124 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
Incapacidade funcional e cefaleia: impactos no
cotidiano dos universitários
Functional incapacity and headache: impacts on daily life of university students
Iris Milleyde da Silva Laurentino
1
, Lucilo Bioni da Fonseca Filho
1
, Marcelo Moraes Valença
2
,
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
3
, Antonio Flaudiano Bem Leite
4
1
Collaborator of the Research Group: Circle of Research in Technologies, Strategies and Instruments Applied to Health
2
Full Professor, UFPE - Department of Neuropsychiatry, Federal University of Pernambuco, Pernambuco, Brazil
3
Adjunct Professor, UFPE - Colective Health Departament
4
Assistent Professor, UFPE - Colective Health Departament
Laurentino IMS, Fonseca Filho LB, Valença MM, Santos ERR, Leite AFB. Incapacidade funcional e cefaleia:
impactos no cotidiano dos universitários. Headache Medicine. 2017;8(4):124-129
ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
Os fatores psicológicos influenciam no equilíbrio gerencia-
mento de situações que provocam sofrimento nos indivídu-
os, em especial as que estão relacionadas à dor e frequen-
temente contribuem para sua piora. A correlação entre
cefaleia, ansiedade, estresse e distúrbios do sono, tem sido
relatada em alguns estudos, mas a natureza exata destas
associações e mecanismos subjacentes, permanecem pouco
explorada. Objetivo: Analisar a prevalência de cefaleia
nos universitários da área da saúde e sua associação com
ansiedade, estresse, e qualidade do sono. Material e mé-
todos: Estudo transversal, realizado com 340 universitários,
dos quais 288 apresentavam cefaleia. Foram aplicadas es-
calas psicométricas de autorrelato e critérios da International
Classification of Headache Disorders, third edition (ICHD-3β),
para classificação da cefaleia. Foram utilizadas diferenças
de médias, prevalência, obtidas pelo teste χ
2
e odds ratio.
Resultados: Apresentaram cefaleia 288/340 (84,7%), indi-
cando maior prevalência os estudantes dos cursos de Saúde
Coletiva e de Ciências Biológicas, na faixa etária de 25-43
anos, com 93,6% no sexo feminino (88,5%). O IMC com
classificação de excesso e obesidade apresentou prevalência
de 79,3%. O impacto foi constatado em 51,1% dos estu-
dantes com presença de cefaleia. A ansiedade apresentou
prevalência de 86,8%. O estresse revelou uma média me-
nor para os estudantes com cefaleia e os maus dormidores
apresentaram uma prevalência de 87,4%. Conclusão: A
prevalência da cefaleia em universitários é alta e está asso-
ciada significativamente à idade, ao sexo e à qualidade do
sono ruim, impactando em mais da metade dos estudantes.
Palavras-chave: Cefaleia;Ansiedade;Estresse;Transtorno do sono
ABSTRACT
Psychological factors influence the balance of managing
situations that cause suffering for individuals, especially those
that are pain-related, and frequently contribute to their
worsening. The correlation between headache, anxiety, stress
and sleep disorders has been reported in some studies, but the
exact nature of these associations and underlying mechanisms
has been poorly explored. Objective: To analyze headache
prevalence in university health students and its association with
anxiety, stress, and sleep quality. Material and methods: This is
a cross-sectional study performed with 340 university students,
of which 288 had headache. Psychometric self-report scales
and the International Classification of Headache Disorders,
third edition (ICHD-3β) criteria were used to classify headache.
We used differences of means, prevalence, which were
obtained by the χ
2
test, and odds ratio. Results: A total of
288/340 (84.7%) had headache, with a higher prevalence of
in public health and biological sciences students aged 25-43
years (93.6%), in females(88.5%). The BMI with classification
of overweight and obesity showed a prevalence of 79.3%. The
impact was found in 51.1% of students with headache. Anxiety
scored a prevalence of 86.8%. Stress showed a lower average
for students with headache, and bad sleepers had a prevalence
of 87.4%. Conclusion: The prevalence of headache in
university students is high and is significantly associated with
age, gender and poor sleep quality, affecting more than half
of the students.
