70 Headache Medicine, v.4, n.2, p.70-76, Apr./May/Jun. 2013
Há envolvimento dos músculos cervicais na
patogênese da migrânea e da cefaleia do
tipo tensional? Uma revisão
Are cervical muscles involved in migraine and tension-type headache
pathogenesis? A review
VIEW AND REVIEWVIEW AND REVIEW
VIEW AND REVIEWVIEW AND REVIEW
VIEW AND REVIEW
Débora Wanderley Bezerra e Silva
1
, Thaís Ferreira Lopes Dinis Maia
1
,
Camila Caroline Silva de Almeida
1
, Carlanne do Rêgo Barros Lacerda
1
, Juliana Elias de Albuquerque
1
,
Joaquim José de Souza Costa Neto
2
, Gisela Rocha Siqueira
1
,
Alberto Galvão de Moura Filho
1
, Luciana Rodrigues Belo
2
, Daniella Araújo de Oliveira
1,2
1
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Pernambuco - Recife, PE, Brasil
2
Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
Universidade Federal de Pernambuco - Recife, PE, Brasil
RESUMORESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
A fisiopatologia da migrânea e da cefaleia do tipo tensional
(CTT) ainda é pouco conhecida e controversa. Estudos
sugerem uma associação entre a presença destes tipos de
cefaleia e os desequilíbrios na musculatura flexora profunda
e superficial da cervical. Desta forma, poder-se-ia suspeitar
que a presença destas alterações estruturais e compor-
tamentais da musculatura cervical estaria associada de
alguma forma à patogênese da migrânea e da CTT,
promovendo modificações na biomecânica da cabeça e
região cervical, bem como limitações na mobilidade cervical.
O objetivo deste estudo foi revisar as publicações mais
relevantes sobre o papel da musculatura cervical na pato-
gênese da migrânea e da CTT, a fim de fundamentar e
direcionar o tratamento não farmacológico de pacientes com
desordens musculares associadas a estas doenças. Foi feito
um levantamento da literatura, entre janeiro/2012 e junho/
2013, nas bases de dados PubMed, Cochrane e Bireme.
Os descritores utilizados foram: 'transtornos de enxaqueca',
'cefaleia do tipo tensional', 'músculos do pescoço', 'ultrasso-
nografia', 'eletromiografia', e seus equivalentes em inglês.
Foram identificados 73 artigos, dos quais 8 foram excluídos,
segundo os critérios de elegibilidade. Evidências sugerem o
envolvimento de mecanismos periféricos provenientes dos
músculos cervicais na sensibilização do sistema nervoso
central e no surgimento da migrânea e da CTT, indicando
que ambas podem apresentar alterações musculoesqueléticas
Bezerra e Silva DW, Maia TF, Almeida CC, Lacerda CR, Albuquerque JE, Costa Neto JJ,
Siqueira GR, Moura Filho AG, Belo LR, Oliveira DA. Há envolvimento dos músculos cervicais na patogênese
da migrânea e da cefaleia do tipo tensional? Uma revisão. Headache Medicine. 2013;4(2):70-6
cervicais. Entretanto, a maioria destes estudos é baseada
em modelos experimentais com animais, os quais apresentam
sistemas de processamento da dor diferentes dos humanos.
Além disso, os aspectos metodológicos destas pesquisas
comprometem a evidência encontrada nos resultados.
PP
PP
P
alavrasalavras
alavrasalavras
alavras
--
--
-
chave: chave:
chave: chave:
chave: Transtornos de enxaqueca; Cefaleia do
tipo tensional; Músculos do pescoço; Ultrassonografia;
Eletromiografia
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
Migraine and tension-type headache (TTH) physiopathology
is still unclear and controversial. According to researches,
there is an association between these primary headaches
and musculoskeletal dysfunctions of deep and superficial
cervical flexor muscles. Therefore, it is possible to suspect
that these structural and behavioral muscles dysfunction are
associated with migraine and CTT pathogenesis, causing
some changes in head and neck biomechanics, as well as
limitations in cervical mobility. Thus, the need for more
information required a review of more relevant studies to
clarify the role of neck muscles in migraine and CTT
pathogenesis, in order to support and direct the non-
pharmacological treatment of patients with headache and
muscular disorders. The Pubmed, Cochrane and Bireme
databases were searched, between January/2012 and June/
2013, using the keywords: 'migraine disorders', 'tension-type
Headache Medicine, v.4, n.2, p.70-76, Apr./May/Jun. 2013 71
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
a cefaleia é uma das principais razões para o indivíduo
procurar um médico.
