Headache Medicine, v.9, n.4, p.183-189, Oct./Nov./Dec. 2018 183
Alterações de funcionalidade de mulheres migranosas
Functionality changes of migraine women
Alyne Karine Lima Santos
1
, Hugo Feitosa
1
, Suellen F Silva
1
, Manuella Moraes Monteiro Barbosa Barros
1
,
Josepha Karinne de Oliveira Ferro
1
, Ana Izabela Sobral de Oliveira Souza
1
,
Tamara Cavalcanti de Morais Coutinho Neta
1
, Paulo José Moté Barboza
2
, Pedro Augusto Sampaio Rocha Filho
3
,
Débora Wanderley
1
, Daniella Araújo de Oliveira
1
1
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife - Brasil
2
Fisioterapeuta, Centro Integrado de Reabilitação e Terapia Aquática (CIRTA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
3
Departamento de Neuropsiquiatria, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil e Hospital Universitário
Oswaldo Cruz, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil
Santos AKL, Feitosa H, Silva SF, Barros MMMB, Ferro KJO, Souza AISO, Coutinho Neta TCM, Barboza PJM,
Rocha Filho PAS, Wanderley D, Oliveira DA. Alterações de funcionalidade de mulheres migranosas.
Headache Medicine. 2018;9(4):183-89
ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
Objetivo: Identificação das alterações na funcionalidade de
mulheres com migrânea de acordo com a Classificação inter-
nacional da funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF). Mé-
todo: Trata-se de um estudo qualitativo, realizado no forma-
to de entrevistas em grupos focais, no qual foram incluídas
mulheres entre 18 e 55 anos com diagnóstico de migrânea
baseado nos critérios da Sociedade Internacional de Cefaleia.
As mulheres foram divididas em grupos com médias de duas
a quatro pessoas e, guiadas por um moderador, foram in-
centivadas a falar sobre a influência da migrânea na realiza-
ção das tarefas a que são expostas diariamente, levando em
consideração o ambiente em que estão inseridas. As catego-
rias que alcançaram o ponto de corte de 30% de concordân-
cia nos grupos foram aprovadas. Resultados: Foram reali-
zadas 10 rodadas de entrevistas, cada uma com um grupo
focal com média de duas a quatro pessoas, totalizando 29
mulheres com média de idade de 34,7 anos (95%; IC: 18 -
51). Foram aprovadas 18 categorias, sendo quatro no domí-
nio de Função do Corpo, quatro no domínio de Estruturas do
corpo, seis categorias no domínio de Atividade e Participa-
ção e quatro categorias no domínio de Fatores Ambientais.
Conclusão: Mulheres com migrânea percebem alteração na
funcionalidade em todos os domínios da CIF, sendo o domí-
nio Atividades e Participação o que apresentou mais catego-
rias mencionadas.
Palavras-chave: Transtornos de enxaqueca;
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacida-
de e Saúde; impacto psicossocial; biopsicossocial; ativida-
des e participação.
ABSTRACT
Objective: Identification of changes in functionality of women
with migraine according to the International Classification of
Functioning, Disability, and Health (ICF). Method: This is a
qualitative study conducted in the format of focus group
interviews, which included women between 18 and 55 years
old diagnosed with migraine based on the criteria of the
International Headache Society. The women were divided into
groups with averages of two to four people and, guided by a
moderator, they were encouraged to talk about the influence
of migraine on performing the tasks to which they are exposed
daily, taking into account the environment in which they are
inserted. The categories that reached the 30% agreement cut-
off point in the groups were approved. Results: There were 10
rounds of interviews, each with a focus group with an average
of two to four people, totaling 29 women with a mean age of
35 years old (95% CI: 18 - 51). Eighteen categories were
approved, four in the Body Function domain, four in the Body
Structure domain, six categories in the Activity and Participation
domain and four categories in the Environmental Factors
domain. Conclusion: Women with migraine perceive
alteration in functionality in all ICF domains, with the Activities
and Participation domain presenting the most mentioned
categories.
Keywords: Migraine disorders; International Classification of
Functioning, Disability, and Health; psychosocial impact;
biopsychosocial; activity and participation.