Keywords: Headache; Anxiety; Stress; Sleep disorder
Headache Medicine, .8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017 125
INTRODUÇÃO
A cefaleia é um problema muito frequente na popula-
ção, é uma doença crônica de alta prevalência, caracteri-
zada como distúrbio neurológico, podendo ser classifica-
da como primária ou secundária. Dentre aquelas primári-
as detectadas nos serviços de assistência à saúde, são mais
frequentes a migrânea e a cefaleia do tipo tensional (CTT),
decorrentes de distúrbios bioquímicos do cérebro, que pre-
judicam os neurotransmissores, desencadeando dor e ge-
rando incapacidade.
(1,2)
A cefaleia é queixa habitual em
estudantes universitários, o que interfere diretamente na qua-
lidade de vida e que pode estar associada a outras condi-
ções clínicas como estresse e ansiedade, podendo causar
diversos prejuízos, tanto pessoais quanto sociais, requeren-
do atenção para seu enfrentamento como um problema
de saúde pública.
(3,4)
No Brasil, estima-se que o custo anual da cefaleia é o
equivalente a mais de 7 milhões de dólares.
(3)
É necessário
refletir sobre esses altos custos gerados para serviços de saú-
de, perda de produtividade laboral e redução da vida soci-
al.
(5)
Em 2010 e 2015, o Global Burden Of Disease Study
classificou a cefaleia como o terceiro transtorno mais
prevalente e maior causa de incapacidade em todo o mun-
do, tanto em homem quanto em mulheres com idade inferi-
or a 50 anos.
(3,6)
Neste sentido, a cefaleia necessita ser pau-
tada na agenda de prioridades da saúde pública, com vis-
tas a buscar as ações de prevenção e gerenciamento das
crises, para melhorar a qualidade de vida do sofredor.
(7-9)
O objetivo desse estudo é analisar a prevalência de
cefaleia nos universitários da área da saúde e sua associa-
ção com ansiedade, estresse e reflexos para qualidade do
sono. Busca também contribuições no conhecimento da
cefaleia que possam subsidiar ações dos serviços de
saúde,sua a prevenção e autoadministração das crises.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal com dados secun-
dários.
(10)
A população do registro foi composta por 340
indivíduos, sendo avaliados 288 estudantes universitários
que apresentaram cefaleia nos últimos 90 dias.
O ambiente foi o Centro Acadêmico de Vitória-CAV,
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localiza-
do no município de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata
de Pernambuco, Brasil. A população estimada de estudan-
tes matriculados foi cerca de 1.600 nos cursos de gradua-
ção na área da saúde como Ciências Biológicas, Educa-
ção Física, Enfermagem, Nutrição e Saúde Coletiva.
O período de referência de coleta de dados foi de
Janeiro e Fevereiro de 2017. O critério de inclusão foi
estar na faixa etária de 18 e 50 anos e regularmente ma-
triculado em algum curso de graduação ofertado pelo CAV.
O de exclusão foi não responder o mínimo de 10% das
perguntas em cada escala.
Para a coleta de dados foi utilizado o formulário con-
tendo informações biodemográficas,além do Headache
Impact Test (HIT-60),
(11,12)
do Beck Anxiety Inventory (BAI)
- Escala ou Inventário de Ansiedade de Beck,
(13)
do
Perceived Stress Scale (PSS) - Escala de Estresse Percebi-
do,
(14)
e do Pittsburgh Sleep Quality Index.
(15)
Também fo-
ram utilizados os critérios da International Classification of
Headache Disorders, third edition (ICHD-3β)
(1)
para clas-
sificação da cefaleia.
Os dados coletados foram transferidos e validados em
planilha do Excel pré-formatada para análise, contendo
perguntas com variáveis coletadas nas escalas de
mensuração, e para análise estatística foi utilizado o SPSS
(Statistical Package for the Social Scienses), da Microsoft
Office, na versão 23.
