Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012 173
PRACTICE e ICPC-2 na abordagem de pacientes
acometidos por cefaleia crônica diária
PRACTICE and ICPC-2 in the approach of patients affected by
chronic daily headache
ORIGINAL ARTICLEORIGINAL ARTICLE
ORIGINAL ARTICLEORIGINAL ARTICLE
ORIGINAL ARTICLE
Rafael de Tasso Almada Picardi, Ariovaldo Alberto da ilva Júnior, Ruth Borges Dias, Enio Rodrigues da Silva,
Paulo de Tasso Almada Picardi, Fidel Castro Meira, Vanessa Vilela Caires, Frederico Siqueira Araújo,
Neson Morozini Júnior, Anna Carolina Gelini, Bianca Wilke Carvalho, Bruna Sobreira Britto, Camila Catizani Alvin,
Camila Marcondes dos Santos, Carla Caroline Barreto Cunha, Carla Cassiana Souza Bueno, Francine Luiza
Seganfredo, Jane Carolina Guimarães, Larissa Figueirêdo Carvalho, Laura Campos Egídio, Luiz Paulo Nunes
Ferreira Tomaz, Marcelo Vassalo Visciani, Márcia Andrea Coutinho Mattos, Maria Rita de Souza Costa,
Mariella Perraro Martins, Patrícia Bernardes Silva, Rômulo de Carvalho Quadros Barros, Thays Marchi
Picardi RTA, Silva AA, Jr, Dias RB, Silva ER, Picardi PTA, Meira FC, Caires VV, Araújo FS, Morozini N Jr,
Gelini AC, Carvalho BW, Britto BS, Alvin CC, Santos CM, Cunha CCB, Bueno CCS, Seganfredo FL,
Guimarães JC, Carvalho LF, Egídio LC, Tomaz LPNF, Visciani MV, Mattos MAC, Costa MRS, Martins MP,
Silva PB, Barros RCQ, Marchi T. Practice e ICPC-2 na abordagem de pacientes acometidos por
cefaleia crônica diária. Headache Medicine. 2012;3(4):173-80
RESUMORESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
Introdução:Introdução:
Introdução:Introdução:
Introdução: A CCD caracteriza-se por quinze episódios
dolorosos mensais nos últimos três meses consecutivos. Na
gênese do quadro encontram-se fatores como comorbidades
psiquiátricas, abuso de analgésicos e fragilidade sociofamiliar.
Abordar tais aspectos constitui tarefa importante na sua
condução.
Objetivos:Objetivos:
Objetivos:Objetivos:
Objetivos: Descrever a utilização do PRACTICE
e ICPC-2 na abordagem da CCD. Avaliar quantitativamente
o resultado da codificação pelo ICPC-2.
Metodologia:Metodologia:
Metodologia:Metodologia:
Metodologia:
Pacientes consecutivos apresentando CCD foram entrevistados
utilizando o PRACTICE. A ferramenta compõe-se de sete
domínios que exploram a dinâmica familiar no enfrentamento
do problema. As informações foram codificadas pela ICPC-
2, que permite a classificação das queixas da maneira
enunciada, utilizando um sistema biaxial compreendendo
sistemas orgânicos, psicológicos e sociais no primeiro eixo e
as características do relato no segundo.
Resultados:Resultados:
Resultados:Resultados:
Resultados: Foram
abordados 14 pacientes, 86% mulheres e média de idade
42,7 anos. O diagnóstico mais frequente foi cefaleia por abuso
de medicação, abrangendo 86% dos casos, com período de
evolução médio da doença de 18,7 anos, e frequência
semanal média de episódios dolorosos de 5,2 dias. Os códigos
ICPC mais relevantes foram P01 (57,1%); P03 (57,1%); P18
(85,7%); Z10 (50%); Z20 (85,7%).
