26 Headache Medicine, v.3, n.1, p.26-35, Jan./Feb./Mar. 2012
Comparação da percepção da qualidade de vida
entre migranosos, diabéticos e voluntários sadios
por meio do Brazilian SF-36
Comparison of quality of life perception between migraineurs, diabetics
and healthy volunteers through Brazilian SF-36
RESUMORESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
O presente estudo teve o objetivo de comparar a qualidade
de vida (QV) entre três grupos, um de migranosos, um de
diabéticos e um de voluntários sadios, cada um deles com-
posto por quarenta integrantes. Em cada grupo foi aplicado
o questionário SF-36, que avalia oito categorias: capacidade
funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral,
vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, e saúde
mental. Cada escore recebe pontuação de 0-100, e os
pacientes foram agrupados em dois grupos: baixa QV (0-60
pontos) e boa QV (61-100 pontos). A presença de diabetes
mellitus ou migrânea acarretou uma diminuição na QV dos
pacientes, sendo que o acometimento foi maior quando esse
paciente apresentava migrânea. As categorias que parecem
ter sido mais afetadas foram capacidade funcional, limitação
por aspectos físicos, dor e saúde mental.
PP
PP
P
alavrasalavras
alavrasalavras
alavras
--
--
-
chave: chave:
chave: chave:
chave: Migrânea; Profilaxia da migrânea; Qua-
lidade de vida; Brazilian SF-36
ORIGINAL ARTICLEORIGINAL ARTICLE
ORIGINAL ARTICLEORIGINAL ARTICLE
ORIGINAL ARTICLE
Regina Mendonça Peixoto
1
, Paula Roman Rodrigues
1
, Liliana Chevtchouk
2
,
Dilermando Fazito de Resende
3
, Mauro Eduardo Jurno
4
1
Acadêmica. Faculdade de Medicina de Barbacena – FAME/FUNJOB, Barbacena, MG, Brasil
2
Endocrinologista e Preceptora da Residência de Clínica Médica, Hospital Regional de
Barbacena – HRB-FHEMIG, Barbacena, MG, Brasil
3
Professor de Estatística da Faculdade de Medicina de Barbacena – FAME/FUNJOB, Barbacena, MG, Brasil
4
Professor da Faculdade de Medicina de Barbacena e Coordenador da
Residência de Clínica Médica, Hospital Regional de Barbacena – HRB-FHEMIG, Barbacena, MG, Brasil
Este estudo foi realizado no Ambulatório de Neurologia da Residência de Clínica Médica do
Hospital Regional de Barbacena – HRB-FHEMIG e no Ambulatório de Endocrinologia da
Associação dos Diabéticos de Barbacena – ASSODIBAR
Peixoto RM, Rodrigues PR, Chevtchouk L, Resende DF, Jurno ME
Comparação da percepção da qualidade de vida entre migranosos, diabéticos e
voluntários sadios através do Brazilian SF-36 Headache Medicine. 2012;3(1):26-35
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
This study aimed to compare quality of life (QoL) among
three groups of forty people each, consisting in a group of
migraineurs, a group of diabetics and a group of healthy
subjects. The three groups were submitted to the Brazilian
version of SF-36, a questionnaire that includes eight domains:
physical functioning, limitations due to physical aspects, pain,
general health, vitality, social aspects, emotional aspects and
mental health. Each item receives a score of 0-100, and
patients were grouped into two groups: low QoL (0-60) a
good QoL (61-100) points. The presence migraine or diabetes
mellitus lead to a decrease in patients QoL that was greater
in the migraineurs. The domains that appear to be most
affected were physical functioning, limitations due to physical
pain and mental health.
Keywords: Keywords:
Keywords: Keywords:
Keywords: Migraine; Migraine prophylaxis; Quality of life;
Brazilian SF-36
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INTRODUÇÃO
A migrânea causa um grande impacto na saúde de
seus portadores e na sociedade em geral. Afeta por vol-
ta de 18% das mulheres e cerca de 6% dos homens du-
rante toda sua vida útil, com pico de prevalência da do-
ença entre 25 e 55 anos de idade.
(1)
Por ser caracterizada como uma dor de forte intensi-
dade, latejante/pulsátil, associada a outros sintomas
acompanhantes, tais como sensibilidade à luz e aos sons
e ainda náuseas e vômitos, ela impossibilita, durante as
crises, o paciente a desenvolver suas atividades habitu-
ais, apresentando um importante significado clínico.
(2)
Sabe-se que indivíduos com migrânea seleciona-
dos da população geral têm menor qualidade de vida
(QV), medida por outra escala, a SF-12, em compara-
ção com os controles não migranosos. Além disso, a
migrânea e a depressão, que são altamente comórbidas,
exercem uma influência significativa na QV.
(3)
Uma pesquisa que utilizou outro instrumento de
medida de impacto na vida de migranosos, o Migraine
Disability Assessment Questionnaire (MIDAS), também
confirmou o impacto negativo que a migrânea causa
em seus portadores.
(4)
De forma análoga, o impacto do diabetes mellitus
(DM) na vida dos pacientes, em particular aquele causa-
do pelo tipo não insulino-dependente, que corresponde a
90% dos casos, é evidente.