(1)
Dentre os diversos tipos existentes,
as cefaleias primárias são consideradas pela OMS como
um problema importante de saúde pública devido à
elevada prevalência na população mundial e ao
impacto relevante na sociedade.
(2)
Com base em estimativas da prevalência global de
pessoas com transtornos da cefaleia, achados da
literatura indicam que a dor de cabeça representa a
terceira queixa mais comum nos ambulatórios médicos.
(3)
Além disso, estima-se que 46% da população mundial
apresentaram um episódio do sintoma no último ano e
64% já tiveram alguma crise de cefaleia na vida.
(2)
A migrânea e a cefaleia do tipo tensional (CTT) são
as cefaleias primárias mais frequentes, caracterizadas
clinicamente por crises recorrentes e manifestações
associadas.
(4)
Com mecanismos controversos e fisio-
patologias complexas e ainda pouco esclarecidas, estes
tipos de cefaleia são agravados por fatores desen-
cadeantes, envolvendo processos centrais, de alteração
antinociceptiva, e periféricos, de acometimento muscular.
Contudo, não se sabe até que ponto tais fatores contri-
buem para o desenvolvimento destes tipos de dor de
cabeça.
(5)
Neste contexto, é amplamente divulgado em estudos
que as disfunções musculoesqueléticas cervicais podem
ter um papel importante na origem da cefaleia.
(6)
A
convergência de vias cervicais superiores e vias trigeminais
nociceptivas permite que a dor do pescoço seja referida
nas áreas inervadas pelo nervo trigêmeo na face e na
cabeça. Desta forma, a dor no segmento cefálico poderia
ser uma dor referida da coluna cervical ou dos tecidos
headache', 'neck muscles', 'ultrasound', 'electromyography'.
The selection identified 73 articles, of which 8 were excluded
according to the eligibility criteria. Evidences suggest the
existence of a cause and effect relationship between cervical
structures and migrainous and TTH pain, indicating that both
peripheral and central mechanisms of sensitization are
involved. However, most of these studies are based on
experimental animal models, which have different pain-
processing systems from humans. Furthermore, the
methodological aspects decrease the strength of evidence
found in their results.
KK
KK
K
eywords:eywords:
eywords:eywords:
eywords: Migraine disorders; Tension-Type headache; Neck
muscles; Ultrasonography; Electromyography
moles do pescoço
(7)
e a capacidade funcional alterada
e prejudicada da musculatura cervical poderia ser tanto
a causa quanto a consequência das cefaleias.
(6)
Todavia, existem divergências na literatura se a dor
causa mudanças no controle motor da coluna vertebral
ou se as alterações musculoesqueléticas da coluna
desencadeiam a dor.
(8)
Ademais, apesar de alguns
estudos apontarem a presença de alterações musculo-
esqueléticas cervicais em pacientes com migrânea e CTT,
devido à baixa qualidade metodológica dos mesmos,
há evidências insuficientes sobre o tema.
Observa-se ainda que as investigações acerca deste
assunto são realizadas em populações não homogêneas,
muitas vezes em idades mais avançadas, nas quais é
mais frequente a presença de doenças crônicas, cujos
impactos podem contribuir para o surgimento das
disfunções musculoesqueléticas, tornando questionável a
associação de determinados aspectos à cefaleia. Tais
achados apontam para a importância do conhecimento
dos fatores associados à cefaleia e do desenvolvimento
de estudos com maior rigor metodológico em seres
humanos.
Em decorrência da lacuna existente, o presente
estudo iniciou-se a partir de suspeitas levantadas na
literatura sobre os possíveis fatores associados ao
surgimento da migrânea e da CTT. Assim, o objetivo
deste estudo foi revisar os estudos mais relevantes
relativos à elucidação do papel da musculatura cervical
na patogênese da migrânea e da CTT, a fim de
fundamentar e direcionar o tratamento fisioterapêutico
de pacientes com desordens musculares associadas a
estas afecções.
