Headache Medicine, v.8, n.2, p.32-33, Apr./May/Jun. 2017 33
ma crise de cefaleia primária é um sintoma autolimitado, mesmo quando não
tratada. Nunca teremos certeza se o nosso tratamento prescrito aboliu realmente uma
crise de migrânea, ou outro tipo de dor de cabeça. O efeito placebo é muito prevalente
em pacientes que sofrem de dor de cabeça. Pode estar presente em até 60% dos pacien-
tes tratados apenas com a substância utilizada como veículo do princípio ativo.
Alguns medicamentos utilizados para tratar uma cefaleia foram testados em com-
paração com o placebo e mostraram alguma eficiência sobre este. As comparações
entre os medicamentos para responder à pergunta qual é o melhor no tratamento de
uma crise de migrânea, ou um ataque em um paciente com cefaleia em salvas, são
poucas e, muitas vezes, são estudos pagos por grandes indústrias farmacêuticas.
Nesta edição da Headache Medicine alguns artigos abordam de forma elegante o
tema do tratamento de uma crises de cefaleia.
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Até agora, ainda não temos um medicamento analgésico, ou uma substância
antimigrânea, como as triptanas, que tenha uma ação rápida no tratamento de uma
crise de dor de cabeça, como no exemplo da migrânea, ou ainda que pudesse tratar
com eficiência todos os pacientes com dor cefaleia. Uma "boa resposta" é considerada
quando há uma redução na intensidade da dor dentro de duas horas após a adminis-
tração do medicamento. Um número substancial (20-40%) dos pacientes não mostrará
nenhuma melhora, mesmo duas horas após a administração do fármaco.
A escolha de um medicamento para tratar uma crise de cefaleia dependerá de
vários fatores. Entre eles, a disponibilidade do medicamento; a experiência anterior do
médico com o medicamento; o uso prévio de medicamentos com ergotamina ou triptana
pelo paciente; custo; idade do indivíduo; tipo de dor de cabeça; presença de comorbidades
ou condições associadas, como o vômito; se a administração do medicamento será oral,
retal ou parenteral; história anterior de sucesso ou não com esse medicamento específico;
se há relato de alergia; presença de gravidez; se o paciente está na emergência médica;
e refratariedade para outros medicamentos, para mencionar alguns.
Em conclusão, encontraremos diferentes maneiras de se tratar eficientemente um
paciente com crise de cefaleia, por vezes usando-se monoterapia ou fazendo uso de
uma combinação de várias drogas. Ou seja, ainda temos muito para aprender sobre
como escolher o medicamento para tratar adequadamente aquele paciente que estamos
cuidando.
REFERÊNCIAS
1. Pereira ML, Moreira FJS, Coelho RFS, Oliveira LAA, Ribeiro AC, Martins ACB, et al. Os analgésicos utiliza-
dos no tratamento abortivo da migrânea: Quando eles chegaram ao Brasil? Headache Medicine.
2017;8(2):38-42.
2. Melhado EM, Brugugnolli ID, Salis GVV, Buck C, Goulart LA, Sucena TA, et al. Protocolo de Tratamento de
Cefaleia na Emergência em um Hospital-Escola. Headache Medicine. 2017;8(2):43-7.
3. Peres M, Valença MM. Medications we miss in headache treatment in Brazil. Headache Medicine.
2017;8(2):55-7.
Muitas formas diferentes de tratar uma crise de cefaleia
U
Marcelo M. Valença
Neurosurgery and Neurology Unit, Federal University of Pernambuco – Recife - Pernambuco, Brazil
Editor-in-Chief, Headache Medicine
MANY DIFFERENT FORMS TO TREAT A HEADACHE ATTACK