24 Headache Medicine, v.6, n.1, p.24-26, Jan./Feb./Mar. 2015
Caricatura e cefaleia
Caricature and headache
NEUROART/NEUROARTE
Daniella Araújo de Oliveira
1
, Louana Cassiano da Silva
2
, Dayzene Freitas da Silva
1
,
Gabriela Almeida da Silva
1
, Mariana Luiza da Silva Queiroz
1
, Marcos Antônio de Oliveira Filho
2
,
Rafael Costa
2
, Marcelo Moraes Valença
2
Departamentos de Fisioterapia
1
e Neuropsiquiatria
2
, Universidade Federal de Pernambuco,
Cidade Universitária, Recife, PE, Brasil
Oliveira DA, Silva LC, Silva DF, Silva GA, Queiroz ML, Oliveira Filho MA, et al. Caricatura e cefaleia.
Headache Medicine. 2015;6(1):24-6
RESUMORESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
Os autores comentam sobre o uso de caricatura para
representar uma pessoa sofrendo de cefaleia e publicam uma
caricatura realizada por um artista de praça da cidade de
Goiânia, Goiás, representando uma mulher jovem com
enxaqueca.
PP
PP
P
alavrasalavras
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alavras
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chave: chave:
chave: chave:
chave: Migrânea; Arte; Cefaleia; Caricatura
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
The authors comment on the use of caricature to represent a
migraine sufferer and show a caricature of a woman with
migraine drawn by an artist from Goiânia, Goias State, Brazil.
Keywords: Keywords:
Keywords: Keywords:
Keywords: Migraine; Art; Headache; Caricature
INTRODUÇÃO
Caricatura é uma forma de arte onde se preconiza
o exagero dos traços de um desenho com finalidade de
acentuar aspectos importantes da gravura. "Caricare" em
italiano significa "carregar", "acentuar", no sentido de
exagerar, aumentar algo em proporção, ou seja, é o
desenho de uma personagem ou situação sociopolítica,
acentuado suas características, circunstâncias, gestos,
hábitos e vícios, de forma geralmente humorística.
(1)
O
termo foi utilizado pela primeira vez em 1646 para
designar desenhos satíricos de Agostino Carracci que
retratava personagens exóticos de Bolonha.
(1,2)
Relatos especulam que a caricatura já era utilizada
por povos antigos como os egípcios, gregos e romanos.
(2)
Tais evidências têm sido encontradas em pinturas de vasos
gregos, afrescos romanos em Pompéia e Herculano e
em um papiro, no museu de Turim, que retrata o faraó
Ramsés II com orelhas de burro. A primeira caricatura
reconhecida como arte independente, hoje no museu de
Estocolmo, data de 1600 e foi feita por Annibale Carracci,
retratando um casal de cantores italianos.
(2)
(Figura 1).
Figura 1. Desenho de Annibale Carracci retratando um casal de
cantores italianos em 1600.
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De simples divertimento à importante atividade
artística a caricatura influenciou e foi cultivada por
grandes artistas como Bosch, Quentin Metsys, Leonardo
da Vinci, Arcimboldo, Jacques Callot, Goya, Ensor e
George Grosz.
(2)
No Brasil, apesar de Antônio Francisco Lisboa,
famoso escultor e arquiteto mineiro do século XVIII, mais
conhecido como Aleijadinho, ser citado como o primeiro
a utilizar a caricatura em uma escultura de São Jorge
com o dragão, retratando os traços do coronel José
Romão, pessoa com a qual tinha inimizade; o reco-
nhecido iniciador da caricatura no Brasil foi Manuel de
Araújo Porto Alegre que publicou, anonimamente, no
Jornal do Commercio em 14 de dezembro 1837, uma
sátira ao jornalista Justiniano José da Rocha, seu inimigo.
(2)
Em várias partes do mundo, as caricaturas são
utilizadas para expressar críticas sociais e sátiras políticas
com objetivo de levar ao público seus aspectos mais
cômicos, polêmicos ou agressivos.
(3)
Destacam-se nesse
aspecto o pintor Francisco de Goya, na Espanha, em
"Os Caprichos de Goya", que é uma série de 80 gravuras
que representa uma sátira da sociedade espanhola de
final do século XVIII, sobretudo da nobreza e do clero
(4)
(Figura 2); e no Brasil o pernambucano, nascido em
Recife, Péricles de Andrade Maranhão com o perso-
nagem "O amigo da Onça"
(2)
(Figura 3).
