
ção ao sexo, foi mais alta na categoria feminina (88,5%).
Quanto ao IMC baixo e normal foi de 87,5% com presen-
ça de cefaleia. A prevalência de pessoas com cefaleia e
ansiedade foi de 86,8%. O sono ruim com cefaleia teve
uma prevalência de 87,1%. Sugerem-se associações sig-
nificativas entre cefaleia, faixa etária, sexo, ansiedade e
sono (Tabela 2).
O gráfico de boxplot abaixo demostra a comparação
de medidas de tendência central e dispersão entre grupos
de cefaleia e a escala de estresse. A variação de estresse
para presença de cefaleia foi maior, tendo a expressão de
maiores valores, apesar de uma das observações estar bem
acima do padrão dos valores apresentados de uma das uni-
dades observadas com nível de estresse de escore de valor
48 (293). Apesar disso, notou-se que a média e a mediana
são menores no grupo com presença de cefaleia em rela-
ção a ausência, com diferença significativa de 4,4 pontos.
Figura 1. Medidas de tendência central e dispersão de escala de estresse
entre pessoas com e sem cefaleia.
Me=Média aritmética; M= Medina
*Teste t de Student
Headache Medicine, .8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017 127
DISCUSSÃO
No presente estudo foram observadas associações da
cefaleia e ansiedade em ambos os sexos, em consonância
com resultados de outro estudo realizado anteriormente,
no qual foi identificada uma associação significativa entre
ansiedade e cefaleia em estudantes universitários, revelan-
do a influência negativa destas duas condições clínicas,
quando ocorrem simultaneamente, na qualidade de vida
dos estudantes, com importante impacto na realização das
atividades diárias a serem executadas.
(1,16)
O estudo revelou uma alta prevalência da cefaleia
nos estudantes neste centro acadêmico, o que está em
sintonia com a literatura, quando se observa uma investi-
gação realizada com estudantes universitários de diferen-
tes cursos, em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, que
estimou prevalência de migrânea de 24% e de CTT de
32%, sendo que, entre os migranosos, o que interferia na
produtividade escolar entre o primeiro em relação aos que
sofriam com CTT foi menor. Outros estudos conduzidos
com a população brasileira também apontaram prevalência
de cefaleia alta, cerca de 74,1%.
(17)
Um estudo anterior
realizado com universitários também aponta que há chance
de 98% entre os universitários em geral de apresentarem
ao menos um único episódio de cefaleia durante o perío-
do acadêmico.
(18)
Podem ser observados vários fatores que corroboram
com a prevalência de cefaleia em estudantes universitári-
os, implicando consequências como incapacidade, preju-
ízo na assiduidade e interferências no relacionamento
interpessoal dos estudantes, o que pode gerar baixo rendi-
mento nas atividades acadêmicas, pois estas exigem um
empenho físico e cognitivo.
(18)
A cefaleia é um problema de saúde pública que aco-
mete a população em geral, porém, apresenta destaque
na faixa etária dos 20-50 anos, afetando com maior pro-
babilidade o sexo feminino. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Cefaleia, a migrânea, cuja etiologia é multi-
fatorial, acomete cerca de 15% da população mundial,
algo em torno de 31 milhões de pessoas, com alta preva-
lência entre a segunda e a quarta décadas de vida, ocu-
pando o 10º lugar no ranking das doenças incapacitantes.
Então, é observada a evidência de que a cefaleia predo-
mina a partir dos 20 anos de idade.
(1,9)
Neste estudo, examinando a variável sexo, é possível
observar que a cefaleia é mais prevalente em mulheres, em
harmonia com outras pesquisas relevantes.
(7,19,20)
Estas
mesmas estimam que 95% dos homens e 99% das mulhe-
res terão pelo menos um episódio ao longo da vida, das
quais cerca de 40% podem se apresentar com certa regu-
laridade.
(7,19)
Esta alta prevalência teórica em mulheres pode
ser explicada, parcialmente, pelos fatores hormonais, na
qual a cefaleia expressa-se, neste contexto, não apenas
como a mais prevalente em mulheres, mas também como
a mais incapacitante.
(20)
O IMC é uma variável que neste estudo apresentou
comportamento normal, que apresenta dinâmica dife-
rente quando correlacionado com outros estudos, os
quais identificam uma relação significativa entre cefaleia
e obesidade, pois pessoas com IMC elevado têm maior
chance de apresentar episódios de cefaleia durante a
vida.