184 Headache Medicine, v.9, n.4, p.183-189, Oct./Nov./Dec. 2018
SANTOS AKL, FEITOSA H, SILVA SF, BARROS MMMB, FERRO KJO, SOUZA AISO, COUTINHO NETA TCM, BARBOZA PJM, ROCHA FILHO PAS,
WANDERLEY D, OLIVEIRA DA
INTRODUÇÃO
A migrânea é uma cefaleia primária classificada no
Global Burden Disease 2015 como a terceira maior causa
de incapacidade no mundo, em ambos os sexos, responsá-
vel por 1,4% de todos os dias perdidos por ano por incapa-
cidade de um indivíduo.
(1)
Ademais, a incapacidade causa-
da pela migrânea gera repercussões na qualidade de vida e
economia do indivíduo, visto que as repercussões desta con-
dição são responsáveis pela ausência e ineficiência no âm-
bito de trabalho, faltas e redução de concentração no am-
biente escolar.
(2)
As suas implicações interferem também no
âmbito da atenção à saúde e também na economia mundi-
al, pois a migrânea chega a provocar um custo estimado
em 27 bilhões de euros por ano na Europa. Já no Brasil, ela
atinge mais de 10% da população causando limitação em
cerca de 93% das pessoas atingidas.
(3,4)
No contexto de uma percepção mais ampla a respeito
do impacto das condições de saúde sobre os indivíduos aco-
metidos, a OMS propõe a Classificação Internacional da Fun-
cionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Este instrumento
surgiu como resposta à eminente necessidade de homogeneizar
a avaliação e descrição de incapacidades em pacientes com
quaisquer tipos de doença.
(5)
Para isto, busca classificar a
funcionalidade do indivíduo com ênfase no aspecto positivo
em contrapartida ao modelo biomédico, que classifica o indi-
víduo a partir de seu diagnóstico clínico. A CIF aborda uma
grande quantidade de ítens, o que a torna uma ferramenta
completa e integral, que qualifica cada aspecto abordado e
traz uma visão mais completa a respeito do indivíduo.
(6)
Diante do exposto, é notório o grande impacto da
migrânea sobre os indivíduos acometidos. Logo, ao ampliar
a perspectiva de classificação de pacientes com migrânea
por meio da proposta da CIF, é possível perceber com mais
clareza as incapacidades enfrentadas por esta população,
visto que estes indivíduos são desafiados a enfrentar diversas
limitações e restrições que podem ser melhor abordadas e
esclarecidas com base na CIF. Desta forma, tornam-se mais
simples a identificação e o manejo dos profissionais ao lidar
com esta condição. Assim, o presente trabalho objetiva a
identificação das alterações na funcionalidade de mulheres
com migrânea de acordo com a CIF.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenho do estudo
Trata-se de um estudo qualitativo, que possibilita co-
nhecer e esclarecer sentimentos, ideias e comportamentos
que a migrânea representa e sua influência na vida das
mulheres.
(7)
O presente estudo foi aprovado pelo comitê
de ética em pesquisa com seres humanos do Centro de
Ciências de Saúde da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) sob o parecer 2.361.804.
Amostra
Os pacientes selecionados para o estudo foram mulhe-
res com idade entre 18-51 anos, com o diagnóstico clínico
feito por um neurologista e que correspondiam aos critérios
da migrânea descritos na ICHD-3 BETA.
(8)
Foram excluídas
deste estudo as mulheres com dificuldade de interação em
grupo, visto que essas não se sentiriam à vontade para res-
ponder às perguntas que embasariam a pesquisa.
As mulheres foram recrutadas no ambulatório de
cefaleia do Hospital das Clínicas de Pernambuco e convi-
dadas a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclare-
cido (TCLE) após explicação detalhada dos procedimen-
tos. Em seguida eram encaminhadas para uma sala no
próprio hospital, onde foram realizadas as entrevistas com
abordagem qualitativa no formato de grupos focais.
Procedimentos
As pacientes foram divididas em grupos focais forma-
dos por até sete pessoas, guiados por um moderador e um
assistente que conduziam as sessões a partir de um questi-
onário semiestruturado (Tabela 1). O moderador teve a
função de facilitar a interação entre os membros do grupo,
no sentido de enriquecer a discussão, buscando mais a
compreensão do que a explicação dos fenômenos estuda-
dos.
