Headache Medicine, v.7, n.1, p.11-14, Jan./Feb./Mar. 2016 13
Robert Alexander Buckman (1948-2011). Trata-se do
protocolo SPIKES, cujas letras dessa palavra são as iniciais
das seis etapas descritas, de maneira didática, para co-
municar más notícias: Setting up, preparando-se para o
encontro; Perception, percebendo o paciente; Invitation,
convidando para o diálogo; Knowledge, transmitindo a
informação; Emotions, expressando emoções; Strategy and
Summary, resumindo e organizando estratégias.
(17,18)
Na primeira etapa, o médico deve planejar a entre-
vista. É importante rever os dados que fundamentam o
diagnóstico: resultados de exames, tratamentos anteriores,
literatura médica e informações gerais sobre o paciente.
O médico precisa avaliar seus próprios sentimentos, posi-
tivos e negativos, sobre a transmissão da má notícia para
esse paciente.
(17,18)
Na segunda etapa, o médico deve procurar saber
como o paciente percebe sua doença, se é grave ou
não. Questionar o que já lhe foi dito sobre o seu quadro
clínico e o que procurou saber por fontes leigas ou pro-
fissionais, internet etc., qual é a sua compreensão sobre
as razões pelas quais foram feitos os exames. É funda-
mental corrigir desinformações e moldar a má notícia
para a compreensão e a capacidade de absorção do
paciente.
(17,18)
Na terceira etapa, o médico deve avaliar o desejo do
paciente em saber que tipo de cefaleia tem. Deve, tam-
bém, investigar se o paciente deseja informações detalha-
das sobre o diagnóstico, o prognóstico e os pormenores
dos tratamentos.
(17,18)
Na quarta etapa, o médico deve transmitir a notícia e
as informações ao paciente. O diagnóstico deve ser anun-
ciado com delicadeza. Preferentemente, o profissional deve
evitar os termos técnicos e adaptar-se ao vocabulário e ao
nível de compreensão do paciente. Deve, também, evitar
a dureza excessiva, amenizando a transmissão de detalhes
desnecessários. Se o prognóstico for ruim, não transmitir
desesperança e desistência, mas valorizar os cuidados pa-
liativos, o alívio dos sintomas e o acompanhamento soli-
dário.
(17,18)
Na quinta etapa, o médico deve expressar seus sen-
timentos e oferecer respostas afetivas às emoções dos
pacientes e de familiares. É necessário acolher a legíti-
ma expressão de sentimentos de ansiedade, raiva, tris-
teza ou inconformismo de pacientes e familiares, dan-
do-lhes algum tempo para se acalmarem e abrindo-
lhes as possibilidades de continuidade do acompanha-
mento.
(17,18)
Na sexta e última etapa, as principais questões aborda-
das devem ser resumidas e uma estratégia traçada para
ajudar os pacientes a sentirem-se menos ansiosos e inse-
guros. O médico deve compartilhar responsabilidades
na tomada de decisão com o paciente. Isto pode reduzir
qualquer sensação de fracasso da parte do médico, quan-
do o tratamento não é bem-sucedido. É preciso ser ho-
nesto sem destruir a esperança ou a vontade de viver dos
pacientes.
(17,18)
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CEFALEIA COMO SENTENÇA DE MORTE