Para a análise estatística descritiva foram utilizadas
medidas como: média, desvio padrão, mediana, frequên-
cias absoluta e relativa, intervalo de confiança (95%) para
as variáveis numéricas. Os testes de qui-quadrado (χ
2
) sem
correção, com correção de Yates e de tendência linear
com extensão de Mantel-Haenszel para comparar as me-
didas de estimativas de razão de prevalência e teste-t
(Student). O ponto de corte de nível de significância foi de
0,05 (p-valor).
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pes-
quisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil, e aprovada sob
o registro CAAE 57329616.7.0000.5208.
RESULTADOS
A maioria dos participantes foi do curso de Ciências
Biológicas (33,2%) e Saúde Coletiva (24,7%), com faixa
etária predominante de 18 a 24 anos (53,8%), do sexo
feminino, com índice de massa corpórea baixo ou normal
(61,5%).Todos apresentaram um certo grau de ansiedade,
destacando-se moderada/grave que teve uma proporção
de 22,4%. Próximo de 80% relataram ter sono ruim e 43,2%
referiram impacto na capacidade funcional diária. Deve-
se destacar que o formulário para HIT6 somente foi aplica-
do para aqueles que relataram cefaleia (84,7%); desses,
51,0% relataram maior impacto na capacidade funcional
diária (Tabela 1).
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126 Headache Medicine, v.8, n.4, p.124-129, Oct./Nov./Dec. 2017
LAURENTINO IMS, FONSECA FILHO LB, VALENÇA MM, SANTOS ERR, LEITE AFB
Dentre os 340 participantes, 288/340 (84,7%) apre-
sentaram cefaleia. Os destaques entre os cursos foram os
de Ciências Biológicas (91,2%) e Saúde Coletiva (91,7%)
com as maiores prevalências. Observa-se que entre esses
dois cursos e o de Educação Física as chances estimadas
de ter cefaleia neste último são 4,3 vezes menores.
A faixa etária na qual se encontrou maior prevalência
de cefaleia foi a de 25-43 anos com 93,63%. Com rela-
ção ao sexo, foi mais alta na categoria feminina (88,5%).
Quanto ao IMC baixo e normal foi de 87,5% com presen-
ça de cefaleia. A prevalência de pessoas com cefaleia e
ansiedade foi de 86,8%. O sono ruim com cefaleia teve
uma prevalência de 87,1%. Sugerem-se associações sig-
nificativas entre cefaleia, faixa etária, sexo, ansiedade e
sono (Tabela 2).
O gráfico de boxplot abaixo demostra a comparação
de medidas de tendência central e dispersão entre grupos
de cefaleia e a escala de estresse. A variação de estresse
para presença de cefaleia foi maior, tendo a expressão de
maiores valores, apesar de uma das observações estar bem
acima do padrão dos valores apresentados de uma das uni-
dades observadas com nível de estresse de escore de valor
48 (293). Apesar disso, notou-se que a média e a mediana
são menores no grupo com presença de cefaleia em rela-
ção a ausência, com diferença significativa de 4,4 pontos.
Figura 1. Medidas de tendência central e dispersão de escala de estresse
entre pessoas com e sem cefaleia.
Me=Média aritmética; M= Medina
*Teste t de Student
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DISCUSSÃO
No presente estudo foram observadas associações da
cefaleia e ansiedade em ambos os sexos, em consonância
com resultados de outro estudo realizado anteriormente,
no qual foi identificada uma associação significativa entre
ansiedade e cefaleia em estudantes universitários, revelan-
do a influência negativa destas duas condições clínicas,
quando ocorrem simultaneamente, na qualidade de vida
dos estudantes, com importante impacto na realização das
atividades diárias a serem executadas.