(6)
No Brasil, o DM atinge 7,6%
da população adulta e há projeção de crescimento da
ordem de 88% até 2030.
(5)
Juntos, o DM, as doenças
isquêmicas do coração e as doenças cerebrovasculares
contribuem com 14,7% do total de DALY (disability-adjusted
life years) em nosso país. Espera-se que o DM venha a ter
um crescente impacto sobre a perda de anos de vida por
morte prematura e incapacidade no mundo, e que se
deslocará de 11ª para 7ª causa de morte em 2030.
(7)
Existem também estudos que atribuem a migranosos
uma sensibilidade à insulina alterada durante a realiza-
ção do Teste de Tolerância à Glicose (TTG). As concen-
trações plasmáticas de glicose em migranosos não obe-
sos, não diabéticos foram significativamente maiores que
nos controles. Os índices de sensibilidade à insulina san-
guínea, derivados TTG e os valores de IMC mostraram
uma condição de resistência à insulina em portadores
de migrânea. Não houve diferença significativa entre
migrânea com aura e migrânea sem aura.
(8)
O Brazilian SF-36 é uma versão em português do
Medical Outcomes Study 36, traduzido e validado para
a língua portuguesa,
(9)
que considera a percepção dos
indivíduos quanto ao seu próprio estado de saúde e con-
templa os aspectos mais representativos da saúde.
(10)
É
também do tipo autoaplicável, de fácil administração e
compreensão.
Nesta pesquisa avaliou-se a percepção que os indi-
víduos portadores de migrânea e os diabéticos têm de
seu estado de saúde pessoal, através da aplicação do
Brazilian SF-36 e, compararam-se os resultados obtidos
entre os dois grupos de pacientes.
Acreditamos ser uma pesquisa inédita em seu esco-
po e de grande importância, pois busca entender a ava-
liação que os pacientes fazem de seu próprio estado de
saúde, possibilitando assim interpretarmos
o impacto que
estas duas entidades de grande importância clínica
provocam na vida destas pessoas.
MATERIAL E MÉTODOS
Delineamento do estudoDelineamento do estudo
Delineamento do estudoDelineamento do estudo
Delineamento do estudo
Este é um estudo de corte transversal sobre qualida-
de de vida, medida pelo questionário Brazilian SF-36.
O estudo consistiu na seleção de uma amostra de
três tipos de sujeitos (migranosos, diabéticos e voluntá-
rios sadios) e na aplicação do questionário SF-36 aos
seus componentes com o objetivo de determinar possí-
veis diferenças entre os três grupos quanto às frequências
das respostas.
O estudo foi realizado no período entre agosto e
dezembro de 2010 com um total de 120 pacientes, sen-
do estes divididos em três grupos: migranosos, diabéti-
cos e voluntários sadios, com quarenta pacientes cada.
O grupo de migranosos foi composto por pacientes do
ambulatório de cefaleia da Residência de Clínica Médi-
ca do Hospital Regional de Barbacena, da Fundação
Hospitalar do Estado de Minas Gerais – HRB-FHEMIG,
selecionados sequencialmente e que tinham diagnóstico
prévio de migrânea. Os pacientes diabéticos foram re-
crutados entre os pacientes da Associação dos Diabéti-
cos de Barbacena – ASSODIBAR, com diagnóstico pré-
vio de diabetes e selecionados também de forma sequen-
cial. O grupo de voluntários sadios foi formado por alu-
nos da Faculdade de Medicina de Barbacena, escolhi-
dos de forma casual dentre os alunos do primeiro ao
nono períodos do segundo semestre de 2010, sem di-
agnóstico prévio de diabetes e/ou migrânea. Para se-
rem incluídos no estudo, os pacientes e voluntários que
concordaram em participar, e que estavam enquadrado
na idade do estudo (18-60 anos), assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ENTRE MIGRANOSOS, DIABÉTICOS E VOLUNTÁRIOS SADIOS
POR MEIO DO BRAZILIAN SF-36
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PEIXOTO RM, RODRIGUES PR, CHEVTCHOUK L, RESENDE DF, JURNO ME
Foram excluídos desta pesquisa aqueles indivíduos
que não preenchiam os critérios de inclusão, os que se
recusaram a participar e aqueles que apresentavam mais
que uma patologia concomitante.
Os pacientes foram submetidos à entrevista do ques-
tionário Brazilian SF-36, que é estruturado em 36 per-
guntas, relacionadas com as atividades dos entrevista-
dos. O questionário é composto de questões fechadas
que, após a análise das respostas, são separadas em
oito categorias: Capacidade funcional, Limitação por
aspectos físicos, Dor, Estado geral da saúde, Vitalidade,
Aspectos sociais, Aspectos emocionais e Saúde mental.
