Headache Medicine, v.9, n.4, p.199-204, Oct./Nov./Dec. 2018 199
Interações entre enxaqueca, hipertensão arterial
sistêmica e acidente vascular cerebral: uma revisão
integrativa
Interactive between headache, systemic arterial hypertension and stoke: a integrative review
Gizele da Silva Lima
1
, Iris Milleyde da Silva Laurentino
1
, Vânia Nazaré da Costa Silva
1
, Antonio Flaudiano Bem Leite
3,5
,
Marcelo Moraes Valença
2,5
, Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
4,5
1
Collaborator of Research Group: Circle of Research in Technologies, Strategies and Instruments Applied to Health
2
Full Professor, Neuropsychiatry Department
3
Adjunct Professor, Colective Health Department
4
Assistent Professor, Colective Health Department
5
Federal University of Pernambuco - UFPE, Pernambuco, Brazil
Lima GS, Laurentino IMS, Bem-Leite AFB, Costa-Silva VN, Valença MM, Santos ERR.
Interações entre enxaqueca, hipertensão arterial sistêmica e acidente vascular cerebral: uma revisão integrativa.
Headache Medicine. 2018;9(4):199-204
VIEW AND REVIEW
RESUMO
Introdução: Estudos apresentam evidências de que a cefaleia
é um sintoma frequentemente associado à hipertensão arte-
rial sistêmica (HAS) e que pode contribuir com um maior
potencial no desenvolvimento dessas doenças, incluindo ris-
cos de danos mais graves, como o acidente vascular cere-
bral (AVC). Objetivo: Identificar nas publicações científicas
a relação entre enxaqueca, HAS e desfecho secundário de
AVC. Procedimentos metodológicos: Trata-se de um es-
tudo de revisão integrativa da literatura de 2014 a 2018,
nas bases de dados bibliográficas da Literatura Latino-Ame-
ricana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e o Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/
PUBMED) realizado em abril de 2019. De 50 registros iden-
tificados, considerando os descritores selecionados, através
de processos de seleção e elegibilidade de acordo com
critérios de inclusão e exclusão, resultou na eleição de qua-
tro artigos originais. A ferramenta PRISMA (Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta-analyses) foi utilizada
como orientação na redação da revisão integrada. Resul-
tados: Dos estudos analisados, 50% direcionaram os obje-
tivos para a investigação da associação entre enxaqueca e
doença cardiovascular. Os demais priorizaram como objeti-
vo a avaliação da enxaqueca como um fator de risco para
AVC. Os achados relatados na totalidade confirmam a pre-
sença da associação da enxaqueca com a HAS e o AVC.
Desses, apenas um não apresentou significância no modelo
estatístico, quando inclusa a enxaqueca de forma geral para
o risco de AVC, porém quando inserida a enxaqueca com
aura, revelou resultados positivos. Conclusão: A enxaque-
ca se associa à HAS como fator de risco para doenças
cardiovasculares e pode gerar impacto significativo para
incapacidade dos pacientes. Esse contexto, portanto, requer
um olhar específico das políticas de saúde pública, a qual
necessita aprimorar as estratégias de acompanhamento e pre-
venção dos desfechos negativos a longo prazo.
Palavras-chave: Cefaleia; Transtorno da enxaqueca; Hi-
pertensão; Acidente Vascular Cerebral.
ABSTRACT
Introduction: Several studies present evidence that headache
is a symptom often associated with systemic arterial
hypertension (SAH) and it may contribute to a greater potential
for the development of these diseases, including the risks of
more serious damages, such as stroke). Objective: To identify
in the existing scientific publications the relation between
migraine, systemic arterial hypertension and secondary
outcome of cerebrovascular accident. Methodological
procedures: This is an integrative literature review from 2014
to 2018, in the bibliographic databases of Latin Literature
(LILACS) and the Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE /PUBMED) conducted in April 2019.
