Headache Medicine, v.7, n.4, p.145-147, Oct./Nov./Dec. 2016 147
A MOBILIDADE DA COLUNA CERVICAL SUPERIOR PELO FLEXION-ROTATION TEST EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
renças consideradas clinicamente relevantes. Não foram
observadas diferenças entre os grupos DTM com e sem
cefaleia.
DISCUSSÃO
O segmento da coluna cervical superior tem demons-
trado uma maior restrição da mobilidade articular através
de análises palpatórias em sujeitos com DTM.
(3)
Adicional-
mente, o FRT foi descrito como útil para identificar a mobi-
lidade desse segmento e auxiliar os diagnósticos de cefaleia
cervicogênica.
(6)
Piekartz et al. foram os primeiros a sugerir uma relação
entre presença de CC e sinais ou sintomas de DTM, após
observarem que a intervenção terapêutica na região orofacial
proporcionou um aumento da mobilidade cervical, medida
pelo FRT, além de reduzir os sintomas de dor de cabeça.
(7)
Mesmo indivíduos que não foram diagnosticados com uma
DTM clássica, essa associação clínica despertou a atenção
para explorar o segmento superior cervical nos indivíduos
com DTM sem cefaleia. De fato, a literatura aponta uma
menor mobilidade no FRT em indivíduos com CC, porém,
isso nos fez considerar a presença de queixas de dor de
cabeça no indivíduos com DTM, para entender se haveria
uma influência na resposta dos testes clínicos.
No estudo de Grondin et al., todos as mulheres com
DTM apresentaram redução no FRT; contudo, a presença
de cefaleia demonstrou menores valores comparados aos
sujeitos sem dor de cabeça.
(4)
Interessantemente, em con-
traste, o presente estudo registrou relatos de dor de cabeça
em 65% da amostra do grupo DTM e, apesar de não te-
rem sido diagnosticadas, as queixas foram consideradas
no intuito de observar se a resposta do FRT poderia ser
influenciada pela presença de cefaleia e não pela DTM.
Figura 2. Gráfico da comparação do FRT entre os grupos
Diferença significativa comparada com grupo controle (p < 0.05)
No entanto, os dados analisados não demonstraram dife-
renças significativas entre os grupos com e sem cefaleia.
Adicionalmente, estudos afirmam efeitos benéficos nas
DTM's após intervenções terapêuticas direcionadas ao
segmento superior da coluna cervical. Os estudos suge-
rem que a mobilização articular nos níveis superiores da
coluna cervical promovem um efeito de modulação
nociceptiva no complexo trigeminocervical.
(8)
CONCLUSÃO
Pacientes com DTM com ou sem relato de dor de
cabeça apresentam menor ADM de rotação passiva do
segmento superior (C1-C2) da coluna cervical.
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Correspondência
Michele Peres Ferreira
Laboratório LAPOHM, Faculdade de Fisioterapia,
Universidade de São Paulo
Ribeirão Preto, SP, Brasil
Recebido: 05 de outubro de 2016
Aceito: 20 de outubro de 2016