150 Headache Medicine, v.7, n.4, p.150-153, Oct./Nov./Dec. 2016
Bruxismo do sono modifica a associação entre
disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia
cutânea em pacientes migranosos
Sleep bruxism modifies the association between painful temporomandibular
dysfunction and cutaneous allodynia in migraine patients
Guilherme Vinícius do Vale Braido*; Marco Túlio Faria Oliveira; Leticia Bueno Campi;
Paula Cristina Jordani; Giovana Fernandes; Daniela Aparecida de Godoi Gonçalves
Disciplina de Disfunção Temporomandibular e Oclusão, Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese,
Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP, SP, Brasil
Braido GVV, Oliveira MTF, Campi LB, Jordani PC, Fernandes G, Gonçalves DAG. Bruxismo do sono modifica a
associação entre disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia cutânea em pacientes migranosos.
Headache Medicine. 2016;7(4):150-3
SHORT COMMUNICATION
INTRODUÇÃO
A alodínia cutânea (AC) refere-se à percepção de dor
em resposta a estímulos não nocivos, e é considerada uma
manifestação clínica da sensibilização central (SC).
(1)
Apro-
ximadamente dois terços dos indivíduos migranosos de-
senvolvem AC durante as crises de migrânea (AC ictal).
(2)
Estudos prévios demonstraram uma relação de comor-
bidade entre migrânea e disfunção temporomandibular
(DTM) dolorosa. Ainda, a presença da DTM dolorosa pode
aumentar a frequência e a intensidade das crises de
migrânea
(3)
e também a severidade da AC.
(4)
Adicionalmente, o bruxismo do sono (BS) associado
à DTM dolorosa parece aumentar o risco para migrânea
crônica.
(5)
A possível atividade nociceptiva periférica con-
tínua, consequente do BS, pode colaborar com a manu-
tenção da SC aumentando o risco para DTM dolorosa e
migrânea crônica. Assim, nossa hipótese é de que o BS
pode interferir na associação entre DTM dolorosa e AC
em pacientes migranosos.
PROPOSIÇÃO
Investigar a influência do provável bruxismo do sono
na associação entre disfunção DTM dolorosa e alodínia
cutânea ictal em pacientes migranosos.
MÉTODO
Realizamos um estudo transversal em uma amostra
de 238 indivíduos migranosos que procuraram tratamen-
to para dor orofacial na Faculdade de Odontologia de
Araraquara – UNESP. O estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa (CAAE 15636913.6.0000.5416) e
cada participante assinou um termo de consentimento li-
vre e esclarecido.
Todos os indivíduos foram avaliados de acordo com
um protocolo padronizado. Três pesquisadores conduzi-
ram as avaliações, sendo que o pesquisador responsável
pela avaliação da AC ictal não tinha acesso às informa-
ções sobre a presença de BS e DTM dolorosa.
A. Variável Dependente: migrânea foi classifi-
cada de acordo com os critérios da Classificação Inter-
nacional das Cefaleia, 2° ed. A amostra foi estratificada
de acordo com a frequência das crises de migrânea
durante o último mês em: (1) episódica de baixa
frequência (< de 5 crises); (2) episódica de frequência
intermediária (5-9 crises); (3) episódica de alta (10-14
dias); e (4) crônica diária (15 ou mais dias). AAC ictal
foi avaliada pelo questionário Allodynia Symptoms
Checklist 12, traduzido e validado para a língua por-
tuguesa do Brasil.
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