Headache Medicine, v.6, n.1, p.24-26, Jan./Feb./Mar. 2015 25
De simples divertimento à importante atividade
artística a caricatura influenciou e foi cultivada por
grandes artistas como Bosch, Quentin Metsys, Leonardo
da Vinci, Arcimboldo, Jacques Callot, Goya, Ensor e
George Grosz.
(2)
No Brasil, apesar de Antônio Francisco Lisboa,
famoso escultor e arquiteto mineiro do século XVIII, mais
conhecido como Aleijadinho, ser citado como o primeiro
a utilizar a caricatura em uma escultura de São Jorge
com o dragão, retratando os traços do coronel José
Romão, pessoa com a qual tinha inimizade; o reco-
nhecido iniciador da caricatura no Brasil foi Manuel de
Araújo Porto Alegre que publicou, anonimamente, no
Jornal do Commercio em 14 de dezembro 1837, uma
sátira ao jornalista Justiniano José da Rocha, seu inimigo.
(2)
Em várias partes do mundo, as caricaturas são
utilizadas para expressar críticas sociais e sátiras políticas
com objetivo de levar ao público seus aspectos mais
cômicos, polêmicos ou agressivos.
(3)
Destacam-se nesse
aspecto o pintor Francisco de Goya, na Espanha, em
"Os Caprichos de Goya", que é uma série de 80 gravuras
que representa uma sátira da sociedade espanhola de
final do século XVIII, sobretudo da nobreza e do clero
(4)
(Figura 2); e no Brasil o pernambucano, nascido em
Recife, Péricles de Andrade Maranhão com o perso-
nagem "O amigo da Onça"
(2)
(Figura 3).
Figura 2. Oitos imagens da série de 80 gravuras de "Os Caprichos de Goya" - caricaturas do pintor espanhol Francisco de Goya. Nestas gravuras
o artista combinava o ridículo, a extravagância e a fantasia, criticando os vícios e erros da sociedade espanhola da época.
Além do conteúdo sociopolítico, a caricatura dá
ênfase a expressões e sentimentos exacerbados, usando
formas modificadas do corpo humano, principalmente
do rosto, bem como de animais, sempre com intuito de
impressionar ou influenciar o grande público.
(5)
Em 2013, durante o XXVII Congresso Brasileiro de
Cefaleia, realizado em Goiás, foi solicitado a um carica-
turista encontrado em uma das praças de Goiânia, que
desenhasse uma pessoa com crise de cefaleia (Figura
4). A caricatura mostra essa impressão da dor, embora
o artista houvesse afirmado que nunca havia sentido dor
de cabeça. O que chama atenção da imagem é a face
de sofrimento, comum em pacientes com crises de forte
intensidade, como ocorre na migrânea, as estrelas e raios
podem ser interpretadas como dor unilateral, pulsátil e
com possível aura visual. Os olhos semifechados podem
indicar uma possível fotofobia.
Figura 3. Personagem
do artista Péricles de
Andrade Maranhão.
Sempre satírico,
irônico e crítico,
o personagem
"O amigo da onça"
aparecia
desmascarando seus
interlocutores ou
colocando-os em
situações
embaraçosas.
CARICATURA E CEFALEIA