14 Headache Medicine, v.9, n.1, p.9-15, Jan./Feb./Mar. 2018
112 pacientes, 11%); e cigarro (em 84 pacientes, 8,2%).
Todos esses odores não foram estatisticamente associados
aos diagnósticos de cefaleias porque tiveram prevalência
similar nos pacientes com migrânea e CTT. Apenas o odor
de comida foi referido mais frequentemente e de modo
significativo pelos pacientes com migrânea (p=0.02).
Houve também a correlação de odores desagradáveis de
comida com náusea e vômito no grupo de pacientes migra-
nosos (p<0,05).
(19)
O estudo de Bosetti e colaboradores, em 2015, ape-
sar de ser um resumo de congresso, contém informações
relevantes quanto aos odores e a relação com as crises de
cefaleia em crianças. Esse estudo, assim como o De Carlo
e colaboradores, também caracterizou os odores mais as-
sociados à cefaleia, dentre os indivíduos avaliados, na
mesma frequência de importância, primeiro os perfumes
(em 12 paciente, 2,5%), depois os odores de comida (em
nove pacientes, 1,9%), seguindo os odores de cigarro (em
quatro pacientes, 0,8%). Esse estudo também fez menção
à cefaleia associada a odores mistos como perfume e co-
mida em 5%, perfume e cigarro em 2,5%, outros odores
em 5%, e odores indefinidos em 15%.
(10)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cefaleia com a presença de osmofofobia em crian-
ças pode ser um forte indicador na diferenciação entre
migrânea e CTT e outras cefaleias não classificadas. A
despeito deste fato, existem poucos trabalhos que abor-
dam e aprimoram a interpretação deste sintoma para
um diagnóstico mais acurado dos tipos de cefaleia na
infância.
Estudos que aprofundem estas informações e tragam
mais dados elucidativos como sensibilidade, especi-
ficidade, valores preditivos e ainda uma melhor descrição
dos odores associados e se os mesmos, além da mera
coexistência, possam deflagrar as crises cefalálgicas, fa-
zem-se necessários. A inclusão de osmofobia como crité-
rio adicional para diagnosticar migrânea poderia ser con-
siderada na validação das próximas classificações para
evitar prováveis perdas significativas de diagnóstico.
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BERNARDO IAO, MEDEIROS FL, ROCHA-FILHO PAS