200 Headache Medicine, v.9, n.4, p199-204, Oct./Nov./Dec. 2018
LIMA GS, LAURENTINO IMS, BEM-LEITE AFB, COSTA-SILVA VN, VALENÇA MM, SANTOS ERR
in the writing of the integrated review. Results: 50% of the
analyzed studies directed the objectives for the investigation
of the association between migraine and cardiovascular
disease. The others, prioritized as objective the evaluation of
migraine as a risk factor for stroke. The findings of the studies
analyzed in full confirm the presence of the association of
migraine with systemic arterial hypertension and stroke. Of
these, only one presented no significance in the statistical model,
when migraine was generally included for the risk of stroke,
but when migraine with aura was inserted, it showed positive
results. Conclusion: Migraine is directly associated with
cardiovascular diseases and can have a significant impact, both
for the patients' disability and for the public health policy, which
needs to improve strategies for monitoring and preventing
negative outcomes in the long term.
Keywords: Headache; Migraine Disorder; Hypertension;
Stroke.
INTRODUÇÃO
A cefaleia é um sintoma universal, decorrente de alte-
rações funcionais do sistema nervoso central, que se apre-
senta como um problema de saúde pública no mundo,
com prevalência significativa no Brasil. É um exemplo de
dor crônica, a qual interfere na qualidade de vida dos
indivíduos e que também é uma das causas mais relatadas
quando se discute o absenteísmo nas organizações traba-
lhistas.
(1)
As cefaleias podem ser ser classificadas como:
primárias, secundárias, neuropatias cranianas dolorosas,
e outras dores faciais. Nesse estudo, o objeto selecionado
é a cefaleia primária, que pode ser avaliada por exames
clínicos, associados à aplicação dos critérios da Classifi-
cação Internacional das Cefaleias. As mais prevalentes no
país são a cefaleia do tipo-tensão e a enxaqueca.
(2)
A enxaqueca é um distúrbio neurovascular comum,
por constantes episódios de cefaleia por sinais e sintomas
como náuseas, fotofobia, fonofobia e dor variando de
moderada a intensa, podendo durar até 72 horas quan-
do não é tratada. Afeta mais as mulheres na faixa etária
produtiva. Estudos mostraram que apenas 56% dos paci-
entes com enxaqueca procuram atendimento de médico
generalista e, destes, apenas 4%-16%, respectivamente,
se consultam com especialistas em cefaleias.
(2,3)
Estudos anteriores apresentam evidências de que a
cefaleia é um sintoma frequentemente associado à hiper-
tensão arterial sistêmica (HAS). A primeira descrição des-
sa associação foi no início do século XX. Por um longo
tempo, autores continuaram descrevendo tal associação,
apesar de várias evidências contrárias. Outros estudos já
demonstram que a queixa de cefaleia partia frequente-
mente de pessoas que sabiam do diagnóstico de HAS,
comparados aos que desconheciam sua condição de pres-
são arterial.
(4)
As prevalências da cefaleia são diferentes em diversos
grupos de populações o que causa grande impacto no
sistema de saúde. Nos ambulatórios de clínica médica, a
cefaleia é a terceira queixa mais frequente. Já nas unida-
des de saúde, é responsável por 9,3% das consultas não
agendadas e nos ambulatórios de neurologia é a causa
mais frequente da consulta.
(5)
A maior parte da evidência científica que indica a
associação entre cefaleia e HAS foi encontrada a partir de
investigações anteriores a dos diagnósticos de cefaleia e
de estudos realizados em hospitais e clínicas especia-
lizadas.
(4)
Em 2004, a Sociedade Internacional de Cefaleia
chegou à conclusão de que a pressão arterial elevada (leve
e moderada) na forma crônica não causaria dor de cabe-
ça. As diretrizes atuais apresentam que a dor de cabeça
desencadeada pelos níveis pressóricos elevados precisa
ceder logo após o manejo de intervenções clínicas para a
sua normalização. As menores elevações na pressão arteri-
al não causam dor de cabeça e, quando a dor de cabeça
persistir após a diminuição da pressão arterial, a hiperten-
são não deve ser a causa.
(6)
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das maio-
res causas de morte e incapacidade adquirida em todo o
mundo. O Brasil apresenta a quarta taxa de mortalidade
por AVC entre os países da América Latina e sua incidên-
cia gira em torno de 150 casos por 100 mil habitantes. É
uma doença crônica não transmissível, e pode ser
consequência do controle inadequado da hipertensão ar-
terial.
(7)
Estudo realizado nos EUA revelou que sofrer com dor
de cabeça forte, fotofobia e tontura, não é o maior proble-
ma de quem precisa lidar com a enxaqueca, porém o au-
mento do risco de doenças cardiovasculares desencadeadas
por quadros de vasos constrição, como o AVC, muitas ve-
zes decorrentes do uso indiscriminado de anti-inflamatóri-
os, vasoconstritores para enfrentar o problema da dor, con-
tribuir com ocorrências na esfera cardíaca.
(8)
Um dos problemas mais comuns enfrentados por pro-
fissionais de saúde é a HAS, pois há dificuldades para
realizar o diagnóstico precoce, tratamento e controle
pressóricos dos usuários.
(9)
A realização do exame clínico,
é importante na identificação de uma emergência
hipertensiva, contribuindo para o encaminhamento ade-
quado do paciente a uma unidade hospitalar especializa-