(1,16)
O estudo revelou uma alta prevalência da cefaleia
nos estudantes neste centro acadêmico, o que está em
sintonia com a literatura, quando se observa uma investi-
gação realizada com estudantes universitários de diferen-
tes cursos, em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, que
estimou prevalência de migrânea de 24% e de CTT de
32%, sendo que, entre os migranosos, o que interferia na
produtividade escolar entre o primeiro em relação aos que
sofriam com CTT foi menor. Outros estudos conduzidos
com a população brasileira também apontaram prevalência
de cefaleia alta, cerca de 74,1%.
(17)
Um estudo anterior
realizado com universitários também aponta que há chance
de 98% entre os universitários em geral de apresentarem
ao menos um único episódio de cefaleia durante o perío-
do acadêmico.
(18)
Podem ser observados vários fatores que corroboram
com a prevalência de cefaleia em estudantes universitári-
os, implicando consequências como incapacidade, preju-
ízo na assiduidade e interferências no relacionamento
interpessoal dos estudantes, o que pode gerar baixo rendi-
mento nas atividades acadêmicas, pois estas exigem um
empenho físico e cognitivo.
(18)
A cefaleia é um problema de saúde pública que aco-
mete a população em geral, porém, apresenta destaque
na faixa etária dos 20-50 anos, afetando com maior pro-
babilidade o sexo feminino. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Cefaleia, a migrânea, cuja etiologia é multi-
fatorial, acomete cerca de 15% da população mundial,
algo em torno de 31 milhões de pessoas, com alta preva-
lência entre a segunda e a quarta décadas de vida, ocu-
pando o 10º lugar no ranking das doenças incapacitantes.
Então, é observada a evidência de que a cefaleia predo-
mina a partir dos 20 anos de idade.
(1,9)
Neste estudo, examinando a variável sexo, é possível
observar que a cefaleia é mais prevalente em mulheres, em
harmonia com outras pesquisas relevantes.
(7,19,20)
Estas
mesmas estimam que 95% dos homens e 99% das mulhe-
res terão pelo menos um episódio ao longo da vida, das
quais cerca de 40% podem se apresentar com certa regu-
laridade.
(7,19)
Esta alta prevalência teórica em mulheres pode
ser explicada, parcialmente, pelos fatores hormonais, na
qual a cefaleia expressa-se, neste contexto, não apenas
como a mais prevalente em mulheres, mas também como
a mais incapacitante.
(20)
O IMC é uma variável que neste estudo apresentou
comportamento normal, que apresenta dinâmica dife-
rente quando correlacionado com outros estudos, os
quais identificam uma relação significativa entre cefaleia
e obesidade, pois pessoas com IMC elevado têm maior
chance de apresentar episódios de cefaleia durante a
vida.
(9,20)
É considerável no presente estudo que existe um im-
pacto adverso da dor de cabeça sobre a vida dos indivídu-
os do sexo feminino, todas as participantes apresentaram
uma relação significativa da cefaleia com o HIT-6. A inca-
pacidade funcional é algo que limita as atividades rotinei-
ras e suas relações. Quando acontece de forma recorren-
te, influencia de modo negativo a qualidade de vida do
indivíduo e acarreta várias perdas aos estudantes, interfe-
rindo na realização de atividades, podendo favorecer um
pior desempenho na vida acadêmica, pela instabilidade
do humor e a capacidade de concentração afetadas, que
são elementos fundamentais para o processo de aprendi-
zagem. Além disso, a cefaleia é uma justificativa frequente
pelo aumento do número de absenteísmo.
(17,20,21)
Há associações importantes da cefaleia com a ansi-
edade neste estudo, pois foi observada em todos os parti-
cipantes, o que está em sintonia com pesquisas anterio-
res.
(9,20)
É possível associar a cefaleia à ansiedade, pois
há uma integração das percepções, despertadas pela si-
tuação de ameaça, que gera uma cadeia de reações quí-
micas que exigem resposta do sistema límbico do indiví-
duo e controle inibitório (CI). Mediante uma possível sen-
sação dolorosa, as sensações são exacerbadas, tornando
a dor mais frequente e potente em populações vulnerá-
veis aos fatores psicossociais. Isto pode prejudicar o
autogerenciamento das crises e dificultar ainda mais a
capacidade funcional, e até prolongar a experiência do-
lorosa.
