90 Headache Medicine, v.4, n.4, p.85-90, Oct./Nov./Dec. 2013
compreender a causa dessa(s) doença(s) o médico
necessita de habilidades de comunicação para fazer uma
leitura global do contexto daquela doença, considerando
o que o paciente expressa, verbalmente ou não.
Sobre isso, Helman (1994) apud Caprara & Franco
(15)
trazem que, em se tratando dos padrões de comunicação
verbal e não verbal, assim como a variedade de padrões
comunicacionais, são muitos os problemas que surgem
na relação médico-paciente destacando-se: a dificuldade
de compreensão, por parte do médico, das palavras
utilizadas pelo paciente para expressar a dor, o sofrimento;
a falta ou a dificuldade de transmitir informações
adequadas ao paciente; a dificuldade do paciente na
adesão ao tratamento. Desta forma, o PRACTICE se mostra
como um facilitador do processo de aprofundamento da
escuta, mas não exclui a necessidade de um treinamento
do profissional para a captação da linguagem corporal
do paciente, o que permitirá uma melhor compreensão
do problema apresentado.
CONCLUSÃO
Percebe-se surgir um novo cenário da medicina, no
qual o paciente é reconhecido como principal instrumento
de cura, exercendo papel fundamental no sucesso do
seu próprio tratamento. Desta forma, vê-se a construção
de uma nova relação médico-paciente, no qual o médico
se colocará cada vez mais como facilitador ou orientador
do processo de autocura, ombreando com o paciente a
responsabilidade de buscar sempre a origem e o trata-
mento para sua doença. Assim sendo, saber ouvir e
interpretar sua linguagem verbal e corporal, bem como
compreender o contexto social, cultural e ambiental no
qual se insere o sujeito adoecido, se faz de suma
importância para se exercer a medicina do século XXI.
A integralidade do cuidado parece ser viabilizada
pelo atendimento conjunto multiprofissional. A ferramenta
PRACTICE somada à orientação de profissionais da área
psicossocial se mostrou como facilitadora do processo
de ampliação da escuta.
Diante de tais fatos, conclui-se que a escuta
ampliada deve ser valorizada no atendimento do paciente
com dor crônica e certamente também naqueles com
outras afecções à saúde. Sua estimulação, ainda no
período de formação médica, se mostra um diferencial
importante, que contribui para maior segurança e
humanização no atendimento, interferindo positivamente
na relação médico-paciente e facilitando assim o cuidado
integral ao sujeito adoecido.
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Correspondência
Helen Conceição Moreira CamargoHelen Conceição Moreira Camargo
Helen Conceição Moreira CamargoHelen Conceição Moreira Camargo
Helen Conceição Moreira Camargo
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CAMARGOS HC, BRANDÃO KV, TOMAZ LP, SILVA JÚNIOR AA, SANTOS PH
Received: December 2, 2013
Accepted: December 20, 2013