Headache Medicine, v.8, n.3, p.81-110, Jul./Aug./Sep. 2017
101
ca (RM) de crânio mostrou lesões inespecíficas na substância
branca, realce paquimeníngeo difuso e abaulamento da
hipófise. Sorologia para HTLV foi positiva no sangue e líquor.
Diante da hipótese de cefaleia por hipotensão liquórica, bus-
cou-se, sem sucesso, vazamento de líquor em RM de neuroeixo
e cisternocintilografia visto nesta menor velocidade de fluxo
liquórico. A cefaleia foi debelada, gradualmente, com cafeí-
na, nortriptilina, prednisona; as medicações foram retiradas
no ano seguinte. Alterações de imagem também desapare-
ceram. Discussão: O HTLV causa paraparesia espástica tro-
pical, polineuropatia, doença do neurônio motor, síndrome
demencial. Sorologias positivas no sangue e no líquor suge-
rem o diagnóstico. Comumente há realce leptomeníngeo,
atrofia medular, lesões na substância branca encefálica. A
cefaleia por hipotensão liquórica ocorre por lesões com va-
zamento de líquor, frequentemente na região cervical ou
torácica, mas nem sempre encontrado. Lesões após trauma
mínimo ou doenças do tecido conjuntivo podem causa-la. A
dor é holocraniana, opressiva, aparece minutos após pacien-
te se levantar, cessa em decúbito dorsal. Zumbido, fotofobia,
diplopia, náuseas, galactorreia, dor radicular, sonolência po-
dem ocorrer. A pressão de abertura do líquor é menor que 7
cm H2O. Em 2/3 dos casos se encontram coleção líquida
subdural, realce paquimeníngeo, hiperemia hipofisária, dila-
tação das estruturas venosas, diminuição das cisternas basais.
Sítios de vazamento são investigados na RM, mielotomografia,
cisternocintilografia. O quadro é autolimitado geralmente,
bastando repouso, aumento da ingestão hídrica e anti-infla-
matórios não hormonais. Casos persistentes são tratados com
corticosteroides, xantinas, patch com sangue autólogo ou
neurocirurgia. Conclusão: Este é o primeiro caso de cefaleia
por hipotensão liquórica concomitante à neuroinfecção pelo
HTLV. Lesões meníngeas não identificadas, sem história de
trauma ou doenças do tecido conjuntivo. O tratamento clíni-
co trouxe alívio da cefaleia.
Palavras-chaves: Cefaleia; Hipotensão liquórica; HTLV
PCE 35
CEFALEIA ASSOCIADA À HIPERTROFIA DA
MUSCULATURA TEMPORAL
Thaisa Bereta Jardini 1, Ana Luisa Oliveira,
Leticia Andrade Santos, Ruth Maria Ribeiro Guerra,
Fílippe da Cruz Machado Teixeira
Uniube – Universidade de Uberaba – Uberaba, MG
Objetivos: A cefaleia secundária à hipertrofia da muscula-
tura temporal é uma condição benigna incomum, de fisio-
patologia ainda desconhecida. Pode ocorrer de forma uni ou
bilateral, sendo a última mais prevalente. O objetivo deste
trabalho é relatar um caso de cefaleia com características
migranosas associada à hipertrofia desta musculatura, aten-
tando-se para a importância em considerar-se essa alteração
muscular no diagnóstico diferencial das cefaleias secundári-
as. Métodos: Estudo descritivo do tipo relato de caso basea-
do em dados obtidos através da anamnese, exame físico e
exames complementares, além de experiência clínica medica-
mentosa. Resultados: GNVJ, 23 anos, sexo masculino. Com-
parece ao ambulatório de neurologia referindo cefaleia há
08 anos, a qual apresentou piora na intensidade e frequência
nos últimos 20 dias precedentes a data da consulta. Com ca-
racterísticas migranosas, não era responsiva ao uso de anal-
gésicos comuns. Referia episódio único de desmaio uma se-
mana após a intensificação do quadro, não sabendo infor-
mar maiores detalhes. De antecedentes pessoais, informava
crise convulsiva após libação alcoólica há dois anos e episó-
dios prévios de desmaio. Ausência de história familiar positi-
va para enxaqueca. Ao exame físico e neurológico, não fo-
ram constatadas alterações. Exames bioquímicos de rastreio
apresentavam-se inalterados. O eletroencefalograma encon-
trava-se dentro dos limites da normalidade. Pela tomografia
de crânio sem contraste, evidenciou-se como única alteração
a hipertrofia de musculatura temporal bilateral. O tratamen-
to inicial sugerido utilizou como base o ácido valproico de
250 miligramas, com administração de um comprimido a
cada 12 horas. Em consulta de retorno, o paciente relatou
melhora sintomática significativa. Conclusão: Este caso ilus-
tra como é de suma importância diante de uma cefaleia com
mudanças de características a pesquisa de cefaleia secundá-
ria. No presente relato, considerou-se a hipótese diagnóstica
de uma cefaleia secundária ao aumento volumétrico da mus-
culatura temporal, a qual apresentou resposta terapêutica
após a utilização de ácido valproico ter contribuído para a
melhora do quadro álgico do paciente.
Palavras-chaves: Ácido valproico; Cefaleia; Hipertrofia da
musculatura temporal
PCE 36
SÍNDROME DE ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL EM
ADOLESCENTE GESTANTE
Thaisa Bereta Jardini, Ana Luisa Oliveira,
Leticia Andrade Santos, Luana Cesarini Lopes,
Fílippe da Cruz Machado Teixeira
Uniube – Universidade de Uberaba – Uberaba, MG
Objetivos: A síndrome de encefalopatia posterior reversível
(PRES) é caracterizada por início agudo ou subagudo de
cefaleia, alterações visuais, do estado de consciência, con-
vulsões e sinais neurológicos focais. Tratando-se de uma pa-
tologia rara, pode estar associada à encefalopatia hiper-
tensiva, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, insuficiência renal e tera-
pia com imunossupressores. O prognóstico é bom quando a
causa subjacente é corrigida precocemente. Este trabalho tem
como objetivo ilustrar um caso de PRES em gestante com pico
hipertensivo, no qual alterações na tomografia de crânio não
foram evidenciadas. Métodos: Estudo descritivo do tipo re-
lato de caso baseado em dados obtidos por meio de
anamnese, exame físico e exames complementares. Resulta-
dos: LMS, 17 anos, sexo feminino, branca, gestante. Paciente
admitida na ginecologia com idade gestacional de 41 sema-
nas referindo cefaleia de forte intensidade occipital bilateral
com irradiação para a região parietal e amaurose bilateral,
associados a pico hipertensivo de 150x100 mmHg. Diante
do quadro, prescreveu-se hidralazina e sulfato de magnésio.
Submetida a cesariana sem intercorrências, porém persistiu
com déficit visual, sem quaisquer outras alterações ao exame
neurológico. Considerando-se tais achados clínicos, estabe-
leceu-se diagnóstico de PRES associada à iminência de
eclâmpsia, uma vez que a tomografia de crânio com e sem
TEMAS LIVRES / ABSTRACTS – PÔSTERES