Figura 2. Oitos imagens da série de 80 gravuras de "Os Caprichos de Goya" - caricaturas do pintor espanhol Francisco de Goya. Nestas gravuras
o artista combinava o ridículo, a extravagância e a fantasia, criticando os vícios e erros da sociedade espanhola da época.
Além do conteúdo sociopolítico, a caricatura dá
ênfase a expressões e sentimentos exacerbados, usando
formas modificadas do corpo humano, principalmente
do rosto, bem como de animais, sempre com intuito de
impressionar ou influenciar o grande público.
(5)
Em 2013, durante o XXVII Congresso Brasileiro de
Cefaleia, realizado em Goiás, foi solicitado a um carica-
turista encontrado em uma das praças de Goiânia, que
desenhasse uma pessoa com crise de cefaleia (Figura
4). A caricatura mostra essa impressão da dor, embora
o artista houvesse afirmado que nunca havia sentido dor
de cabeça. O que chama atenção da imagem é a face
de sofrimento, comum em pacientes com crises de forte
intensidade, como ocorre na migrânea, as estrelas e raios
podem ser interpretadas como dor unilateral, pulsátil e
com possível aura visual. Os olhos semifechados podem
indicar uma possível fotofobia.
Figura 3. Personagem
do artista Péricles de
Andrade Maranhão.
Sempre satírico,
irônico e crítico,
o personagem
"O amigo da onça"
aparecia
desmascarando seus
interlocutores ou
colocando-os em
situações
embaraçosas.
CARICATURA E CEFALEIA
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Neste artigo, os autores buscaram revisar a utilização
da caricatura como forma de atividade artística, ao longo
da história, para destacar situações cotidianas. As
caricaturas são amplamente utilizadas como sátira política
e crítica social, sendo divulgadas em jornais, revistas e
manifestos. Além disso, elas podem ser utilizadas como
meio de entretenimento, por alguns profissionais, que
realizam a caricatura de determinada pessoa ou situação
momentâneas, exagerando certos aspectos relevantes
com intenção de captar detalhes da personalidade ou
impressões de sentimentos.
Hoje podemos encontrar na internet muitos
exemplos de caricaturas representando um o sofrimento
de uma pessoa com cefaleia.
REFERÊNCIAS
1. Wikipédia. Caricatura [acesso em 28 fev 2015]. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caricatura
2. Portal Endiv - uma janela para o mundo. Caricatura - história e
características [acesso em 28 fev 2015]. Disponível em: http:/
/emdiv.com.br/arte/enciclopediadaarte/685-caricatura-
historia-e-caracteristicas.html
3. Siqueri MS. Caricatura política e a produção de discursos
derrisórios. Cuiabá. Dissertação [Mestrado em Estudos de
Linguagem] - Universidade Federal de Mato Grosso; 2006.
4. Wikipédia. Los caprichos [acesso em 28 fev 2015]. Disponível
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Los_caprichos
5. Mendes AIF. Caricatura e reconhecimento de faces. Ribeirão
Preto. Tese [Doutorado em Ciências, Área Psicobiologia] -
Universidade de São Paulo; 2007.
Figura 4. Caricatura representando uma mulher com cefaleia.
Curiosamente, a caricatura lembra uma das pessoas presentes no
momento que o artista realizava seu trabalho, a Louana Cassiano da
Silva, com exceção do cabelo louro. Contudo, não sabemos se esse
fato é verídico. Apenas que ela sofre muito com suas crises de
enxaqueca. Imagem do artista T. Oliveira, em Goiás, 2013.
Correspondência
Daniella Araújo de OliveiraDaniella Araújo de Oliveira
Daniella Araújo de OliveiraDaniella Araújo de Oliveira
Daniella Araújo de Oliveira
Av. Jorn. Anibal Fernandes, s/n, Cidade Universitária
50740-560 - Recife, PE, Brasil
Fone: (55-81) 21268937, Fax (55-81)21268491
E-mail: sabino_daniella@ig.com.br
Recebido: 3 outubro 2014
Aceito: 2 dezembro 2014
OLIVEIRA DA, SILVA LC, SILVA DF, SILVA GA, QUEIROZ ML, OLIVEIRA FILHO MA, ET AL