12 Headache Medicine, v.8, n.1, p.11-15, Jan./Feb./Mar. 2017
ARRUDA MA, ARRUDA R, GUIDETTI V, BIGAL ME
do com a segunda edição da Classificação Internacional
das Cefaleias (ICHD-2), foi validado em numerosos estu-
dos brasileiros com adultos e crianças. O estado de saúde
mental da criança foi avaliado pela versão brasileira vali-
dada do Questionário de Capacidades e Dificuldades
(SDQ)8, além da escala MTA-SNAP-IV. O SDQ identifica
hiperatividade, desatenção, sintomas emocionais, proble-
mas de relacionamento com colegas e problemas de con-
duta. O suplemento de impacto do SDQ foi aplicado para
avaliar a presença de comprometimento clinicamente sig-
nificativo dos sintomas do TDAH nos vários contextos de
vida da criança, requerido pelos critérios operacionais de
diagnóstico do DSM-IV.
Para caracterização da amostra foi utilizada estatísti-
ca descritiva e as taxas de prevalência bruta e ajustada
foram obtidas utilizando modelo de regressão binária. Fo-
ram construídos modelos para análise multivariada por
regressão logística que avaliam a presença de TDAH em
função do diagnóstico da cefaleia, idade, sexo, raça, ren-
da familiar, características clínicas da cefaleia, bem como
a presença de abuso de analgésicos. O nível de signifi-
cância adotado foi de 5%. A análise estatística foi realiza-
da com o auxílio do programa SPSS 15.0 para Windows
(SPSS Inc. Chicago, IL).
RESULTADOS
Das 8.599 crianças da amostra-alvo, um consenti-
mento informado dos pais foi obtido em 6.445 (75%) e
questionários com informações completas e analisáveis em
5.671 (65,9%), a amostra final. A idade variou de 5 a 12
anos, sendo 50,7% delas do sexo masculino, oriundas de
87 cidades de 18 estados brasileiros, representando as
cinco regiões nacionais (Tabela 1).
A prevalência de TDAH foi de 3,9% (6,0% em meni-
nos e 1,8% em meninas), migrânea episódica 9,4% e
CTT episódica em 12,6% da amostra. Em comparação
às crianças sem cefaleia, a prevalência de TDAH foi sig-
nificativamente maior em crianças com migrânea em
geral (6% vs. 2,1%, RR 2,9, IC 95% 1,9-4,5), migrânea
episódica (6,8% vs. 2,1%, RR 3,3 IC 95% 2,0-5,3), pro-
vável migrânea (5,3% vs. 2,1%, RR 2,5; IC95% 1,6-
3,4), migrânea crônica (17,1% vs. 2,1%, RR 8,2; IC
95% 3,8-17,9), CTT em geral (3,6% vs. 2,1%, RR 1,7;
IC95% 1,1-2,7) e provável CTT (3,7% vs. 2,1%, RR 1,8;
IC95% 1,2-2,8). Em relação aos sintomas de hipera-
tividade e impulsividade, a prevalência foi significativa-
mente maior em crianças com migrânea em geral,
migrânea episódica e provável migrânea em compara-
Figura1. Mapa-mundi da prevalência de TDAH e migrânea em crianças e adolescentes
(1,2)