22 Headache Medicine, v.4, n.1, p.20-24, Jan./Feb./Mar. 2013
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Os critérios de Hunter apresentam maior sensibi-
lidade e especificidade, sendo, portanto, os mais
recomendados.
(1-3)
Por outro lado, oss critérios de
Sternbach apresentam sensibilidade e especificidade
menores, podendo excluir assim, os casos leves ou de
evolução subaguda.
(1-3)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Dentre várias condições incluídas no diagnóstico
diferencial da SS, a síndrome anticolinérgica, a síndrome
neuroléptica maligna e a hipertermia maligna figuram-
se como as mais importantes.
(1-3)
Outra condição de rara
ocorrência, mas vque pode colocar a vida do paciente
em risco, é a síndrome decorrente da retirada do baclofen,
a qual se caracteriza por aumento de temperatura,
instabilidade autonômica, espasmo e rigidez musculares.
Esta síndrome apresenta boa resposta aos antagonistas
dos receptores 5-HT2A, como a ciproheptadina.
(1)
TRATAMENTO
Com finalidade terapêutica, podemos dividir a
síndrome serotoninérgica (SS) em três graus de seve-
ridade:
(1-3)
–
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestações
levesleves
levesleves
leves: este quadro geralmente decorre de uma reação
adversa a uma única droga usada em doses terapêuticas.
Os sintomas e sinais desaparecem assim que a medica-
ção envolvida é retirada. Neste caso, além da moni-
torização do paciente, são indicados os benzo-
diazepínicos;
–
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestações
moderadasmoderadas
moderadasmoderadas
moderadas: geralmente decorre do uso excessivo de
uma única droga, sendo que nestes casos, a cipro-
heptadina (antagonista dos receptores 5-HT2A) pode ser
indicada.
–
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestaçõesSíndrome serotoninégica com manifestações
Síndrome serotoninégica com manifestações
graves (crise serotoninérgica)graves (crise serotoninérgica)
graves (crise serotoninérgica)graves (crise serotoninérgica)
graves (crise serotoninérgica): geralmente este
quadro surge em decorrência da combinação de drogas
serotoninérgicas que agem em sítios diferentes (ISRS +
IMAO). Neste caso, em decorrência da hipertonia mus-
cular, ocorre acentuada hipertermia (temperatura acima
de 41 graus), podendo consequentemente ocorrer rabdo-
miólise, insuficiência renal e coagulação intravascular
disseminada. Este quadro configura, portanto, uma
emergência médica, sendo necessárias medidas urgentes
e mais agressivas como sedação, relaxamento muscular,
intubação e o resfriamento corporal. Como a hipertermia
é decorrente da rigidez muscular, e não de alteração
hipotalâmica, os medicamentos antipiréticos são inefi-
cazes. A mortalidade varia de 2% a 12%.
Com o tratamento adequado, o quadro clínico é
revertido dentro de 24 horas em 60% dos pacientes, mas
quando a SS decorre de drogas de meia-vida longa, os
sinais e sintomas podem permanecer por mais tempo.
(7)
DISCUSSÃO
Há quase 50 anos a serotonina tem sido implicada
na fisiopatologia da enxaqueca, embora o seu meca-
nismo ainda não tenha sido totalmente elucidado. A
hipótese de que pacientes migranosos apresentam
cronicamente baixos níveis de serotonina é sustentada
há muito tempo.
(8)
Existe uma anormalidade da atividade
serotoninérgica na enxaqueca e na depressão, e os
medicamentos que modificam esta atividade podem ser
efetivos nestas duas moléstias, ou seja, as triptanas e os
antidepressivos. Portanto, não é surpreendente saber que
portadores de enxaqueca fazem uso combinado destes
fármacos.
(7,9)
Em julho de 2006, o FDA emitiu um alerta, sugerindo
que a combinação de uma triptana com antidepressivos
de ação dual ou inibidores seletivos de recepção da
serotonina (ISRSs) aumentaria o risco de ocorrência da
síndrome serotoninérgica. Foram citados 29 casos e
posteriormente, mais onze casos foram reportados ao
FDA, todos com nível de evidência IV.
(7)
Dentre os 29
casos citados pelo FDA, apenas um terço preencheu os
critérios de Sternbach e nenhum deles preencheu os
critérios de Hunter.
(7,9,11,12)
Durante o período de 2003 a
2004, 3.874.367 pacientes fizeram uso de triptanas,
50.402.149 usaram ISRSs ou antidepressivos de ação
dual e 694.276 usaram simultaneamente estes fárma-
cos.
(12)
Estima-se que a incidência anual da SS decorrente
do uso combinado de triptanas e ISRS seja de <0,03%,
sendo a dos casos que podem colocar a vida do
paciente em risco <0,002%.
(11)
Portanto, a incidência dos
casos de SS decorrentes do uso combinado de uma
triptana e um ISRS seria menor que a dos casos decorrentes
do uso isolado deste antidepressivo.
(11)
Mas, será que o uso das triptanas aumenta o risco
de ocorrência da síndrome serotoninérgica? No relato
de onze casos de suposta SS decorrente do uso de
triptanas, os autores não detalharam os casos, nem
citaram se eles preencheram os critérios de Sternbach ou
ALMEIDA RF, KOWACS F