Para cada categoria o questionário apresenta uma pon-
tuação de 0 a 100 pontos. Para critério de análise, esses
pontos foram divididos em duas categorias, a primeira
de 0-60 pontos, na qual os pacientes foram classifica-
dos como baixa qualidade de vida, e a segunda de 61-
100 pontos, na qual os pacientes foram classificados
como boa qualidade de vida.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise
pelo software Stata 10. Foram construídas as distribui-
ções de frequência e calculadas as médias, desvios pa-
drões e percentuais indicados para cada variável. A com-
paração dos três grupos foi efetuada em tabelas de con-
tingência tipo RxC ou tabelas de ANOVA, quando
indicadas. Testes do qui-quadrado (χ²), exato de Fisher,
e Fisher para tabelas de ANOVA foram utilizados na afe-
rição do significado estatístico das grandezas compara-
das. O ajuste das diferenças encontradas na análise
multivariada às diferentes distribuições de sexo e idade
dos três grupos de pacientes foi realizado por modelo
de regressão logística multinomial, projetado para re-
mover tais efeitos das comparações e para localizar as
diferenças encontradas nas tabelas RxC. Foram consi-
deradas diferenças estatísticas significativas aquelas cujo
valor de p foi menor que 0,05.
No tocante aos aspectos éticos, não houve conflitos
de interesse, e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da FHEMIG (CEP-FHEMIG), sob o nº
de registro 045/2010, de 12 de agosto de 2010.
RESULTADOS
A comparação quanto à frequência de sexo, idade e
idade média entre os três grupos encontra-se na Tabela 1.
Conforme informado anteriormente foram deter-
minados para cada grupo de pacientes escores de oito
dimensões de qualidade de vida extraídos do questio-
nário Brazilian SF36.
As comparações dos três grupos segundo as
frequências de pacientes enquadrados em categorias de
"baixa" (0-60 pontos) e "boa" (61-100 pontos) qualida-
de de vida são apresentadas na Tabela 2, com os res-
pectivos resultados do teste exato de Fisher.
Os valores de z e p obtidos em modelo de regres-
são logística multinomial para localização de diferenças
observadas na Tabela 1 são apresentados na Tabela 3.
Nesta tabela são apresentados os valores mencionados
para cada comparação dois a dois, entre os grupos de
pacientes, e para as frequências de pacientes enqua-
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drados em "baixa" e "boa" qualidade de vida em todos
os escores. Os valores apresentados na tabela testam as
diferenças entre os grupos após ajustar-se essas diferen-
ças aos efeitos das distintas composições de sexo e ida-
de de cada grupo.
DISCUSSÃO
Os três grupos se caracterizaram por serem com-
postos de mais de dois terços de mulheres, sendo que no
grupo de migranosos os pacientes do sexo feminino pre-
dominam quase que de forma absoluta. A diferença entre
os três grupos foi significativa (p=0,009). Ficou evidente
que os três grupos são diferentes sendo que a tal fato
resulta possivelmente do critério de seleção para escolha
de cada um deles.
Quanto à idade houve predomínio de indivíduos
acima de 30 anos nos grupos de diabéticos e migranosos,
enquanto que 100% dos voluntários apresentavam me-
nos de 30 anos. A diferença detectada entre os grupos,
p<0,001, pode ser atribuída quase que exclusivamente
ao contraste dos voluntários com os outros dois grupos.
Pode-se notar que a diferença entre os grupos quanto à
idade é também verificada quando se comparam idade
média de seus pacientes.
No que se refere à migrânea, os estudos epide-
miológicos confirmam a tendência do predomínio desta
patologia nas mulheres e com pico de incidência entre a
segunda e terceira décadas de vida.
(11)
A avaliação da possível associação entre a migrânea
e o diabetes com indicadores de qualidade de vida
medida pelo Brazilian SF-36, foi realizada com a pontu-
ação recebida por cada paciente em oito dimensões
abrangidas pelo questionário. Na avaliação, levou-se
em conta as diferenças entre os três grupos quanto a
idade e sexo, nas tentativas de se localizar as diferenças
observadas entre eles em modelos de regressão logística
multinomial.
Capacidade funcionalCapacidade funcional
Capacidade funcionalCapacidade funcional
Capacidade funcional
A comparação entre os três grupos segundo a
frequência de duas categorias de pontuação, 0-60 (baixa
qualidade de vida) e 61-100 (boa qualidade de vida),
observou-se em primeiro lugar que mais de 90% dos
voluntários sadios apresentam pontuação acima de 60
pontos, enquanto que esse percentual cai para 60% en-
tre os diabéticos e um pouco menos de 60% entre os
migranosos. A diferença na comparação simultânea en-
tre os três grupos foi significativa (p=0,001) e os dados
sugerem que os grupos de migranosos e diabéticos apre-
sentaram quase a mesma frequência de pontuação
indicativa de má qualidade de vida - cerca de 40% dos
pacientes - enquanto que no grupo de voluntários esse
percentual foi bastante baixo (cerca de 7,5%). Parece
que, de fato, a presença de diabetes e/ou migrânea
acarretam mais frequentemente baixa capacidade fun-
cional.
Ao considerar-se por outro lado a diferença entre
dois grupos, quanto à idade e ao sexo, tornou-se
necessário verificar o efeito destas duas últimas variáveis
sobre a diferença na capacidade funcional dos grupos
estudados. O ajuste do efeito destas variáveis sobre as
relações da capacidade funcional com os diabéticos,
migranosos e voluntários foi feito na localização das
diferenças quando os grupos são comparados dois a
dois.