(9,20)
É considerável no presente estudo que existe um im-
pacto adverso da dor de cabeça sobre a vida dos indivídu-
os do sexo feminino, todas as participantes apresentaram
uma relação significativa da cefaleia com o HIT-6. A inca-
pacidade funcional é algo que limita as atividades rotinei-
ras e suas relações. Quando acontece de forma recorren-
te, influencia de modo negativo a qualidade de vida do
indivíduo e acarreta várias perdas aos estudantes, interfe-
rindo na realização de atividades, podendo favorecer um
pior desempenho na vida acadêmica, pela instabilidade
do humor e a capacidade de concentração afetadas, que
são elementos fundamentais para o processo de aprendi-
zagem. Além disso, a cefaleia é uma justificativa frequente
pelo aumento do número de absenteísmo.
(17,20,21)
Há associações importantes da cefaleia com a ansi-
edade neste estudo, pois foi observada em todos os parti-
cipantes, o que está em sintonia com pesquisas anterio-
res.
(9,20)
É possível associar a cefaleia à ansiedade, pois
há uma integração das percepções, despertadas pela si-
tuação de ameaça, que gera uma cadeia de reações quí-
micas que exigem resposta do sistema límbico do indiví-
duo e controle inibitório (CI). Mediante uma possível sen-
sação dolorosa, as sensações são exacerbadas, tornando
a dor mais frequente e potente em populações vulnerá-
veis aos fatores psicossociais. Isto pode prejudicar o
autogerenciamento das crises e dificultar ainda mais a
capacidade funcional, e até prolongar a experiência do-
lorosa.
(19,22)
O estresse pode ser consequência da dor, ou seja,
fontes de tensão, e também pode ser consequência da per-
cepção da dor, seja ela aguda, difusa ou crônica.
(19,23)
Por
isso é que se faz presente neste estudo a associação da
cefaleia com o estresse, ou seja, alguns quadros de estresse
podem estar associados às cefaleias, ou o estresse pode ser
fator desencadeante das cefaleias, principalmente na po-
pulação universitária, por ser predominantemente composta
INCAPACIDADE FUNCIONAL E CEFALEIA: IMPACTOS NO COTIDIANO DOS UNIVERSITÁRIOS
128 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
LAURENTINO IMS, FONSECA FILHO LB, VALENÇA MM, SANTOS ERR, LEITE AFB
por jovens em idade produtiva, que muitas vezes não con-
seguem lidar com as demandas específicas do ambiente
acadêmico.
(16,17)
Neste estudo, foi observada uma disso-
nância com a literatura, com média de escore de estresse
menor para presença de cefaleia, o que pode ser devido a
uma amostra não balanceada, surgindo essa atipia. Neste
contexto, recomenda-se um aprofundamento a partir da
realização de novos estudos.
Algumas pesquisas discorrem sobre a significativa as-
sociação entre sono e cefaleia, especialmente quando
estes ocorrem durante a noite ou ao despertar e revelam
que vários distúrbios de sono podem ter relação com a
cefaleia. Neste estudo, a cefaleia apresenta uma relação
próxima com o sono dos maus dormidores e revela-se a
partir dos índices elevados entre essas variáveis, demons-
trando sintonia com a literatura. Uma noite em vigília,
associada a uma crise de cefaleia, já pode influenciar no
desempenho do indivíduo, que apresentará maior dificul-
dade para manter a concentração nas atividades do dia
seguinte.
(24,25)
CONCLUSÃO
A cefaleia é compreendida como um transtorno que
afeta grande parte da população mundial, incluindo nessa
população os estudantes universitários, que ressalta uma
expressiva e condizente prevalência acompanhada do
estresse e da ansiedade, que são condições clínicas mui-
to presentes na vida acadêmica, acarretando impactos
na produtividade universitária, no aprendizado e poden-
do influenciar de forma negativa na realização das tare-
fas diárias devido à dor causada pela cefaleia e,
consequentemente, interferindo diretamente na qualida-
de de vida dos sofredores.
Neste estudo foi possível apontar que a prevalência
da cefaleia em universitários é alta e está associada sig-
nificativamente à idade, ao sexo e à qualidade do sono
ruim, impactando em mais da metade dos estudantes.