MÉTODOS
Foi feito um levantamento da literatura, no período
de janeiro de 2012 a junho de 2013, nas bases de dados
PubMed, Cochrane e Bireme, utilizando os descritores
'transtornos de enxaqueca', 'cefaleia do tipo tensional',
'músculos do pescoço', 'ultrassonografia', 'eletromiografia',
além de seus equivalentes em inglês. Os limitadores foram:
artigos nos idiomas inglês, francês, espanhol e português.
A análise utilizada nesta revisão avaliou os seguintes
aspectos nos estudos: 1 – análise do papel da musculatura
cervical na patogênese da migrânea e da cefaleia tipo
tensional; 2 – análise das alterações musculoesqueléticas
na migrânea e na cefaleia tipo tensional; 3 – análise dos
métodos de avaliação das disfunções musculoesqueléti-
cas cervicais em pacientes com cefaleia.
HÁ ENVOLVIMENTO DOS MÚSCULOS CERVICAIS NA PATOGÊNESE DA MIGRÂNEA E DA CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL? UMA REVISÃO
72 Headache Medicine, v.4, n.2, p.70-76, Apr./May/Jun. 2013
REVISÃO DE LITERATURA
O papel da musculatura cervical naO papel da musculatura cervical na
O papel da musculatura cervical naO papel da musculatura cervical na
O papel da musculatura cervical na
patogênese da migrânea e da cefaleia tipopatogênese da migrânea e da cefaleia tipo
patogênese da migrânea e da cefaleia tipopatogênese da migrânea e da cefaleia tipo
patogênese da migrânea e da cefaleia tipo
tensionaltensional
tensionaltensional
tensional
A fisiopatologia da migrânea e da CTT ainda é
pouco conhecida e controversa.
(9)
Pesquisas mostram que
a origem destas cefaleias é multifatorial
(10-12)
e ocorre
tanto a partir de mecanismos periféricos, como as
alterações nos tecidos miofasciais, quanto de mecanismos
centrais encefálicos.
(10,13-15)
Durante muitos anos acreditava-se que o mecanismo
envolvido na CTT era decorrente da contração aumen-
tada e prolongada dos músculos da cabeça, pescoço,
ombros e face. Por consequência, a contração induzia
uma isquemia muscular, na qual eram produzidas e
liberadas substâncias algogênicas. No entanto, estudos
mais atuais evidenciaram que a fisiopatologia da CTT
envolve um aumento dos estímulos aferentes nociceptivos
sobre um sistema no qual a modulação da dor já é
alterada, sugerindo a existência de mecanismos centrais
e periféricos na patogênese da CTT.
(16)
Por outro lado, a existência de fatores que
promovam uma contração acentuada dos músculos
pericranianos contribui para o agravamento ou
precipitação da cefaleia. Desta forma, o surgimento
da dor é associado a um incremento nos inputs noci-
ceptivos sobre os tecidos miofasciais pericranianos, em
decorrência da sensibilização de vias aferentes sensitivas
periféricas.
(10,12,16-20)
Observa-se, portanto, que os mecanismos de
sensibilização periférica podem desencadear a sensi-
bilização central, através do prolongamento da estimu-
lação nociceptiva. O acúmulo de estímulos nociceptivos
promove a sensibilização dos neurônios supraespinhais
de segunda e terceira ordens, bem como a diminuição
da inibição ou facilitação aumentada da transmissão
nociceptiva no corno dorsal da medula.
(10,12,20)
Por
consequência, este processo de sensibilização resulta na
conversão da CTTE em CTTC.
(10, 21)
Além disso, o acúmulo de impulsos nociceptivos nos
tecidos periféricos pode induzir alterações no com-
portamento dos neurônios do corno dorsal,
(22)
favo-
recendo o surgimento de pontos-gatilho (PG) mio-
fasciais.
(23)
Por sua vez, a presença dos PG ativos é
responsável pelas queixas de dor, devido ao aumento
dos níveis de substâncias algogênicas liberadas nos
tecidos.
(24)
Já a migrânea é percebida dentro dos dermátomos
do nervo trigêmeo e dos nervos cervicais superiores (C2,
C3), o que requer a ativação do núcleo trigemino-
cervical.