Ao comparar-se o grupo de voluntários com o gru-
po de diabéticos para baixa qualidade de vida, existe
diferença entre eles (p<0,001). A quantidade de paci-
entes classificados como "baixa qualidade de vida foi
cerca de cinco vezes maior nos diabéticos do que nos
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PEIXOTO RM, RODRIGUES PR, CHEVTCHOUK L, RESENDE DF, JURNO ME
voluntários sadios. Os próprios pacientes referem que
houve uma piora na qualidade de vida em relação à
realização de atividades corriqueiras do dia-a-dia, como
as que foram abordadas no questionário. A diferença
não foi detectada entre os grupos com boa capacidade
funcional (p=0,084).
Quando se observa a comparação de frequências
entre o grupo de voluntários e migranosos a diferença
é novamente significativa (p=0,004) e nos mostra que
os pacientes acometidos pela migrânea também apre-
sentam uma piora na qualidade de vida frente os vo-
luntários sadios. Ocorre aqui um aumento de cinco vezes
no número de pacientes classificados como "baixa qua-
lidade de vida. Ao se compararem os pacientes com
boa capacidade funcional não foi detectada diferença
(p=0,055).
Quando se analisa a diferença entre migranosos e
diabéticos verifica-se que ela também é significativa
(p=0,002), apesar da frequência de pacientes migra-
nosos classificados como "baixa qualidade de vida" ser
apenas 2,5 pontos percentuais maior que a frequência
dos pacientes diabéticos. A diferença entre esses dois
grupos quanto à "boa qualidade de vida" não foi signi-
ficativa (p=0,998).
Os resultados das Tabelas 1 e 2 para capacidade
funcional possibilitaram concluir que, de fato, a presen-
ça de migrânea e/ou diabetes concorreu para a redu-
ção da capacidade funcional do paciente, frente aos
pacientes que não apresentavam as doenças citadas.
Este tipo de análise possibilita determinar que a diferen-
ça entre os três grupos decorre de fato das diferenças
entre voluntários e diabéticos, voluntários e migranosos
e diabéticos e migranosos, quanto às respectivas fre-
quências de pacientes classificados em baixa qualidade
de vida. Em outras palavras, no grupo de diabéticos e
migranosos os pacientes com baixa qualidade de vida
são mais frequentes do que entre voluntários e que os
migranosos acusam mais frequentemente essa condição
que os próprios diabéticos.
Limitação por aspectos físicosLimitação por aspectos físicos
Limitação por aspectos físicosLimitação por aspectos físicos
Limitação por aspectos físicos
A comparação das frequências desta categoria
mostrou primeiramente que mais de 80% dos pacientes
voluntários encontram-se com pontuação maior de 60
pontos. Em contraponto, os diabéticos com esta pontua-
ção são menos de 50% e os migranosos foram apenas
30%, mostrando uma queda acentuada na qualidade
de vida dos pacientes. A diferença estatística encontrada
quando se compararam os três grupos simultaneamente
foi significativa (p<0,001), e a análise dos dados sugeriu
que o grupo de migranosos e diabéticos apresentava
má qualidade de vida na categoria de limitação por
aspectos físicos, sendo que os migranosos parecem ser
mais afetados que os diabéticos (30% contra 50% dos
diabéticos). Enquanto isso, no grupo de diabéticos, a
porcentagem de voluntários com pontuação inferior a
60 pontos foi bem menor – um pouco menos de 40%
dos pacientes.
O ajuste da diferença entre os três grupos nos
aspectos físicos pela composição por sexo e idade des-
tes grupos mostrou que de fato existe diferença entre eles,
quando analisados dois a dois. Observou-se que são
mais frequentes os pacientes doentes com baixa quali-
dade de vida do que os pacientes voluntários.
De fato, a diferença entre o grupo de voluntários e
diabéticos foi significativa (p<0,001). Ocorre um aumen-
to de três vezes no número de pacientes classificados com
baixa qualidade de vida para esta categoria, frente aos
voluntários sadios. Outros estudos mostram que 11,2%
dos pacientes com diagnóstico de diabetes, quando
questionados para a prática esportiva,
(¹²)
relatam que
existe uma limitação física, a qual pode ser considerada
uma abordagem quanto aos aspectos físicos. A limitação
física, juntamente com as complicações do diabetes,
fazem com que a qualidade de vida destes pacientes
seja muito afetada.
(13)
A classificação com boa qualidade
de vida para esta categoria apresentou diferença
(p=0,015).
Quando se comparam os voluntários e os migranosos
observa-se que também existe significância importante
(p=0,002) e a frequência de baixa qualidade de vida
para pacientes migranosos é quatro vezes maior que para
os voluntários sadios. Parece que os pacientes migranosos
apresentam diminuição da capacidade física. A presen-
ça da migrânea acarreta uma dificuldade em realizar
atividades físicas ou que exijam boa condição física do
paciente. Em concordância, outro estudo mostra que os
pacientes migranosos apresentam alterações e limitações
físicas pelo fato da presença da migrânea, dificultando
ou até impedindo a execução de atividades físicas.
(11)
Essa diferença também pode ser notada quando se
comparam os pacientes enquadrados como boa quali-
dade de vida (p=0,001).
