Headache Medicine
ISSN 2178-7468
e
-ISSN 2763-6178
v.11
Supplement
p. 66
October 2020.
66
ASAA
DOI: 10.48208/HeadacheMed.2020.Supplement.66
Pinheiro, C.; Florencio, L.; Oliveira, A.; Will-Lemos, T.; Dach, F.; Fernández-de- Las-Peñas, C.; Bevilaqua-Grossi, D.
Headache Medicine
A força muscular cervical está mais relacionada à
severidade dos sintomas de alodinia cutânea do que à frequência das crises
de migrânea
Carina Pinheiro, Lidiane Florencio, Anamaria Oliveira, Tenysson Will-Lemos, Fabiola Dach, Cesar Fernández-de- Las-
-Peñas, Debora Bevilaqua-Grossi
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Introdução
A disfunção cervical é uma condição frequentemente observada em pacientes com migrânea, e está associada com o risco para a
cronicação. A força muscular cervical reduzida é um dos fatores dessa disfunção, e pode estar relacionada com a apresentação
clínica da migrânea. O objetivo deste estudo foi vericar a correlação entre as características clínicas da migrânea e a força muscular
isométrica cervical.
Métodos
Participaram deste estudo 71 mulheres com migrânea (32,8 anos, DP 9,3), diagnosticadas de acordo com a terceira edição da
Classicação Internacional de Cefaleias. As características da migrânea avaliadas foram a frequência e intensidade da migrânea,
tempo de doença, incapacidade relacionada à migrânea avaliada pelo Migraine Disability Assessment (MIDAS), e a severidade da
alodinia cutânea mensurada pelo questionário 12-item Allodynia Symptom Checklist (ASC-12). Para a avaliação da força muscular
cervical, as voluntárias foram posicionadas sentadas no equipamento Multi Cervical Rehabilitation Unit, onde foi mensurada a força
muscular cervical isométrica em exão, extensão e inclinação bilateral. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética local (12145/2016).
Resultados
A correlação entre a força muscular cervical e as características clínicas da migrânea foi avaliada com o coeciente de correlação
de Pearson (p<0,05). A magnitude da correlação foi classicada como fraca (rho< 30), moderada (0,30 < rho < 0,70) e forte (rho>
0,70). Foi observada correlação fraca a moderada entre a severidade da alodinia e a força muscular cervical em exão (rho= -0,31;
p=0,008), extensão (rho= -0,35;p=0,003), inclinação à direita (rho= -0,25; p=0,03) e inclinação à esquerda (rho= -0,39; p= 0,001).
Não foi observada correlação signicativa entre a força muscular cervical e a frequência da migrânea (rhoFL 0,15; rhoEX 0,15; rhoID
0,21; rhoIE 0,23; p>0,05), intensidade da migrânea (rhoFL 0,10; rhoEX 0,16; rhoID 0,02; rhoIE 0,13; p >0,05), tempo de doença (rhoFL
0,07; rhoEX -0,001: rhoID 0,13; rhoIE 0,01; p>0,05) e incapacidade da migrânea (rhoFL - 0,06; rhoEX -0,23; rhoID -0,09; rhoIE -0,19
; p>0,05).
Conclusão
A força muscular cervical foi negativamente correlacionada com a pontuação do ASC-12, indicando que quanto maior a severidade da
alodínia cutânea, menor a força isométrica esperada. Tal resultado sugere que a disfunção musculoesquelética associada à migrânea
pode estar relacionada com a sensibilização central destes pacientes.
Palavras-chave:
Cefaleia, Pescoço, Força, Incapacidade