From 50 identified records, considering the selected descriptors,
through selection and eligibility procedures according to the
proposed inclusion and exclusion criteria, 04 articles were
selected. The PRISMA tool (Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-analyzes) was used as a guideline
200 Headache Medicine, v.9, n.4, p199-204, Oct./Nov./Dec. 2018
LIMA GS, LAURENTINO IMS, BEM-LEITE AFB, COSTA-SILVA VN, VALENÇA MM, SANTOS ERR
in the writing of the integrated review. Results: 50% of the
analyzed studies directed the objectives for the investigation
of the association between migraine and cardiovascular
disease. The others, prioritized as objective the evaluation of
migraine as a risk factor for stroke. The findings of the studies
analyzed in full confirm the presence of the association of
migraine with systemic arterial hypertension and stroke. Of
these, only one presented no significance in the statistical model,
when migraine was generally included for the risk of stroke,
but when migraine with aura was inserted, it showed positive
results. Conclusion: Migraine is directly associated with
cardiovascular diseases and can have a significant impact, both
for the patients' disability and for the public health policy, which
needs to improve strategies for monitoring and preventing
negative outcomes in the long term.
Keywords: Headache; Migraine Disorder; Hypertension;
Stroke.
INTRODUÇÃO
A cefaleia é um sintoma universal, decorrente de alte-
rações funcionais do sistema nervoso central, que se apre-
senta como um problema de saúde pública no mundo,
com prevalência significativa no Brasil. É um exemplo de
dor crônica, a qual interfere na qualidade de vida dos
indivíduos e que também é uma das causas mais relatadas
quando se discute o absenteísmo nas organizações traba-
lhistas.
(1)
As cefaleias podem ser ser classificadas como:
primárias, secundárias, neuropatias cranianas dolorosas,
e outras dores faciais. Nesse estudo, o objeto selecionado
é a cefaleia primária, que pode ser avaliada por exames
clínicos, associados à aplicação dos critérios da Classifi-
cação Internacional das Cefaleias. As mais prevalentes no
país são a cefaleia do tipo-tensão e a enxaqueca.
(2)
A enxaqueca é um distúrbio neurovascular comum,
por constantes episódios de cefaleia por sinais e sintomas
como náuseas, fotofobia, fonofobia e dor variando de
moderada a intensa, podendo durar até 72 horas quan-
do não é tratada. Afeta mais as mulheres na faixa etária
produtiva. Estudos mostraram que apenas 56% dos paci-
entes com enxaqueca procuram atendimento de médico
generalista e, destes, apenas 4%-16%, respectivamente,
se consultam com especialistas em cefaleias.
(2,3)
Estudos anteriores apresentam evidências de que a
cefaleia é um sintoma frequentemente associado à hiper-
tensão arterial sistêmica (HAS). A primeira descrição des-
sa associação foi no início do século XX. Por um longo
tempo, autores continuaram descrevendo tal associação,
apesar de várias evidências contrárias. Outros estudos já
demonstram que a queixa de cefaleia partia frequente-
mente de pessoas que sabiam do diagnóstico de HAS,
comparados aos que desconheciam sua condição de pres-
são arterial.
(4)
As prevalências da cefaleia são diferentes em diversos
grupos de populações o que causa grande impacto no
sistema de saúde. Nos ambulatórios de clínica médica, a
cefaleia é a terceira queixa mais frequente. Já nas unida-
des de saúde, é responsável por 9,3% das consultas não
agendadas e nos ambulatórios de neurologia é a causa
mais frequente da consulta.
(5)
A maior parte da evidência científica que indica a
associação entre cefaleia e HAS foi encontrada a partir de
investigações anteriores a dos diagnósticos de cefaleia e
de estudos realizados em hospitais e clínicas especia-
lizadas.
(4)
Em 2004, a Sociedade Internacional de Cefaleia
chegou à conclusão de que a pressão arterial elevada (leve
e moderada) na forma crônica não causaria dor de cabe-
ça. As diretrizes atuais apresentam que a dor de cabeça
desencadeada pelos níveis pressóricos elevados precisa
ceder logo após o manejo de intervenções clínicas para a
sua normalização. As menores elevações na pressão arteri-
al não causam dor de cabeça e, quando a dor de cabeça
persistir após a diminuição da pressão arterial, a hiperten-
são não deve ser a causa.