Conclusões:Conclusões:
Conclusões:Conclusões:
Conclusões: A amostra
apresentou características compatíveis com a literatura. A
codificação pela ICPC-2 indicou fatores reconhecidamente
envolvidos na manutenção do quadro. O presente estudo é
o primeiro utilizando as ferramentas PRACTICE e ICPC-2 na
CCD e nas cefaleias em geral. A codificação dos dados
qualitativos obtidos pelo PRACTICE através da ICPC-2,
possibilitando a análise quantitativa dos relatos, não foi
utilizada em outros trabalhos pelo conhecimento dos autores
até o momento.
PP
PP
P
alavrasalavras
alavrasalavras
alavras
--
--
-
chave:chave:
chave:chave:
chave: Cefaleia; Cefaleia crônica diária;
Questionários; Atenção primária à saúde
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
Chronic daily headache (CDH) is characterized by 15 days
with headache per month in the last three months. In its genesis,
factors such as psychiatric comorbidities and painkillers abuse
can be listed. It is important to address these factors.
Objectives:Objectives:
Objectives:Objectives:
Objectives: To describe the use of PRACTICE and ICPC-2
in CDH and quantitatively evaluate the result of ICPC-2 coding.
Methodology:Methodology:
Methodology:Methodology:
Methodology: Consecutive CDH patients were interviewed
using PRACTICE. Seven domains, exploring the family dynamic
facing the problem, compose this tool. The information
obtained was coded using ICPC-2, which allows to classify
the complaints in the manner they were spoken, using a biaxial
system in which the organic, psychological and social systems
are in the first axis and the account characteristics of are in
the second one.
Results:Results:
Results:Results:
Results: 14 patients were approached (86%
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PICARDI RT, SILVA JR AA, DIAS RB, SILVA ER, PICARDI PT, MEIRA FC, ET AL.
rios.
(16)
A migrânea crônica, previamente conhecida por
migrânea transformada na literatura,
(1,2,3)
constitui a mais
prevalente causa de CCD, atingindo cerca de 75% desses
pacientes.
(17)
A cefaleia do tipo tensional atinge 8% de
prevalência na CCD,
(16)
e o abuso de medicação, que
pode ocorrer em todos os tipos de CCD, pode chegar a
80% dos pacientes.
(3,17)
Abuso de medicamentos sinto-
máticos caracteriza dificuldade no diagnóstico diferencial
e tratamento da CCD, uma vez que se relaciona com a
perda das características clínicas clássicas das cefaleias,
(18)
não permitindo o diagnóstico diferencial antes de dois
meses após sua interrupção,
(19)
e também com a perda
em efetividade do tratamento profilático e aumento da
taxa de refratariedade.
(20)
O abuso de medicação anal-
gésica é independentemente associada à piora nos esco-
res de qualidade de vida (QV) dos pacientes.
(21)
A preva-
lência de comorbidades psiquiátricas em pacientes aco-
metidos por CCD e abusadores pode chegar a 87,5%.
(22)
De fato, ainda não se conhece o mecanismo exato pelo
qual a cefaleia se cronifica, mas a inter-relação com o
uso abusivo de analgésicos e as comorbidades psiquiá-
tricas vem sendo bem estabelecida, conforme tem mos-
trado diversos estudos realizados tanto em centros de
atendimento especializado quanto na própria comuni-
dade.
(23,24)
O elevado impacto da CCD na QV é bem docu-
mentado tanto através de estudos com questionários
gerais de QV quanto em questionários específicos para
QV em cefaliatria.
(25)
A presença de estresse atinge até
90% dos pacientes com CCD, sendo que pacientes nessa
situação pontuam significativamente menos nos questio-
nários de QV, sugerindo que estresse e baixa qualidade
de vida estão relacionados tanto ao desenvolvimento
quanto à manutenção da CCD.
