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Headache Medicine, v.3
, n.1, p.46-47, Jan./Feb./Mar. 2012
Cefaleia no Nordeste do Brasil e o idealismo de
José Martônio Ferreira de Almeida
Headache in northeastern Brazil and the idealism of José Martônio
Ferreira de Almeida
O cefaliatra baiano José Martônio Ferreira de
Almeida faleceu no dia quatro de fevereiro de 2010,
por ter perdido uma batalha corajosa contra a doença
de Parkinson. Teve o diagnóstico dessa doença há alguns
anos e lutava, bravamente, contra ela.
A Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) perdeu
um de seus mais ilustres membros. Por outro lado, sente-
se honrada em poder testemunhar a grandeza desse
homem que ganhou a dimensão de ser, definitivamente,
uma figura ímpar. Acima de suas qualidades profis-
sionais, estava o homem gentil e carismático, que sabia
fazer amigos e conquistar admiradores. Durante a sua
permanência na SBCe, conseguiu entrelaçar em
amizade aqueles neurologistas que cruzaram o seu
caminho.
Martônio foi o fiel escudeiro do eminente cefaliatra
Edgard Raffaelli Júnior (1930-2006) e o verdadeiro
responsável pela divulgação da cefaleia em vários esta-
dos nordestinos.
O estudo da cefaleia no Nordeste se iniciou em
Pernambuco, no início na década de 1960, com o
neurologista Wilson Farias da Silva (1933-2008). Ele foi
o autor das primeiras publicações sobre esse tema, na
América Latina.
(1,2)
Além disso, foi, também, um dos mem-
bros fundadores da SBCe.
(1,3-6)
Apesar de todo o conhecimento científico de Wilson
Farias, o estudo das cefaleias no Nordeste se restringia a
Pernambuco. Devido a SBCe ter sido fundada em São
Paulo, ficou limitada a esse estado e ao Rio de Janeiro,
com pequenas incursões pelo Sul do País. Contudo, era
Raimundo Pereira da Silva-Néto
Neurologista e Membro da Sociedade Brasileira de Cefaléia
Centro de Neurologia e Cefaléia do Piauí – Teresina, PI, Brasil
Silva-Néto RP. Cefaleia no Nordeste do Brasil e o idealismo de José Martônio Ferreira de Almeida.
Headache Medicine. 2012;3(1):46-7
necessário que alguém abrisse as portas do Norte e do
Nordeste.
(3,6)
Aproximadamente, em 1986, Edgard Raffaelli pediu
a Martônio, que era membro da SBCe há alguns anos,
que organizasse cursos de cefaleia em Salvador, na Bahia
e, se possível, em outros estados da região nordeste. E
assim o fez. Além de abrir as portas da Bahia, levou a
SBCe a Sergipe, Alagoas e ao Rio Grande do Norte,
emprestando ainda o seu auxílio para que a Paraíba e o
Ceará também entrassem na SBCe.
(3)
No ano de 2002,
visitou o Piauí, convidado por Raffaelli, para ministrar
várias aulas no I Congresso Piauiense de Cefaleia, em
Teresina. Ele cumpriu a sua missão: foi o verdadeiro
embaixador da cefaliatria no Nordeste. Inegavelmente,
um idealista.
Raffaelli o considerava seu discípulo e, por ele,
dedicava uma verdadeira amizade e gratidão. Era assim
que se referia a esse baiano: "um verdadeiro pé-de-boi,
um idealista, se tivéssemos mais Martônios pelo Brasil
afora, não estaríamos hoje confinados à área litorânea,
com todo o Centro-Oeste e grande parte do Norte ainda,
praticamente, virgens no campo da cefaleia".
(3)
Na sua missão de propagar a cefaleia no Nordeste,
organizou, no Othon Palace Hotel, em Salvador, o I Sim-
pósio Nacional de Cefaleia, nos dias 13 e 14 de março
de 1995. Nesse mesmo hotel, presidiu o XIII Congresso
Brasileiro de Cefaleia, no período de 13 a 15 de maio
de 1999.
(3)
Foi membro atuante da SCBe desde a sua fundação.
Sua presença era destaque em todas as reuniões da
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