Headache Medicine, v.4, n.4, p.91-95, Oct./Nov./Dec. 2013 95
Diante dessas evidências, o baixo status socio-
econômico adquire maior importância, porque a impos-
sibilidade de atendimento especializado em cefaleia
somada à dificuldade diagnóstica potencializam todos
os prejuízos de vida funcional dos idosos, impossi-
bilitando ainda mais o envelhecimento ativo.
O contexto de status socioeconômico e consulta a
especialista pode ter, na adesão a planos privados de
saúde, uma solução ou um fator facilitador. No Brasil,
dada a vigência do Sistema Único de Saúde, essa opção
é quase que a única para tais consultas. Esse aspecto foi
objeto de estudo de base populacional realizado nos
Estados Unidos. Dentre 6.814 consultas de pacientes com
cefaleia a serviços ambulatoriais, emergenciais e hos-
pitalares, os atendimentos realizados por especialista em
cefaleia resultaram em diagnósticos mais precisos, trata-
mento adequado às crises e instituição de terapêutica
preventiva, do que derivaram menores custos sociais e
econômicos para o sistema de saúde.
(11)
Os custos sociais estão representados pela neces-
sidade de constante busca por atendimento, em virtude
da ineficácia do tratamento instituído, bem como pelos
custos indiretos infringidos pela dor, pelos prejuízos sociais
que a doença acarreta e pelo desgaste emocional do
insucesso na busca de cuidados médicos. Quanto aos
custos econômicos, há que se considerar o número de
consultas realizadas de forma inadequada e os gastos
com medicação, internamento e atendimento médico.
Em sistemas de saúde com escassez de recursos finan-
ceiros, de disponibilidade de leitos hospitalares e de
vagas para consultas ambulatoriais, a associação entre
cefaleia e status socioeconômico, tendo a adesão a
planos privados de saúde, é preocupante e pode não
ser a solução para a maioria dos idosos.
CONCLUSÃO
Nesse contexto, depreende-se das evidências apre-
sentadas a necessidade de prover treinamento às equipes
médicas sobre diagnóstico e tratamento de cefaleia
desenvolvido por especialistas; aumento desses profis-
sionais nos serviços de saúde e inclusão da cefaleia em
idosos nos cursos de formação médica, como tema de
especial importância devido ao envelhecimento da
população. Essas providências são indubitavelmente as
únicas viáveis para o Sistema Único de Saúde, quando
comparadas à possibilidade de adesão a planos
privados de saúde pelos idosos.
A implantação de tais condutas deverá, entretanto,
Correspondência
VV
VV
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aléria Moura Moreira Laléria Moura Moreira L
aléria Moura Moreira Laléria Moura Moreira L
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estar associada a pesquisas sobre o impacto da cefaleia
na vida funcional de idosos, para melhor adequação
das condutas terapêuticas, contribuindo para uma
assistência que efetive o envelhecimento ativo.
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ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA CEFALEIA EM IDOSOS