Headache Medicine, v.8, n.2, p.43-47, Apr./May/Jun. 2017 43
Protocolo de Tratamento de Cefaleia na Emergência em
um Hospital-Escola
Protocol of Treatment of Headache in the Emergency in a University hospital
Eliana Meire Melhado, Izabela Dias Brugugnolli, Guiherme Vedovato Vilela de Salis, Carolina Buck,
Lilian Audi Goulart, Talita Alvarez Sucena, Juliana Vilaça Vaz, Pedro Matheus Benelli,
Maria Emilia Miani Pereira, Renata Perri Soares Ferreira
Faculdades Integradas Padre Albino - FIPA - Catanduva, SP, Brasil
Melhado EM, Brugugnolli ID, Salis GVV, Buck C, Goulart LA, Sucena TA, et al. Protocolo de Tratamento de Cefaleia na
Emergência em um Hospital-Escola. Headache Medicine. 2017;8(2):43-7
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RESUMO
Objetivo: Nas Unidades de Urgência e Emergência (UUE),
cefaleias são responsáveis por 16% das queixas princi-
pais. Destes casos, 90% são cefaleias de causas primári-
as. Por isso o objetivo do estudo foi implantar um proto-
colo de atendimento às cefaleias na UUE de um Hospital-
Escola. Método: A busca na literatura científica foi o mé-
todo utilizado, pesquisando-se bibliograficamente, os sites
da Bireme, MedLine, Scielo, Lilacs e PubMed. Após a re-
visão do tema, montou-se um protocolo que foi implanta-
do no pronto-atendimento de um Hospital-Escola. Resul-
tado: O manejo adequado da cefaleia na UUE depende
primeiramente do diagnóstico adequado, segundo os cri-
térios da Sociedade Internacional de Cefaleia (ICHD-3-
beta) 2013, o qual deve excluir causas de cefaleia secun-
dária, por exemplo, traumas, infecções, massas
intracranianas, hemorragias. Quanto ao tratamento
farmacológico, deve-se seguir o protocolo abaixo. Admi-
nistrar dipirona 1g IV (intravenoso). Se evoluir bem o pa-
ciente é liberado e orienta-se acompanhamento
ambulatorial. Caso contrário, opta-se por Clorpromazina
0,5-1mg/kg IV diluída em SF 0,9% 500 ml por 2 horas,
ou Clorpromazina 0,1 mg/kg em bolo IV. Caso paciente
apresente vômito, considerar uso de Ondansetrona 8mg
em SF 0,9% 100ml em 15min, ou Dimenidrinato IV. Caso
resposta desfavorável usar Cetoprofeno 100mg IV em SF
0,9% 100 ml em 30min com protetor gástrico. Caso per-
sista, utilizar Dexametasona 10mg IV e se necessário re-
petir 4mg IV. Se não houver melhora da dor após essas
medidas, internar paciente para investigação. Quando a
resposta for boa libera-se o paciente. Deve-se então
desencorajar o abuso crônico de analgésicos e orientar o
paciente a procurar tratamento especializado. A utiliza-
ção de opioides no tratamento da crise migranosa na
sala de emergência deve ser desencorajada, tanto pela
falta de comprovação de eficácia como pelo risco de in-
duzir à cronificação da migrânea. Conclusões: A abor-
dagem da cefaleia primaria na UUE deve-se basear em
protocolos padrões que sistematizem o atendimento ao
paciente de maneira a minimizar os custos e efetivar o
tratamento.
Palavras-chave: Emergência; Cefaleia; Tratamento
INTRODUÇÃO
Dentre os sintomas mais comuns na prática clínica, a
cefaleia se constitui um dos principais, visto que, na maio-
ria das vezes, pode se relacionar a patologias graves. Mesmo
as cefaleias consideradas benignas são prejudiciais para
os indivíduos que as possuem, pois em grande parcela
tornam-se o agente incapacitante para realização de suas
funções cotidianas. Em pequena escala, a cefaleia acar-
reta problemas pessoais como a própria abstenção no tra-
balho, nas relações sociais e atividades. Já em grande
escala, trata-se de um problema de saúde pública com
impacto socioeconômico.
(1,2)
Segundo o Subcomitê de Classificação das Cefaleias
da Sociedade Internacional de Cefaleia,
(3)
há mais de du-
zentos tipos de cefaleias descritas. É fundamental que o
médico possa primeiramente dividir as cefaleias entre pri-
márias, quando não está presente nenhuma outra doen-
ça subjacente e secundárias, quando a dor existe como