Por isso, identificar os indivíduos acometidos pela
cefaleia é de grande importância para auxiliar na elabo-
ração dos processos de diagnósticos nos níveis de aten-
ção primária e secundária, propiciando um manejo mais
adequado dos casos. E os casos de maior complexidade
devem ser discutidos para que se possa estabelecer um
diagnóstico de forma colegiada, pois os diagnósticos da
população diferem e exigem um olhar crítico sobre cada
peculiaridade existente.
Assim, a qualidade de vida passa a ser entendida
como uma condição essencial relacionada ao modo de
viver e que precisa do fortalecimento de políticas públi-
cas saudáveis no âmbito universitário, que evidencie a
necessidade de ampliar o interesse e a preocupação de
diferentes setores no sentido de criar ambientes favoráveis
ao bom viver.
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Correspondência
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico da Vitória
Rua Alto do Reservatório, S/n - Bela Vista,
55608-680 – Vitória de Santo Antão - PE, Brasil
erleneroberta@uol.com.br
Recebido: 2 dezembro de 2017
Aceito: 26 de dezembro de 2017
INCAPACIDADE FUNCIONAL E CEFALEIA: IMPACTOS NO COTIDIANO DOS UNIVERSITÁRIOS
130 Headache Medicine, v.8, n.4, p.130-133, Oct./Nov./Dec. 2017
Supraorbital foramen or notch and its relationship with
the supraorbital nerve in human
Forame supraorbital ou entalhe e sua relação com o nervo supraorbital em humanos
Maria Rosana de Souza Ferreira
1,3
, Renata Cristinny de Farias Campina
2
,Carolina Peixoto Magalhães
1
,
Marcelo Moraes Valença
3
1
Departamento of Anatomy, Academic Center of Vitória of Santo Antão, Vitória de Santo Antão;
2
Departamento of Anatomy
3
Unit of Neurosurgery, Department of Neuropsychiatry, Recife, Federal University of Pernambuco, Pernambuco, Brazil
Ferreira MRS, Campina RCF, Magalhães CP, Valença MM. Supraorbital foramen or notch and its relationship with the
supraorbital nerve in human. Headache Medicine. 2017;8(4):130-133
ORIGINAL ARTICLE
INTRODUCTION
Recently, with the growing use of nerve infiltration with
anesthetic/corticoid substances to treat different types of head
pain, including primary (e.g. migraine and cluster headache)
and secondary headaches, the study of the anatomy of the
nerves situated in close contact with the skull is of utmost
importance to enable specialists to treat their patients
satisfactorily.
(1,2)
The frontal region is probably the commonest location
where the pain is experienced by the large majority of
patients with headache.
(3)
Two important nerves innervate
this region: the supraorbital and supratroclear nerves. Both
these nerves originate in the frontal nerve, branch of the
ophthalmic nerve (the first trigeminal branch), within the
orbital cavity and, to reach the frontal area, they pass over
the superior orbital rim.
(4)
In the superior orbital rim, they
usually cross from the orbital space to the frontal region
through a foramen or notch, named supraorbital foramen
or notch. There are many anatomical variations in these
structures that need to be studied further, particularly those
associated with sex. A spectrum from absence of a notch to
a foramen, including different degrees of tunnelization and
an almost complete foramen, can be seen in the orbitofrontal
region of the skull.
(5,6)
The purpose of this study is to present some anatomical
features of the superior orbital rim and the passage of the
supraorbital nerve through a foramen or more frequently a
notch.
ABSTRACT
Currently, interventions with anesthetic substances have been
an alternative for headache treatment. There are some
regions that are targeted for the application of anesthetics,
such as the upper margin of the orbit, where two critical
nerves, supratrochlear and supraorbital, pass. The objective
of this study is to present some anatomical features
characteristic of the superior orbital border and passage of
the supraorbital nerve through a foramen or more often
notch. Dry skulls from male and female individuals were
used, measures were taken to compare the distance between
the foramen and the median line of the skull. The length was
measured and compared between the sexes, obtaining the
following results in men (2.27 ± 0.29 cm) and women (2.18
± 0.41 cm). The collected data are of extreme importance
to understand the anatomy of the region and intervention in
procedures of infiltrations and treatment of headache.