(9,10)
Cada sessão foi gravada e transcrita através do
método de condensação. A seguir, dois pesquisadores in-
dependentes analisaram as falas, identificando os pontos
principais de cada trecho.
(9,10)
Em seguida, esses conceitos foram organizados e agru-
pados para que pudessem ser correlacionadas com as
categorias da CIF que melhor os descrevessem. Os resul-
tados levaram em consideração a frequência em que cada
categoria foi mencionada nos grupos focais, sendo con-
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ALTERAÇÕES DE FUNCIONALIDADE DE MULHERES MIGRANOSAS
siderada aprovada a categoria que alcançou concordân-
cia de ao menos 30% dos grupos.
(9)
RESULTADOS
Foram realizadas rodadas de entrevistas com grupos
focais com média de 2-4 pessoas, totalizando 29 mulhe-
res. Após um total de dez grupos, o assunto foi considera-
do saturado devido à repetição das informações relatadas
pelos indivíduos, como preconiza o método de saturação.
(11)
Mais de oitenta assuntos relacionados a categorias de to-
dos os domínios da CIF foram mencionados durante as
entrevistas. Destes, 18 alcançaram o ponto de corte e fo-
ram considerados aprovados neste estudo.
O domínio "Funções do corpo" teve quatro categorias
aprovadas sendo a mais frequente a "b132 apetite" menci-
onada em 90% dos grupos (Tabela 2). Outras categorias
como "b1263 estabilidade psíquica", "b4552 fatigabilidade"
e "b1301 motivação" também foram mencionados em um
ou mais grupos, mas não alcançaram o ponto de corte
necessário para aprovação neste estudo.
Outras quatro categorias foram aprovadas no domí-
nio "Estruturas do corpo", com "s720 estruturas da cabeça
e pescoço" sendo a mais frequente, além de ser uma das
únicas categorias de toda a pesquisa que foi mencionada
em todos os grupos focais (Tabela 3). Além das categorias
apresentadas na tabela, merecem destaque a citação da
categoria "s310 estrutura do nariz" e "s730 estrutura de
membro superior" que também foram mencionadas, mas
não o suficiente para alcançarem o ponto de corte.
O domínio "Atividades e Participação" apresentou o
maior número de categorias aprovadas, seis. Dentre elas,
"d850 Trabalho remunerado" foi a mais frequente, sendo
uma das que foram citadas em todos os grupos focais (Ta-
bela 4). "d9301 Espiritualidade" "D5 autocuidados" e "d825
Formação profissional" foram algumas das categorias des-
te domínio que foram mencionadas em um ou mais gru-
pos mas não obtiveram o número mínimo de citações para
aprovação neste estudo. Já no domínio "Fatores ambientais"
mais quatro categorias foram aprovadas, dentre elas "e2400
intensidade da luz" que foi a última categoria mencionada
em todos os grupos desta pesquisa (Tabela 5).
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DISCUSSÃO
A migrânea traz impactos negativos para a funciona-
lidade das mulheres acometidas em todos os domínios da
CIF, especialmente nas categorias do domínio "Atividades
e Participação". Isto corrobora com a ideia de que uma
abordagem biopsicossocial é importante para a melhoria
da qualidade de vida de pacientes acometidas por esta
condição de saúde, posto que a mesma é multifatorial e
gera impactos em todas as áreas da vida das mulheres
acometidas.
Funções do corpo
Neste domínio é relevante destacar a grande quanti-
dade de grupos que apresentaram a categoria Apetite
(b1302). Este achado chama atenção pois trata-se de um
tema pouco pesquisado nesta população e que foi menci-
onado em 90% dos grupos focais, sendo bastante enfatizado
pelas mulheres entrevistadas essa alteração e seu compro-
metimento em sua qualidade de vida. Apesar de ainda
não haver muitos estudos que demonstrem esta relação
entre a migrânea e o apetite, Sanford e colaboradores,
demonstram em estudos experimentais, que o CGRP
SANTOS AKL, FEITOSA H, SILVA SF, BARROS MMMB, FERRO KJO, SOUZA AISO, COUTINHO NETA TCM, BARBOZA PJM, ROCHA FILHO PAS,
WANDERLEY D, OLIVEIRA DA
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peptídeo que pode estar relacionado à fisiopatologia da
migrânea é também responsável pela diminuição do ape-
tite e aumento da sensação de saciedade, o que pode
explicar esta relação.