(15)
Este núcleo localiza-se na porção superior da
medula espinhal, no qual convergem as fibras sensitivas
do nervo trigêmeo e as fibras sensitivas das raízes nervosas
cervicais superiores.
(25)
Portanto, sugere-se que as
estruturas cervicais nele situadas podem estar envolvidas
na patogênese da migrânea.
(15)
Evidências atuais mostram que descargas aferentes
das estruturas cervicais com disfunção podem desen-
cadear a dor craniocervical associada à migrânea,
através da sensibilização central do núcleo trigêmino-
cervical.
(26-30)
Os estímulos mantidos e prolongados,
enviados pelas fibras aferentes nociceptivas A-delta e
C,
(31-33)
podem evocar mudanças em neurônios de
segunda e terceira ordens, localizados no núcleo
trigêmino-cervical
(34)
e no tálamo, respectivamente.
(35)
Posteriormente os estímulos são transmitidos a regiões
corticais de percepção da dor,
(35)
facilitando os ataques
migranosos.
(36,37)
As fibras nociceptivas são dotadas de receptores
para diversas substâncias algogênicas,
(33)
as quais são
liberadas durante a migrânea pelo núcleo caudal do
trigêmeo, produzindo vasodilatação, aumento da per-
meabilidade vascular e o consequente extravasamento
de proteínas e ativação plaquetária.
(30)
Este processo
resulta em dor pulsátil e sensibilização periférica, carac-
terísticas deste tipo de cefaleia.
(30)
No entanto, os modelos teóricos que sugerem que
os inputs aferentes cervicais são capazes de facilitar a
dor na migrânea são baseados em estudos com
animais.
(27,38)
Assim, devido às diferenças anatômicas
entre os sistemas de processamento da dor entre as
espécies, é necessário que os dados encontrados nestes
estudos sejam interpretados com cautela.
(15)
Alterações musculoesqueléticas na migrâneaAlterações musculoesqueléticas na migrânea
Alterações musculoesqueléticas na migrâneaAlterações musculoesqueléticas na migrânea
Alterações musculoesqueléticas na migrânea
e cefaleia tipo tensionale cefaleia tipo tensional
e cefaleia tipo tensionale cefaleia tipo tensional
e cefaleia tipo tensional
Em decorrência dos mecanismos centrais e perifé-
ricos, anormalidades musculoesqueléticas cervicais têm
sido frequentemente relacionadas tanto aos pacientes
migranosos, quanto aos com CTT.
(39-42)
Assim, pesquisas
são realizadas com o intuito de evidenciar quais são os
principais músculos envolvidos e as alterações mais
encontradas em pacientes com cefaleia para funda-
mentar e direcionar o tratamento das desordens muscu-
lares associadas a estas doenças.
(43)
BEZERRA E SILVA DW, MAIA TF, ALMEIDA CC, LACERDA CR, ALBUQUERQUE JE, COSTA NETO JJ, ET AL
Headache Medicine, v.4, n.2, p.70-76, Apr./May/Jun. 2013 73
Neste sentido, estudos revelaram que diferentes
músculos cervicais contribuem para a estabilização
cervical e podem estar comprometidos em pacientes
com dor, como é o caso da dor cervical crônica e da
cefaleia. No entanto, apesar do grande número de
músculos avaliados, a musculatura flexora profunda
cervical destaca-se por desempenhar uma função
postural, auxiliando na manutenção do alinhamento
cervical.
(44-46)
Vários autores concordam que em pacientes com
dor cervical crônica observa-se a presença de disfunções
na musculatura flexora profunda da cervical, como os
músculos flexor longo da cabeça (FLC) e o flexor longo
do pescoço (FLP).
(44,47-49)
A partir dos achados, poder-
se-ia suspeitar que as disfunções encontradas nesta
musculatura também podem estar presentes em pacientes
com cefaleia.
(47)
Todavia, há uma escassez de pesquisas
avaliando a musculatura flexora profunda da cervical
em pessoas com migrânea e CTT.
Em relação a outras disfunções encontradas em
pacientes com cefaleia, estudos mostram que pacientes
com CTTE e CTTC apresentam um aumento da tensão
pericranial.
