10 Headache Medicine, v.4, n.1, p.5-12, Jan./Fev./Mar. 2013
maneira diferente. É lógico que na consulta isso pode
mudar; durante a entrevista, a anamnese, isso muda,
mas de uma certa maneira traz uma influência para quem
está atendendo o doente, traz sim". (Médico 1)
"Com certeza! Geralmente esses pacientes migra-
nosos, assim... a enfermagem vem falar com a gente
como se fosse um paciente mais ansioso, às vezes os
chamam até de ‘pitizentos’." (Médico 4)
"Com certeza. Às vezes chega paciente, principalmente
de madrugada, o enfermeiro nos informa que paciente
está sentindo determinada patologia e às vezes eles estão
subestimando ou superestimando as crises álgicas."
(Médico 5)
Porém, também encontraram-se respostas
negativas:
"Não o meu atendimento porque eu sou muito
calma, até com ‘piti’. Porque eu acho que até um ‘piti’
pode ter um fundo importante. Eu acho que não há
fumaça sem fogo e alguma coisa está acontecendo.
Então, eu levo em consideração cada queixa do
paciente." (Médico 8)
"No caso da cefaleia não, porque a informação tem
que ser obtida dele, do paciente. Eu nem escuto a enfer-
magem nesse caso, porque ela tem que me dar parâ-
metros, parâmetros no exame físico; aqui, neste caso,
ela não me dá parâmetro nenhum." (Médico 9)
Quanto ao tratamento foi interrogado aos médicos
o critério para escolha de medicamentos, e as repostas
variaram de acordo com a intensidade da dor, duração,
característica da cefaleia, ausência de sinais de alarme,
gravidade, responsividade e alergia. Os relatos abaixo
exemplificam:
"Medicação de uso habitual. Se já tem algum médico
que o acompanha, quais medicações que faz uso, se tem
alergia. Aí a gente vai usar o analgésico de menos
intensidade até o de maior intensidade conforme o caso."
(Médico 2)
"Existe um critério, normalmente a gente faz o trata-
mento abortivo, corta a dipirona, dipirona não funciona
muito bem; depois pode-se utilizar os anti-inflamatórios,
que são a primeira escolha para abordagem num pronto
atendimento. Tem também os derivados da ergotamina,
os triptanos, alguns antidepressivos também são utilizados,
e também tem um estudo mostrando o uso de beta-
bloqueador, né, então você vai jogando, vai escalonando,
o tratamento, né? Se não for melhorando você vai
passando as fases do tratamento." (Médico 5)
"É como eu falei anteriormente. Descartando alguma
patologia mais grave, a minha conduta é tirar o sofrimento
do paciente, eu sempre associo anti-inflamatório com
analgésico mais potente e deixo para o neurologista tomar
uma decisão mais refinada." (Médico 6)
"Bom, primeiro temos que diferenciar algumas coisas:
se você vai tratar a crise ou fazer um tratamento profilático
contínuo. Na emergência o objetivo é tirar a dor, daí você
entra primeiro com medicações mais simples para ver se
resolve, e se não resolver você aumenta a potência do
medicamento que pode ser desde analgésicos simples,
como a dipirona endovenosa e anti-inflamatórios, como
o cetoprofeno, até opioides e narcóticos. O critério é de
acordo com a intensidade da dor e da responsividade do
tratamento." (Médico 7).
Em nosso meio, boa parte dos hospitais públicos
não possuem medicações que são específicas para o
tratamento da crise migranosa, como compostos ergota-
mínicos ou triptanos. Usam-se, em geral, analgésicos e
anti-inflamatórios não hormonais parenterais. Em unida-
des de emergência pública no Brasil, boa parte dos
esquemas internacionalmente propostos são, portanto,
inexequíveis. A dipirona via endovenosa é a droga mais
prescrita como analgésico para tratamento agudo da
cefaleia.
(24)
Finalizando as entrevistas, os médicos responderam
quais seriam os critérios para realização de exames
complementares/internação:
"Quando é uma enxaqueca que você não consegue
com medicação habitual, você tenta usar os anti-infla-
matórios não esteroides, tenta usar o corticoide, até os
antienxaquecosos. Se não melhorou, não trouxe nenhum
tipo de melhora para o paciente, aí a gente aconselha o
doente a ficar internado, até para tentar uma medicação
mais forte, uma analgesia mais forte, que deve ser feita
só em ambiente hospitalar... E aqui não é uma referência
para a Neurologia, então a gente quase não interna doente
aqui com esse quadro de migrânea, a não ser que seja
uma coisa mais grave, uma suspeita de meningite, alguma
coisa que possa justificar essa internação... E, se nunca
tiver tido nada, se for a primeira crise, ou ela não procurou
AZEVEDO AC, PETRIN CS, REZENDE LA, MICHEL LC, KFURI TV, GÓIS MOREIRA SR, JURNO ME