(6)
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das maio-
res causas de morte e incapacidade adquirida em todo o
mundo. O Brasil apresenta a quarta taxa de mortalidade
por AVC entre os países da América Latina e sua incidên-
cia gira em torno de 150 casos por 100 mil habitantes. É
uma doença crônica não transmissível, e pode ser
consequência do controle inadequado da hipertensão ar-
terial.
(7)
Estudo realizado nos EUA revelou que sofrer com dor
de cabeça forte, fotofobia e tontura, não é o maior proble-
ma de quem precisa lidar com a enxaqueca, porém o au-
mento do risco de doenças cardiovasculares desencadeadas
por quadros de vasos constrição, como o AVC, muitas ve-
zes decorrentes do uso indiscriminado de anti-inflamatóri-
os, vasoconstritores para enfrentar o problema da dor, con-
tribuir com ocorrências na esfera cardíaca.
(8)
Um dos problemas mais comuns enfrentados por pro-
fissionais de saúde é a HAS, pois há dificuldades para
realizar o diagnóstico precoce, tratamento e controle
pressóricos dos usuários.
(9)
A realização do exame clínico,
é importante na identificação de uma emergência
hipertensiva, contribuindo para o encaminhamento ade-
quado do paciente a uma unidade hospitalar especializa-
Headache Medicine, v.9, n.4, p.199-204, Oct./Nov./Dec. 2018 201
INTERAÇÕES ENTRE ENXAQUECA, HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
da. A falha no controle da hipertensão pode colaaborar
para desfechos negativos a longo prazo, como infarto e
AVC.
(5,6)
No diagnóstico precoce e tratamento adequado pode-
se evitar a ocorrência de um AVC. Neste caso, a Atenção
Primária no Sistema Único de Saúde, que é a porta de
entrada do paciente para prevenção, diagnósticos,
monitorização e controle da hipertensão arterial, possui
papel fundamental na melhora da adesão ao tratamen-
to.
(10)
Considerando o panorama, faz-se necessário des-
crever as conclusões de estudos dos últimos quatro anos,
que buscam verificar a associação da enxaqueca com a
HAS, relacionada à consequência mais frequente quando
o controle dessa morbidade não acontece, que é o AVC.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da litera-
tura. O período para o levantamento bibliográfico foi en-
tre 2014 a 2018, nas bases de dados bibliográficos da
Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saú-
de (LILACS) e o Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE/PubMed). Na primeira base,
foram utilizados os descritores selecionados de acordo com
o padrão dos Descritores em Ciência da Saúde edição
2018 (DECs/Bireme), na base LILACS, foram: "enxaque-
ca", "hipertensão" e "acidente vascular cerebral". Para a
base PubMed, foram: "migraine", "arterial hypertention" e
"stroke".
Após a aplicação dos descritores utilizados, combina-
dos entre si, em busca integrada nos campos título, resu-
mo e assunto, foram obtidos cinquenta documentos inici-
almente. Em seguida foram aplicados critérios de inclu-
são, nos quais foram observados os seguintes itens: (I) pes-
quisas originais que discorrem acerca da associação da
migrânea com a hipertensão arterial sistêmica e acidente
vascular cerebral; (II) estudos com a população de 18 a
50 anos; (III) escritos em Inglês, Espanhol e Português.
Como critérios de exclusão foram retirados artigos: (I) de
revisão da literatura; (II) com mais de cinco anos de publi-
cação; e (III) em outros idiomas não especificados nos cri-
térios de inclusão.
Do total de documentos, após realização de procedi-
mento de leitura de cada título, resumo, dentro do período de
publicação, objetivo proposto, dos critérios de inclusão e ex-
clusão, resultou em quatro estudos selecionados (Figura 1).
