110 Headache Medicine, v.4, n.4, p.105-111, Oct./Nov./Dec. 2013
Li e colaboradores
(23)
afirmam que na recidiva da
paralisia facial periférica há uma tendência de haver
mais sequelas vinculadas a uma recuperação parcial
do déficit neurológico.
(24)
Por causa do risco de sequela
e pela relativa alta chance de haver outra recorrência,
alguns autores recomendam a realização de proce-
dimento cirúrgico descompressivo sobre o nervo facial
para aqueles indivíduos que apresentaram pelo menos
dois episódios da paralisia facial periférica.
(23,25,26)
Evidência mostra que o risco de haver recorrência
aumenta de 15% no segundo episódio para 50% no
quarto evento.
(23,27)
Apesar do procedimento continuar
a ser realizado até os dias atuais,
(23)
ainda há con-
trovérsia sobre como realizar a descompressão e acre-
ditamos não haver consenso sobre a indicação de tal
procedimento cirúrgico.
Critérios para cefaleia retroauricularCritérios para cefaleia retroauricular
Critérios para cefaleia retroauricularCritérios para cefaleia retroauricular
Critérios para cefaleia retroauricular
associada à paralisia facial periféricaassociada à paralisia facial periférica
associada à paralisia facial periféricaassociada à paralisia facial periférica
associada à paralisia facial periférica
Com base na informação encontrada na
literatura
(1,2)
entendemos que a dor é estritamente
unilateral, contínua por varias horas ou dias, de
intensidade variável no mesmo indivíduo (flutua de
intensidade ao longo do dia), referida como queimante,
surda, não pulsátil, localizada preferentemente na
região retroauricular. O exame físico da cabeça,
incluindo avaliação otológica do paciente, não revela
anormalidade. Não há febre.
Diante do exposto acima, tentaremos criar critérios
diagnósticos para a cefaleia retroauricular associada à
paralisia facial periférica de Bell:
A. Dor retroauricular ou periauricular, que pode se
estender para regiões do pescoço e face homolaterais;
B. Dor contínua, porém com variação na intensi-
dade, por mais de oito horas;
C. Sem evidência de processo inflamatório visível
periauricular;
D. Nunca sentiu esse tipo de dor antes ou dor com
características semelhantes à percebida na ocasião da
paralisia facial prévia, se assim for o caso;
E. Não preenche nenhum dos critérios para outro
tipo de cefaleia listada no ICDH-3 Beta.
Desta forma, quando um paciente preencher esses
critérios diagnósticos gostaríamos de sugerir o uso de
corticoide "preventivo" no sentido de atenuar o processo
inflamatório e progressão para uma paralisia facial
periférica, principalmente naqueles pacientes com história
de paralisia facial periférica anterior.
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