Ao se comparar o grupo de migranosos com o
grupo de diabéticos percebe-se que existe diferença es-
tatística entre eles (p=0,001). A frequência de má qua-
lidade de vida é aqui também maior entre os migranosos
do que entre os diabéticos. Os migranosos apresenta-
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ram 33% mais pacientes com esta classificação. A di-
ferença entre os grupos não é significativa quando se
analisa a categoria de boa qualidade de vida
(p=0,367).
A análise dos resultados das Tabelas 1 e 2 possibi-
litou concluir que existe de fato interferência na qualida-
de de vida para os aspectos físicos quando o paciente
apresenta o diagnóstico de diabetes e/ou migrânea e
que nesse aspecto da qualidade de vida os migranosos
apresentam piores classificações.
DorDor
DorDor
Dor
Ao observar a categoria sob o aspecto dos três gru-
pos, observou-se que a extrema maioria dos voluntári-
os, mais de 90% dos pacientes, apresentavam boa qua-
lidade de vida para a dor; em contrapartida, os diabé-
ticos enquadraram seus pacientes em pouco mais de 50%
e os migranosos em 50%. A diferença entre os três grupos
foi significativa (p<0,001) e mostrou que os migranosos
e os diabéticos apresentaram piora na qualidade de vida
em relação a essa categoria. Cerca de 50% dos pacien-
tes, em ambos os casos, apresentavam má qualidade
de vida. O grupo de voluntários apresentou uma taxa
muito baixa, menos de 10%, classificados nesta catego-
ria. Parece então que a presença de migrânea e/ou dia-
betes diminui a qualidade de vida dos pacientes afeta-
dos.
A análise das diferenças entre os grupos dois a dois,
quando o sexo e a idade são considerados com fatores
de viés, mostrou que a frequência da dor é maior entre
os diabéticos e migranosos do que entre os voluntários.
O grupo de voluntários foi diferente do grupo de
diabéticos (p<0,001) quando comparou-se a frequência
dos que acusaram qualquer tipo de dor. A frequência de
diabéticos classificados com baixa qualidade de vida
neste quesito foi cerca de 6,3 vezes a quantidade de
voluntários sadios para a mesma categoria. A presença
do diabetes diminuiu o limiar de percepção da dor dos
pacientes, fazendo com eles apresentassem maior
frequência nas queixas. Ao observar a categoria com
alta qualidade de vida, vê-se que essa diferença tam-
bém existe (p=0,010).
A comparação de migranosos com voluntários de-
monstra a mesma diferença (p=0,005). A frequência de
pacientes com migrânea, nessa categoria, foi também
cerca de 6,5 maior que a quantidade de pacientes vo-
luntários. A migrânea cursou com dor intensa e parece
interferir muito na qualidade de vida dos pacientes. Em
outro estudo, a presença da migrânea fez com que os
pacientes apresentassem maiores episódios de dor do
que pacientes que não apresentam a doença.
(11)
Quan-
do se analisa a categoria de boa qualidade de vida,
tem-se que essa diferença também existe (p=0,011).
A comparação entre diabéticos e migranosos mos-
trou que existe diferença estatística entre eles (p=0,001),
apesar dos migranosos apresentarem dor com frequência
2,5% maior que os diabéticos. A frequência de pacien-
tes com migrânea e com diabetes que estão classifica-
dos na categoria de baixa qualidade de vida é pratica-
mente a mesma, sendo que o grupo de migranosos apre-
senta 2,5% mais chance que o grupo de diabéticos.
Ambos os grupos acusaram a dor mais frequentemente
que as pessoas sadias, e os migranosos apresentaram
episódios de dor mais frequentemente que os diabéti-
cos. A diferença entre os grupos não é observada na
categoria de boa qualidade de vida (p=0,580).
Estado geralEstado geral
Estado geralEstado geral
Estado geral
O contraste dos três grupos quanto à frequência da
pontuação do Estado Geral da Saúde mostrou que 70%
dos voluntários se enquadraram na classificação de boa
qualidade de vida, ou seja, apresentam mais de 60
pontos. Em contrapartida, os diabéticos enquadrados
nesta categoria são 40% e os migranosos não passam
de 40%. A análise das diferenças simultâneas entre os
três grupos mostra que as frequências do Estado geral
da saúde são distintas (p=0,024) e nos mostra que o
estado geral do paciente frente à sua saúde e às suas
atividades laborativas apresentava-se diminuída. Obser-
va-se que 50% dos diabéticos e que 60% dos migranosos
apresentaram baixa qualidade de vida para essa cate-
goria, enquanto os voluntários são apenas 30% com essa
classificação.
A comparação dois a dois dos três grupos, ajusta-
da pelo sexo e idade, mostrou que, na classificação de
baixa qualidade de vida, é mais frequente a presença
dos pacientes doentes em relação aos voluntários sadi-
os, chegando a ser o dobro o número de pacientes migra-
nosos com baixa qualidade de vida quando compara-
dos aos voluntários.
A diferença entre voluntários e diabéticos quanto ao
Estado geral foi significativa (p<0,001). A frequência
de pacientes diabéticos classificados com menos de 60
pontos para essa categoria foi cerca de 65% maior que
a frequência dos voluntários sadios. Segundo estudos
anteriores, os pacientes diabéticos relatam que identifi-
cam uma piora no estado geral da saúde.