(26)
O tratamento da CCD deve ser individualizado e
integral, baseando-se em medidas farmacológicas e não
farmacológicas,
(27)
compreendendo medidas gerais com-
portamentais, como mudança no estilo de vida, atividade
física aeróbica regular e aprendizado da adaptação aos
estressores, e medidas farmacológicas para analgesia e
profilaxia. No caso da CAM, é imperativo o abandono
do abuso de analgésicos para o sucesso do tratamento,
interrupção dificultada pela frequência de sintomas de
abstinência, que podem ocorrem em até 98% dos
casos,
(27)
e pela ocorrência de piora clínica da cefaleia
durante um período de 03 a 06 meses após a cessação
do abuso,
(28)
o que dificulta a aderência do paciente.
Porém cerca de 29,7% dos pacientes não retornam a um
padrão episódico de dor, causa frequente de reincidência
women, average age 42,7 years old). The most frequent
diagnosis was migraine associated to medication overuse
(86%), with an illness average duration of 18,7 years, and
weekly average frequency of painful episodes of 5,2 days.
Conclusions:Conclusions:
Conclusions:Conclusions:
Conclusions: The sample characteristics were in accordance
to what is found in the literature. Coding by ICPC-2 indicated
known factors involved in clinical presentation maintenance.
The present paper is the first using the PRACTICE tools and
ICPC-2 in the approach of CDH and migraine. The authors
are not aware of any previous paper describing the qualitative
data coding obtained by PRATICE through ICPC-2.
Keywords: Keywords:
Keywords: Keywords:
Keywords: Headache; Chronic daily headache;
Questionnaires; Primary health care
INTRODUÇÃO
A Cefaleia Crônica Diária (CCD) constitui síndrome
caracterizada pela presença de cefaleia em pelo menos
15 dias por mês num período mínimo de três meses.
(1)
Trata-se de uma síndrome e não de um diagnóstico etioló-
gico,
(2)
mas o termo CCD é usado de forma corrente nos
centros especializados em cefaleia, tendo em vista que é
muito comum a demanda por atendimento de pacientes
que sofriam de cefaleias episódicas e que com o tempo
passaram a apresentá-la de forma diária ou quase
diária.
(3)
O conceito de CCD foi proposto por Silberstein
et al.
(4)
e abriga cefaleias primárias (as não relacionadas
a alterações estruturais ou funcionais) e secundárias (as
em que uma causa básica pode ser identificada), uma
vez que o conceito expressa temporalidade e não etio-
patogenia.
(2)
As principais afecções que evoluem clinica-
mente como CCD e são nosologicamente contempladas
pela International Classification of Headache Disorders
(ICHD-II)(5) são a migrânea crônica (MC; CID-10
G43.3), a cefaleia do tipo tensional crônica (CTTC;
G44.2) e a cefaleia por abuso de medicação (CAM;
G44.41).
(1,2,5,6)
Diversos estudos populacionais estimaram a preva-
lência de CCD em cerca de 3% a 5% da população
mundial em geral,
(7-10)
dados corroborados em estudos
conduzidos no Brasil.
(11-14)
Tal prevalência gera impacto
significativo em termos econômicos e de saúde pública.
Estima-se que 9% das consultas em atenção primária
(14)
e quase 30% das consultas a neurologistas
(15)
resultem
de queixa principal de cefaleia, enquanto a CCD é res-
ponsável por 80% ou mais de todos os pacientes aten-
didos em serviços especializados em cefaleia
(3)
e por até
70% dos atendimentos por cefaleias em centros terciá-
Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012 175
no abuso e falha terapêutica.
(29)
O prognóstico da CCD
ainda é motivo de controvérsia, mas sabe-se que longos
períodos de abuso de medicações analgésicas relacio-
nam-se a piores prognósticos.
(27)
Processos psíquicos, sociais e familiares estão envol-
vidos na transformação e manutenção do quadro e não
podem ser negligenciados.