Keywords: Supraorbital nerve; Supratrochlear nerve;
Anatomy; Infiltration; Orbit
Headache Medicine, v.8, n.4, p.130-133, Oct./Nov./Dec. 2017 131
MATERIAL AND METHOD
Study population
Forty adult human skulls of both sexes (20 males and
20 females) were used in this study, belonging to the
Human Adult Bone Collection of the Academic Center of
Vitoria, Federal University of Pernambuco, Brazil. A foramen
was defined as a canal connecting the orbital space to
the frontal region, including the orbital rim (=360°). A
partial foramen was identified when a notch presented an
arc of at least 180 degrees, creating an open tube. A
notch was identified when the arc was smaller than 180
degrees.
Measurements
After identification of the structure (notch, partial
foramen or foramen), the distance between the median line
of the skull and the medial and lateral border of the identified
structure was measured. To mark the midline of the skull, a
straight line was drawn with cotton thread # 10, attached
to the medial palatine suture to the glabella in the frontal
bone. The measurement was then performed using a 150
mm stainless steel digital caliper - Lee Tools® (Figure 1).
Statistical analysis
To test the distribution of values in the population, the
samples were combined between the sexes, using the Mann-
Figure 1. Method used to measure the distance between the medial border (in red) and the lateral border (in yellow) of the supraorbital notch/
foramen to the midline of the skull (in blue).
Whitney statistical test, or the Student t-test, depend on the
distribution evaluated with the K-S test, with the program
GraphPad Prism 7.02. The mean value was compared with
the paired sample, and a P value <0.05 was considered
significant in all analyzes.
RESULTS
Table 1 shows the data comparing male and female
skulls in relation to foramina or notches. The different forms
of foramina can be seen in Figure 2 (A and B). Figure 2
shows the different variations encountered in the notches.
A vascular foramen (arrow) is shown in Figure 3. Note
that there is no orbital orifice to form a supraorbital
foramen.
The distance between the median line of the skull
and the medial border of the supraorbital foramen was
measured in men (2.27 ± 0.29 cm; minimum 1.72 cm
– maximum 2.92 cm) and women (2.18 ± 0.41 cm;
minimum 1.36 cm – maximum 3.20 cm), with no
statistical difference between sexes (p>0.05, Figure 4),
Student t-test.
Figure 5 shows the upper margin of the left orbit, in
an adult cadaver specimen, with the following structures
from medial to lateral aspect: (1) supratrochlear nerve,
(2) supraorbital artery and (3) supraorbital nerve, which
travels through the supraorbital incisura.
SUPRAORBITAL FORAMEN OR NOTCH AND ITS RELATIONSHIP WITH THE SUPRAORBITAL NERVE IN HUMAN
132 Headache Medicine, v.8, n.4, p.130-133, Oct./Nov./Dec. 2017
FERREIRA MRS, CAMPINA RCF, MAGALHÃES CP, VALENÇA MM
Figure 4. The distance between the median line of the skull and the
medial border (upper panel) or lateral border (lower panel) of the
supraorbital foramen.
Figure 2. Foramina/notches. A) Left supraorbital foramen; B) existence
of two supraorbital foramina; C) only a slight bone depression is observed;
and D) partial closure of the notch, forming a partial foramen.
Figure 5. Upper margin of the left orbit, showing the following structures
from medial to lateral: supratrochlear nerve (yellow point); supraorbital
artery (red point); supraorbital nerve (blue point), which travels through
the supraorbital incisura or foramen. supraorbital artery (red point);
supraorbital nerve (blue point).
Figure 3. Vascular foramen (arrow). Note that there is no orbital orifice
to form a supraorbital foramen.
COMMENT
The females presented a larger number of foramina
that the males. Anatomical variation was frequently
encountered in foramina and notches, even when the right
and left sides were compared in the same individual. In a
few individuals two supraorbital foramina were found.
Curiously, sometimes a vascular canal may be mistaken for
Headache Medicine, v.8, n.4, p.130-133, Oct./Nov./Dec. 2017 133
a supraorbital foramen, but in this case the orbital orifice
cannot be seen as in the case of the foramen where both
orbital and frontal orifices are encountered.
For safe surgical approaches it is necessary to have
knowledge of the access bone regions.