(13)
Quando
se observa a categoria de boa qualidade de vida, com
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POR MEIO DO BRAZILIAN SF-36
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PEIXOTO RM, RODRIGUES PR, CHEVTCHOUK L, RESENDE DF, JURNO ME
mais de 60 pontos, essa diferença não pode ser obser-
vada (p=0,508).
Quando se contrapõe o grupo de voluntários ao de
migranosos percebe-se que existiu também diferença entre
eles (p<0,001). A frequência de pacientes com migrânea
e baixa qualidade de vida foi duas vezes maior que o
número de voluntários classificados nesta categoria. A
presença da migrânea acarretou uma piora no estado
geral desse paciente. Essa diferença não foi encontrada
quando comparamos os pacientes classificados com boa
qualidade de vida (p=0,472).
Ao comparar-se o grupo de diabéticos e o grupo
de migranosos, observou-se também que existiu diferen-
ça estatística entre os dois grupos quanto ao Estado geral
da saúde (p<0,001). A frequência de migranosos com
menos de 60 pontos foi 20% maior que a frequência de
diabéticos com essa faixa de pontuação. Com isso, vimos
que os migranosos apresentaram uma piora mais signi-
ficativa na qualidade de vida. Ao analisar-se a catego-
ria com boa qualidade de vida, a diferença não é signifi-
cativa (p=0,078)
As diferenças consideradas para o Estado geral da
saúde possibilitam concluir que a migrânea e o diabe-
tes estão associados com a piora do Estado geral da
saúde e que a migrânea apresenta novamente pior
escore.
VitalidadeVitalidade
VitalidadeVitalidade
Vitalidade
A comparação entre os voluntários, diabéticos e
migranosos quanto ao escore de vitalidade mostra que
apenas 45% dos voluntários tiveram pontuação acima
de 60 pontos, ou seja, que apresentam boa qualidade
de vida neste quesito. Os migranosos são pouco menos
de 40%. Contrapondo a esses resultados, 70% dos dia-
béticos se enquadram na categoria que apresentam uma
boa qualidade de vida. A diferença entre os três grupos
foi significativa (p=0,010) e os dados sugeriram que o
grupo de migranosos teve um comportamento bem pa-
recido com o grupo de voluntários sadios e que os dia-
béticos foram os que menos frequentemente se enqua-
dram com classificação de baixa vitalidade. Afinal, os
voluntários apresentaram 55% dos pacientes classifica-
dos com menos de 60 pontos, ou seja, com uma má
qualidade de vida, e os migranosos com pouco mais de
60% dos pacientes nesta situação. Os diabéticos apre-
sentaram apenas 30% de seus componentes nessa cate-
goria.
A comparação dos grupos dois a dois ajustada pela
idade e sexo mostrou que diabéticos, migranosos e
voluntários são diferentes entre si quanto aos baixos
escores de vitalidade.
Os voluntários e os diabéticos são diferentes quan-
to à frequência para os baixos índices de vitalidade
(p<0,001). O número de diabéticos com má qualida-
de de vida foi quase 50% menor que o número de
voluntários com má qualidade de vida. A frequência
de voluntários com má qualidade de vida para esse
quesito foi quase o dobro que a frequência de diabé-
ticos e sugere estranhamente que esses últimos apre-
sentam mais frequentemente bons indicadores de vi-
talidade que os primeiros. Acredita-se que esse resul-
tado seja devido à prática de exercícios físicos reali-
zada pelos diabéticos para o controle da doença. Ao
observar o grupo de pacientes que tem classificação
com boa qualidade de vida, tem-se diferença estatís-
tica importante (p=0,046).
A comparação de voluntários com os migranosos
nesta questão apresenta também diferença importante
(p<0,001), sendo que a frequência de pacientes migra-
nosos classificados com baixa qualidade de vida foi um
pouco mais de 10% maior que os voluntários sadios clas-
sificados nessa categoria. Essa diferença desaparece
quando observamos a categoria de boa qualidade de
vida (p=0,748).
A diferença entre diabéticos e migranosos neste
quesito foi também significativa (p=0,001) e mostrou
que os últimos apresentam sinais de má qualidade cerca
de duas vezes mais frequentes que os diabéticos classifi-
cados nesta categoria. Essa diferença também pode ser
observada na categoria de boa vitalidade (p=0,016),
e os diabéticos apresentam 86% a mais de pacientes
com essa classificação.
As diferenças apontadas aqui sugerem que a migrâ-
nea está associada a baixos índices de vitalidade e que
os diabéticos apresentam melhores indicadores destes
fatores que os voluntários sadios.
Aspectos sociaisAspectos sociais
Aspectos sociaisAspectos sociais
Aspectos sociais
A comparação realizada entre os três grupos mos-
trou, em primeiro lugar, que quase 60% dos voluntários
encontravam-se na categoria com mais de 60 pontos,
classificados como boa qualidade de vida. Os diabé-
ticos apresentaram percentual de 40% para essa classi-
ficação, e os migranosos não chegaram a 40%. A dife-
rença entre esses grupos não foi, entretanto, significativa
(p=0,104) e os dados sugerem que a presença das
doenças não causa um declínio na qualidade de vida
do paciente, em relação aos aspectos sociais.