(2)
São comuns na prática
clínica os relatos de pacientes envolverem questões psicos-
sociais e sociofamiliares, seja identificando gatilhos para
as crises, justificando o abuso medicamentoso ou eviden-
ciando impacto da dor nos sistemas sociofamiliares que
muitas vezes retroalimenta e favorece a cronificação,
aspectos reconhecidos por profissionais da área como
desafiadores na sua abordagem, mas pouco estudados
em pesquisas quantitativas e qualitativas adequadas. O
núcleo familiar cada vez mais é valorizado e privilegiado
como foco das políticas sociais no Brasil,
(30)
haja vista a
existência de programas de destaque mundial como Bolsa
Família e a Estratégia de Saúde da Família (ESF), trans-
formando-se na unidade básica de atenção social e à
saúde.
(31)
Tal fato reflete-se bem no manejo de doenças
crônicas de alta prevalência como hipertensão arterial
sistêmica (HAS) e diabetes mellitus no âmbito da ESF,
onde diversas ferramentas específicas de abordagem
familiar são comumente utilizadas com bons resultados,
sendo consideradas um acréscimo ao tratamento conven-
cional.
(32)
O manejo da CCD, no entanto, encontra-se
ainda distante dessa realidade. Pode-se dizer que as
cefaleias como um todo carecem da valorização na
saúde pública que seu impacto econômico e social bem
documentado deveria garantir.
Buscando suprir essa lacuna, ampliar o cuidado,
melhorar a escuta aos pacientes e captar as nuances
sociais e familiares ao mesmo tempo em que se produzam
dados científicos quantitativos, comparáveis e consis-
tentes, o presente estudo buscou ferramentas da medicina
de família e comunidade capazes de auxiliar essa tarefa.
FERRAMENTA PRACTICE
O acróstico PRACTICE (Presenting problem; Roles and
structure; Affect; Communication; Time in life cycle; Illness
in family; Coping with stress; Ecology) consiste num
instrumento de entrevista semiestruturada utilizado para
o entendimento da dinâmica familiar no enfrentamento
de problemas. Pode ser utilizado para organizar infor-
mações adquiridas da família em intervenções individuais
ou grupais, sempre de forma objetiva e focada no pro-
blema em questão. Serve como guia na investigação do
problema e pode-se realizá-lo mais como conversa que
como entrevista, sem seguir rigidamente sua ordem, mas
em geral inicia-se a aplicação do instrumento definindo-
se o problema apresentado, no caso, a cefaleia crônica
diária de um dos membros. Esse primeiro momento
pouco difere da queixa principal de uma avaliação
formal.
No segundo passo, Roles and structure, identificam-
se as regras e estrutura familiar, ou seja, explicita-se o
papel de cada membro do agrupamento familiar no
sistema e propõe-se a reflexão acerca das mudanças de
papéis ocorridas durante as crises de cefaleia ou ao
longo do período de cronificação da doença. Exemplos
de estruturas familiares possíveis são a família nuclear,
formada por familiares consanguíneos do paciente em
foco, possuindo geralmente um núcleo de casal com seus
filhos; as famílias monoparentais, formadas por um dos
pais biológicos e um ou mais filhos; a família reconstituída,
composta por membros de uma família que sofreu uma
ruptura e passou a exibir uma nova configuração.
Affect investiga o afeto entre os membros da família
diante do problema apresentado, os sentimentos de cada
membro, identificando pontos de apoio emocional tanto
quanto de tensão. A seguir busca-se compreender o
padrão de comunicação familiar, tanto verbal quanto
não verbal, em Communication. A definição do momento
no ciclo de vida da família ocorre através da observação
do entrevistador, ou seja, sem a necessidade de exterio-
rizar a questão, e auxilia a identificar as tensões mais
comumente apresentadas ao longo de cada uma das
fases evolutivas do grupamento familiar. Exemplos de
Time in life cycle possíveis são as famílias recém-cons-
tituídas, as famílias com filhos adolescentes e as famílias
chamadas de “ninho vazio”, onde o processo de desliga-
mento dos filhos adultos é iminente ou recente. Em Illness
in family investigam-se também outras doenças impor-
tantes na dinâmica familiar, presentes e passadas. A
penúltima etapa explora as estratégias de enfrentamento
de situações estressoras dos indivíduos. Há indivíduos,
por exemplo, que assumem posturas proativas diante dos
problemas, enquanto outros desestabilizam-se ou depri-
mem, sem direcionar seus esforços para a solução do
problema.
