Headache Medicine, v.3, n.4, p.198-235, Oct./Nov./Dec. 2012 218
Raciocínio não verbal, funções motoras e praxia
construtiva em crianças com migrânea: um estudo
controlado
Andréa Regina Correa Moutran, Rosely Aparecida Pereira, Leonardo Vaz,
Thaís Rodrigues Villa, Deusvenir de Souza Carvalho
Setor de Investigação e Tratamento das Cefaleias – Universidade Federal de São Paulo – Unifesp;
Instituto de Psicologia Aplicada e Formação Lev Vygostsky
Moutran AR, Pereira RA, Vaz L, Villa TR, Carvalho DS. Raciocínio não verbal, funções motoras, e praxia
construtiva em crianças com migrânea: um estudo controlado. Headache Medicine. 2012;3(4):213-4
OBJETIVO
Comparar o raciocínio não verbal, funções motoras
e a praxia construtiva de crianças com migrânea e
controles sem cefaléia.
MÉTODO
Grupo migrânea: 10 crianças de ambos os sexos (6
meninas), diagnosticadas segundo os critérios da
International Headache Society (ICHD-II, 2004), 6 com
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aura e 4 sem aura, idade entre 8 e 11 anos e 8 meses
(10,2 ± 1,2 anos) e com uma média de 8,6 dias de
cefaleia /mês (DP ± 4,9). Grupo controle: 10 crianças
(5 meninas), mesma faixa etária (10,2 ± 0,9 anos) sem
história prévia de cefaleia.
Todas as crianças avaliadas são estudantes da rede
pública de ensino. Para a avaliação foram utilizados:
matrizes progressivas coloridas de Raven (raciocínio não
verbal); bateria neuropsicológica Tübinger Luria-Chris-
tensen para crianças – TUKI, organizada segundo a teoria
relacional sistêmica e dinâmica de Luria avaliando a coor-
denação global do corpo, função motora das mãos,
motricidade fina, praxia oral, regulação verbal do ato
motor, sensações cutâneas/sinestésica e estereognosia;
teste de figuras complexas de Rey para avaliar a praxia
construtiva gráfica e memória imediata visual. Critérios
de exclusão: antecedentes mórbidos gestacionais, prema-
turidade, atraso no desenvolvimento psicomotor, defi-
ciência intelectual, epilepsia, trauma craniano, doenças
sistêmicas, meningite, síndromes genéticas, doenças
psiquiátricas, uso de medicação profilática para cefaléia
ou qualquer outra com efeito no sistema nervoso central.
Para todos os participantes foi obtido o consentimento
livre e esclarecido dos pais ou responsáveis, além do
termo de assentimento da própria criança.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo. A análise
estatística foi realizada por meio do teste t e Mann-Whitney
sendo considerado significativo p<0,05
RESULTADOS
O grupo migrânea apresentou escores significati-
vamente menores que o grupo controle nas matrizes
progressivas coloridas de Raven escore bruto (p < 0,004)/
percentil (p < 0,001); figuras complexas de Rey - cópia
(p < 0,016)/percentil ( p < 0,003) e regulação do ato
motor (p< 0,012) (ver Tabela 1).
CONCLUSÃO
Crianças com migrânea quando comparadas aos
controles apresentaram pior desempenho em testes de
raciocínio não verbal, dificuldades na organização e
integração perceptomotora, ou seja, na praxia construtiva
gráfica, além de se mostrarem menos eficiente na regulação
do ato motor, tarefa esta que está relacionada ao
funcionamento executivo e o processo atencional.
Desta forma, estes déficits podem gerar um impacto
negativo tanto no desempenho escolar, quanto nas
atividades cotidianas da criança.
REFERÊNCIAS
1. Headache Classification Subcommittee of the International
Headache Society The international classification of headache
disorders; 2nd edition. Cephalalgia.2004; 24(suppl 1): 9-160;
2. Deegener G, Dietel B, Kassel H, Matthaei R, Nödl H.
Neuropsychologische Diagnostik bei Kindern und Jugendlichen:
Handbuch zur TÜKI - Tübinger Luria-Christensen neuropsychologische
für kinder. Weinheim:Psychologie-Verlags-Union; 1992
3. Angelini AL, Alves IRC, Custódio E M, Duarte WF, Duarte JLM. Manual
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven: escala especial. Centro
Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia, São Paulo, 1999.
4. Oliveira, MS. Figuras Complexas de Rey: teste de cópia e de
reprodução de memória de figuras geométricas. Casa do
Psicólogo, São Paulo, 2010.
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