(19,22)
O estresse pode ser consequência da dor, ou seja,
fontes de tensão, e também pode ser consequência da per-
cepção da dor, seja ela aguda, difusa ou crônica.
(19,23)
Por
isso é que se faz presente neste estudo a associação da
cefaleia com o estresse, ou seja, alguns quadros de estresse
podem estar associados às cefaleias, ou o estresse pode ser
fator desencadeante das cefaleias, principalmente na po-
pulação universitária, por ser predominantemente composta
INCAPACIDADE FUNCIONAL E CEFALEIA: IMPACTOS NO COTIDIANO DOS UNIVERSITÁRIOS
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LAURENTINO IMS, FONSECA FILHO LB, VALENÇA MM, SANTOS ERR, LEITE AFB
por jovens em idade produtiva, que muitas vezes não con-
seguem lidar com as demandas específicas do ambiente
acadêmico.
(16,17)
Neste estudo, foi observada uma disso-
nância com a literatura, com média de escore de estresse
menor para presença de cefaleia, o que pode ser devido a
uma amostra não balanceada, surgindo essa atipia. Neste
contexto, recomenda-se um aprofundamento a partir da
realização de novos estudos.
Algumas pesquisas discorrem sobre a significativa as-
sociação entre sono e cefaleia, especialmente quando
estes ocorrem durante a noite ou ao despertar e revelam
que vários distúrbios de sono podem ter relação com a
cefaleia. Neste estudo, a cefaleia apresenta uma relação
próxima com o sono dos maus dormidores e revela-se a
partir dos índices elevados entre essas variáveis, demons-
trando sintonia com a literatura. Uma noite em vigília,
associada a uma crise de cefaleia, já pode influenciar no
desempenho do indivíduo, que apresentará maior dificul-
dade para manter a concentração nas atividades do dia
seguinte.
(24,25)
CONCLUSÃO
A cefaleia é compreendida como um transtorno que
afeta grande parte da população mundial, incluindo nessa
população os estudantes universitários, que ressalta uma
expressiva e condizente prevalência acompanhada do
estresse e da ansiedade, que são condições clínicas mui-
to presentes na vida acadêmica, acarretando impactos
na produtividade universitária, no aprendizado e poden-
do influenciar de forma negativa na realização das tare-
fas diárias devido à dor causada pela cefaleia e,
consequentemente, interferindo diretamente na qualida-
de de vida dos sofredores.
Neste estudo foi possível apontar que a prevalência
da cefaleia em universitários é alta e está associada sig-
nificativamente à idade, ao sexo e à qualidade do sono
ruim, impactando em mais da metade dos estudantes.
Por isso, identificar os indivíduos acometidos pela
cefaleia é de grande importância para auxiliar na elabo-
ração dos processos de diagnósticos nos níveis de aten-
ção primária e secundária, propiciando um manejo mais
adequado dos casos. E os casos de maior complexidade
devem ser discutidos para que se possa estabelecer um
diagnóstico de forma colegiada, pois os diagnósticos da
população diferem e exigem um olhar crítico sobre cada
peculiaridade existente.
Assim, a qualidade de vida passa a ser entendida
como uma condição essencial relacionada ao modo de
viver e que precisa do fortalecimento de políticas públi-
cas saudáveis no âmbito universitário, que evidencie a
necessidade de ampliar o interesse e a preocupação de
diferentes setores no sentido de criar ambientes favoráveis
ao bom viver.
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Correspondência
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico da Vitória
Rua Alto do Reservatório, S/n - Bela Vista,
55608-680 – Vitória de Santo Antão - PE, Brasil
erleneroberta@uol.com.br
Recebido: 2 dezembro de 2017
Aceito: 26 de dezembro de 2017
INCAPACIDADE FUNCIONAL E CEFALEIA: IMPACTOS NO COTIDIANO DOS UNIVERSITÁRIOS