(39)
Já os pacientes com migrânea, além do
aumento da tensão dos músculos pericraniais, apre-
sentam um aumento da sensibilidade à palpação mus-
cular e maior número de trigger points.
(41)
Além disso, a postura de anteriorização da cabeça
é frequentemente observada em pacientes com migrânea,
CTTE ou CTTC.
(9,24,41,50)
Por outro lado, alguns autores
consideram que a mobilidade cervical pode estar limita-
da nestes pacientes.
(40)
Avaliação das disfunções musculoesqueléticasAvaliação das disfunções musculoesqueléticas
Avaliação das disfunções musculoesqueléticasAvaliação das disfunções musculoesqueléticas
Avaliação das disfunções musculoesqueléticas
cervicais em pacientes com cefaleiacervicais em pacientes com cefaleia
cervicais em pacientes com cefaleiacervicais em pacientes com cefaleia
cervicais em pacientes com cefaleia
Devido à importância da musculatura flexora
profunda da cervical, há na literatura uma grande
variedade de estudos que avaliam esta estrutura por meio
de diferentes técnicas. Porém, por serem músculos muito
profundos, os métodos tradicionais, como a palpação e
o teste de força muscular, não são eficazes.
(44)
Outros meios permitem avaliar músculos profundos
da cervical, dentre eles a ultrassonografia (USG) e a
ressonância magnética (RM).
(51-52)
Considerada como
padrão-ouro, a RM é o método mais eficaz para deter-
minar o tamanho do músculo,
(53)
no entanto, devido aos
seus altos custos, não é acessível a toda população.
(44)
Por outro lado, a USG é um procedimento de baixo
custo, que tem a vantagem de não ser invasivo,
(44,53)
podendo ser utilizado para garantir a segurança e o
conforto dos participantes de pesquisas. Desta forma, a
USG apresenta-se como uma alternativa de avaliação,
útil para direcionar o tratamento de pacientes com
disfunções na musculatura flexora profunda da cervical.
(53)
No exame de USG é possível avaliar os músculos
da coluna durante repouso e atividade, além de permitir
a obtenção de medidas diretas dos flexores profundos
da região cervical.
(54)
Os dados obtidos indicam que a
menor ativação dos músculos flexores profundos cervicais
pode estar associada à presença de mudanças no
tamanho muscular.
(53)
Assim, o tamanho do músculo pode
indicar uma medida indireta de força para a musculatura
do pescoço.
(55)
Pesquisas recentes com USG indicam que pacientes
com dor cervical crônica apresentam medidas reduzidas
do FLP, como a área de secção transversa (AST), quando
comparados a sujeitos saudáveis. A diferença na AST
entre os grupos é atribuída a uma possível atrofia no FLP
em pacientes com dor crônica cervical.
(47)
Apesar das
evidências encontradas sobre a importância dos músculos
profundos no controle e suporte da lordose cervical e na
manutenção do alinhamento da coluna cervical,
(44-46)
a
utilização da USG na avaliação destes músculos em
pacientes com migrânea e CTT ainda é escassa.
(44,47)
Outro método frequentemente utilizado na prática
clínica de muitos profissionais para avaliar a atividade
muscular é a eletromiografia (EMG).
(44)
Nos dados obtidos
pela EMG de superfície, a amplitude do sinal eletro-
miográfico é avaliada a partir dos valores da Root Mean
Square (RMS), raiz quadrada da média dos quadrados
da voltagem ao longo do ciclo. As alterações do espectro
de potência do sinal eletromiográfico podem ser consta-
tadas pelos valores de frequência média e mediana, em
virtude de mudanças na taxa de disparo das unidades
motoras.
(56)
No caso dos músculos profundos, a capa-
cidade contrátil do FLP e FLC pode ser avaliada por meio
de EMG invasiva, via orofaríngea.
(57)
Segundo alguns autores, em pacientes com dor
cervical foi observada uma diminuição da atividade
elétrica na EMG desta musculatura.
(58)
Esta redução pode
ser acompanhada da redução na eficiência neuro-
muscular dos músculos flexores superficiais, com atraso
no início do relaxamento
(59-60)
e maior fatigabilidade,
(61)
aferidas através de EMG de superfície.