Headache Medicine, v.3, n.1, p.26-35, Jan./Feb./Mar. 2012 33
Apesar de não ser possível detectar diferenças en-
tre os três grupos quando comparados simultaneamen-
te, as comparações dois a dois quanto à frequência de
duas categorias dos aspectos sociais devem ser feitas,
porque o valor de p encontrado na relação menciona-
da foi menor que 0,150. Nessa nova comparação foi
possível verificar que os três grupos de pacientes eram
diferentes entre si quanto à diferença entre os baixos
escores de mediadores das relações sociais.
A frequência de diabéticos classificados com bai-
xa qualidade de vida nas relações sociais foi cerca de
40% maior que a de voluntários classificados para esta
mesma categoria e essa diferença foi significativa
(p<0,001). E em pesquisas realizadas anteriormente
25,8% dos portadores de diabetes relatam que a vida
social foi afetada devido à doença, seja pelas própri-
as limitações que ela trás, como a restrição para
ingestão de alimentos.
(12)
Quando se analisa a catego-
ria com boa qualidade de vida vemos que essa dife-
rença não existe (p=0,121).
A frequência de migranosos com baixo aspecto so-
cial foi cerca de 50% maior que a frequência de volun-
tários com menos de 60 pontos na escala de aspecto
social. A diferença entre os grupos foi também significa-
tiva (p=0,001). Os pacientes migranosos apresentaram
uma diminuição da vida social devido à presença da
doença, explicada muitas vezes pela presença do diag-
nóstico de depressão conjuntamente com o diagnóstico
de migrânea,
(14)
e que cerca de 30% dos pacientes abo-
lem a vida social e familiar devido à doença.
(11)
A compa-
ração entre os grupos na categoria de boa qualidade
de vida não se mostrou diferente (p=0,058).
A comparação de migranosos com diabéticos neste
quesitos também foi importante (p=0,001). E as frequên-
cias de pacientes classificados com menos de 60 pontos
apresentaram diminuição na qualidade de vida e mostra-
ram que existiu um pequeno aumento em relação aos
migranosos. Estes apresentaram quase 10% a mais que
os diabéticos nesta categoria. Essa diferença não é
observada quando se compara a categoria para boa
qualidade de vida (p=0,922).
Parece que diabéticos e migranosos apresentaram
redução da capacidade de manter boas relações soci-
ais e que, neste aspecto, a presença dessas doenças
causou efeitos similares.
Aspectos emocionaisAspectos emocionais
Aspectos emocionaisAspectos emocionais
Aspectos emocionais
Comparando-se os grupos segundo a frequência
de pontuação pode-se observar que mais de 60% dos
voluntários apresentaram boa qualidade de vida. Os
diabéticos corresponderam a 60%, enquanto apenas
40% dos migranosos se enquadraram nesta classifica-
ção. A análise mostrou que não existiu diferença entre os
três grupos (p=0,059); no entanto, os valores ficaram
muito próximos do limite. Os dados sugeriram que o
grupo de migranosos apresentou uma maior frequência
de pontuação frente à classificação de má qualidade
de vida.
Apesar de não ser possível detectar diferenças entre
os três grupos quando comparados simultaneamente, as
comparações dois a dois quanto à frequência de duas
categorias dos aspectos emocionais devem ser feitas,
porque o valor de p encontrado na relação menciona-
da foi menor que 0,150. Nessa nova comparação foi
possível verificar que os três grupos de pacientes foram
diferentes entre si quanto a diferença entre os baixos es-
cores de mediadores dos aspectos emocionais.
Ao observar o grupo de voluntários e o grupo de
diabéticos, vimos que existiu diferença estatística,
(p<0,001). Essa diferença foi cerca de 15% de pacien-
tes diabéticos a mais que os pacientes voluntários classi-
ficados com baixa qualidade de vida para esse quesito.
Conforme estudos anteriores, observa-se que existe uma
limitação emocional nos pacientes que apresentam di-
agnóstico para diabetes.
(13)
Quando se observa a classi-
ficação de boa qualidade de vida, vê-se que não existe
essa diferença (p=0,647).
Ao se analisar o grupo de voluntários e o grupo de
migranosos, observou-se que existiu diferença estatística
(p<0,001). A quantidade de migranosos com baixa
qualidade de vida foi cerca de 70% maior que os volun-
tários. Parece que a presença da doença interferiu real-
mente na vida emocional destes pacientes. Essa diferen-
ça também não pode ser observada no grupo com mais
de 60 pontos (p=0,137).
Quando se analisaram os grupos de doentes, dia-
béticos e migranosos, viu-se que existiu diferença estatís-
tica (p=0,001). A frequência de pacientes migranosos
foi cerca de 50% maior que a frequência de pacientes
diabéticos para esta categoria, parecendo que a migrâ-
nea interferiu com maior intensidade nos aspectos emocio-
nais dos pacientes acometidos. Essa diferença deixou de
ser significativa quando se observa a categoria com boa
qualidade de vida (p=0,263).