(12)
Ademais, um estudo transversal
de 2017 apontou para a diminuição do apetite numa popu-
lação com migrânea, o que corrobora com os achados de
nosso estudo.
(13)
A alteração nas Funções do Sono (b134), foi outra
categoria bastante mencionada pelas participantes deste
trabalho, o que corrobora com achados já descritos na
literatura que mencionam a relação entre a migrânea e
distúrbios do sono, principalmente a insônia, sendo esta
condição considerada tanto um fator desencadeador como
sendo desencadeado pela migrânea.
(14, 15)
A Sensação de Náusea (b5350) foi outra categoria
aprovada neste estudo, o que reafirma a importância desta
categoria que já está consolidada na descrição desta po-
pulação, sendo, inclusive, um dos critérios de classifica-
ção para a migrânea.
(8)
Além disso, a Amplitude de Emo-
ção (b1522) foi a última categoria aprovada neste estudo,
o que comprova todo aspecto geral biopsicossocial envol-
vido na condição do estado de saúde do indivíduo e já
relatado na literatura algumas disfunções emocionais como
ansiedade e sua correlação com a migrânea.
(16, 17)
Estruturas do corpo
No domínio de "Estruturas do Corpo", a categoria es-
truturas de Região de Cabeça e Pescoço (s710) foi menci-
onada em 100% dos grupos focais, o que pode ser expli-
cado pelo fato de ser esta a localização primária da
migrânea. A estrutura de Olho e Ouvido (s2) foi também
bastante frequente, o que já esperado, posto que a Classi-
ficação Internacional de Cefaleia descreve que indivíduos
com migrânea podem ter fotofobia e fonofobia, bem como
as auras visual e auditivas, o que explica o fato das estru-
turas relacionados a estas categorias.
(8)
Ainda neste domínio, viu-se que há relatos de alte-
ração em estruturas na região de ombro (s720) e pes-
coço (s710) e coluna vertebral (s7600). Ainda não existe
consenso sobre a relação entre a migrânea e as estrutu-
ras extracefálicas, entretanto já há pesquisas que de-
monstram indícios importantes do impacto dessas estru-
turas no desencadeamento e prevenção de crises de
migrânea.
(18,19)
Esse fato traz grande repercussão na vida da popula-
ção com migrânea, visto que profissionais da área de saú-
de capazes de atuar na melhoria destas estruturas, como
fisioterapeutas, podem estar inseridos no contexto de trata-
mento, trabalhando com técnicas que possam diminuir a
dor e promover maior qualidade de vida para esta popula-
ção. Dada a importância, a fisioterapia pode ser uma es-
tratégia fisioterapêutica não farmacológica, principalmen-
te para pacientes que recusam tomar medicamentos, ou
até mesmo aqueles que fazem uso abusivo de fármacos.
Além disso, gestantes, idosos e crianças também podem se
beneficiar. Consubstanciando essa afirmativa, em 2011, a
OMS, em colaboração com Lifting the Burden, publicou o
Atlas of headache disorders and resources in the world.
Nesse documento, a fisioterapia obteve o maior porcentual
entre as três terapias mais frequentemente utilizadas para
cefaleia (fisioterapia 44%, acupuntura 39% e naturopatia
25%).
(20)
Atividades e Participação
Este foi o domínio que obteve mais categorias aprova-
das neste estudo, o que comprova o grande impacto que
esta doença ocasiona na vida do indivíduo e dos que vi-
vem ao seu redor. A categoria trabalho (d850) foi mencio-
nada em todos os grupos, o que demonstra a importância
desta categoria na vida das mulheres com migrânea. Este
achado reitera os achados na literatura que falam sobre os
prejuízos econômicos gerados pela migrânea tanto para o
migranoso quanto para a empresa e empregador devido à
baixa produtividade e alto absenteísmo.