Por fim, em Ecology produz-se o genograma/eco-
mapa que permite ampliar e visualizar graficamente as
relações familiares, entre as diversas gerações (sugere-
se que o genograma estude no mínimo três gerações da
família) e a rede de apoio social, econômico e cultural,
bem como identificar situações de fragilidade social. A
PRACTICE E ICPC-2 NA ABORDAGEM DE PACIENTES ACOMETIDOS POR CEFALEIA CRÔNICA DIÁRIA
176 Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012
ferramenta utiliza símbolos padronizados para construir
a representação gráfica da dinâmica familiar capturada
nos itens anteriores, auxiliando a família a perceber
fragilidades na relação entre seus membros e com a
comunidade e demonstrando o impacto de eventos
ocorridos com um dos membros sobre os demais. Por
resgatar essas informações, o genograma/ecomapa
pode ensejar oportunidade de reflexões acerca do
problema; facilitar o planejamento de intervenções;
enfatizar barreiras e padrões de comunicação e explorar
aspectos emocionais. Mais que uma ferramenta de coleta
de dados, é parte do processo terapêutico.
(31)
O Anexo
01 apresenta o PRACTICE de um sujeito da pesquisa
plenamente preenchido. Tal abordagem é comumente
utilizada na atenção primária brasileira e na ESF.
FERRAMENTA ICPC-2
Ao longo das décadas de 60 e 70 diversos pesqui-
sadores buscaram desenvolver uma classificação que
atendesse às necessidades da atenção primária, onde
grande parte das vezes o médico lida com problemas e
não com diagnósticos. Após a conferência de Alma Ata
em 1978 esses esforços foram potencializados pelo
interesse da Organização Mundial de Saúde (OMS), um
processo que culminou em 1987 com a publicação da
International Classification of Primary Care (ICPC). Uma
revisão em 1998 possibilitou a comparabilidade de seus
códigos com a Classificação Internacional de Doenças
(CID-10).
(33)
A International Classification of Primary Care,
2
nd
edition (ICPC-2)
(34)
consiste nessa revisão da ICPC e
atua de maneira complementar à CID-10 nos serviços
de atenção primária à saúde.
(35)
Sua estrutura permite a
classificação das queixas do paciente da maneira como
são enunciadas, através de um sistema biaxial que com-
preende os sistemas orgânicos, psicológicos e sociais no
primeiro eixo enquanto o segundo eixo contempla as
características do relato.
(35)
O primeiro eixo é sempre com-
posto por uma letra e o segundo sempre por um número.
A ICPC-2 é composta por dezessete capítulos que podem
corresponder ao primeiro eixo do código, a saber, geral
e inespecífico (A); sangue, órgãos hematopoiéticos e linfá-
ticos (B); digestivo (D); olho (F); ouvido (H); circulatório
(K); musculoesquelético (L); neurológico (N); psicológico
(P); respiratório (R); pele (P); endocrinometabólico e
nutricional (T); urológico (U); gravidez e planejamento
familiar (W); aparelho genital feminino (X); aparelho
genital masculino (Y) e problemas sociais (Z). Estudos
nacionais demonstram a confiabilidade interobservador
desse instrumento, sugerindo um bom desempenho do
mesmo na codificação dos dados de inquéritos de saúde
compostos de questões abertas.
(35)
O presente artigo tem como objetivo descrever a
utilização da codificação do PRACTICE através do ICPC-
2 na abordagem da CCD num ambulatório de refe-
rência secundária em neurologia.
MÉTODOS
Trata-se de estudo transversal realizado em centro
de atendimento secundário em neurologia.