Todos os estudos selecionados foram analisados, na
íntegra, por três revisores, coletando-se os dados de inte-
resse em formulários predefinidos, com a inclusão de cam-
pos para anotação das variáveis de desfecho em saúde,
fontes de dados dos desfechos, variáveis independentes ava-
liadas e associadas positivamente aos desfechos, ano de
publicação dos estudos, período de ocorrência dos desfe-
chos avaliados, grupos populacionais estudados, locais in-
vestigados e origem dos dados. A leitura dos artigos e a
extração dos dados e das informações foram realizadas de
maneira integrada entre os revisores. Divergências foram
identificadas, discutidas e resolvidas entre os revisores, sem
a necessidade de consulta de mais revisores.
A ferramenta PRISMA (Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-analyses) foi utilizada para
orientar a redação da revisão sistemática.
(11)
RESULTADOS
Os resultados obtidos são visualizados na Tabela 1, na
qual são identificados autores, ano de publicação, objetivo,
método, conclusão, limitações dos estudos e possíveis viés.
Foram estudos recentes, dos últimos quatro anos. A
maioria aconteceu na Europa, sendo apenas um realizado
na América do Norte. Os objetivos foram semelhantes,
porém dois com ênfase na investigação da associação en-
tre enxaqueca e doença cardiovascular, e dois priorizando
a avaliação da enxaqueca como um fator de risco para
acidente vascular. O tipo de estudo predominante à coorte,
com análises a partir do uso da regressão logística multi-
variada. Com relação ao sexo, a maioria dos participantes
é constituída por mulheres nos quatro estudos.
Os achados acerca da associação da enxaqueca com
a hipertensão arterial sistêmica e o acidente vascular cere-
bral demonstram presença da associação na totalidade
dos estudos analisados. No entanto, foi observada uma
discordância com relação ao risco de um desfecho negati-
vo a longo prazo.
Um dos estudos não apresentou significância no mo-
delo estatístico para as análises, quando inclusa a enxa-
queca de forma geral para risco de AVC. Contudo, quan-
do inserida a enxaqueca com aura, revelou resultados po-
sitivos, destacando que além de eventos isquêmicos, tam-
bém pode ser um fator de risco para AVC hemorrágico,
gerando alguns questionamentos e pautando como limita-
ção o número restrito de eventos cerebrovasculares estuda-
Figura 1. Seleção dos estudos segundo o método descrito.
202 Headache Medicine, v.9, n.4, p199-204, Oct./Nov./Dec. 2018
dos e a impossibilidade de analisar a causalidade entre o
início da hipertensão arterial, enxaqueca e eventos
cerebrovasculares. Presença de fator do confundimento re-
sidual devido a viés imensurável.
Com relação ao risco de viés, predominou nessa aná-
lise, a possibilidade dos diagnósticos confirmados pelos
questionários de auto relato, apresentarem classificação
equivocada acerca do tipo de enxaqueca.
LIMA GS, LAURENTINO IMS, BEM-LEITE AFB, COSTA-SILVA VN, VALENÇA MM, SANTOS ERR
Headache Medicine, v.9, n.4, p.199-204, Oct./Nov./Dec. 2018 203
DISCUSSÃO
A maior parte da evidência científica que indica a
associação entre enxaqueca e hipertensão artérial foi
identificada a partir de investigações anteriores a dos diag-
nósticos de cefaleia e de estudos realizados em hospitais e
clínicas especializadas.
(4)
As evidências encontradas nesse estudo de revisão
estão em sintonia quando considerada a relevância de
outros estudos anteriores, que apresentam associações im-
portantes nas frequentes condições da enxaqueca relaci-
onada à HAS, e que corroboram com as primeiras descri-
ções dessa associação, datadas no início do século XX e
que até os dias atuais vêm demonstrando consistên-
cia.