(59-60)
Já em estudos com portadores de dor cervical
associada à migrânea,
(61)
os participantes foram sub-
metidos à EMG de superfície do músculo ECM, na qual
foi observado um aumento da atividade desta mus-
HÁ ENVOLVIMENTO DOS MÚSCULOS CERVICAIS NA PATOGÊNESE DA MIGRÂNEA E DA CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL? UMA REVISÃO
74 Headache Medicine, v.4, n.2, p.70-76, Apr./May/Jun. 2013
culatura em compensação a menor ativação do músculo
FLP.
(61-63)
Os resultados sugerem que, em pacientes com
cefaleia, há uma menor estabilidade da musculatura
estabilizadora primária da região cervical e um aumento
compensatório da atividade dos músculos superficiais
quando comparados aos sujeitos do grupo controle.
(61)
Pesquisas com EMG sugerem que, ao contrário do
que se acreditava durante muito tempo, a CTT não é
consequência apenas do estresse psicológico ou da
contração muscular exacerbada da região cefálica e
cervical. Da mesma forma, observou-se que a migrânea
não envolve apenas mecanismos centrais. Tais suspeitas
foram levantadas a partir da avaliação eletromiográfica
de pacientes com e sem cefaleia. Estes estudos revelaram
que alguns dos pacientes não tinham CTT ou tinham
apenas migrânea episódica, mas apresentavam maior
contração muscular. Por outro lado, os resultados também
mostraram que, no mesmo grupo avaliado, alguns
participantes tinham CTT grave, mas apresentavam um
nível de contração muscular menor do que o grupo sem
cefaleia.
(16)
Portanto, é possível observar que alguns
pacientes com cefaleia podem ter um aumento da ativi-
dade elétrica da musculatura cervical quando comparado
a um grupo controle saudável,
(64)
e outros casos nos quais
se encontra uma atividade normal em ambos os
grupos.
(65)
Assim, existem disponíveis na literatura variados
métodos de investigação das disfunções musculo-
esqueléticas cervicais em pacientes com dor, tal como a
cefaleia. Neste contexto, cabe ressaltar que apesar de
muitos estudos mostrarem que os métodos de investigação
selecionados são eficazes na identificação das disfunções
musculoesqueléticas, é preciso considerar alguns aspectos
metodológicos antes de fazer inferências sobre os
resultados encontrados. Portanto, os critérios de elegi-
bilidade dos estudos, como as características dos
participantes incluídos na amostra e os protocolos de
avaliação utilizados devem ser previamente analisados.
(15)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos sugerem o envolvimento de mecanismos
periféricos provenientes dos músculos cervicais na
sensibilização do sistema nervoso central e no surgimento
dos sintomas de dor na migrânea e na CTT. Os achados
indicam que pacientes migranosos e com CTT podem
apresentar alterações musculoesqueléticas cervicais, como
o controle motor deficitário, modificando a estabilidade,
a mobilidade e a biomecânica cervical. Todavia, muitos
dos estudos que defendem a existência de inputs
nociceptivos aferentes cervicais como facilitadores da
cefaleia são baseados em estudos com animais, os quais
apresentam sistemas de processamento da dor diferentes
da espécie humana.
Apesar da grande variedade na literatura de
métodos de investigação das disfunções musculo-
esqueléticas, os aspectos metodológicos das pesquisas
analisadas comprometem a eficácia encontrada no
resultado das mesmas. Ademais, há uma escassez de
estudos utilizando métodos não invasivos e de baixo custo,
como a USG e a EMG de superfície, na avaliação
muscular em pacientes com migrânea e CTT.
Desta forma, sugere-se o delineamento de novos
estudos com seres humanos, em uma população mais
homogênea, analisando a associação entre a presença
de migrânea e CTT e as disfunções musculoesqueléticas
cervicais, com maior rigor metodológico e protocolos
descritos de maneira mais detalhada e reprodutível, no
intuito de direcionar o tratamento alternativo, não
farmacológico, de pacientes com desordens musculares
associadas a estas doenças.
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Correspondência
Daniella Araújo de Oliveira.Daniella Araújo de Oliveira.
Daniella Araújo de Oliveira.Daniella Araújo de Oliveira.
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