O CEASC da Unifenas-BH constitui a referência para
atendimento neurológico das Unidades Básicas de Saúde
(UBSs) da Região Norte de Belo Horizonte. A cidade de
Belo Horizonte, com população de aproximadamente
2,4 milhões de habitantes em 2010, localiza-se no sudeste
brasileiro e está dividida em nove regiões administrativas,
cabendo à Regional Norte a responsabilidade por cerca
de 200 mil habitantes, dos quais 11 mil famílias são
beneficiários do Programa Bolsa Família, que repassa
recursos a famílias com renda per capita de até
R$140,00.
(36)
A Regional Norte conta com 19 UBSs
responsáveis pela atenção primária à saúde da
população que referenciam casos de maior comple-
xidade e que demandam atendimento especializado ao
Centro de Especialidades Médicas Norte (CEM-Norte),
que através de parceria com a Unifenas-BH funciona
nas dependências do CEASC. O CEASC constitui unidade
de ensino, contando com a participação de acadêmicos
de medicina, enfermagem e nutrição, entre outros, no
atendimento à população e aliando rigor acadêmico e
científico aos princípios da humanização no atendimento
à saúde presentes no Sistema Único de Saúde (SUS) do
Brasil. Dados de estudo conduzido nessa unidade infor-
mam que a demanda por atendimento no ambulatório
de neurologia por queixas principais de cefaleia é de
30,7%,
(37)
dificultando por limitações de tempo e número
de profissionais a abordagem e intervenção nos aspectos
psicossociais dos pacientes acometidos por CCD, em
suma, o atendimento integral a esses pacientes.
Os participantes foram selecionados por médicos
neurologistas no ambulatório de neurologia do Centro
de Ensino e Atenção à Saúde da Comunidade Edson
Antônio Vellano (CEASC) durante as consultas neuro-
lógicas. Ao longo do primeiro semestre de 2010, 14 paci-
entes consecutivos diagnosticados por neurologistas
através do ICHD-II (International Classification of
Headache Disorders2
nd
Edition)
(5)
e apresentando CCD
PICARDI RT, SILVA JR AA, DIAS RB, SILVA ER, PICARDI PT, MEIRA FC, ET AL.
Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012 177
foram entrevistados por acadêmicos de medicina utili-
zando a ferramenta PRACTICE.
Os pacientes foram convidados à participação na
pesquisa através da assinatura de Termo de Consen-
timento Livre e Esclarecido (TCLE) previamente aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unifenas. As
informações colhidas foram então codificadas utilizando-
se o ICPC-2.
Os resultados foram utilizados na discussão dos casos
e na elaboração de estratégias de intervenção. O projeto
foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Unifenas.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 14 pacientes, 86% do
sexo feminino. Quanto à idade, a amostra apresentou
média de 42,71 anos, com mediana 38 e DP 12,06. A
escolaridade, avaliada em anos frequentados sem levar
em consideração o nível do ensino, apresentou média
de 10,21 anos, mediana 11 e DP 3,78.
Quanto às características cefaliátricas da amostra,
encontramos 86% de cefaleia por uso excessivo de
medicação sintomática, 7% de migrânea crônica com
aura e 7% de migrânea crônica sem aura. Em média os
pacientes relataram um período de evolução diária ou
quase diária da doença de 18,71 anos, com mediana
12,5 e DP 18,68. A frequência semanal de episódios
dolorosos foi de 5,21 dias por semana em média, com
mediana de 6 e DP 2,04.
A codificação do PRACTICE pelo ICPC-2 encontrou
no domínio Presenting problem relatos mais frequente-
mente pertencentes ao capítulo psicológico do ICPC-2,
como P01 (sensação de ansiedade/nervosismo/tensão)
em 57,1% dos casos; P03 (sensação de depressão) em
57,1%; P04 (sentir/comportar de forma irritável/zangada)
em 35,7%; P06 (perturbação de sono) 14,3%; P18
(abuso de medicação) em 85,7% dos casos.
