50 Headache Medicine, v.9, n.2, p.49-54, Apr./May/Jun. 2018
VERONESI LB, MATOS MG, FERREIRA KS
Of these, 785 patients were treated for chronic pain with
anesthetic blocks and 82 patients were elderly with headache,
treated with anesthetic blocks. The mean age of the patients
was 57.7 years (SD 7.89) and 65 (79.3%) were women. The
main diagnosis of headache was migraine (41, 50%),
cervicogenic headache (33, 40.2%), temporomandibular
dysfunction (11, 13.4%), trigeminal-autonomic headache (4,
4.8%) and tension-type headache (2, 2.4%). The frequency of
pain was 24.3 days/month (SD 9.2) and mean pain intensity
was 9.3 (0-10). The abusive use of analgesic medications was
described in 17 (20.7%) patients. The main anesthetic blocks
were major and minor occipital nerves (62, 75.6%) and mus-
cular trigger points (19, 23.2%). Botulinum toxin application
was performed in 6 patients (7.3%). The average number of
blocks was 2.74 (SD 2.38) per patient. There was a total
improvement of the symptoms in 52 (63.4%) and partial
improvement in 22 (26.83%). The mean frequency of pain after
treatment was 4.3 days/month (SD 6.09). There were no adverse
events related to the procedures. Conclusion: The use of
anesthetic blocks in the elderly in the treatment of headache
was considered safe and effective as a therapeutic option.
K eywords: Headache; Anesthetic block; Elderly
INTRODUÇÃO
A prevalência de cefaleias na população em geral é
de 47%, sendo 10% em média para migrânea e 30% para
cefaleia do tipo tensional. O pico de acometimento se si-
tua em torno de 30 a 50 anos.
(1)
A prevalência de cefaleias
em idosos entre 55 e 94 anos é de aproximadamente
40,5%.
(2)
Migrânea é também comum em idosos, com uma
prevalência de 6,4% em mulheres e 2,1% em homens.
(3,4)
Os custos sociais associados, perda de horas de tra-
balho e custos de tratamentos são grandes. A Organiza-
ção Mundial de Saúde considera a migrânea como uma
das 20 doenças mais incapacitantes.
(5)
CEFALEIAS EM IDOSOS
Apesar da prevalência da cefaleia diminuir em paci-
entes idosos, ela ainda é uma queixa frequente e com ca-
racterísticas clínicas atípicas nesse grupo. Algumas cefaleias
são características e quase exclusivas em idosos, como
cefaleias hípnicas, e cefaleias secundárias, como a arterite
temporal.
(1,6)
Um estudo realizado na Espanha avaliou pacientes
com cefaleias e descreveu a prevalência de distribuição
das cefaleias por faixas etárias. De 1.868 pacientes ava-
liados, 262 (14%) eram idosos com 65 anos ou mais.
(6)
O início da cefaleia ocorreu após os 65 anos em 136/
262 casos (51,9%). A maioria dos pacientes (90,5%) eram
adeptos ao tratamento apenas quando apresentavam sin-
tomas relacionados a cefaleia, ou seja, como tratamento
sintomático, enquanto 32,9% realizavam algum tipo de
tratamento preventivo.
Segundo a classificação ICHD (International
Classification of Headache Disorders, 3ª edição), as
cefaleias primárias são as mais comuns em idosos, sendo
mais encontradas as cefaleias do tipo tensional (28,7%) e
a migrânea (23,8%). As cefaleias secundárias foram res-
ponsáveis por 16%, sendo mais encontradas as cefaleias
atribuídas a traumas de cabeça e/ou pescoço e cefaleias
atribuídas ao uso de substâncias. Além disso, foram relata-
dos outros tipos de cefaleia, como a cefaleia por neuralgi-
as cranianas (7,2%). Além disso, foram registrados casos
de migrânea crônica, cefaleia hípnica, de neuralgia
occipital, cefaleia de curta duração, unilateral, neuralgi-
forme com hiperemia conjuntival e lacrimejamento
(SUNCT), cefaleia devido a tosse, além de casos relacio-
nados à arterite temporal.
(1,6)
Alguns estudos descrevem o principal diagnóstico de
cefaleia em idosos como cefaléia do tipo tensional, sendo
o segundo diagnóstico mais frequente o de migrânea.
(2,6)
Outros estudos, descrevem prevalências mais altas de
migrânea sem aura (27,8%) com relação à cefaleia do
tipo tensional (25,7%).
(7)
É importante ressaltar que a
migrânea tende a mudar com a idade, o que dificulta o
diagnóstico nos pacientes idosos. Características típicas
como pulsatilidade, associação a fotofobia ou fonofobia,
exacerbação com exercícios e aumento da intensidade
podem ser menos frequentes com o passar do tempo. Ape-
sar disso, sintomas autonômicos e bilateralidade da dor
continuam sendo sintomas comuns em pacientes idosos.
(6)
A cefaleia é um motivo frequente de procura por um
neurologista pelos pacientes idosos. É importante identifi-
car e pesquisar caso a caso para que o tratamento seja o
mais apropriado possível para cada paciente. Divide-se o
tratamento das cefaleias em tratamento da crise e trata-
mento profilático, recomendado nas crises frequentes (três
ou mais no mês) ou incapacitantes. Na crise utilizam-se
anti-inflamatórios não hormonais, analgésicos simples,
antieméticos e triptanos, podendo ser associados. As medi-
cações profiláticas mais utilizadas são beta-bloqueadores,
antidepressivos tricíclicos (amitriptilina), antiepilépticos (áci-
do valproico, topiramato, gabapentina), bloqueadores dos
canais de cálcio e neurolépticos.
(1)