Headache Medicine, v.9, n.1, p.35, Jan./Feb./Mar. 2018 35
Catastrofização da cefaleia e associação com outras
condições clínicas
Catastrofization of headache and association with other clinical conditions
THESIS
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Pós-graduação em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento (área de concentração: Neurociências), Recife, Brasil.
Tese de Doutorado. 2018
Orientadores: Profa. Dra. Daniella A. de Oliveira e Prof. Dr. Marcelo Moraes Valença
Santos ERR. Catastrofização da cefaleia e associação com outras condições clínicas.
Headache Medicine. 2018;9(1):35
RESUMO
A catastrofização é definida como um conjunto de pensa-
mentos negativos com tendência ao exagero mental, medi-
ante uma situação real ou antecipada de experiência dolo-
rosa, associada à sensação de incapacidade para busca do
alívio da dor. Objetivo: avaliar a catastrofização da cefaleia
associada a condições clínicas como incapacidade funcio-
nal, depressão, ansiedade, estresse e qualidade do sono,
em universitários. Material e Método: estudo observacional
transversal com uma amostra de 340 universitários (179 mu-
lheres), com idade de 25 ± 5 anos. Foi utilizado um formu-
lário de cadastro para coletar informações pessoais e
antropométricas. Os critérios da International Classification
of Headache Disorders 3rd edition Beta version foram utili-
zados para classificar a cefaleia. A escala de pensamentos
catastróficos sobre dor (EPCD) foi utilizada para rastrear a
catastrofização. Para avaliar a incapacidade funcional ge-
rada pela cefaleia foi utilizado o questionário Headache
Disability Test HIT-6. Sintomatologias de depressão e de
ansiedade foram rastreadas pelo Beck Depression Inventory
(BDI), e Beck Anxiety Inventory – BAI, respectivamente. O
estresse percebido foi avaliado pela escala Perceived Stress
Scale (PSS) e a qualidade do sono pelo questionário
Pittsburgh Sleep Quality Index. A estatística descritiva foi
aplicada para caracterização da amostra, analisadas as
diferenças de médias por meio dos testes t de Student e χ
2
.
Para a aplicação da estatística analítica foram utilizadas
regressão linear simples e regressão linear logística
multivariada generalizada. Resultados: 288/340 (84,7%)
dos universitários referiram cefaleia; desses, 133/288
(46,1%) eram migranosos [96/133 (72,2%) mulheres e 37/
133 (27,8%) homens; OR= 1,92] e 155/288 (53,9%) não
migranosos. Dentre os migranosos, 44/133 (33,08) apre-
sentaram catastrofização (OR 37.44). A regressão linear
revelou um potencial maior de contribuição (β) das se-
guintes condições clínicas: estresse, qualidade do sono ruim
e ansiedade para o grupo dos migranosos. A regressão
logística multivariada também mostrou a catastrofização,
fornecendo estimativa com maior impacto na mudança dos
valores da probabilidade da ocorrência da migrânea, com
acréscimo de 5,78 pontos percentuais, quando se mantém
constante das outras variáveis preditoras. A regressão line-
ar multivariada para a avaliação do impacto da cefaleia
indica que a catastrofização é a variável que apresenta
maior contribuição na incapacidade gerada pela dor de
cabeça, com um valor de β de 5,564 e p<0,001, apre-
sentando forte significância. Conclusão: a catastrofização
na migrânea, associada a outras condições clínicas avali-
adas neste estudo, como a depressão, ansiedade, estresse
e qualidade do sono, exerce influência significativa para a
incapacidade gerada pela dor.
Palavras-chave: Catastrofização; Cefaleia; Transtornos de
enxaqueca; Ansiedade; Depressão
Correspondência
Erlene Roberta Ribeiro dos Santos
erleneroberta@uol.com.br