Os domínios Roles and structure; Affect;
Communication e Ecology foram agrupados por abor-
darem aspectos sociofamiliares. Encontramos nesses
domínios uma queixa psicológica frequente, P04 em
21,4%. As demais queixas pertencem ao domínio social
do ICPC-2, como Z01 (pobreza/problemas econômicos)
em 35,7% dos casos; Z03 (problemas de habitação/
vizinhança) 35,7%; Z05 (problemas com condições de
trabalho) 14,3%; Z06 (problema de desemprego)
14,3%; Z10 (problema relacionado ao sistema de
saúde) 50%; Z11 (problema relacionado a estar doente)
14,3%; Z12 (problema relacional com parceiro) 42,8%;
Z20 (problema relacional com familiares) 85,7%; Z23
(perda/falecimento familiar) 28,6%; Z25 (ato ou
acontecimento violento) 21,4%; Z24 (problema
relacional com amigos) 21,4%. O domínio Time in life
cycle não foi codificado pelo ICPC-2. O domínio Illness
in family encontrou relato de história familiar de N01
(cefaleia) em 50% dos casos.
A Figura 1 representa um exemplo de elaboração
de PRACTICE e posterior codificação pelo ICPC-2
coletado na pesquisa.
DISCUSSÃO
A principal limitação do estudo relaciona-se à
exiguidade da amostra, apesar de termos encontrado
resultados condizentes com a literatura de cefaleias. O
achado de 86% da amostra pertencer ao sexo feminino
encontra eco no estudo de Radat e cols.(38), em que as
mulheres representavam 88,2% da população estudada
em centro terciário. Na série clássica de Mathew e cols.
(3)
a média de idade nos pacientes com migrânea trans-
formada foi 41±12 anos e a duração da migrânea
episódica até a transformação foi de 16±11 anos. Os
participantes do presente estudo apresentaram idade
média de 42,71 anos, com mediana 38 e DP 12,06 e
relataram um período de evolução diária ou quase diária
da doença de 18,71 anos, com mediana 12,5 e DP
18,68.
Quanto às características cefaliátricas da amostra,
o diagnóstico de CUEM em 86% é bem próximo da
série de Mathew et al. que encontrou prevalência de abuso
de medicações analgésicas em 87,2% dos casos.
(3)
O
abuso, quando presente, é a maior causa de cronificação
da dor
(4)
e relaciona-se à fisiopatologia da transfor-
mação da migrânea episódica em migrânea crônica
possivelmente devido à diminuição do limiar de dor nos
pacientes abusadores e ao prejudicar o efeito protetor
das medicações profiláticas.
(20)
Os pacientes abusadores
também apresentam maior prevalência de comorbidades
psiquiátricas.
(22)
A ferramenta PRACTICE, ao ampliar o foco do relato
para o espectro sociofamiliar, propicia ao paciente e ao
médico a reflexão acerca de fatores relacionados à
cronificação da cefaleia pouco abordados em consultas
formais. A Figura 1 mostra um exemplo de preenchimento
do PRACTICE e também um caso típico do esquema de
cronificação da cefaleia após eventos estressores e seu
impacto na dinâmica familiar da paciente.
PRACTICE E ICPC-2 NA ABORDAGEM DE PACIENTES ACOMETIDOS POR CEFALEIA CRÔNICA DIÁRIA
178 Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012
PICARDI RT, SILVA JR AA, DIAS RB, SILVA ER, PICARDI PT, MEIRA FC, ET AL.
Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012 179
A codificação através do ICPC-2 encontrou alta
prevalência de queixas reconhecidas por favorecer a
cronificação. Os dados da codificação não são plena-
mente comparáveis com a literatura, onde os trabalhos
buscam diagnósticos e não queixas, mas propiciam várias
reflexões interessantes. Estudos encontraram transtornos
ansiosos em 30% em pacientes migranosos
(39)
e 57,1%
em pacientes com CCD,
(22)
enquanto outros encontraram
RR de 5,3 para transtorno de ansiedade generalizada,
(40)
enquanto a queixa P01 (sensação de ansiedade/
nervosismo/tensão) foi encontrada em 57,1% da amostra.
