Headache Medicine, v.8, n.1, p.22-24, Jan./Feb./Mar. 2017 23
Para compor os processos cognitivos, foram inves-
tigadas a catastrofização (e seus fatores ruminação, de-
samparo e magnificação) e a atenção em relação à dor.
Para tanto, foram utilizados os instrumentos Escala de
Catastrofização da dor (PCS)
(3)
e o Questionário de Vigi-
lância e Consciência em relação à Dor (PVAQ),
(4)
respec-
tivamente.
As variáveis autoeficácia e locus de controle (locus
de controle interno, ao acaso, em profissionais e em ou-
tros) compuseram os processos comportamentais. Para tan-
to, foram utilizados o Questionário de Autoeficácia em
relação à Dor (PSEQ)
(5)
e a Escala Multidimensional de
Locus de Controle da Saúde - forma C (MHLC).
(6)
Os aspectos emocionais foram constituídos pelas va-
riáveis alexitimia (dificuldade de identificar e descrever sen-
timentos) e distresse geral (depressão, ansiedade e estresse).
Essas variáveis foram coletadas utilizando-se a Escala de
Alexitimia de Toronto - 20 (TAS)
(7)
e a Escala de Depres-
são, Ansiedade e Estresse - 21 (DASS).
(8)
Os dados foram coletados por meio de entrevista,
enquanto o indivíduo aguardava, na sala de espera, pelo
seu atendimento odontológico.
Análise Estatística
Foi realizada análise fatorial confirmatória utilizando
os índices de qualidade de ajustamento 2/gl, CFI, GFI e
RMSEA para verificar a validade dos instrumentos para a
amostra. A confiabilidade dos dados foi avaliada pela
Confiabilidade Composta (CC).
Foi proposto modelo de equações estruturais para
avaliar o impacto das variáveis psicológicas na percepção
da intensidade e da interferência da dor orofacial em indi-
víduos adultos.
Aspectos éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Araraquara -
UNESP (CAAE: 14986014.0000.5416). Participaram
deste estudo somente os indivíduos que concordaram e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
Participaram 438 indivíduos adultos que relataram dor
na região orofacial. A média de idade foi de 36 (DP=9)
anos. A caracterização da amostra encontra-se na Tabela 1.
Nota-se que a maioria eram mulheres, com nível eco-
nômico médio, casadas e que reportavam dor orofacial
de possível origem odontogênica.
Todos os instrumentos utilizados, ou seja, o Inventário
Breve de Dor (BPI), a Escala de Catastrofização da dor
(PCS), o Questionário de Vigilância e Consciência em
relação à Dor (PVAQ), o Questionário de Autoeficácia
em relação à Dor (PSEQ), a Escala Multidimensional de
Locus de Controle da Saúde - forma C (MHLC), a Escala
de Alexitimia de Toronto - 20 (TAS) e a Escala de Depres-
são, Ansiedade e Estresse - 21 (DASS) apresentaram ajus-
tamento adequado aos dados (χ
2
/gl<5,00,CFI e
GFI>0,90 e RMSEA <0,10) apontado para adequada
validade dos resultados obtidos. Observou-se adequada
confiabilidade dos dados obtidos (CC>0,70). Ressalta-
se, no entanto, que foi necessário refinamento da estrutu-
ra dos instrumentospara que os mesmos se ajustassem ade-
quadamente aos dados da amostra.
Em relação ao modelo teórico proposto para avaliar
o impacto das variáveis psicológicas na percepção dolo-
rosa dos indivíduos, as variáveis ruminação, magni-
ficação, atenção, autoeficácia, locus de controle em ou-
tros, dificuldade de descrever/identificar sentimento e
distresse geral apresentaram impacto significativo
(p<0,05) na percepção da dor dos indivíduos. Este mo-
delo apresentou adequado ajustamento aos dados da
amostra (χ
2
/gl=1,665;CFI=0,915 e RMSEA=0,039).
Além disso, o modelo proposto explicou 24% da vari-
abilidade da percepção da intensidade da dor e 65% da
variabilidade da percepção da interferência da dor na vida
dos indivíduos.
CONTRIBUIÇÃO DE VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS NA PERCEPÇÃO DA DOR EM INDIVÍDUOS COM DOR OROFACIAL