(7)
However, as seen,
there is a frequent variation in the location and shape of
the supraorbital foramina, since they are structures of
passage of the branch of the supraorbital nerve, it is
necessary that there is understanding about the anatomy of
these structures, since very often the foramen has been
accessed for the treatment of diseases, as is the case of the
headaches.
(5,8)
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SUPRAORBITAL FORAMEN OR NOTCH AND ITS RELATIONSHIP WITH THE SUPRAORBITAL NERVE IN HUMAN
Correspondence
Marcelo Moraes Valença, MD, PhD
Unit of Neurosurgery, Department of Neuropsychiatry, Recife,
Federal University of Pernambuco, Pernambuco, Brazil
mmvalenca@yahoo.com.br
Received: November 2, 2017
Accepted: December 28, 2017
134 Headache Medicine, v.8, n.4, p.134-137, Oct./Nov./Dec. 2017
"Um mundo em câmera lenta" como manifestação da
Síndrome de Alice no País das Maravilhas: um relato de
caso
"A slow-motion world" as a manifestation of Alice in Wonderland syndrome: a case report
Laryssa Crystinne Azevedo Almeida, Marcelo Moraes Valença
Unidade Funcional de Neurologia e Neurocirurgia, Universidade Federal de Pernambuco
Cidade Universitária, Recife, Pernambuco, Brasil
Almeida LCA, Valença MM. “Um mundo em câmera lenta" como manifestação da Síndrome de
Alice no País das Maravilhas. Headache Medicine. 2017;8(4):134-137
CASE REPORT
RESUMO
O objetivo deste artigo é relatar o caso de uma muher que
sofre de migrânea e apresentou dois episódios de distorções
na percepção do tempo concomitantemente aos episódios
migranosos. As sensações experimentadas pela paciente se
enquadram dentre os sintomas descritos na Síndrome de
Alice no País das Maravilhas. A sensação que o "mundo está
em câmera lenta" é uma forma rara de apresentação da
Síndrome de Alice no País das Maravilhas.
Palavras-chave: Síndrome de Alice no País das Maravi-
lhas; Migrânea; Cefaleia.
ABSTRACT
This article aims to report the case of a female patient suffering
from migraine who presented two episodes of distortions in the
perception of time concomitantly with the migraine episodes.
The sensations experienced by the patient fall within the
symptoms described in Alice in Wonderland Syndrome. The
feeling that the "world is in slow motion" is a rare form of
presentation of Alice´s Wonderland Syndrome.
Keywords: Alice in Wonderland syndrome; Migraine;
Headache.
INTRODUÇÃO
A síndrome de Alice no País das Maravilhas é uma
condição neurológica considerada rara
(1)
caracterizada pela
presença de distorções na percepção da realidade associ-
adas a alguma condição clínica subjacente. O espectro
de sintomas relatados na presente síndrome é bastante
amplo, existindo relato na literatura de 42 sintomas visuais
e 16 sintomas somestéticos ou não visuais.
(2,3)
Em revisão
sistemática, Blom
(2)
categorizou que os sintomas mais fre-
quentemente descritos eram micropsia (visualizar os obje-
tos em tamanho menor do que eles são) e macropsia
(visualizar os objetos em tamanho maior do que eles são)
em 58,6% e 45,0% dos casos, respectivamente. Outras
manifestações frequentes foram: dismorfopsia (alteração na
percepção das linhas e contornos dos objetos, com linhas
retas sendo percebidas onduladas, por exemplo), acine-
topsia (perda da percepção visual do movimento), teleopsia
(os objetos parecem estar mais distantes do que realmente
estão), desrealização (sensação de que o mundo não é
real), macrosomatognosia ou microsomatognosia (sensa-
ção de que o corpo é maior ou menor do que realmente é,
respectivamente), e sensação de aceleração ou desace-
leração do tempo.
(4-10)
A falta de padronização de critérios diagnósticos e o
escasso número de relatos na literatura tornam difícil defi-
nir um padrão de acometimento e a distribuição
epidemiológica. A literatura vigente relata um maior nú-
Headache Medicine, .8, n.4, p.134-137, Oct./Nov./Dec. 2017 135
mero de casos em crianças ou adultos jovens, levantando-
se a hipótese de que esta manifestação seria um sinal de
imaturidade do sistema nervoso destes indivíduos.
(1)
A cau-
sa mais frequentemente relatada da síndrome é a
migrânea,
(11-17)
seguida de infecções virais, principalmente
pelo vírus de Epstein-Barr.
