Headache Medicine, v.4, n.2, p.45-53, Apr./May/Jun. 2013 49
triste" e "Tensão muscular". Após as mudanças, o número
de indivíduos com dúvidas reduziu consideravelmente.
No item "Se houve atividades em casa, em que todos
nós pudéssemos fazê-las juntas, eu também participava"
um número significativo de indivíduos entrevistados não
compreendeu a questão. Optou-se por transformá-lo em
"Participei de atividades na minha casa em que todos
puderam participar", tornando a questão mais clara.
Como exemplo da intensidade de correlação entre
os itens de um questionário, pode-se verificar se esse
coeficiente aumenta depois de eliminar um item da escala
de medição (questionário). Se isso ocorrer, pode-se
assumir que esse item não é altamente correlacionado
com os outros itens da escala. Por outro lado, se o
coeficiente diminuir pode ser assumido que esse item é
altamente correlacionado com os outros itens da escala.
Dessa forma, o alfa de Cronbach determina se a escala
é realmente confiável, pois avalia como cada item reflete
sua confiabilidade. Após a eliminação do item 26 (Eu
tive uma discussão com um dos meus irmãos ou irmãs),
na subescala "Interação social com irmãos e irmãs", houve
uma elevação do valor do alfa de Cronbach de 0,454
para 0,779, mostrando que esse item não é altamente
correlacionado com os outros itens da escala, justificando
a sua exclusão.
Muitos pesquisadores avaliam a validade de um
instrumento pelo seu nível de confiabilidade. Conceitual-
mente, a confiabilidade reflete o quanto os valores
observados estão correlacionados aos verdadeiros
valores.
(20)
Um instrumento é confiável se ele mede consis-
tentemente as condições que poderiam causar erros.
Existem três tipos de Confiabilidade: interexaminadores
(inter-rater), teste-reteste (intraexaminadores) e consistência
interna. Este estudo realizou a avaliação da consistência
interna.
Os resultados encontrados na consistência interna
do presente estudo foram satisfatórios, com o valor de
alfa de Cronbach 0,906 (superior a 0,7). Os achados
revelam um valor elevado e, portanto, um grau elevado
de consistência interna.
Comparando-se com os valores encontrados da
consistência interna da versão original em inglês, observa-
se uma redução do valor de alfa de Cronbach de 0,72
para 0,651 na subescala "Interação social com jovem".
O QLH-Y também foi traduzido e validado na Itália.
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A análise dos dados da versão italiana foi realizada de
modo a obter uma redução de itens mantendo a
consistência interna máxima. Esta versão possui 52 itens
divididos em 9 subescalas que avaliam 4 domínios da
Qualidade de vida. O valor do alfa de Cronbach foi
superior a 0,70 em todas as subescalas, exceto nas de
Depressão (0,66), Sintomas somáticos (0,64), Interação
social com irmão e irmãs (0,65) e Funcionamento em
casa e na escola (0,53). Estas duas últimas estão incluídas
no domínio Funcionamento Social.
As subescalas com valores alfa de Cronbach abaixo
de 0,70 foram: Interação social com irmãos (0,454) e
irmãs e Interação social com jovens (0,651). Ambas
pertencem ao domínio Funcionamento social.
O item 26, "Eu tive uma discussão com um dos meus
irmãos ou irmãs," pode não ter se correlacionado com
os outros itens devido a uma incompreensão da questão
ou devido ao fato de muitos adolescentes não terem
irmãos ou não possuírem contato com estes.
As medidas de qualidade de vida podem amparar
os estudos de custo benefício identificando quais
intervenções devem ser priorizadas. Existe a necessidade
de criação e utilização de instrumentos de avaliação da
qualidade de vida que valorizem as experiências das
crianças e dos adolescentes de maneira adequada a
sua fase de desenvolvimento.
O questionário QLH-Y foi devidamente traduzido e
adaptado transculturalmente para a língua portuguesa.
O questionário QLH-Y apresentou uma consistência
interna bastante satisfatória, tanto para as 69 questões
quanto para os domínios separadamente. A consistência
interna do QLH-Y, medida pelo coeficiente alfa de
Cronbach padronizado, foi satisfatória. Obteve-se um
índice geral de 0,906, cujo valor excede o valor mínimo
de referência.
REFERÊNCIAS
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living and triggering factors. Pediatrics. 2005;115(2):152-62.
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ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DA VERSÃO EM PORTUGUÊS DO BRASIL DO QUESTIONÁRIO QUALITY OF LIFE HEADACHE-YOUTH (QLH-Y)