A prevalência de transtornos depressivos na CCD pode
chegar a 45,7%;
(22)
encontramos o código P03 (sensação
de depressão) em 57,1% dos casos. Micieli et al.
relacionaram a transformação da migrânea episódica
em crônica com distúrbios do sono em 19% dos casos;
(41)
P06 (perturbação de sono) foi queixa em 14,3% da
amostra. Esses dados sugerem que seria interessante
estudar o valor preditivo positivo das queixas psiquiátricas
utilizando o ICPC-2.
Nos domínios PRACTICE relacionados a aspectos
sócio-familiares, pode-se identificar códigos ICPC como
Z20 (problema relacional com familiares) em 85,7% dos
casos e Z05 (problemas com condições de trabalho) em
14,3%, enquanto Sandrini et al. encontraram situações
de estresse familiar em 21,3% e situações de estresse no
trabalho em 16%, sugerindo que o ICPC-2 possa ser
mais sensível na identificação de atritos familiares. A lite-
ratura aponta que fatores existenciais traumáticos podem
estar relacionados à cronificação na CCD em 11,9%
dos casos;
(41)
segundo nossa amostra o ambiente socio-
familiar em 21,4% dos pacientes se relaciona a Z25 (ato
ou acontecimento violento).
O código Z10 (problema relacionado ao sistema
de saúde) foi identificado em 50% dos casos. O fato
levanta a problemática da elevada demanda desses
pacientes aos serviços de saúde, fato muito comentado
pelos profissionais e que carece de dados objetivos. O
código Z03 (problema relacionado a habitação/vizi-
nhança) encontrado em 35,7% dos casos pode ser
explicado pela condição comum na região estudada de
erigirem-se várias residências no mesmo lote, levando à
convivência com extensos grupamentos familiares.
CONCLUSÃO
A amostra apresentou características compatíveis com
a literatura. A codificação do ICPC-2 indicou fatores
reconhecidamente envolvidos na manutenção do quadro.
O presente estudo é o primeiro utilizando as ferramentas
PRACTICE e ICPC-2 na CCD e nas cefaleias em geral e
a codificação dos dados qualitativos obtidos pelo
PRACTICE através da ICPC-2, possibilitando a análise
quantitativa dos relatos, não foi utilizada em outros
trabalhos pelo que temos conhecimento até o momento.
Os autores não encontraram trabalhos semelhantes na
literatura nacional e internacional. Sua relevância clínica
relaciona-se à possibilidade de ampliar o acolhimento e
cuidado ao paciente através de ferramentas capazes de
perceber o indivíduo como parte de um sistema biopsi-
cossocial. A produção de dados quantitativos acerca de
fenômenos sociofamiliares nessa população possibilita
a materialização objetiva de percepções clínicas pra-
ticamente consensuais entre os cefaliatras que encontram
pouco espaço em pesquisas científicas em parte devido
a pouca familiaridade da maioria dos pesquisadores
da área com pesquisas qualitativas. Sua relevância na
saúde pública se dá através do desbravamento da
utilização na CCD de instrumentos já amplamente
utilizados para outras doenças crônicas no âmbito da
ESF. Isso representa uma movimentação que pode com
o tempo contribuir para corrigir a pouca atenção dada
à CCD na ESF a despeito de sua elevada incidência na
população em geral e do bem documentado impacto
econômico e na qualidade de vida.
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PRACTICE E ICPC-2 NA ABORDAGEM DE PACIENTES ACOMETIDOS POR CEFALEIA CRÔNICA DIÁRIA
180 Headache Medicine, v.3, n.4, p.173-180, Oct./Nov./Dec. 2012
Correspondência
RR
RR
R
afael de Tafael de T
afael de Tafael de T
afael de T
asso Almada Passo Almada P
asso Almada Passo Almada P
asso Almada P
icardiicardi
icardiicardi
icardi
Rua Flórida, 40, Apt 01 – Carmo
30310710 – Belo Horizonte, MG
Recebido: 07/12/2012
Aceito: 20/12/2012
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