(1,18-31)
Outras etiologias que fo-
ram descritas em associação foram: lesões cerebrais,
fármacos, drogas ilícitas, desordens psiquiátricas e epilep-
sia.
(18,32,33)
A fisiopatologia do fenômeno ainda não é bem co-
nhecida, mas alguns estudos de neuroimagem sugerem
que a síndrome tem alguma associação com o funciona-
mento anormal da área parieto-temporo-occipital (a área
de junção entre elas). Essa área está envolvida na percep-
ção espacial e da imagem corporal, particularmente na
região posterior do lobo parietal não dominante.
(21)
Estu-
dos de neuroimagem usando FDG-PET em um indivíduo
com depressão e síndrome de Alice no País das Maravilhas
antes e após o tratamento sugeriram um hipometabolismo
do córtex frontal e um hipermetabolismo dos córtices
occipital e temporoparietal.
(34)
Mais estudos são necessári-
os para uma melhor compressão dos mecanismos envolvi-
dos na deflagração dos sintomas.
A base do diagnóstico consiste em excluir outras con-
dições clínicas que justifiquem alucinações visuais ou au-
ditivas.
(35-41)
e tentar identificar a condição clínica que es-
teja associada com o surgimento dos sintomas e se essa
associação de causalidade é verdadeira, já que há relatos
de experimentação dos sintomas de alucinação ou distorção
da realidade na população geral. É necessário pesquisar
se há lesões cerebrais subjacentes, fazendo-se este rastreio
por meio de RM, pesquisa de LCR e EEG, que normalmen-
te encontram-se sem alterações significativas.
(1)
Apesar de ser uma condição benigna, o tratamento é
necessário visando prevenir o impacto que as alucinações
podem provocar na vida diária, principalmente na popu-
lação pediátrica que pode apresentar-se com episódios de
pânico.
(1)
O controle da condição clínica subjacente é a
base do tratamento, instalando-se medicação profilática
para as crises de migrânea, antibióticos ou antivirais nas
condições associadas às infecções, controle da epilepsia
por meio de anticonvulsivantes ou tratamento das desor-
dens psiquiátricas.
O objetivo deste artigo é relatar o caso de uma paci-
ente que sofre de migrânea e apresentou dois episódios de
distorções na percepção do tempo concomitantemente aos
episódios migranosos. As sensações experimentadas pela
paciente se enquadram dentre os sintomas descritos na
Síndrome de Alice no País das Maravilhas.
RELATO DE CASO
Mulher, 32 anos de idade, com história de cefaleia
fronto-temporal à direita, em caráter pulsátil, associada a
vômitos, tontura e sintomas autonômicos (lacrimejamento
e edema palpebral) desde a adolescência. A frequência
era de cerca de duas vezes por mês.
Em duas ocasiões apresentou paroxísticos compatí-
veis com os sintomas relatados na Síndrome de Alice no
País das Maravilhas. O primeiro episódio ocorreu quando
tinha 16 anos e estava em um festival de quadrilhas juninas,
no qual a paciente apresentou distorção na percepção do
tempo, relatando sensação de que ela própria estava ace-
lerada e as pessoas e objetos adjacentes estavam desa-
celerados, como se estivessem "em câmara lenta". O epi-
sódio durou cerca de 10-15 minutos e foi acompanhado
por uma forte cefaleia que ocorreu concomitantemente aos
sintomas.
O segundo episódio ocorreu aos 31 anos de idade,
quando estava caminhando pela rua e percebeu a mesma
sintomatologia, com percepção de que as pessoas e carros
estavam desacelerados, "em câmera lenta", episódio tam-
bém acompanhado de cefaleia.
A paciente era obesa e no segundo episódio fazia uso
da medicação orlistate para emagrecimento. Negava his-
tória pessoal de diabetes, hipertensão ou qualquer condi-
ção mórbida neurológica, como convulsões, trauma
encefálico ou infecções.
O exame físico não mostrava alterações. Realizou RM
e AngioRM que se apresentaram dentro dos padrões da
normalidade. Dentre as conclusões do estudo de imagem,
foram observadas algumas variações da normalidade como
assimetria das vertebrais com a artéria vertebral esquerda
hipoplásica, sinais de padrão fetal da artéria cerebral pos-
terior direita, assimetria dos seios cavernosos, sendo o es-
querdo de maior dimensão que o direito, além de sinais de
sinusopatia inflamatória crônica.