(6,16,17)
Um aspecto importante a ser destacado no estudo é
que além da associação entre enxaqueca e hipertensão,
também é preocupante a perspectiva de um desfecho se-
cundário como o AVC, o que corrobora com estudo prévio
de meta-análise que apresentou um risco duas vezes maior
de AVC isquêmico para pessoas de enxaqueca com aura,
é um trabalho de grande consistência
.(4,16)
Outra evidência deste estudo também corrobora para
a associação dessas variáveis, pois apresentou uma
prevalência de comorbidade hipertensão e enxaqueca como
substancial, revelando que paciente nessa condição apre-
senta maior histórico AVC e/ou ataque isquêmico transitó-
rio (AIT) quando comparados a pacientes hipertensos sem
enxaqueca.
(7,12)
Ainda na mesma perspectiva das evidências sobre a
associação aqui investigada, estudo apresenta resultados
que discutem um dos principais e maiores problemas de
quem sofre de dores de cabeças fortes como a enxaqueca,
não é por si só a dor, mas também as causas e o aumento
do risco de doenças cardiovasculares, que muitas vezes
são desencadeadas por quadros de vasoconstrição, como
o AVC, e entre outras alterações susceptíveis a contribuir
com outras ocorrências cardíacas.
(8)
No entanto, é importante ressaltar que um dos moti-
vos pela qual a enxaqueca pode elevar o risco de doenças
cardiovasculares é o fato de que, geralmente, a maioria
das pessoas que costumam utilizar anti-inflamatórios
vasoconstritores para enfrentar o problema da dor, o me-
dicamento utilizado culmina
na potencialização do au-
mento dos riscos dessas doenças cardíacas.
(18,15)
As evidências também apontam para a cefaleia o sin-
toma clássico relacionado à hipertensão, com diretrizes atu-
ais para o controle do paciente, associada à recomenda-
ção do registro via questionamento, para detecção da ocor-
rência de episódios da dor de cabeça durante a investiga-
ção de um paciente hipertenso. A cefaleia constitui um
importante sinal de alerta sintomático para pacientes e
médicos.
(9,10)
Compreendendo a grande quantidade de pacientes
hipertensos cadastrados na Estratégia Saúde da Família no
Brasil (importante porta de acesso ao Sistema Único de
Saúde), torna-se pertinente a discussão de um controle efe-
tivo e a prevenção de desfechos secundários como o AVC,
para os que, além do diagnóstico de HAS, apresentam a
enxaqueca como comorbidade, pois ela é um distúrbio de
alta prevalência, afetando em maioria a população de
mulheres e pode representar um elo potencial com a do-
ença vascular. Portanto é de grande interesse na perspecti-
va científica e de saúde pública.
(1,9,19,20)
CONCLUSÃO
A enxaqueca é um distúrbio neurovascular comum,
caracterizada por constantes episódios de cefaleia, e afeta
mais as mulheres na sua faixa etária produtiva. Está asso-
ciada às doenças cardiovasculares, como Hipertensão Ar-
terial Sistêmica (HAS). Também pode estar associada a um
desfecho secundário como o AVC, que pode ocorrer por
consequência da dificuldade do controle da HAS. Um dos
motivos pelos quais a enxaqueca pode elevar o risco de
doenças cardiovasculares é o fato de que, geralmente a
maioria das pessoas que utilizam anti-inflamatórios
vasoconstritores para enfrentar o problema da dor, acaba
potencializando o aumento dos riscos das ocorrências de
desfechos para níveis de complexidade mais altos dos Ser-
viços de Saúde, o que gera impacto significativo, tanto
para a potencial incapacidade dos pacientes, quanto para
a política de enfrentamento da doença (HAS) pela saúde.
A detecção dos casos de enxaqueca, associados à
HAS, precisa do uso das tecnologias para o diagnóstico
apropriado e tratamento, que deveriam estar estruturadas
nas Unidades da Estratégia Saúde da Família, que com-
põem a base do Sistema Púbico de Saúde no país, possibi-
litando, assim, à população, o acesso às estratégias de
controle com maior efetividade.
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Recebido: 23 de outubro de 2018
Aceito: 17 de novembro de 2018