Os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2 para
Aspectos emocionais possibilitaram concluir que não exis-
tiu diferença estatística quando se compararam os três
grupos de forma simultânea. Quando comparamos os
COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ENTRE MIGRANOSOS, DIABÉTICOS E VOLUNTÁRIOS SADIOS
POR MEIO DO BRAZILIAN SF-36
34 Headache Medicine, v.3, n.1, p.26-35, Jan./Feb./Mar. 2012
PEIXOTO RM, RODRIGUES PR, CHEVTCHOUK L, RESENDE DF, JURNO ME
pacientes de grupos dois a dois, vemos que existiu essa
diferença, mostrando que a presença da migrânea e do
diabetes interferiu na qualidade de vida dos pacientes
para a categoria de Aspectos emocionais, sendo que a
migrânea apresentou um acometimento maior.
Saúde mentalSaúde mental
Saúde mentalSaúde mental
Saúde mental
A observação comparativa dos três grupos quanto
aos aspectos de saúde mental mostrou que 70% dos
voluntários e quase 70% dos diabéticos se enquadra-
vam na classificação de boa qualidade de vida. Toda-
via, apenas 30% dos migranosos encontravam-se en-
quadrados nessa categoria. A diferença entre os grupos
foi significativa (p<0,001) e os dados sugerem que os
migranosos apresentavam uma frequência muito alta de
pacientes com pontuação abaixo de 60 pontos, classifi-
cando-os com uma má qualidade de vida. No caso dos
diabéticos, a frequência foi muito parecida com a dos
voluntários, o que mostrou que não houve muita altera-
ção na qualidade de vida desse grupo de pacientes.
Parece que, de fato, a presença da migrânea provocou
a baixa na saúde mental dos pacientes.
A comparação dois a dois, ajustada pela idade e
sexo, dos três grupos mostrou que foram mais frequentes
os pacientes migranosos com baixa qualidade de vida
do que os pacientes voluntários e diabéticos. Estes dois
últimos apresentaram valores bastante parecidos.
O contraste dos voluntários com os diabéticos, quan-
to à frequência de baixa categoria de saúde mental,
mostrou que os dois grupos são distintos (p<0,001) e
que a presença da diabetes interferiu na qualidade de
vida do paciente nesta questão, apesar da diferença entre
os grupos ter sido muito pequena. Estudos realizados com
outros parâmetros de referência mostraram que esse
declínio na saúde mental dos pacientes diabéticos está
presente e que muitas vezes os próprios pacientes relacio-
nam esse declínio à limitação dos aspectos emocionais.
(13)
Esta relação de diferença não foi observada na categoria
de boa qualidade de vida (p=0,977).
Quando se compara o grupo de voluntários com o
grupo de migranosos, nota-se que também existiu dife-
rença entre eles (p<0,001) e que a presença da baixa
saúde mental entre os migranosos foi maior que o do-
bro da frequência do mesmo fator que os voluntários.
Os pacientes com migrânea apresentaram mais perío-
dos de ansiedade, o que provoca diminuição da saúde
mental dos pacientes.
(11)
Ao analisar-se a categoria de
boa qualidade de vida, observa-se que essa diferença
também foi significativa (p=0,033).
O contraste entre migranosos e diabéticos quanto à
frequência da baixa saúde mental apresentou o mesmo
padrão. A frequência da baixa saúde mental entre migra-
nosos foi muito maior que os diabéticos e essa diferença
foi significativa (p=0,001). Ao se compararem os paci-
entes com boa qualidade de vida para esse quesito,
vemos que não existiu diferença significativa (p=0,977).
Os resultados apresentados sugerem que o diabe-
tes acarretou discretas alterações na saúde mental dos
pacientes quando comparados com voluntários e que a
migrânea acarretou acentuada alteração desse fator,
mesmo quando tais pacientes foram comparados com
os diabéticos.
CONCLUSÃO
Com este trabalho, observou-se que a presença de
diabetes mellitus ou migrânea acarretou alterações sig-
nificativas na vida destas pessoas. De uma forma geral,
a qualidade de vida dos pacientes migranosos foi mais
afetada do que a dos diabéticos.
O questionário Brazilian SF-36 permitiu-nos avaliar
que até pequenas atividades do dia-a-dia foram afeta-
das pela presença das doenças.
As categorias de Capacidade funcional, Limitação
por aspectos físicos, Dor e Saúde mental parecem ter
sido as mais afetadas.
Quando se analisaram as categorias de baixa qua-
lidade de vida dos grupos dois a dois, observou-se que
a diferença estatística existiu para todas as categorias
(p<0,05) estudadas entre os grupos doentes.
Esta pesquisa, no entanto, apresenta como pontos
fracos, em primeiro lugar, a disparidade entre as idades
da amostra, que foi parcialmente solucionada pelo tipo
de análise estatística adotada; e, em segundo lugar, o
fato dos pacientes diabéticos terem sido selecionados
em uma entidade de atendimento multiprofissional ao
diabetes, o que pode ter interferido no resultado obtido.
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Correspondence
Mauro Eduardo JurnoMauro Eduardo Jurno
Mauro Eduardo JurnoMauro Eduardo Jurno
Mauro Eduardo Jurno
Rua Fernando Laguardia, 45 – Santa Tereza II
36201-118 – Barbacena, MG, Brasil
E-mail: jurno@uol.com.br
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Recebido: 8/1/2012
Aceito: 4/2/2012