Optou-se por iniciar medicação profilática para as
crises de enxaqueca, já que as mesmas eram de forte in-
tensidade e incapacitantes, topiramato na dose de 25 mg/
dia com a paciente relatando diminuição da intensidade e
da frequência dos episódios de cefaleia. Não apresentou
novos episódios de distorção na percepção do tempo.
DISCUSSÃO
Os episódios de alucinação da percepção do tempo
ocorreram em associação aos quadros de cefaleia. Excluí-
das lesões orgânicas por meio dos exames de imagem, é
"UM MUNDO EM CÂMERA LENTA" COMO MANIFESTAÇÃO DA SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS: UM RELATO DE CASO
136 Headache Medicine, v.8, n.4, p.134-137, Oct./Nov./Dec. 2017
ALMEIDA LCA, VALENÇA MM
possível estabelecer uma relação de causalidade entre a
migrânea e os sintomas compatíveis com a Síndrome de
Alice no País das Maravilhas.
A síndrome de Alice no País das Maravilhas associada
com migrânea não foi incluída na nova classificação das
cefaleias da International Headache Society ICHD (2018)
e, portanto, não há critérios diagnósticos estabelecidos.
Valença e colaboradores
(1)
propuseram os seguintes critéri-
os diagnósticos:
A. Um ou mais episódios de experiência pessoal de
ilusão de seu esquema corporal ou metamorfopsia;
B. Duração < 30 min;
C. Acompanhada de cefaleia ou história de migrânea;
D. RM, LCR e EEG sem alterações signiticativas.
Levando-se em consideração a proposta apresenta-
da, é possível estabelecer que a paciente preenche todos
os critérios para defini-la como portadora da síndrome em
questão, excetuando-se a pesquisa de LCR e EEG que não
foi realizada por não ter sido considerada relevante para a
pesquisa diagnóstica.
Curiosamente foram relatados casos da Síndrome no
País das Maravilhas em migranosos durante o uso de
topiramato.
(42,43)
Foi observado que a síndrome de Alice no País das
Maravilhas pode apresentar-se em indivíduos com
migrânea, e a apresentação dos sintomas varia entre os
indivíduos. Os autores encontraram em revisão da literatu-
ra poucos relatos de alterações na percepção do tempo,
(8)
sendo, portanto, uma forma rara de apresentação da
síndrome de Alice no País das Maravilhas.
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Laryssa Crystinne Azevedo Almeida,
laryssazevedo@hotmail.com
Recebido:15 de dezembro de 2017
Aceito: 28 de dezembro de 2017
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138 Headache Medicine, v.8, n.4, p.138-139, Oct./Nov./Dec. 2017
Anything but a shocking solution – the effectiveness of
Cefaly® in non-migrainous headache
Uma solução chocante - a eficácia de Cefaly® em cefaleia não-migranosa
Pedro André Kowacs
1,2
, Paulo Sergio Faro Santos
3
, Elcio Juliato Piovesan
4
, Helio Afonso Ghizoni Teive
5,6
1
Neurologist, Coordinator of the Headache Outpatient Clinic and Medical Residency in Pain Medicine,
Neurology Division, Internal Medicine Department, Hospital de Clínicas, Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil
2
Head of the Neurology Division, Neurological Institute of Curitiba, Curitiba, Brazil
3
Neurologist, Head of Headache and Orofacial Pain Clinic, Neurology Division,
Neurological Institute of Curitiba, Curitiba, Brazil
4
Neurologist, Assistant Professor of Internal Medicine, Faculty of Medicine, Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil
5
Neurologist, Associate Professor of Neurology, Faculty of Medicine, Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil
6
Coordinator, Movement Disorders Outpatient Clinic, Neurology Division, Internal Medicine Department,
Hospital de Clínicas, Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil
Kowacs PA, Faro Santos PS, Piovesan EJ, Teive HAG. Anything but a shocking solution - the effectiveness of Cefaly®
in non-migrainous headache. Headache Medicine. 2017;8(4):138-139
CASE REPORT
ABSTRACT
Background: The transcutaneous supraorbital nerve
stimulation with the Cefaly® device has demonstrated safety
and efficacy for the prevention of episodic migraine. However,
there isn't description of its efficacy in other headaches. Case
report: A 78-year-old man was seen because of a 55-year
history of daily headache. His medical history revealed
Parkinson's disease, dyslipidemia and mild cognitive
impairment. Physical examination revealed bradykynesia and
asymmetric resting tremor of both arms, the right more affected
than the left. There was mild pain on palpation of both upper
trapezius muscles adjacent to the occipital bone. Cervical spine
X-ray, CT and MRI: no findings. Various therapeutic approaches
were done, but without success, so it was decided to prescribe
Cefaly®. At his three-month follow-up, he reported an
improvement of about 80%. Conclusion: The case described
here shows that Cefaly® may be effective in headaches other
than migraine.
