16 Headache Medicine, v.1, n.1, p.12-16, jan./fev./mar. 2010
da migrânea. Inicialmente, com uma apresentação
comum, depois com uma de liberação prolongada.
Exceção se faz à sua apresentação sprinkle, que é indi-
cada apenas no tratamento de crises parciais complexas
e de ausência.
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O topiramato foi o segundo antiepiléptico a ser
liberado para o tratamento preventivo da migrânea e é
o único que, em todas as suas apresentações comerciais,
traz essa indicação em bula.
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Muitos cefaliatras enfrentam problemas ao pres-
creverem medicamentos profiláticos para a migrânea,
porque na maioria de suas bulas não há nenhuma
referência de sua indicação para esse tipo de tratamento
e, habitualmente, essas drogas são indicadas para outras
doenças. É fundamental essa informação quando se trata
de promover a adesão ao tratamento, especialmente em
doenças crônicas, como no caso da migrânea.
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Estudos mostraram que 87,3% das pessoas fazem
uso de algum medicamento e que apenas 20% não
leem a bula. Esta minoria justifica tal atitude em função
da falta de hábito de leitura ou porque consideram
suficiente a explicação médica. Geralmente, a bula não
é lida na sua totalidade. O paciente escolhe o item de
seu interesse, sendo as "indicações" o mais lido (35%),
seguido das "contraindicações" (30%) e da "posologia"
(27%).
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Sabe-se que, aproximadamente, 50% dos pacientes
em uso contínuo de medicamentos não aderem ao trata-
mento estabelecido pelo médico
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e aqueles que leem a
bula podem seguir as recomendações médicas ou
abandonar o tratamento, alegando não ter nenhum dos
sintomas ou das doenças que estavam escritos na bula,
além de manifestar o seu medo dos efeitos colaterais
mencionados.
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Embora os profiláticos da migrânea tenham eficácia
comprovada, muitos pacientes se recusam a usar
determinados medicamentos por serem indicados para
outras doenças. Por exemplo, não usam um bloqueador
beta-adrenérgico, argumentando que não têm hiper-
tensão arterial ou alguma doença cardíaca ou não usam
um antiepiléptico porque não têm epilepsia.
No início dos anos de 1970, Edgard Raffaelli Júnior
encontrou uma solução para tal problema: formular todas
as suas prescrições em farmácias de manipulação.
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Naquele tempo, as farmácias de manipulação no Brasil
só preparavam fórmulas magistrais (aquelas que apa-
reciam nos livros de medicina) e Raffaelli começou a criar
fórmulas diferenciadas (não magistrais) para cada tipo
de paciente.
CONCLUSÕES
Apesar de todos os profiláticos da migrânea serem,
comprovadamente, eficazes no seu tratamento, o fato
de não trazerem essa indicação em bula leva a um grande
impacto negativo. Muitos pacientes abandonam o
tratamento, mesmo quando prescrito por um médico de
sua confiança.
É necessário que as bulas de muitos medicamentos
sejam modificadas e que as suas indicações terapêuticas
sejam determinadas por estudos clínicos de eficácia.
REFERÊNCIAS
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<http://odia.terra.com.br/educacao/htm/geral_97439.asp>
Acesso em: 06 fev. 2010.
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3. Sicuteri F. Prophylactic and therapeutic properties of 1-methyl-
lysergic acid butanolamide in migraine. Int. Arch. Allergy
1959;15:300-7.
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Recomendações para o tratamento profilático da migrânea. Arq
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5. Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF 2009/10).
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6. Silva T, Dal-Pizzol F, Bello CM, Mengue SS, Schenkel EP. Bulas
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7. Silva M, Almeida AE, Oliveira AM, Correia CC, Benzatti FP,
Fernandes JT et al. Estudo da bula de medicamentos: uma análise
da situação. Rev. Ciênc. Farm. Apl. 2006;27(3):229-36.
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9. Fragoso YD, Bernardi Jr C, Brooks JBB. A bula dos
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contra o médico e o paciente. Migrâneas e Cefaleias
2003;6(3):88.
10. Silva Neto RP. Quem foi Edgard Raffaelli Júnior. Migrâneas
Cefaleias 2006;9(4):152-8.
Endereço para correspondência:
DrDr
DrDr
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. R. R
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aimundo Paimundo P
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