(1,20)
Outras categorias são observadas como importan-
tes, como Relações Familiares (d760), visto que as mu-
lheres se ausentam de suas atividades como esposa, mãe
e filha e nem sempre são compreendidas; no Lazer (d920)
é observado que o momento de leitura, sair para
shopping, teatro, cinema, realização de exercícios físicos
são deixados de lado devido às crises de migrânea. Há
dificuldades para Andar (d450), mesmo que pequenas
distâncias, e há comprometimento na comunicação em
suas relações Interações Interpessoais Básicas (d710), in-
terferindo no convívio diário, devido ao fato de que os
indivíduos não conseguem se manter em um grupo de
conversas, ou manter uma interação social, seja ela for-
mal ou informal. E ainda há um comprometimento nas
Relações Íntimas (d770) dessas mulheres.
Assim, é possível perceber a dimensão do quanto a
migrânea é uma condição incapacitante, posto que inter-
fere diretamente em tarefas relacionadas a todos os âmbi-
tos de vida das mulheres acometidas. Além disto, a partici-
pação social destas mulheres acaba ficando bastante res-
trita, como demonstram os achados deste artigo, fator im-
portante na classificação realizada com o modelo biopsi-
cossocial proposto pela CIF e ainda não tem sido tão ex-
plorado nas pesquisas com esta população.
(20)
ALTERAÇÕES DE FUNCIONALIDADE DE MULHERES MIGRANOSAS
188 Headache Medicine, v.9, n.4, p.183-189, Oct./Nov./Dec. 2018
Fatores ambientais
Por fim, o domínio Fatores Ambientais, apresentou tam-
bém categorias já bem estabelecidas na literatura que cor-
roboram com as questões ligadas aos critérios diagnósti-
cos da Classificação Internacional de Cefaleia, como In-
tensidade da Luz (e2400), categoria ligada à fotofobia;
Intensidade do Som (e2500), categoria ligada à fonofobia
e Qualidade do ar (e260), que está relacionada com a
osmofobia.
Contudo, é importante destacar a categoria Tempera-
tura (e2250), descrita pelas mulheres, que afirmaram que
baixas ou altas temperaturas podem desencadear a migrâ-
nea ou agravá-la. Os poucos estudos que buscam enten-
der esta interação apontam para a mesma direção dos
nossos achados, demonstrando que as variações de tem-
peratura podem atuar como desencadeadoras de cri-
ses.
(21,22)
Desta forma é possível perceber que há diversos fato-
res ainda não explorados, no aspecto biopsicossocial, que
são de suma importância e interferem diretamente na saú-
de das mulheres com migrânea, como as funções de ape-
tite e sono, comprometendo sua qualidade de vida.
Alterações nas estruturas de ombro, pescoço e coluna
vertebral podem gerar limitações nas atividades diárias bem
como restrições importantes em sua participação social,
como no trabalho e nas relações familiares e lazer. A rela-
ção da temperatura com as crises de migrânea é um outro
achado deste estudo que indica para novas perspectivas
de estudos já que este ainda é um campo pouco explora-
do nas pesquisas com esta população.
Assim, estes achados demonstram que é necessária
uma maior atenção de todos os envolvidos no manejo da
migrânea à proposta de abordagem da CIF, posto que a
migrânea é uma condição multifatorial que precisa que os
profissionais envolvidos busquem compreender em sua to-
talidade o impacto gerado sobre a vida dos pacientes para,
assim, contribuir para qualidade de vida dessas mulheres.
Agradecimentos
Agradecemos a Fundação de Amparo à Ciência e
Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) por promover e dar
suporte ao desenvolvimento científico deste projeto através
da bolsa de Iniciação Científica (BIC-0636-4.08/18) da
aluna Alyne Karine Lima Santos.
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SANTOS AKL, FEITOSA H, SILVA SF, BARROS MMMB, FERRO KJO, SOUZA AISO, COUTINHO NETA TCM, BARBOZA PJM, ROCHA FILHO PAS,
WANDERLEY D, OLIVEIRA DA
Headache Medicine, v.9, n.4, p.183-189, Oct./Nov./Dec. 2018 189
Correspondência
Daniella Araújo de Oliveira.
Av. Jorn. Aníbal Fernandes,173, Cidade Universitária
50740-560, Recife -PE.
E-mail: sabinodaniellaufpe@gmail.com
telefone: +55 81 2126-1045
Recebido: 13 de setembro 2018
Aceito: 3 de novembro de 2018
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