Keywords: Headache; Non-migrainous headache; Cefaly;
Transcutaneous supraorbital nerve stimulation
A 78-year-old man was seen because of a 55-year
history of daily headache with intense bilateral nuchal
pain, without autonomic symptoms, and that occurred from
the moment he awoke until the moment he fell asleep.
The headache would sometimes become worse when he
lay his head on the pillow to sleep at night. His medical
history revealed Parkinson's disease, dyslipidemia and mild
cognitive impairment. He regularly used levodopa/
benserazide 100/28.5 mg q.i.d., a rotigotine patch 4
mg/24hours o.d., donepezil 5 mg o.d., aspirin 100 mg
o.d., rosuvastatin 20 mg o.d., ezetimibe 10 mg o.d.,
lactulose 667 mg o.d. and esomeprazol 20 mg as needed.
Physical examination revealed bradykynesia and
asymmetric resting tremor of both arms, the right more
affected than the left. There was mild pain on palpation of
both upper trapezius muscles adjacent to the occipital
bone. Cervical spine X-ray, CT and MRI imaging failed to
clarify the nature of the pain, which was interpreted as
myofascial. According to the International Classification
of Headache Disorders, the diagnosis was cervicogenic
headache (code 11.2.1). Various therapeutic approaches,
such as simple or combined analgesics (acetaminophen),
NSAIDs, codein, tramadol and 5% lidocaine patch, failed
Headache Medicine, .8, n.4, p.138-139, Oct./Nov./Dec. 2017 139
ANYTHING BUT A SHOCKING SOLUTION – THE EFFECTIVENESS OF CEFALY® IN NON-MIGRAINOUS HEADACHE
to control the pain. Cyclobenzaprine, amitryptiline,
cyproheptadine, topiramate and sodium divalproate were
also ineffective in modulating pain, as were analgesic
blocks with 5% lidocaine associated with dexamethasone
and onabotulinum-A toxin injections in the upper trapezius
muscles. To achieve partial pain relief the patient had to
use a tramadol/acetaminophen combination daily. Before
referring the patient for bilateral occipital nerve stimulation,
it was decided to prescribe Cefaly®,
(1)
since convergence
mechanisms are believed to be reciprocal, i.e., occipital
nerve stimulation is reported to relieve headaches occurring
in the trigeminal nerve territories.
(2,3)
Since the first day using Cefaly®, the patient
experienced a decrease in headache intensity. He
continued using Cefaly® program 1 daily for 20 minutes
at bedtime, with a progressive decrease in the occipital
headache and nuchal pain and was able to stop using
5% lidocaine patches and most of the OTC analgesic
drugs immediately. At his three-month follow-up, he
reported that he was still experiencing an improvement in
the region of 80%.
Cefaly® has been used for episodic migraine, but its
usefulness for chronic migraine or other headaches has yet
to be determined. This confirms the findings about the mode
of action of Cefaly® showing that it modulates areas in the
pain matrix (anterior cingulate, orbitofrontal cortex) and
that is thus likely to be effective for other pain syndromes
besides migraine, or even headache.
(4)
The case described
here shows that Cefaly® may be effective in headaches
other than migraine and should perhaps be tried before
referring the patient for invasive neurostimulation
procedures.
Correspondence
Pedro André Kowacs, M.D., MSc
Head of the Neurology Division
Neurological Institute of Curitiba
Rua Jeremias Maciel Perretto 300
Curitiba, Brazil ZIP CODE 81210-310
pkowacs@gmail.com
Received: November 20, 2017
Accepted: December 28, 2017
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